Alma de Coordenadora Pokémon - Fita da Vida escrita por Kevin


Capítulo 9
Planejamento


Notas iniciais do capítulo

Saudações galera!

Começo pedindo desculpas pela não postagem nos últimos domingos, a falta de respostas de alguns PM's e comentários! Voltei a estudar a noite e isso significa que só tenho os finais de semana ( na verdade, significava ). Mas, consegui uma forma de escrever pela semana que testarei pelos próximos capítulos (pelo celular).

Então, esse é o primeiro cap que fiz tentando esse novo método. Não sei se ficou muito bom, ainda estou procurando alternativas, ja pensei em postar de 15 em 15 dias também e modificar a história para ela ser mais acelerada.

Digam-me o que acharam no final do capitulo (e sejam sinceros)!



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Às vezes eu me perguntava se Aries acordava e planejava ser tão irritante, ou ele ia inventando as coisas à medida que as oportunidades surgiam. Eram apenas sete da manhã, e ele já havia conseguido me deixar sem graça, me irritar e humilhar-me antes mesmo de sairmos do Centro Pokémon de Tin. Não fosse Angel resolver ter uma conversa séria com ele, acho que ele já teria dado um novo significado para a palavra zoação.

— Eu entendi! - Aries revirou os olhos quase brancos enquanto bufava. - Vou protege-la, não apenas física, mas mentalmente também! - Aries encarou a irmã. - Mas, prometa que não vai perder de propósito novamente. -

— Você perdeu de propósito? -

Perguntei abismada. Eu não sabia se havia escutado direito ou entendido direito. Tentei não prestar atenção na conversa dos dois, mas Angel não iria me acompanhar na jornada, apenas Aries, já que a treinadora tinha planos bem complexos e audaciosos para o ano e não poderia fazê-los andando comigo por Kanto. O problema estava em me deixar sozinha com alguém que parecia não entender que eu precisava ter minha autoestima preservada, talvez até elevada, coisa que Aries claramente não estava tentando fazer.
Eu achava que conhecia o mundo da coordenação pokémon e claramente estava enganada, ou ao menos subestimado as informações que eu possuía. Agora, era um fato que não conseguia entender o mundo dos treinadores e suas estranhas estratégias e modo de ver a vida. Kenan Kornox parecia uma pessoa complicada de se entender, mas Angel parecia uma pessoa tão simples e sincera, não parecia que ela poderia ser tão complicada de entender se ela dissesse algo.

— Ninguém perde de propósito. - Ela deu uma risada engraçada. - Perdi daquela forma porque eu quis. - Ela respirou. - Tenho dezenove anos hoje e quanto tinha 13 anos ganhei a Liga Pokémon de Rondor e aos 14 ganhei a Liga Pokémon de Nantar. No entanto, de lá para cá, não fiz jornada ou participei de competições, foram cinco anos parada acompanhando as doenças de meus pais e ficando um pequeno período de luto. Agora que estou de volta não posso simplesmente continuar de onde parei e nem mesmo começar do zero, preciso saltar no tempo e acreditar que adquiri experiência durante este período que eu possa converter para as batalhas. -

— Kenan foi um teste! Uma luta entre uma antiga campeã e um atual campeão. Para saber qual a diferença entre os dois. - Comentou Aries. - Mas, isso apenas para quem vê de fora. O planejamento de Angel torna aquela batalha muito mais complexa. -

Planejamento. Era algo que eu sabia bem o que era, sempre planejava as coisas que eu iria fazer, principalmente se estivesse fora de minha rotina. Mas, eu estava agora sem um plano já que tudo o que eu tinha parecia ser inútil naquele mundo que eu achava conhecer.

— É mais complicado que isso. - Comentou Angel. - Sou uma antiga campeã e ele um atual multi campeão perfeito. Em todo esse tempo ele nunca perdeu uma única batalha. Então, podemos dizer que lutei contra ele já ciente da derrota e sem realmente uma intenção de vencer a luta. -

Por que alguém coloca seu pokémon para lutar numa luta que sabe que vai perder ou mesmo que não tem a intenção de vencer? Isso é luta armada ou o que? Mesmo que lutas possam ser armadas, aquela luta não valia nada.

— O único jeito de uma treinadora colocar o nome de seu pesquisador parceiro no mundo é se tornando campeã. Nesse caso, viro campeã e o Grupo Olimpo será visto como um construtor de campeões. Mas, qual a relevância tem um campeão, por melhor que ele seja, se existe alguém que não é derrotado e conquista duas competições, difíceis, ao mesmo tempo? -

A pergunta retórica parecia fazer todo o sentido. Ela precisaria fazer algo a mais que Kenan se quisesse as atenções para si.

— Em todas as lutas Kenan começa com Arcanine. Em todas as lutas o primeiro movimento é o Extrema Velocidade, queria sentir a pressão dessas escolhas dele e ao mesmo tempo lutar como se eu não soubesse disso. Eu não queria confrontá-lo, queria medi-lo e dar a ele a ideia de que não sou um problema para ele. - Angel encarou-me. - Não sei se reparou, mas ele tem uma confiança inabalável e uma opinião forte. No entanto, você que saiu com ele seria capaz de dizer o que ele faria se a alcunha de “multi campeão perfeito” dele fosse ameaçada? -

Revirei os olhos não acreditando que ela disse aquilo. Estávamos na quarta feira e meu café com Kenan foi no domingo, mesmo assim Aries não me deixava esquecer que eu não perdi tempo de ter um encontro com um bonitão, mesmo estando em estado deplorável. Mas, como Angel poderia ameaçar uma alcunha como essa?

— Você quer vencer mais competições do que ele ao mesmo tempo? - Questionei de imediato ao perceber aquilo. Havia outra forma de superar Kenan?

— Este é o meu plano. Tudo depende se meu planejamento é eficaz. - Angel disse. - Para você vencer uma competição você faz uma jornada que precisa ser planejada e não simplesmente seguir o nariz para onde ele aponta. Mas, para vencer duas ao mesmo tempo, precisa planejar o local onde estará para não perder datas e começar a ter atrasos em uma competição que prejudique a outra. O que ele fez foi planejar-se, não foi ao acaso. - Ela sorriu. - E eu estou planejada para fazer Kanto, Johto, Hoeen e Sinnoh. -

As vezes achava que eu era louca querendo ganhar uma taça em um ano. Mas, Angel queria quatro. Então, se ela estava me apoiando eu teria que apoiá-la também. Precisava dizer algum elogio legal, algo que a incentivasse. Mas, tudo que vinha na cabeça era que eu não tinha mais um planejamento.

— Ladra, seu algoz chegou! -

Havíamos marcado com o Professor Carvalho de devolver a bicicleta de seu assistente e pedir desculpas pelo ocorrido. Mas, Aries queria fazer disso uma atração à parte.


Alma de Coordenadora Pokémon
— Fita da Vida -
Episódio 08: Planejamento


Eu poderia dizer que o encontro com o professor Carvalho foi altamente vergonhoso, mas eu estava um pouco anestesiada com a fala de Angel e a ideia de planejamento. Eu tinha um planejamento legal para Jotho e era algo bem simples. O pokémon inicial que eu recebesse, independente de qual dos três, não seria a grande estrela do meu time. Isso porque eu pretendia ganhar os concursos que acontecessem nas cidades em que possuíssem ginásios pokémon.
Em todas as cidades com ginásios os lideres participavam dos concursos como jurados e aquilo foi algo que observei e descobri como tirar vantagem. Um líder de ginásio normalmente possui uma especialidade e nos concursos acabam dando mais atenção e mais nota para aqueles que mostram em suas apresentações habilidade nessas especialidades. Os líderes de ginásio de Jotho são fanáticos pelos tipos que treinam e por suas especialidades, qualquer coisa relacionado a isso os fascina.
Falkner é um exemplo, ele é um líder de ginásio com especialidade de pokémon voadores, com admiração por aves. Se você apresenta um pokémon com habilidades aéreas as notas com ele vão lá em cima, pois na cabeça do líder ele são os melhores. Se você usa um pokémon voador do tipo ave, ele simplesmente enlouquece.
Percebendo isso eu pretendia participar dos concursos nessas cidades para explorar esse fanatismo. Os iniciais de planta, fogo ou água não seriam meus astros, eu precisaria capturar pokémon que me ajudassem nisso. Um inseto voador para a cidade do ginásio de voadores e o mesmo para a cidade do ginásio inseto talvez viesse a ser o pokémon ideal para ser protagonista do meu time. Pensava no simpático Ledyba, aquela joaninha linda que depois de evoluído ganhava uma forma humanoide perfeita para aprender alguns movimentos lutadores que chamaria a tenção do líder de ginásio de pokémon treinadores.
Mas, agora eu estava em Kanto e meu planejamento havia sido jogado fora. Eu não conhecia a região, seus costumes e a única coisa que eu tinha certeza era que não sabia por onde começar.

— Comece a apertar o passo ou passaremos a noite na floresta! -

Aries estava um pouco rabugento desde a bronca de Angel e desde que ela partiu para sua louca jornada de quatro conquistas simultâneas ele resolvera que eu era sua aprendiz e dava-me aula sobre tudo, contra minha vontade! Posição geográfica, musgos nas árvores e até sobre caminhada em jornada, coisa que simplesmente eu já sabia. Mas, começava a entender o motivo dele ter falado sobre caminhada.
Uma pessoa normal caminha em 1 hora 5 quilômetros e se a pessoa estiver saudável pode manter este ritmo por pelo menos 3 para 4 horas. No geral, viajantes caminhavam seus trinta para quarenta quilômetros todos os dias, repartindo metade na parte da manhã e metade na parte da tarde.
O problema era que Aries caminhava 6 quilômetros em uma hora e que precisávamos vencer 25 quilômetros no dia ou teríamos que passar a noite numa floresta que era dominada por Eknas nada amistosos. Para um viajante comum seria tranquilo se Aries baixasse um pouco seu ritmo, mas eu já havia medido meu passo antes de sair de cada e sabia que andava apenas 4 quilômetros por hora e como não estava acostumada, abaixava facilmente minha velocidade. O que ainda não seria problema, não fosse o fato de que eu ainda estava dolorida. Minha velocidade caiu para 3 quilômetros por hora, o que era até vergonhoso para uma pessoa em jornada.
Eu via as veias do pescoço de Aries pulsando e seus olhos faiscando, louco para fazer alguma coisa a respeito sobre minha lerdeza. Mas, estava se segurando.
Caminhamos das nove da manhã ao meio dia sem conseguir percorrer dez quilômetros. Retomamos a caminhada as duas da tarde e já passava das seis quando Aries disse para apertar o passo. Faltava algo entorno de quatro para cinco quilômetros e já estava escurecendo.

— Estou dando o meu melhor! -

Ele parou de andar e me encarou com aqueles olhos loucos. Ele iria me insultar, eu podia ver ele pronto para soltar algo absurdamente louco, mas ele fechou os olhos respirou fundo e virou-se para voltar a caminhar.

— Sua fala está forte, seu respirar apesar de pesado não está ofegante ou mesmo acelerado. Vejo bastante suor, mas seu semblante é de cansaço e não de dor ou exaustão. - Ele já estava caminhando enquanto dizia tudo aquilo. - Então pode dar um pouco mais do que está dando. Não vai vencer se não der tudo o que possui. -

Perguntei-me por um segundo como ele poderia fazer aquela analise. Aries ainda me era uma caixinha de segredo e no site sua descrição era o de agente de campo. Mas, eu não sei o que significa exatamente essa profissão.

— Estou dando tudo o que possuo! Sabe que estive ferida e ainda não me recuperei totalmente. - Bradei para ele, aumentando o passo. - Não posso simplesmente ultrapassar meu limite todas as vezes, você sabe como meu corpo ficou, não sabe? -

Ele não disse nada. Apenas seguiu caminho e eu via que o lugar começava a escurecer. Foram apenas dois passos a mais dele antes dele parar alarmado junto ao som de um silvar que vinha da mata. Ele virou-se para mim já com uma pokebola na mão. Iriamos ser atacado por alguns Ekans que estavam incomodados com nossa presença e possivelmente falas mais altas. Fiz o movimento para pegar a pokbola de Audino, mas hesitei.
Aries me perturbava com o fato de eu ter caído em cima do moreno de olhos amendoados, apenas de camisola, fazia insinuações a respeito de meu café com Kenan, mas não me deixava esquecer que Audino não estava me obedecendo após a surra que levou no concurso. Simplesmente ela partia para cima de mim, com o famoso Tapa Duplo, toda vez que eu a retirava da pokebola. Mesmo para alimentá-la, ela parecia disposta a me fazer sentir a dor que ela sentira.
No entanto, eu estava numa floresta e estava para ser atacada por um pokémon selvagem venenoso, e seus possíveis companheiros. Ela teria que me obedecer. Levei a mão a pokebola, mas fui detida por Aries.

— Sério mesmo? - Os olhos dele estavam faiscando mais loucura do que momentos antes quando aprecia querer me insultar. Sim aquele era o ar que eu vi na vez que ele se aventurou sozinho contra as Beedrills. - Eu estou me segurando para não ficar te sacaneando. Mas, cometa suas idiotices e tenha certeza que não poderei me segurar. - Soltou meu pulso enquanto mantinha o sorrido louco e doentio. - Além disso, você não tiraria meu prazer de enfrentá-los sozinho. -

Eu não conseguia entender Aries e aquela sua necessidade de se arriscar. Ele via algo naqueles combates improváveis que eu definitivamente não sabia o que era. Mas, também não entendia o que ele esperava que eu fizesse enquanto ele lutava por nossas vidas, ficasse simplesmente sentada e olhando?

Ouvi um rosnado e sabia exatamente de quem era. Aries havia libertado Houndoom que avançou contra mim, mordendo minha calça na altura da cintura e jogou-me para cima e cai no dorso dele, sentada. Não precisava de muita explicação para saber o que aconteceria a seguir.

— Não vou deixar você aqui! - Gritei.

— Não se preocupe, chego ao amanhecer! Houndoom vai voltar para se divertir. -

Pisquei aturdida ao entender que ele realmente achava aquele perigo todo divertido. Ele iria matar aqueles pokémon por diversão e não havia nada que eu poderia fazer. O cão de fogo negro disparou a correr e me inclinei agarrando-o pelo pescoço para não cair. Desta vez era uma trilha e não havia tanta coisa para me acertar no caminho e ele parecia muito mais rápido.
Alcançamos a cidade em pouco tempo e literalmente fui despejada no portal da cidade, sem aviso prévio ou tempo para agradecer ou olhar nos olhos dele. Se Houndoom estava preocupado com seu treinador ou ansioso para entrar na diversão assassina eu não tinha ideia. A julgar pela última experiência que ele teve contra a espécie que iria enfrentar, ele deveria querer ficar longe, mas algo me dizia que ele estava louco por uma revanche.

— Isso não é algo que se vê todos os dias! -

Eu estava acabando de me levantar, mas não havia percebido que havia alguém me observando. Foi uma surpresa que quando fitei o dono da voz, pude perceber que o comentário não era para mim e sim para a pessoa que o acompanhava, eu tinha plateia para minha chegada e poderia dizer que era uma plateia bem conhecida.

— Seu pokémon está fugindo de você ou foi uma tentativa de captura mal sucedida? -

Eram dois coordenadores que eu tive o prazer de conhecer no concurso em Tim. O primeiro, cheio de gracinhas, era Blue. Com mochila nas costas e seu macacão azul, além de suas gordurinhas. Ao seu lado estava Hina, a menina de cabelo azul que havia sido simpática comigo e agora perguntava-me sobre minha relação com o Houndoom.

— Longa história. - Suspirei. - Basicamente meu colega de viagem resolveu travar uma batalha sozinho contra os Ekans e disse que só volta ao amanhecer. - Fiquei olhando para mata pensativa se fazia o caminho de volta, ou não, para ajudá-lo.

— Não se preocupe! A quantidade de Ekans diminuiu nos últimos meses. - Disse Hina. - Seu amigo não terá muitos problemas se tiver outro pokémon ágil como Houndoom. Eles costumam não serem bons contra velocistas. -

Aquilo me aliviava um pouco. No entanto, era uma informação curiosa para se ter. Ou talvez fosse coisa de viajante, saber sobre a área antes de se aventurar por ela. Céus! Eu era realmente muito despreparada para uma jornada. Precisava urgente de um planejamento, mesmo que provisório.

— Sabem onde posso passar a noite? Acho que em Morin não tem centro... - Parei de repente. - Estão saindo agora para jornada? -

Olhei os dois por algum momento. Aquela era a cidade de Morin, local para o qual a carta da Associação de Coordenadores Pokémon dizia para que eu me dirigisse para receber meu prêmio de segundo lugar. As premiações eram a fita para o primeiro lugar, valores em dinheiro e inscrições gratuitas para seus próximos concursos para os quatro primeiros, e por fim um item de jornada compatível com sua classificação. O que os outros tinham ganho eu não sei, apenas que o meu era algo para ser pego em Morin.
Entendia que Blue era um dos quatro primeiros e talvez precisa-se vir a Morin também, o que não me fazia entender Hina ou o motivo de os dois estarem juntos na porta da cidade.

— Estamos chegando e não saindo, perfeitinha! - Percebi que Blue estava debochando da minha nota, pelo visto ele também entendia que a nota não era tão perfeita assim. - Veio para receber seu prêmio, né? -

Confirmei com a cabeça.

— Então pode ficar na nossa casa, podemos agendar seu prêmio com mamãe para algum horário de amanhã. - Hina disse sorrindo.

Eles eram irmãos. Era algo que eu jamais poderia esperar. O sobrenome de Hina era Bluenda e ela tinha seus 13 anos, enquanto o nome de Blue era Bruno Bluenda com seus 15 anos. Mas, eu só descobri isso naquele momento, enquanto caminhava com eles para a casa deles. Se estava tudo bem em ficar na casa deles? Eu não sabia dizer, mas disseram sobre agendar algo com a mãe deles quanto a meu prêmio. Achei melhor aceitar, afinal para onde eu iria?
A caminhada foi rápida, a cidade era pequena e parecia uma cidade interiorana com apenas uma avenida movimentada, na qual ficava a casa deles. Um prédio bonito, com cores tranquilas que eu não sabia dizer, com a pouca claridade, se era pastel ou não. Mas, o que me chamava a atenção era a placa da fachada que dizia Centro de Estética e Terapia.
A placa indicava que estava fechado, no entanto, havia um carro caro na porta, do qual eu sequer sabia o modelo. Blue franziu o cenho e testou a porta principal e confirmou que estava fechado. Hina se preparou para dar a volta e então parou próximo ao carro e pareceu surpresa e ao mesmo tempo, aborrecida.

— Ele poderia ter dado uma carona para nós. - Ela pareceu indignada. - Melhor esperarmos, se eu entrar vou acabar brigando com ele. -

— E se ele tiver acabado de chegar? - Blue pareceu impaciente. - Segura sua onda e não acaba com nossas chances na temporada. -

Eu não consegui compreender de quem eles estavam falando, mas parecia que o carro tinha alguma indicação clara de quem estava lá dentro, ao menos para eles. Fui até a o carro e o examinei, não havia nada que indicasse algo. Só poderia dizer que era um carro prateado com um emblema discreto da ACP.

— Seja lá de quem estão falando, não usa o carro a pelo menos duas horas. - Eu toquei o capo do carro e pude sentir que estava frio, o motor não estava quente como um carro que estacionou a pouco mais de uma hora. - De quem é o carro? -

— Meu! -

A porta se abria junto a voz e sininhos tocaram ao mesmo tempo. A voz era conhecida pois escutei-a por uma tarde inteira fazendo ponderações que eu jamais poderia imaginar alguém fazendo de forma instantânea. Lá estava Elliot Gray saindo do prédio acompanhado de uma senhora rechonchuda como Blue e do cabelo azul como o de Hina.

— Não sabia que estavam vindo para cá, teria dado carona para vocês com muito prazer. - Ele comentou. - Senhora Bluenda, muito obrigado pelo tratamento. Voltarei daqui a quinze dias. -

Ele despediu-se da mulher que respondeu apenas com um sorriso e gesto de cabeça. Ele dirigiu-se ao carro, abriu a porta e antes de entrar, encarou-me por alguns momentos.

— Estou interessado em ver sua próxima performance. Seu truque anterior foi excepcionalmente distinto e estou vendo que seu planejamento é mais interessante e inteligente que os da maioria. - Ele disse me encarando e de repente virou-se para Blue e Hina. - Sem ofensas nenhuma a vocês dois. Blue classificou-se novamente para a segunda etapa e Hina novamente bateu na trave. Tenho certeza que mais um pouco de prática permitirá que voem alto. -

Eu fiquei observando-o falar aquilo e senti um aperto pensando sobre o que ele estava falando. Eu já havia sido convencida que minha nota perfeita não era perfeita, mas agora queriam insinuar que eu tinha um truque? Mas, se ele achava que eu tinha um truque, por que achava que eu era inteligente?
O Mestre de Cerimônias entrou no carro e partiu enquanto os irmãos Bluenda eram recepcionados por aquela que eu acreditava ser a mãe deles. De repente a senhora virou-se para mim e observou-me dos pés à cabeça. Eu não tinha certeza sobre o que se passava pela cabeça dela, mas parecia com o olhar de Aries quando ele estava para entrar numa briga.

— A muito tempo não recebo um desafio como você. - Ela sorriu vindo em minha direção. - Como tem um pacote full não preciso nem te convencer do que ou não fazer por conta dos valores. Blue pegue a agenda e remarque os atendimentos de amanhã, vou fechar para barbarizar com ela! -

Eu estava sem o boné, com o cabelo preso por alguns pequenos grampos que arrumei e a maioria dos hematomas estavam amostra. Eu queria deixá-los escondidos, mas eu não tive como fazê-lo sabendo que caminharia um dia inteiro suando e sem deixando o tecido arrastar nos machucados. A conclusão era não estar muito apresentável. Será que era por isso que Elliot achava que eu tinha um planejamento inteligente? Evitar aparecer em público nessas condições?

— Mãe, ela precisa de um lugar para dormir. - Comentou Hina. - Ela pode dormir aqui? -

— Claro! - Ela olhou para Blue. - Não vai atacar essa menina também, né? -

— Fiquei com três em Veridiana, seria uma falta de respeito com a beleza das outras ficar com alguém nesse estado. - Ele riu parado a porta. - Mas, depois que você fizer sua mágica mãe, eu não respondo por mim. -

Levantei a sobrancelha encarando-o sem compreender. Ele não era bonito, a voz era até um pouco irritante. Seria possível que alguma garota se interessasse por ele?

— Eu sei o que está pensando. Vai perder a oportunidade com esse gordinho gostoso! -

Hina deu um empurrão no irmão e ambos acabaram entrando no prédio deixando-me sozinha com a senhora Maria.

— Não se preocupe com meu filho. Ele está naquela fase de começar a se interessar pelas meninas e com a fama que possui como treinador e agora como coordenador, acaba fazendo sucesso com as desmioladas. -

Eu ri levemente e então parei de repente. Ela havia dito treinador?

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A família Bluenda era uma família de três pessoas, uma vez que o senhor Bluenda havia falecido. Com isso, a senhora Maria Bluenda realmente era uma mãezona, sendo uma pessoa aparentemente quieta e dedicada ao que fazia, mas também elétrica e multi-tarefa. Inicialmente me sentir desnorteada com tanta informação que ela despejava em mim sobre o tratamento de pele, cabelos e tantos outros que ela pretendia fazer em mim para resolver aquele desastre que a natureza havia feito em mim.
Mas, percebeu rapidamente que eu não conseguia acompanhar e como uma verdadeira mãe resolveu me conduzir para que meus olhos processassem o que os ouvidos não podiam e ao mesmo tempo deixar-me a vontade quanto ao local e o que aconteceria. Ela explicou-me que os quatro primeiro colocados ganharam tratamentos de beleza de diferentes níveis. O que me deixou curiosa sobre o que a Ruiva havia feito, já que o meu era full e ela não parecia precisar desse tipo de coisa.
O primeiro andar era quase todo para uma recepção do local, com algumas salas de escritório e um vestiário. O porão, por assim dizer, ficava a área onde ela fazia seu trabalho. Massagens, aplicação de máscaras faciais, unhas, podologia, cabelo, maquiagem e mais um monte de coisas que eu diria nunca ter sonhado fazer. Havia camaras de bronzeamento e uma outra que parecia uma espécie de cama com piscina. Ela atendia, costumeiramente, muitos coordenadores e pessoas famosas. O segundo andar do prédio era a casa deles. Uma casa realmente incrível, a cozinha com o sala de jantar era fundida a sala e assim os outros cômodos eram vários quartos, cinco para ser exato, pequenos, mas que me foi ofertado e recebido de bom grado.

— Você cozinha muito bem, Hina! - Eu disse temendo que o café da manhã dela fosse rivalizar contra o que tomei na cafeteria com Kenan, ou teria que mentir.

— Obrigada! - Ela disse sem graça. - Infelizmente não posso cozinhar durante uma apresentação. -

— Não? - Questionei sem entender.

Eu havia ficado a maior parte do tempo calada, pois a senhora Maria estava eufórica para ouvir as histórias de seus filhos sobre como foram em Veridiana, mesmo ela tendo assistido ao Concurso pela televisão. Estava me divertindo escutando-os sobre tudo aquilo, eles eram animados com isso de concurso e confesso era a primeira vez que eu tinha contato com coordenadores de verdades, além de minha mãe.

— Eu tenho dois minutos para uma apresentação com um pokémon e quando eu conseguir passar pela primeira fase terei que batalhar. - Disse Hina. - Levei uma hora para fazer esse prato e como eu faria as pessoas provarem meu prato? -

— Bem... - Fiquei pensativa quanto aquilo. - Teria que ser um prato rápido de fazer, ou já pré-preparado, que o pokémon segui as instruções e pudesse fazer usando as próprias habilidades, algo para levitar os ingredientes seria o mais simples. Mas, o prato teria que ficar visualmente convidativo e o cheiro falasse por si só. As vezes o aroma resolveria no lugar do paladar. -

Quando dei por mim eu estava olhando para o teto imaginando como fazer aquilo. Voltei o olhar para eles e tive o prazer de ficar sem graça ao perceber o olhar confuso deles. Era aquele tipo de coisa que me convencia que eu poderia ser uma coordenadora. Alguém disse cozinhe no palco e eu imaginei alguém fazendo isso identificando que era necessário de uma forma visualmente legal. Eu sabia que para cozinhar levava tempo, mesmo o prato mais simples e não adiantava acelerar o processo, porque poderia sair do ponto o que estava fazendo, além de o espectador não conseguir acompanhar o que estava acontecendo, então isso me dizia que tinha que ser algo pré-preparado, as partes mais demoradas já deveriam vir prontas. Assim como sabia que as habilidades do pokémon teriam que se envolvidas no preparo de uma forma que a atenção ficasse no movimento utilizado e ao mesmo tempo na comida sendo preparada. Eu não poderia fazer todos experimentarem, mas o que garantiria os aplausos seria o aroma e o visual do prato, que é o que realmente importa quando falamos de ver uma comida.

— Então foi assim que tirou sua nota perfeita? - Questionou Blue que passou a olhar para o teto. - Falando sobre coisas impossíveis ao olhar para o teto? - Ele sorriu. - Queria ficar com uma loira de olhos verdes linda. Tipo modelo, ela tem que vir até mim mexendo os quadris de forma ritmada enquanto eu finjo não estar nem ai para ela. O perfume... - Ele parou por alguns instantes aborrecido. - Lembrei que isso aconteceu na semana passada. -

Eu revirei os olhos, mas a Maria e Hina riram o que me fez perceber que de alguma forma aquilo parecia ser verdade. Como uma modelo poderia se interessar por ele?

— De qualquer forma, não poderia fazer nos palcos o que faço com elas. - Blue riu de si mesmo. -

— Isso porque seria atentado ao pudor. - Comentou Hina. - E se tivesse tentado fazer isso com Rachel ela teria acabado com você. - Um sorriso malvado surgiu nos lábios da menina. - Como pude esquecer, ela acabou com você, de novo! -

— Não ouse citar o nome daquela badarosca em casa! - Ele bradou realmente irritado. - Ela só conseguiu me vencer por causa do Kornox! -

Fiquei olhando-o irritado. Ele estava completamente vermelho e com as veias saltando. A menção do nome da garota havia alterado totalmente o humor de Blue. Ele não parecia apenas irritado, parece que ele tinha ódio mortal de Rachel. Até lembrei do fato de que ele também não simpatizava com Kenan Kornox.

— Não se preocupe querida! - Disse a Senhora Maria olhando para mim e no mínimo eu estava com cara de assustada. - Blue e Rachel eram amigos de infância, estudavam juntos na cidade de Tin. Mas, aos dez anos ao invés de saírem para suas jornadas eles tentaram um estágio e Rachel conseguiu e ele não. Desde então eles não se falam mais. -

— Por favor, mãe! Não simplifique as coisas! - Hina disse a mãe encarando o irmão. - Eles brigaram por 1 Mês, até saíram no tapa e depois ele ficou com todas as primas, amigas, colegas e até a irmã dela. - Enquanto Hina falava Blue parecia se lembrar de cada uma delas e aquilo estava me deixando altamente perdida. Será que eu estava precisando de óculos ou todas as outras precisavam? - Além de Blue tê-la derrubado na lama, fazendo ela chegar na seleção toda suja e passar vergonha na frente do Kenan. -

Isso explicava porque a agressão aconteceu no dia do concurso de Tin. Não tinha haver com meu boné e com o que ele estava fazendo comigo, mas sim porque eles já se conheciam e de alguma forma a amizade deles tornou-se inimizade. Mas, agora que sei que Blue a jogou na lama, também, eu até entendo a raiva dela.

— Nossa, eu devia realmente estar nervosa. Não percebi que eram irmãos e nem que vocês conheciam Rachel. - Comentei sem graça imaginando se minha decisão de não ver as apresentações e lutas era algo que eu deveria continuar levando a frente. Céus! Até este planejamento terá que ser refeito?

— Só você era uma desconhecida na área, no concurso de Tim. Todos os sete moram em cidades em volta. Tommy é de Pallet, nós aqui de Morin, os demais de cidades próximas. Então todos temos algum conhecimento sobre quem é Kenan e por isso todos conhecem Rachel, melhor amiga dele desde sempre. Ela cuidava do complexo sempre que ele está em viagem e ele a treinava sempre que podia. Aquele ataque Explosão de Fogo ela aprendeu com ele. - Comentou a mãe. - Blue sempre teve ciúmes de Kenan e ela, já que moravam na mesma cidade e ele não. -

Isso explicava ainda mais porque Blue não gostava de Kenan. Mas, explicava muito mais o comentário de minha mãe e Kenan sobre concurso de treinadores. Todos cresceram a sombra das lutas de Kenan Kornox, que tornou-se a celebridade mais próxima que muitos conheceram pessoalmente. Então todos basearam seu início no que viam Kornox fazendo e assim se aproximavam mais de treinadores do que de coordenadores.

— Espera, sua mãe falou que você foi treinador! - Olhei para Blue curiosa. - Como pode alguém deixar de ser treinador para virar um coordenador? -

E de repente o clima mudou. Mas, eu deveria imaginar que uma mudança de profissão para se tornar concorrente com a própria irmão iniciante talvez não fosse algo tão fácil de se explicar, ou mesmo de se aceitar dentro da família.

— Bem... - Blue parou por alguns instantes. - Sai de casa para ser treinador a dois anos atrás e não me saí muito bem. Cheguei a classificar-me para a Liga Pokémon de Kanto no ano passado, mas é impossível competir contra alguém como Kenan Kornox sem ter alguma habilidade a mais. - Ele pareceu infeliz sobre aquilo. - Kenan é meu rival, assim como a badarosca ruiva. – Ele suspirou. – Quando escutei que ela iria iniciar sua jornada esse ano eu tive certeza que seriam dois que eu não poderia derrotar tçao facilmente, mesmo já tendo dois anos de treinos a frente dela. Então, Hina resolveu começar a jornada de coordenadora dela e imaginei que como Kenan sabe muito de coordenação e leva isso para as batalhas, eu poderia fazer o mesmo. Buscar um pouco desse diferencial. - Ele revirou os olhos. - Só não imaginei que a ruiva fosse virar coordenadora. -

Kenan levava conhecimentos de coordenação para as batalhas. Presenciando a batalha que ele teve contra Angel não dava para dizer aquilo, apesar das combinações serem visualmente interessantes e chamativas. Nunca pensei nesse ponto de uma profissão poder ser utilizada em outra.

— E você? -

Olhei para Hina e senti que estava com problemas. Havia entendido perfeitamente a pergunta e sabia que não havia perdido nada. Ela queria saber o motivo de eu ter virado coordenadora. Não era segredo que eu estava a fazer isso pela minha mãe e não pretendia esconder isso de ninguém. Mas, quando assinei o contrato combinamos de não ficar dizendo isso antes de começar a ganhar.
Eu entendia a visão do jurídico perfeitamente, se o Grupo Olimpo iria explorar tal história nada impediria de outro fazê-lo sem que eu percebesse. Além disso, não queria pena de ninguém por mais que eu estivesse digna de pena.

— Minha mãe. - Disse não muito animada porque não queria falar nada que viesse a ser uma mentira, ou que quebrasse o contrato. - É uma situação familiar complicada. -

— Qual situação familiar, não é? - A senhora Maria começou a rir. - Hina decidiu fazer uma jornada para ganhar alguma independência e descobrir o que fazer da vida, mas não ficou nada satisfeita de ganhar o Blue de companhia. -

— Ela está com medo que eu fique com as amiguinhas que ela for fazendo pelo caminho. - Blue riu.

— Você já ficou. - Ela revirou os olhos. - Só falta a Mirian. -

— Bem... - Blue olhou para mim por alguns instantes e logo depois olhou para a mãe. - Acha que deixa ela pegável? -

Eu nem tive tempo de resposta, pois um alarme de relógio começou a tocar no braço de Hina. Ela engoliu rapidamente o suco e levantou-se apressada, pedindo licença. Acompanhei-a com os olhos e só então percebi que Blue, de forma mais contida, fez o mesmo. De repente os dois apareceram de seus quartos, prontos para descer as escadas, Hina com uma pokebola e Blue com três.

— Já alimentou seus pokémon hoje? -

Questionou a senhora Maria. Fiz uma cara de incerteza, aquele não era o assunto que eu queria conversar com uma pessoa desconhecida, por mais hospitaleira que ela estivesse sendo. Era constrangedor, vergonhoso e totalmente inexplicável o que eu teria que falar. Tentei mentir, mas então percebi, Audino precisaria comer.
Fechei os olhos tentando conter a vontade de chorar. Eu não chorava desde a noite de domingo. O baque de minha pontuação perfeita não ser tão perfeita somado a reação de Audino após a luta me derrubou naquela noite. Mas, de lá para cá, mesmo com dias difíceis eu não havia chorado.

— Não precisa se envergonhar de ter esquecido de alimentá-los, caso seja isso essa tentativa de segurar o choro. - A voz era realmente maternal. - Aquele alarme é justamente porque nos primeiros dias Hina estava esquecendo de fazer. -

Olhei para ela sem graça. Estava na cara dela que ela sabia haver mais, mas eu não conseguia falar. Levantei-me e fui até o quarto sem dizer nada e voltei com a pokebola na mão. Ela me olhava com calma e não fez menção de dizer nada. Tentei, por duas vezes libertar Audino, mas o medo me deteve.

— Não consigo tirá-la da pokebola. - Eu disse por fim admitindo minha fraqueza. - Após a luta contra Rachel no final do Concurso de Tin, toda vez que a retiro da poekbola ela me ataca. Inicialmente, achei que era a raiva passageira, mas continuou por todos os dias. Quem a estava alimentando era a enfermeira Joy. - Suspirei.

— Parece que você está tendo dificuldades com sua inicial. - Ela comentou. - Se só tiver ela precisa realmente se apressar em resolver isso. Pelo que vi na televisão você nunca havia entrado em uma batalha, então ela pode ter achado que você não se importa com ela. Ou se o temperamento dela for forte, coisa que é incomum para pokémon iniciais, pode ter decidido que você não sabe o que está fazendo e sente-se em perigo com você. -

Minha pokémon inicial era especial, escolhida a dedo para minha situação especial. Audinos eram ótimas para concurso, mas também excelentes companhias para pessoas que precisam de cuidados, o que incluía, futuramente minha mãe. Escolheram para mim uma que tinha a personalidade um pouco mais forte, que não aceitasse tristeza. Sim, eu sabia bem o motivo da escolha de Audino para mim!
Respirei fundo e liberei Audino. Ela estava horrível! O pelo róseo dela estava chamuscado por quase todo o corpo. Suas mãos pareciam ter sofrido queimaduras, que de acordo com Joy não deixariam marcas, se cuidadas corretamente. Mas, ali vinha ela, olhando furiosamente para mim e já armando o Tapa Duplo. Dei um passo para trás e estiquei a pokebola para retorná-la, da última vez ela me estapeou até minha boca sangrar e só não desmaiei porque Joy conseguiu coloca-la de volta na pokebola. No entanto, desisti de retorná-la.

— Pode fazer por ela o que iria fazer por mim? -

Questionei rapidamente, enquanto saia da frente Audino e a deixava dar o primeiro golpe no vácuo. Céus, minha pokémon não conseguia me acertar, não tinha a menor chance da arena.
A dona da casa levantou-se apressada e foi até a pokémon que quando se virou par ame acertar, ficou surpresa com presença da mulher. Audino olhou em minha direção e eu sabia, ela iria atacar-me novamente assim que possível.

— Sempre soube que o movimento Explosão de Fogo era devastador, mas não imaginei que um Charmander recém adquirido pudesse aprendê-lo tão rapidamente e ainda com tamanho poder de destruição. -

Algo muito estranho estava acontecendo na minha frente, mas eu não era capaz de entender oq eu era. Maria ajoelhou-se e esticou a mão na direção de Audino que ficou na defensiva por algum tempo. Os olhos de Maria não desviavam dos de Audino que passou a evitar olhar para o rosto da mulher, mas não conseguia, de repente a expressão furiosa da pokémon começou a desaparecer. Maria levantou-se e tocou-a em alguns pontos analisando.
Ela havia acalmado minha pokémon apenas com o olhar? Ganhara a confiança dela em poucos instantes, sendo que até mesmo Joy teve dificuldades para lidar com ela no início.

— Posso trocar seu pacote de tratamento para trata-la, mas mesmo que eu o faça o pelo só vai voltar a ser o que era com um tratamento contínuo, talvez dois meses para que a pele se renove sozinha com remédios, loções e a comida certa. - Ela sorria enquanto acariciava a pokémon que um dia havia sido rosada e agora era acinzentada. - Diga a ela o que vai acontecer. -

Pisquei algumas vezes aturdida. Eu não sabia o que iria acontecer, que dirá o que dizer a ela.

— Bem... - O que eu deveria dizer? O que um coordenador deveria dizer a um pokémon ferido numa apresentação? Seria diferente do que um treinador diz a um pokémon? Talvez não fizesse diferença a profissão. Talvez, não fizesse diferença alguma o que eu iria dizer, apenas tinha que me mostrar que eu me importava. - Audino, essa é a senhora Bluenda ela é uma pessoa que pode cuidar para que sua aparência melhore e com um pouco de dedicação volte a ser a mesma. -

Audino me encarou por alguns instantes e vi sua feição voltando a ficar irritada.

— Sinto muito por ter te colocado em uma luta para qual não estava preparada. Eu não sei sobre lutas ou concursos, eu achava que sabia. Mas, você me seguiu e conquistamos um segundo lugar, por isso o prêmio é seu. - Eu não sabia realmente do que eu estava falando. - Sei o quanto deve estar se sentindo mal pelo estado em que está... - Eu havia ficado tão animada com a possibilidade de conseguir melhorar aquela aparência machucada. - ... Então por favor, siga as instruções dela. –

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Foram dois dias. Talvez os mais longos que eu já tenha vivido. Audino recebeu toda uma atenção para estética e precisou raspar todo o pelo danificado, mas no final de dois dias estava muito mais bonita que eu poderia imaginar. Os pelos já davam sinais de começarem a crescer, mas eu só poderia usá-la realmente, para qualquer coisa física, em um mês.
Em um mês era a data em que aconteceria um concurso pokémon importante em Pewter, conforme as informações de Hina. Do lado Oeste de Kanto parecia ser o mais importante, pois além dos oito finalistas sempre conseguirem se sair bem no ano e se classificarem para o Grande Festival, ele marcava o fim dos concursos do lado oeste e por isso as premiações eram muito maiores e eram dadas a pelo menos metade dos participantes. Combinei de encontra-los lá e seria minha volta aos palcos, se tudo corresse bem.
Informações não foram tudo o que ganhei, pois Hina se ofereceu para cuidar do meu cabelo em troca de Aries enfrenta-la em uma batalha, para ela poder aprender um pouco mais. A garota estava impressionada com o fato dele ter lidado com tantos pokémon ao mesmo tempo, afinal Aries chegou carregando os corpos de mais de vinte Ekans.
Hina tinha o dom da mãe, conseguiu deixar meu cabelo bonito de novo após banhos, hidratação, tintura, alguns cortes e nem precisou de aplique. Eu confesso que não gosto do cabelo tão curtinho assim, mas eu estava achando lindo que ele estive direito novamente.

— Lembre-se, Beta é bem excêntrica e careira. Quanto mais irritá-la, mais caro cobrará, mas é a única nutricionista nesta parte de Kanto que vai conseguir passar uma dieta correta para o crescimento rápido dos pelos. - Dizia a senhora Maria enquanto nos despedíamos. - Por isso, vá sozinha encontrar-se com ela. -

Todos olharam para Aries que havia sido um hospede até exemplar a ponto de eu achar que algo havia acontecido com ele. Eu sabia que Aries falava coisas que não devia, mas a família Bluenda não sabia, o que então isso significava?
A despedida foi rápida, afinal Aries dizia que iriamos percorrer trinta quilômetros e a área era infestada de Ekans, eu começava a odiar aqueles pokémon!

— Quase esqueci! - Disse Blue quando estávamos nos despedindo. - Cuidado com Amora! –

Já estávamos caminhando e Aries balançou a cabeça indicando que não era para voltarmos ou acabaríamos nos atrasando. Então apenas acenei confirmando que havia entendido os aviso de Blue, mas na verdade eu não havia entendido. Por que eu deveria ter cuidado com Amora? Por que a fruta seria perigosa?


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Notas finais do capítulo

Espero conseguir postar a semana que vem, mas pode ser que eu ainda não tenha encontrado o modo e o espaço de tempo ideal para construir o episódio em uma semana, nesse caso conto com a compreensão de vocês!


E para continuarem se divertindo com pokémon até o próximo episódio de Alma de Coordenadora Pokémon:

https://fanfiction.com.br/historia/672440/Pokemon_Luz_e_Erupcao/

https://fanfiction.com.br/historia/555091/Rota_Zero/

Procurem por essas duas fanfics, eu leio e curto muito elas!



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