Perdida em Crepúsculo: além do sonho. escrita por Andy Sousa


Capítulo 6
Testosterona.


Notas iniciais do capítulo

Oi, voltei. Gente, às vezes acontece de me dar um bloqueio de escritor que não consigo escrever sequer uma palavra durante dias. Quer dizer, dá pra escrever, mas não fica bom e eu NÃO CONSIGO fazer uma história ruim, não dá. Então eu espero até a inspiração voltar e desta vez quando voltou eu fiquei tão empolgada com os capítulos que achei melhor escrever o tanto que pudesse e depois trazê-los todos juntos para vocês. Bem, são oito no total, mas eu continuo inspirada pra postar os seguintes então imagino que não vá demorar tanto dessa vez. Me desculpem, mas eu espero de verdade que entendam e lembrem-se sempre que mesmo eu ficando sumida eu sempre volto, eu prometi terminar essa história e vou cumprir!
Sem mais enrolação, boa leitura a todos!



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Edward PDV

"Olhando para mim vejo que não fiz nada certo.
Eu nunca parei para pensar em você
E estou sempre envolvido em coisas que não posso resolver.
Você é o antídoto que me faz melhor,
Algo forte como uma droga que me deixa nas alturas.
Na verdade o que quero dizer
É que lamento ser do jeito que sou.
Eu nunca quis ser tão frio.
Fui frio com você e lamento ter mentido.
Eu nunca quis que você visse meu lado ferrado
Que eu mantenho trancado profundamente dentro de mim,
Eu nunca quis que você fosse embora.
Tantas coisas que você deveria saber,
Mas acho que para mim não há mais esperanças."

Cold - Crossfade

~*~

— Ela está junto dele?

— Eu acho que sim. Não consigo ver seu futuro, está embaçado. Não posso acreditar que seja este o motivo de minhas visões sobre Aneliese andarem tão confusas, ao menos me sinto aliviada pelo problema não ser comigo. Droga de vira-latas intrometidos!

— Interessante a forma que eles têm de se proteger de quaisquer investidas nossas, essa espécie evoluiu velozmente e pode representar ameaça – comentou Jasper.

“Não gosto nada disso. Não gosto deles tão próximos a nós, não são de confiança.”

— Está errado, não farão nada a não ser que façamos primeiro. Sabem honrar o trato.

De manhã toda a família costumava estar em casa, ainda era cedo, antes de irmos para a escola e eu já tinha que me preocupar com a segurança de Liese. Sabia que havia ido ao enterro e como consequência estaria perto dos lobos, mas essa perspectiva não era nada animadora.

— Mas o que essa menina tem na cabeça afinal? Nós não somos tão ruins assim – Alice fez bico.

Apesar da implicância ela se importava com a amiga. E não saber o que lhe acontecia deixava a nós dois aflitos.

Jasper, Alice e eu estávamos na cozinha, Emmett costumava sempre assistir televisão e o noticiário desta vez chamou a atenção. Carlisle desceu do escritório para assistir e me juntei a eles. A repórter relatava dois desaparecimentos ocorridos aos arredores de Port Angeles, no último caso o corpo havia sido encontrado com marcas de violência e a polícia acreditava se tratar de um animal selvagem.

“O xerife do condado de Kitsap recebeu auxílio de patrulhas vizinhas e teve sucesso em uma busca que já durava cerca de dois dias. A vítima foi reconhecida como Miranda Smith. Miranda era amante do ar livre e praticava trekking quando desapareceu. Ela deixa o marido e dois filhos.”

Após prestar mais algumas informações o tópico foi encerrado.

— Kitsap não é muito longe de Forks. Pensando bem agora me recordo de que o xerife comentou algo sobre desaparecimento antes de sair do hospital ontem. Sem dúvidas era isto - refletiu Carlisle.

— Não pensei que se tratasse de coincidência.

Ele me fitou.

— Um animal selvagem atacando montanhistas?

— Uma montanhista. O outro ataque ocorreu nos arredores de Port Angeles.

— Não é uma gangue, talvez um serial killer?

— Não creio que seja possível, não quando a primeira vítima ainda está sumida. Qualquer humano responsável pelo feito iria querer ser notado.

“Então talvez não seja obra de um humano.”

Olhamos-nos, mas a resposta já parecia estar bem nítida.

— Quer dizer que temos visitantes – Emmett sorriu animado, um brilho feroz nos olhos. Ele ansiava por uma briga.

Por causa do tom da conversa o restante da família se juntou a nós.

— Carlisle você já cogitou a possibilidade de serem os lobos os responsáveis? Já pensou que poderia ser uma forma deles nos causarem problemas? – Indagou Rosalie.

— Mas com quem, Rose? Eles não sabem que temos que prestar contas a alguém, além do mais não creio que sejam capazes de machucar um humano, ainda mais por uma razão como esta. Não, estou inclinado a pensar que há mais de nós pelos arredores. Por enquanto os ataques não atingiram um número absurdo, duas pessoas não são motivo para nos preocuparmos, infelizmente foi um infortúnio.

— Sim, você tem razão. Apesar de não concordamos este é o modo de vida de nossa espécie, não temos o direito de interferir – apoiou Jasper.

Ninguém gostava de tratar de assuntos assim, podia parecer irônico tendo em vista quem éramos, mas havíamos escolhido uma realidade diferente e qualquer morte parecia pesada demais para lidar.

— Vocês tem certeza? Acredito que estas pessoas mereçam receber um aviso, não tiveram muito cuidado em esconder as provas – apontou Emmett.

— Não insista nisso – Rosalie o repreendeu.

Meu irmão divergia de nós, pois o combate lhe parecia algo muito divertido, por sorte Rose sabia ser a voz da razão quando precisava.

— Então podemos dar o a assunto por encerrado – anunciou meu pai enquanto se levantava e saía.

Os outros o imitaram e subiram para seus quartos a fim de se aprontarem, apenas Alice permaneceu e me fez companhia.

“Você está preocupado. Devia ter dito o que pensava.”

Sacudi a cabeça. Minha irmã me conhecia bem, logicamente para mim a equação não era assim tão fácil de resolver, mas não podia fazer valer minha opinião se isto fosse custar a segurança de minha família. Eu não aceitava bem a presença de vampiros que não conhecia quando havia uma humana a quem eu tinha a missão de proteger, mas as evidências não eram de fato alarmantes.

— Eles estão longe. Posso mantê-la a salvo – expliquei baixinho.

“Pode mesmo?”

Minha irmã me deixou, sumindo de perto de mim num estalo, mas seus pensamentos ainda eram claros: ela não concordava comigo. Ela temia que algo pudesse acontecer...

Eu sempre confiava em sua concepção, mas agora teria de ignorar o bom senso e usar a lógica; Alice não estava satisfeita pela interferência dos lobos em suas visões e isto a fazia usar o dobro de cautela, mas eu não iria travar uma batalha apenas por uma leve suspeita. Usaria de meu dom para vigiar Aneliese e a manter segura, esta era minha missão na Terra, de qualquer modo.

— Acha mesmo seu plano tão brilhante agora?

Trinquei o maxilar, mas não disse nada.

— Claramente devíamos saber que isto poderia acontecer, mas eu mal consigo ver se Liese está acordada ou dormindo, que dirá ser capaz de dizer onde ela estará! – Alice estava muito exasperada.

Havíamos chegado à escola e descobrimos que Liese não viria a aula.

— O enterro ocorreu bem cedo, eu pensei que ela fosse ter tempo...

— Não é o tempo Edward, não vê? Agora entendo tudo, ela ficou de repouso por causa do braço machucado, o próprio xerife lhe deu permissão. Como eu não fui ver isso?

Era verdade que aquela notícia também não me animava em nada, mas ao menos eu soubera me conter.

— Sua exaltação é um tanto exagerada, não acha?

— Não, eu não acho – ralhou. – Planejava falar com ela hoje, reatar nossa amizade.

Bufei.

— Alice você acompanhou cada contato que tive com Liese desde que voltamos, porque acredita que iria querer falar com você quando o que fez foi me distanciar todas as vezes em que tentei ser gentil?

Ela fez cara feia.

— Você é insensível, eu sou diferente.

Sim, claro que é.

Não havia mais espaço para discussão porque o sinal de entrada soou e tivemos de nos separar, mas era inegável que eu havia me precipitado, devia ter previsto que algo assim poderia acontecer, era mais fácil ser o guardião quando o objeto de sua proteção está à vista. Contudo segui para a sala em resignação, não havia perigo real e eu repudiava a parte racional de meu cérebro, pois ela me indicava que o melhor era me manter afastado. Aneliese deixara claro que não queria estar perto de mim.

Céus! Queria que fosse tão fácil assim ceder a seu pedido.

Durante as aulas eu mal podia afirmar ter realmente estado presente. Fazia a lição e permanecia em silêncio, mas minha mente vagava longe, eu me apegava a qualquer coisa que pudesse me distrair da superproteção. Não queria me perder em pensamentos, mas era difícil. Havia muita coisa a considerar.

Quando Liese havia se tornado tão próxima dos lobos? Como ela acabara se envolvendo com um deles de uma forma tão íntima? Eu sequer desconfiara... Quando partira não tinha ciência de estar ditando minha própria sentença. Era um parvo. Praticamente a jogara nos braços de outro e assistira minha queda. Agora ela não queria saber de mim, me detestava... Ou ao menos fazia parecer que sim. Eu não acreditara em toda a aversão que tentara demonstrar. Não era possível!

Sabe que é possível.

Eu a ferira muito. Quando me recordava de que fora capaz de pôr minhas mãos nela, de machucar seu corpo, de lhe deixar marcas... E fizera piada disto, eu rira de sua dor. Sim, ela devia mesmo estar muito magoada. Mas mesmo sabendo ser merecedor de seu desprezo, mesmo julgando meus atos eu ainda não aprendera a ter o controle necessário para me manter distante. Era inviável.

Quando ela me julgava e ofendia, quando seus lábios me diziam para ir só o que eu conseguia ter era uma vontade imensa de tomá-la em meus braços, queria protegê-la, queria apagar o passado, queria recomeçar.

Como eu viveria se ela jamais me perdoasse? Se nunca chegasse a me querer de volta em sua vida? Eu não podia lidar com isso.

Então eu lutava, mesmo que parecesse inútil. Eu a queria de volta e tinha certeza de apenas uma coisa em meio a toda essa desilusão: não iria desistir. Eu esperaria por ela cinquenta anos se fosse preciso.

Esperaria por toda a eternidade...

A palavra psicopata perpassou minha mente.

Desde que saíra da escola passara os minutos embrenhado em meio à mata acompanhando cada um dos movimentos de Aneliese, ela era uma garota comum, eu conhecia bem a mente humana e já presenciara todo tipo de anormalidade, mas em seu caso não havia nada verdadeiramente chocante. Na realidade dispensara boa parte do tempo assistindo televisão e não parecia muito satisfeita, talvez estivesse entediada. Sabia que ela agora trabalhava para os Newton e aparentemente ter sido forçada a ficar em casa não fazia seu gosto.

A certa altura deixou de lado o passatempo e se dirigiu à cozinha onde começou a preparar o jantar. Olhei para o céu através dos pequenos espaços que as folhas mantinham livres e ele era de um cinza opaco. O crepúsculo caía sobre a cidade trazendo consigo a tranquilidade da noite, era a hora mais segura para os vampiros, não havia mais porque se esconder. De todo modo, me mantive firme no alto de uma sequoia centenária, distante e encoberto pelas sombras, mas perto o suficiente para ter perfeita ciência do que acontecia dentro da casa.

Um ruído mínimo me deixou alerta, era diferente dos outros e aos poucos se tornou mais pronunciado, levei um segundo para distinguir sua origem e isto não me deixou satisfeito. Enrijeci-me e semicerrei os olhos, cerca de uns duzentos metros de onde eu estava um animal imenso, um lobo havia parado. Os pensamentos indicavam que era Jacob Black e não tive dúvidas de que ele também havia me visto. Fechei as mãos em punhos esperando sua aproximação, mas ele não planejava vir até mim.

Por sorte percebi o que iria fazer bem a tempo e tive chance de me afastar, dando-lhe privacidade. Quando resolvi voltar, entretanto, não gostei de notar que já na forma humana ele se encaminhava ao encontro de Liese. O que poderia querer com ela a esta hora?

Antes que me desse conta eu corria na mesma direção, alcancei-o pouco antes que chegasse à porta e obstruí a passagem.

— Que merda pensa que está fazendo?

Seus pensamentos não eram muito favoráveis à minha presença, era uma pena que o efeito não fosse contrário, infelizmente eu era o único que tinha de insultar apenas com palavras.

— Você está me perguntando isso sanguessuga? Quando foi que Liese disse que o queria por aqui?

Eu ri.

— Ela não precisa dizer. Você ainda não entendeu, não é?

Seu rosto se retorceu em fúria.

— Ainda não se convenceu de que Liese não se importa mais contigo, não é?

— Ou talvez você não queira aceitar que isto jamais vai acontecer – rebati.

Ele ficou em silêncio, parecia prestes a explodir e esperou até se acalmar. Então riu.

— Não é você quem está com ela agora. Nos tornamos bem próximos e acredito que com o tempo as coisas vão apenas melhorar.

Filho da mãe!

O tempo todo eu evitava pensar neles juntos, evitava pensar em Aneliese tendo contato com alguém que não fosse eu, mas era difícil. Era estranho reviver emoções humanas, eu já lera sobre o ciúme, sobre a cobiça e a inveja, mas nunca pensei que fosse senti-los. Aquela garota fora capaz de despertar as melhores e piores coisas em mim, ela definitivamente era como meu demônio interior.

Mas também era minha única salvação.

— Não lhe aborrece ser usado apenas como estepe?

O olhar dele escureceu.

— Fique longe dela seu monstro desprezível!

— Fique você longe dela seu cachorro desgraçado!

Ele tremia da cabeça aos pés e respirava com força.

Ouvi o barulho de passos e então Aneliese surgiu à porta, nos observou por um instante e seu rosto ficou lívido.

— Jacob!

Correu para perto de nós e me fitou.

— Vocês estavam discutindo?

Sem esperar resposta se aproximou do garoto, segurou seus ombros e lhe pediu para olhá-la.

— Jake, controle-se! Você sabe o que acontece quando se aborrece – insistiu.

Nenhuma palavra de insulto que ouvira conseguira me afetar, mas vê-la tão próxima a ele de alguma forma me causou mais ultraje do que poderia esperar.

— Edward porque você não vai embora? Você sabe que é perigoso se expor, vocês dois sabem disso! Que droga, porque tinham de vir discutir justamente aqui?

— Como pode deixá-lo entrar em sua casa quando bem entende? Como pode deixá-lo entrar em sua vida?

Ela me olhou e só então me dei conta de que havia mesmo dito aquelas palavras.

— Isso não é da sua conta! Saia da vida de Aneliese de uma vez por todas, desapareça dessa cidade. SUMA DAQUI ANTES QUE EU ACABE COM VOCÊ!

— Porque não tenta pulguento?

Ele grunhiu e avançou, Liese procurou detê-lo e ao tentar se desviar acabou empurrando-a. Sequer tive chance de pensar, me choquei contra ele e o expeli de perto dela.

— NÃO! EDWARD PARE! JACOB, POR FAVOR!

A viatura do xerife se aproximava e ele soou a sirene acelerando até chegar a nós, então saiu do carro e correu ao nosso encontro.

— Parem vocês dois! Agora!

Charlie não estava nada feliz com o confronto e pensava se devia envolver meus pais no problema, por causa disso desisti da briga, não queria ser motivo de desapontamento para eles, entretanto não foi fácil ignorar a cólera.

— Vocês rapazes já deviam saber como resolver suas diferenças sem uso da força. Jacob, onde está seu respeito? Acaso se esqueceu de que hoje o dia já foi suficientemente duro? Você devia estar em casa fazendo companhia a seu pai. E Edward, você acabou de retornar a Forks, nunca tive sequer um motivo para reclamar de seu comportamento, mas parece estar disposto a mudar meu pensamento! Quero que me digam agora o que está acontecendo.

— Foi apenas uma briga estúpida...

— Entendo. E imagino que Aneliese tenha sido a causa. – Ele se virou para ela que ficou vermelha. – Quer resolver as coisas? – Perguntou-lhe.

Seu queixo se pronunciou um pouquinho.

— Não. Eu não tenho qualquer parte nessa idiotice.

Virou-se e caminhou de volta até desaparecer dentro da residência.

— Muito bem. Chega de desentendimentos no meu quintal, quero os dois fora daqui e só voltem quando aprenderem a ser civilizados.

— Charlie, não dê chance de ele retornar, sabe que fez Aneliese sofrer – interpelou Jacob.

— Imagino que sim e não apoio isso, se você estiver decidido a fazer minha filha ficar triste Edward, faça o favor de mudar de ideia.

— Eu jamais iria querer vê-la mal – expliquei.

O cachorro bufou.

— De todo jeito me parece que ela e Jake estão numa espécie de relacionamento, não acho que deveria ser de seu interesse interferir. Mas não cabe a mim dar a última palavra... Vão para casa, esse dia não foi dos melhores e quero ter a chance de me sentar e ficar em paz.

Ele não falaria duas vezes, o melhor a fazer era obedecer se quisesse me ver livre de complicações, aceitei a sugestão e comecei a caminhar, os pensamentos altos e ofensivos do outro aos poucos deixaram de se fazer ouvir. Dessa vez não tive como deixar meu ódio fluir, quando estava razoavelmente distante adentrei a floresta e comecei a correr. A imagem repetitiva de uma cabeça de lobo sendo arrancada foi a companhia que minha mente me forneceu até chegar em casa.


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Notas finais do capítulo

Me preparando psicologicamente para os acontecimentos que ainda vou ter que escrever, eu não sei como vou desenrolar essa história da Liese/Edward/Jacob. Na verdade eu tenho uma noção, mas vai ser difícil :(



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