Perdida em Crepúsculo: além do sonho. escrita por Andy Sousa


Capítulo 27
O lugar das lembranças infelizes.


Notas iniciais do capítulo

Oi meus queridos, depois de um período bem longo de hiatus eu finalmente voltei. Admito que pensei em um montão de coisas pra dizer neste momento e com o tempo acabei me esquecendo da maioria, mas logicamente que vou me justificar. No final do ano passado, eu mesma disse a vocês que estava colocando a fanfic nos eixos, acertando uns pontos em aberto e bem, eu linda e maravilhosa, acabei perdendo todo o conteúdo em que trabalhei - sim, mais ou menos umas vinte páginas - quando meu laptop estragou. Aí, quem já passou por isso sabe bem que (além de se sentir um grande idiota por não ter feito backup dos arquivos) a gente tem vontade de chutar o balde mesmo. E foi o que eu fiz, tentei tornar a escrever, mas não deu, a raiva foi tanta que tive que tirar uma pausa pra repensar e neste tempo, logicamente que apesar de não postar nada, eu sempre estava por aqui, lendo comentários, mensagens e recomendações - sim, recomendações, porque vocês são tão maravilhosos que mesmo com meu evidente sumiço não me abandonaram e ainda me deram esse presente. Enfim, meu coração apertou e me sentindo muito envergonhada, tomei vergonha na cara e resolvi continuar escrevendo. Contudo, como eu ainda tinha que terminar o trabalho que havia ficado inacabado, resolvi reler a história e comecei pelo começo, refazendo minhas anotações quase que do zero. Mais um motivo de eu ter demorado tanto pra voltar...
Minha intenção era finalizar a segunda temporada antes de vir postar qualquer coisa, mas como tem gente que até hoje vem aqui pedir capítulos, mudei de ideia e vou postar o que escrevi e daí por diante vocês já sabem. Eu simplesmente achei que não seria justo fazer vocês esperarem mais, mesmo que fosse pra postar tudo de uma vez depois.
Ao final não posso deixar de pedir DESCULPAS. Sei que muita gente deve tá com raiva de mim, mas espero de verdade que não tenham desistido de ler. Acreditem, no final eu ainda sou aquela pessoa que simplesmente não consegue trazer qualquer coisa pra vocês, tem que ser o melhor, por isso que enquanto não me vi pronta para retornar, me mantive ausente.
Bem, é isso, se alguém leu esse testamento, meu muito obrigada e comentem, por favor, sabem que eu sempre gosto de ler o que escrevem.
Acabou a protelação, vamos a mais um capítulo.
Boa leitura! :)



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Aneliese PDV

"Não amo você do jeito que eu queria,
O que eu tive de fazer, tive de fugir de você.
Estou apaixonado por você, mas a vibração está errada
E isso me assombrou o caminho todo para casa.
Então você nunca sabe o suficiente até o amor acabar.
Eu quero me mover, mas não consigo escapar de você,
Então mantenha seu amor trancado, você perdeu!
Não consigo ficar legal, então fico com a verdade,
Tenho algo a perder, então preciso me mexer,
Fico pensando, enquanto estou sozinho,
Quanto foi preciso até eu finalmente conseguir superar.
Sem mais perda de tempo, onde está o fim da linha?
Sei que disse que tinha acabado, mas tenho amor por você,
Mas não estou te amando da forma como eu queria."

Love Lockdown – Kanye West

~*~

Era um dia de aula perdido.

Não consegui me concentrar em nada que era passado pelos professores, por mais que me esforçasse para acompanhar as explicações parecia que meu cérebro estava em estado de torpor, meu raciocínio era lento como se eu estivesse com sono e por vezes me pegava com lapsos de memória, de repente levantando a cabeça e olhando de um lado para o outro, tentando entender onde estava. Tudo isso era consequência do encontro que tivera com Edward...

Ridículo.

Parecia que ele era um vírus que adentrava meu sistema e conseguia facilmente me confundir. Tomava conta de mim. Não deveria ser dessa forma, era humilhante.

De todo modo, a cena que se passara nos corredores parecia, antes de tudo, irreal.

Edward realmente me abraçara?

Lauren de fato aparecera?

Ele havia dito que não a amava. Não a amava.

Me aprumei em minha cadeira e fitei a vista através da janela enquanto permitia à minha mente vagar. O dia continuava monótono, nem mesmo um só raio de sol para quebrar o cinza monocromático... Como num clique me dei conta do que na verdade estivera me inquietando. Não era o encontro, ou a conversa ou os gestos. Era uma única palavra: ‘não’.

Edward não amava Lauren. Óbvio que não a amava, mas eu muitas vezes chegara a ter dúvidas. Porque razão afinal teria se envolvido com ela se não fosse por amor?

“Edward tem suas razões para ficar com ela, confie em mim”, a voz de Alice surgiu tão nítida que tive de me certificar de que ela não estava em algum lugar próximo a mim.

Esta informação de alguma maneira parecia ser realmente significativa, poderia ser peça-chave de algo? Se houvesse um motivo válido para que aqueles dois estivessem juntos, poderia eu perdoar?

Uma risadinha desanimada escapou do fundo de meu peito e procurei conter melhor minhas reações. A quem eu estava enganando? Estava sendo hipócrita, eu também tinha coisas de que me desculpar, também não era perfeita e havia falhado bastante. Pareceu-me que durante o tempo em que estive em Forks fui capaz de cometer mais erros do que no restante de minha vida, além disso eu descobrira uma pessoa totalmente diferente dentro de mim e duvidava muito que a esta altura pudesse voltar a ser quem era.

O professor se levantou de sua cadeira e deu início a mais uma longa explicação, novamente procurei me prender às palavras que dizia, torcendo para que fossem capazes de, ao menos temporariamente, calar as vozes dentro de minha cabeça.

— Você está falando a sério?

— Sim, mas fique tranquila, nós estamos bem, na realidade acho que nunca havíamos conseguido encontrar tanta harmonia entre nós, esse tempo todo estava faltando você, Liese.

Eu ri, mas não disse nada, permaneci sentada no sofá verde-musgo, me perguntando debilmente como um móvel velho conseguia ser tão confortável.

Depois da tensão vivida na escola e de mais um dia de trabalho eu dirigira para a casa dos irmãos, pois era dia de ensaio. Apesar de meu humor sombrio, logo me vi deixando de lado as coisas ruins, eu gostava muito desses momentos com os garotos.

Joshua acabara de me dar a notícia de que neste final de semana teríamos um show em um bar de Tacoma, porém não era somente isto, o tal bar pertencia a um cara chamado Bill, muito conhecido no cenário de bandas alternativas por ser quem em geral fazia as gravações de demo por aqui.

— Existe uma ou duas pessoas a mais que trabalham em pequenos estúdios, mas o preço que cobram é absurdo, mesmo que o serviço seja bom – esclareceu Zachary como se estivesse ecoando meus pensamentos.

— O que você precisa saber Liese, é que não há ninguém como o Bill. Esse cara deve respirar rock’n roll desde que nasceu. Ele tem o bar há décadas, é um lugar legal, permitiu a ele fazer contatos importantes. Dizem que há muitos anos os Rolling Stones se apresentaram lá.

Risadas ecoaram.

— Isso é um mito Timothy!

— Não, não é...

— Bill é um bode velho, ele inventa essas histórias, cara.

— Deixe de ser retardado!

Eles jogaram almofadas entre si e me assegurei de ficar longe do fogo cruzado.

— Escute Liese, essa é uma boa chance, você entende? – Joshua sentado ao meu lado me olhou seriamente e os outros o imitaram, as brincadeiras cessando imediatamente.

Respirei fundo.

— Vou fazer tudo o que puder para que vocês consigam essa demo.

— Para que nós consigamos. É parte da Marrow agora – corrigiu ele.

— Sou, não sou?

Olhei para os outros que mesmo calados me lançavam olhares de encorajamento e aprovação, eles não somente precisavam, como também acreditavam em mim. Aquela banda era muito importante para aqueles garotos, era um sonho pelo qual batalhavam arduamente, eu não dissera da boca para fora, me esforçaria para que conseguíssemos gravar com Bill. Não era somente a demo, era a oportunidade em si, ele era influente, poderia ser o que a Marrow precisava para atingir um mercado diferente e eles mereciam, eu sabia que sim.

— Esse clima tá esquisito – soltou Shaun de repente.

Nos entreolhamos e as risadas explodiram.

— O Timothy está quase chorando, olha a cara dele.

— Cale a boca Zac, seu imbecil! Eu só tô com sono.

Eles eram impossíveis, da maneira que se provocavam qualquer um poderia pensar que não se gostassem, mas era exatamente o oposto, sua relação era fruto de uma confiança que havia sido construída aos poucos, como irmãos.

— Não entendo porque sempre implicam com você Tim – assinalei.

— É verdade. Deve ser porque ele é o mais novo da banda.

— Não é mais.

Logo que disse as palavras, me arrependi. Suas expressões se tornaram divertidas e quase maliciosas e não pude prever o que viria. Os quatro convergiram para mim e começaram a bagunçar meus cabelos, como se faz com uma criança pequena, tentei me desvencilhar, mas foi em vão, quando finalmente se afastaram pude sentir a bagunça de fios em minha cabeça, caindo pelo rosto.

— Isso não é justo.

Joshua riu.

— Está tudo bem, foi só um rito de passagem, não faremos mais isso.

Eu lutava para arrumar as mechas, por sorte não tive tantos problemas, já que meu cabelo estava um tanto oleoso, mas ele era liso e poderia ter embaraçado fácil se a situação fosse outra.

— Teremos de tocar como nunca antes no sábado à noite.

Todos entendiam a importância daquela apresentação e eu queria dizer que não havia ficado ansiosa, mas seria mentira. Se Bill gostasse do que visse, ofereceria a chance de fazer a gravação, os garotos haviam me explicado que por seu estúdio ser tão concorrido ele só trabalhava com aqueles que escolhia, não importava se pudessem pagar por fora, ele não aceitava, era categórico. Resumidamente, Bill realmente parecia amar o que fazia, pois só ajudava aqueles em que via potencial, não era à toa que havia se tornado um mito.

Estava tarde e resolvemos finalizar o encontro por ora.

Meu relógio me mostrou que eram quase nove horas, mas Charlie ainda não havia chegado. Esta noite em especial eu esperara vê-lo, pois depois que havia saído da casa dos garotos não demorou muito para que as mesmas sensações estranhas tornassem a se alojar em meu peito e confundir meu cérebro. Nem mesmo chovera, o dia amanhecera e terminara da mesma forma estática, me deu a impressão de que o tempo sequer passara, apesar da clara evidência que era a escuridão da noite ao redor.

Ainda parada perto da bancada da cozinha eu ouvia o tique-taque baixo dos relógios dispostos pela casa, mas era só. O silêncio era tão absurdamente incômodo que me fez ir às pressas até o computador, liga-lo e tratar de pôr algo para tocar. A internet me tirou consideráveis minutos, mas ao final valeu à pena, ouvindo a melodia conhecida de certa forma eu consegui relaxar e me sentir enfim em casa.

Pareceu que somente agora consegui tempo para realmente assimilar o dia que havia tido. Eu tinha de admitir que, apesar de estar cansada, me acostumara à rotina atarefada. Servia para manter minha cabeça ocupada e isto era alguma coisa. No entanto, sempre haveriam estes momentos em que eu me encontraria invariavelmente sozinha. O sentimento era ainda mais estranho quando me dava conta de que não somente Charlie me fazia falta, mas também Jacob.

Ele deveria estar aqui, em geral era pela noite que aparecia em sua forma de lobo, próximo ao jardim, envolto nas sombras da floresta. Eu sorriria, ele sacudiria a cabeçorra e cravaria a pata no chão, como quem acenava. Nossos encontros mal passavam de poucos minutos, ele tinha de ser rápido para evitar que pudesse chegar a ser visto e além disso, tinha sempre o serviço da alcateia para fazer. Constatei que Jacob também trabalhava, mas da sua maneira. Ele era como Charlie, ocupado em manter a segurança da população, era algo bonito de se fazer, ainda mais sendo tão jovem.

Foi inevitável deixar de tocar a pulseira que trazia em meu braço, eu fizera questão de usá-la, mesmo depois do que houvera no sábado, pois eu não sentia que havia acabado.

Aneliese...

Fechei os olhos e fiquei parada. Eu estava mentindo para mim mesma outra vez e outra vez era recriminada por minha mente. Estava exausta de fingir, simplesmente não dava mais, mas foi automático.

Naquele sábado eu já estava decidida a terminar meu relacionamento com Jake, esta era a verdade, desde que conversara com Charlie na véspera havia me decidido. O fato era que o que andava faltando a mim era apenas a percepção, o xerife havia me ajudado a ver as coisas com clareza. Havia sido tão exato que era impossível esquecer...

Havia espaço em meu coração para os dois: Jacob e Edward. Mas eu não podia sentir o mesmo pelos dois. Um deles era meu grande amigo e o outro a pessoa que eu amava.

Eu agora sabia a resposta para essa questão, eu não tinha dúvidas. Eu era de Edward. Fora sempre ele!

Mas Charlie havia dito que eu sentia algo pelos dois e isto também era verdade, apesar de finalmente ter tido coragem para admitir que tudo o que alimentara por Jacob fora amizade, eu aprendera a gostar dele de minha forma. Eu o amava como a um irmão, o irmão que nunca tive. Jacob me amparara e protegera como somente família faz. Ele também era parte de mim.

Por isso foi tão difícil enfim abrir o fecho e retirar a pulseira do redor de meu pulso. Eu sentia falta de meu amigo, ainda mais quando percebia que não era a única magoada, eu também o ferira, a quem eu pensava estar enganando? Todos pareciam reconhecer a realidade, todos menos eu. Jacob devia saber desde o princípio. Por isso ele implicava tanto, por isso ficava chateado quando lhe dizia que havia estado perto de Edward, ele sabia que lutava em uma guerra perdida, ele tentara inclusive me alertar, desde o primeiro dia em que os Cullen haviam retornado, desde o momento em que Edward fora atrás de mim na floresta... Jacob identificara que ali ainda existia um sentimento, ele soubera.

Droga, eu falhara com ele!

— Mas ele também falhou comigo – reconheci.

Se Sam não tivesse aparecido a tempo, quem sabe o que poderia ter acontecido? E não era como se eu não soubesse que havia perigo, pois eu sabia muito bem, mais do que ninguém. Independentemente do que sentisse por mim, naquele instante Jacob seria capaz de me machucar, eu tive certeza.

Com o pequeno objeto na palma da mão pude contemplar melhor o pequenino pingente de um lobo marrom. Fizera bem em me separar da pulseira, pois sabia que ela tinha significado para mim e sentia que não poderia mais usá-la.

Porque não merecia. Porque não queria.

Este era o fim.

Sabendo, entretanto, que seria incapaz de me desfazer do presente, observei ao redor, procurando por um lugar em que pudesse mantê-lo a salvo. Meu olhar recaiu sobre o piso e em resposta senti um aperto em meu coração. Andei devagar até perto do guarda-roupa e com esforço o empurrei, deixando à vista a exata peça de taco marrom, ao primeiro olhar parecia ser igual às outras, mas quando se analisava melhor era possível perceber a ínfima divisão no rejunte.

Sabia exatamente o que tinha que fazer, mas não me movi. Minhas lembranças agora eram de meses atrás, de um dia muito obscuro que vivera, quando forçadamente me despedi daquele que eu pensava ser meu grande amor. Aos poucos encontrei a força necessária para me abaixar, aproximei minha mão do piso e não gostei de notar que tremia um pouco, isto de certo modo me fez agir rapidamente, humilhada pela intensidade das reações. Retirei o pequeno pedaço de madeira e lá estava: a corrente dourada que Edward me dera brilhou mesmo à fraca luz e foi inevitável conter meus dedos de tocá-la.

Ao resgatá-la do chão ela resplandeceu ainda mais e o pingente se tornou perfeitamente visível. Um pequeno infinito, um universo diferente em que Edward me queria. Onde eu era para sempre dele.

Eu nunca pensava em como fora minha vida em Forks antes dele me deixar, nunca mais me permitira recordar dos instantes alegres, porque sabia que uma vez que o fizesse, seria impossível parar. E agora aqui estava eu libertando todas as memórias.

Era fácil constatar que eu fora feliz. Como não comparar o antes e o depois quando era tão nítida sua diferença? Todos os momentos que vivera antes da tristeza me alcançar pareciam ainda mais bonitos agora. Mas não era assim, isto era uma peça que minha mente tentava me pregar, era como meu cérebro funcionava, reviver memórias era um de seus trabalhos principais.

Por isso eu reconheci que também tive culpa. Não justificava os atos de Edward ou de qualquer um dos Cullen, eles haviam errado em não confiar em mim, mas eu errara primeiro ao deixar minha alegria nas mãos de outra pessoa. Mesmo que não houvesse sido um vampiro, mesmo que fosse alguém comum, Alex, Jacob, não importava. Eu jamais deveria ter incumbido a outro a tarefa de me fazer feliz, eu era quem devia me fazer feliz.

O erro foi meu também, por ter ficado viciada em Crepúsculo.

Eu abandonara tudo por aquela história e aqui estava o preço que pagava por minha inconsequência: dor. O primeiro abandono fora meu, largara aos poucos tudo o que conhecia, todo o meu mundo, meus pais, meus amigos até estar tão envolta nesta história que cheguei a fazer parte dela.

Por isso não tinha direito de me surpreender que tivesse sido deixada para trás, fora o que eu fizera.

A faixa musical que tocava chegou ao fim e deu lugar a uma nova batida, eu conhecia bem aquela música e enquanto o vocalista cantava sobre desilusões amorosas eu soube que era minha deixa para agir. Não valia mais a pena perder tempo com o passado, ele era bom em me machucar.

Devolvi o colar em seu lugar e junto com ele pus a pulseira. Então me recordei de algo e me levantei, de cima do guarda-roupa tirei uma de minhas malas e encontrei a foto de Edward que acabara deixando ali. Não me ocupei em olhar a imagem, pois sabia que tipo de sensações me traria. Novamente no guarda-roupa encontrei a última coisa que precisava, estava jogado detrás de meus perfumes o bilhete que Edward uma vez escrevera para mim, naquele mesmo dia, antes de visitarmos seus pais. Quando tudo ainda era bom. Assim como evitara a fotografia, tampouco li a nota, com ambos em mãos tornei a me agachar e os depositei junto dos demais objetos.

Agora sim não havia nada mais que pudesse fazer a não ser escondê-los, com cuidado coloquei o pequeno retângulo de volta no lugar, assim como o móvel que antes o encobria.

Juntei o ar e o soltei pausadamente.

Duas histórias distintas, mas que em uma coisa eram iguais: haviam chegado ao fim. Bela vida amorosa eu tinha!

Agora me restara apenas uma joia que podia usar sem culpa, era o anel que meus pais haviam me dado como presente de meus quinze anos. Ele sempre estivera em seu eterno lugar, ao redor de meu dedo, quase fazia parte de mim. Era engraçado como coisas inanimadas podiam ganhar tanto significado para nós. Este anel era o mais próximo que eu tinha de casa, de Lindy e Julio, inúmeras vezes em que estivera triste inconscientemente o apertara e meio que sentira o amor deles cuidando de mim.

Ouvi o barulho familiar de pneus triturando o asfalto e soube que Charlie havia chegado, fui até o computador e diminuí o volume da música, observei a imagem do cantor, que procurava ser intimidador com seu olhar de poucos amigos e seu punhado de tatuagens.

— Talvez eu devesse fazer uma tatuagem um dia – comentei debilmente, com uma risada desanimada.

Charlie chamou por mim do andar de baixo e deixei minhas considerações para trás.

Eu acreditara ter posto um ponto final em meus relacionamentos, mas de algum modo evitava pensar que na realidade fugia do encerramento, não era à toa que eu mantinha as lembranças em meu próprio quarto, próximas a mim.

Elas sempre estariam presentes, por mais que eu me convencesse do contrário.


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Notas finais do capítulo

Gente, eu tinha colocado nas anotações finais do último capítulo que eles estavam próximos do halloween, mas com a revisão que fiz, arrumei as datas e na realidade essa data está errada, mais pra frente Liese vai dizer que já é quase natal, então me desculpem, fora isso tudo continua normal, mas infelizmente não vamos ver ela e seus amigos fantasiados desta vez, mas quem sabe uma próxima?



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