Dimitri ficou alguns segundos me olhando e depois se afastou ainda mais. Ele me encarava como se eu tivesse feito a pior das coisas, quando na verdade eu apenas disse sim. Ele encostou-se na bancada e respirou fundo, tentando pensar.

— Eu sinto muito. – sussurrei. E ele me olhou.

— Sou eu quem deve sentir, Rose. – disse ele, finalmente mostrando-me alguma reação.

Nós nos encaramos por mais alguns segundos sem nenhum tipo de respiração. Ele me olhava com arrependimento e eu não sabia o que eu estava sentindo. Só queria abraça-lo e dizer que estava tudo bem.

— Papai. – gritou Jade, enquanto corria com seu vestidinho armado. Ela sorriu para mim e pulou no meu colo.

Eu fingi um sorriso para Jade e Dimitri, logo aprontou uma expressão melhor também. Jason apareceu devagar no portal da cozinha, escorou-se ali e encarou-me. Ele tinha um belo sorriso e eu gostava dele. Talvez eu pudesse ser feliz.

— Janine está chamando para cantar parabéns. – disse Jason. Dimitri fitou-o com toda raiva do mundo e depois virou-se para mim.

— Com licença. – murmurou Dimitri, sorrindo para Jade e caminhando até Jason. Ele ignorou-o e foi embora.

Eu sorri para Jade e ela fitou-me, confusa.

— O papai ta tiste? – perguntou. Eu sorri com sua vozinha e seus claros erros de português. Jason ficou claramente atento.

— Não, querida. – falei, dando um beijo em sua bochecha. – Ele está bem.

Jade sorriu de imediato, olhando para Jason.

— Então, a mamãe vai cantar parabéns pra mim. – disse, pressionando-se para sair de meu colo. Eu coloquei minha pequena no chão e observei enquanto ela corria.

Jason fitou-me, chegando perto devagar. Ele tinha um ar de mistério como garoto adolescente. Eu gostava disso. Mas tinha minhas dúvidas depois dos últimos cinco minutos.

— Você está bem? – perguntou, acariciando meu rosto com os dedos.

— Sim. – menti. Ele sorriu, de modo delicado.

— Embarcamos em dois dias. – disse para mim. Eu sorri e assenti. Jason levou os lábios aos meus e eu engoli a seco depois que nos separamos.

Seu beijo era doce, mas não tão quente quanto o do meu camarada. Ele beijou minha testa em seguida, e caminhou devagar para fora da cozinha. Deixando-me sozinha novamente.

Meu celular em cima da bancada começou a vibrar. Eu respirei fundo, ainda tentando assimilar tudo que tinha acontecido. Peguei o celular e respirei fundo. Vi o número de Tony na tela e atendi imediatamente.

— Tony. – disse, aliviada. – Me diga que tem boas notícias.

— Tenho.— disse ele. – A partir de hoje, você é a dona da centésima emprega Belikov.

E eu sorri. Eu sabia que meu plano daria certo. Dimitri descobriria na hora certa. Eu devia isso a ele. Devia a nossa filha.

                                                    ***

Era o dia seguinte da festa de Jade.

Estávamos no bar da minha mãe, na hora do almoço. Jade brincava com Janine e Mia no balcão, enquanto eu esperava Jason andar com nossas bebidas até a última mesa do bar. A mais escondida. Ele estava silencioso e eu também não queria falar.

Uma combinação perfeita.

Jason sentou-se à minha frente com dois sucos de laranja, enquanto eu continuava examinando o sorriso de Jade. O sorriso que era dele.

— Você o ama. – murmurou. Eu virei minha cabeça de imediato para encarar Jason. Ele tinha um olhar sério. Eu engoli a seco.

— Como? – perguntei, fingindo confusão.

— Por que quer se casar comigo? – perguntou, fitando-me. Seus olhos penetrando em mim.

— Não estou entendendo. – falei, fitando-o.

— Exatamente. – disse ele, sorrindo doce. – Você não está entendendo porque não sabe responder essa pergunta, Rose.

Eu senti minha respiração pesada por um segundo e no outro os meus ombros já estavam aliviados. Ele sorriu, quando percebeu meu alivio e eu não pude evitar de me sentir mal por isso.

— Eu sinto muito. – disse para ele. – Eu achei que o meu sentimento por você poderia... – interrompi-me para conseguir pensar em algo.

— Surgir. – disse, interrompendo-me. Eu assenti devagar e ele sorriu. – Rose, eu amo você e em um ato irracional eu fiz essa pergunta, mas ela é importante e eu me esqueci disso.

— Eu sei. – disse para ele, forçando um sorriso.

— Não quero que se case comigo amando outro. – disse ele. – Quero que lute por ele até o fim.

— Sério? – perguntei, com meus olhos de lágrimas. Ele sorriu, pegando a minha mão e acariciando-a por cima da mesa.

— Sim. – disse Jason, sorrindo. – Afinal, aquela loira aguada não é párea para minha Hathaway malcriada.

Eu gargalhei, observando a aliança com pedras azuis e em ouro. Eu sorri, agora doce, fitando-o. Os olhos de Jason estavam tranquilos e compreensivos.

— Posso usar essas alianças por mais algum tempo? – perguntei.

— O que está armando? – perguntou.

Eu sorri, pensando no que tinha feito depois do restaurante.

Lembro-me de ter posto Jade na cama e ligado para Abe e Tony. Pedi meu presente de aniversário adiantado e meu pai não achou tão ruim comprar uma grande rede hoteleira. Olena adorou a ideia e foi uma das sócias que autorizou.

Ontem, depois que desliguei aquele telefone, eu tinha um plano na minha cabeça, mas agora sem Jason, eu já sabia o que deveria fazer. Eu iria ter o meu Dimitri de volta e iria dar aquele Hotel para ele novamente.

Sheron ainda não tinha assinado o contrato para possuir os 50% do hotel, então foi fácil para Tony fechar um acordo milionário com seu pai e sair ganhando alguns contatos importantes para futuros negócios.

A quantia não foi nada perto do que meu pai tem, então Abe nem chegou a sentir aquele dinheiro saindo de seu bolso. Apenas mandou eu seguir minha vida, e dessa vez sendo feliz.

Quanto à Sheron, eu fiz questão de dar pessoalmente a notícia, ela estaria em maus lençóis quando entrasse em seu escritório e me visse pronta para acabar com seu golpe.

Eu faria a surpresa na hora certa e eu sabia o desfecho dessa história de cinco anos. Eu ficaria com Dimitri e Jade. Eu tinha começado, agora teria que ir até o fim.

— Tenho contas a acertar. – disse para ele.