Perdida em Crepúsculo: além do sonho. escrita por Andy Sousa


Capítulo 2
O retorno.


Notas iniciais do capítulo

Olá, voltei! Eu não tô acreditando que já teve gente que favoritou a história ♥
Isso na realidade me deixa muito feliz porque significa que ganhei a confiança de vocês, todos esperam capítulos cada vez mais emocionantes e sabem que sempre faço o melhor que posso, com isso não precisam se preocupar.
Mais um capítulo pra vocês, boa leitura!



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Edward PDV

"Por trás de cada passo seu
Retratos e histórias, vão lembrar
Que sempre estarei bem perto de você.
Por trás de cada passo seu
Sempre escuto as ruas pra lembrar
Que um dia andamos juntos por aqui.
Em tardes tristes eu pensei
‘Onde foi que eu errei?’
Mais um dia ruim, andando só pelas ruas.
Se eu puder te encontrar
A qualquer hora
Em qualquer lugar
É aonde vou estar."

O Chão Que Ela Pisa – CPM22

~*~

– Isto não está acontecendo.

Passei as mãos pelos cabelos com violência, mas não senti dor, porque eu não tinha mais esta capacidade, me tornara quase indestrutível. Eu também era excepcionalmente forte, veloz e perspicaz, mas nem mesmo toda minha inteligência servira para me avisar do que estava fazendo, para me deixar alerta às possibilidades.

Que merda eu fizera?

Desde que voltara do Japão ficara durante as últimas semanas correndo atrás de pistas e informações, depois do início um frenesi iniciou e não pude mais me conter. Trouxe Jasper comigo, pois ele era muito bom em persuadir as pessoas e tinha contatos que me foram muito úteis. Poderia parecer exagero, mas eu ia de um lado para o outro afoito por uma prova sequer, um sinal que fosse suficiente para sustentar minha teoria. No entanto não encontrei nada.

– Jasper... Isto não pode estar acontecendo!

Meu irmão dirigia a toda velocidade, nos levando para longe de nosso último destino, um detetive particular que viera investigando dados pessoais de Aneliese para nós. O resultado fora o mesmo: nada. Em nenhuma das partes em que procurei, com nenhuma das pessoas com quem tratei consegui encontrar alguma ligação.

– Eu sinto muito irmão. Mas sabíamos que isto era possível.

– Mas não pode ser... Que droga – juntei as mãos com fúria, fechando os olhos, querendo ser transportado para um mês atrás, antes de toda essa bagunça começar.

“Se Edward ao menos tivesse dado chance a ela de se explicar. Entretanto foi tudo muito rápido e realmente suspeito... Mas não há mais dúvidas, checamos todos os possíveis laços e não encontramos nenhuma afirmação sustentável. É incontestável.”

Não ajudava muito ser capaz de ouvir o que Jasper pensava. Parecia que repentinamente todos à minha volta haviam desenvolvido o dom de saberem o que era melhor para mim, muito mais que eu. Mas eu estava tão confuso que pouco conseguia ser alheio às palavras.

– Quando chegarmos ao aeroporto serão cerca de duas horas de voo de volta ao Alasca.

– Eu não vou para o Alasca.

Ele se virou para me analisar, mas evitei seu olhar questionador, sabia o que ele queria perguntar.

– Não entende Jasper? Eu tenho de ir para Forks. Se este tempo todo estive errado, tenho de voltar o quanto antes!

– Eu entendo você Edward. Faria exatamente o mesmo se estivesse em seu lugar, mas acredito que mesmo assim devamos ir a Denali. O restante da família sempre teve interesse em voltar para casa, mas o que nos impedia era você. E agora, bem, creio que não haja mais empecilhos.

Não era segredo que todos haviam concordado com a partida, mas Forks ainda era um ótimo lugar para nossa sobrevivência e Carlisle... Pobre Carlisle! O que eu o obrigara a fazer? E minha mãe?

Suspirei.

– Você está certo, vamos até os outros. Se tudo correr bem estaremos de volta a Forks ainda neste final de semana.

Mesmo que eu não tivesse um coração capaz de bater me sentia ansioso. Nunca enfrentara algo tão conflitante, talvez ainda não tivesse tido tempo suficiente para admitir a falha, mas já sabia que errara.

Eu só esperava não ser tarde demais...

– Tem certeza de que isto é o melhor a se fazer Carlisle?

Meu pai assentiu, andou até minha mãe e beijou carinhosamente seus cabelos.

– Sim querida, eu acredito que seja correto. Temos a sorte de nossa casa permanecer intacta, há pó e algumas teias de aranha, mas você conseguirá deixá-la perfeita como antes. Este é o lado fácil, e o difícil é o que acabei de lhe dizer: preciso ir ter com o xerife. Da última vez em que nos falamos não tivemos o melhor dos diálogos e de certo modo me sinto culpado pelo que lhe aconteceu.

– Não foi sua culpa Carlisle.

Ele me fitou.

– Você não precisa assumir o fardo sozinho, Edward. Eu sabia das consequências de deixá-lo perder o controle e mesmo assim nada fiz, também tive parte no acidente. Mas o importante é que Charlie sem dúvidas deve ter se recuperado e espero que esteja disposto a uma conversa civilizada.

Era domingo pela madrugada. Havíamos optado fazer a viagem de volta ao anoitecer, pois não queríamos causar alvoroço e Forks se tratava de uma cidade pequena onde as pessoas em geral comentavam. Como meu pai dissera, a organização da casa seria rápida. Eu ajudaria minha mãe em que ela precisasse, pois já havia reposto minhas peças de roupas e demais itens no lugar, eu só precisava me manter ocupado, tinha que deixar minha mente trabalhando, distraída. A minha vontade real era me embrenhar mata adentro e correr até a pequena casa de madeira branca, onde uma vez eu já fora bem-vindo. Eu não tinha dúvidas de que o jogo agora tinha mudado.

As horas que se passaram até o amanhecer foram suficientes para deixarmos tudo novamente em ordem, quando subi para meu quarto disposto a me aprontar para retornar à escola senti algo diferente e notei que era o peso nos meus ombros. Ele estava ausente, eu me sentia bem por estar de volta e minha tranquilidade era endossada pela percepção de que os demais também haviam ficado satisfeitos com o retorno. Porém este primeiro dia seria de algumas revelações, eu não tinha dúvidas, Carlisle iria até o hospital tentar recuperar seu velho emprego, mas só depois de ir encontrar o xerife na delegacia. E deste segundo encontro dependeria nossa verdadeira estadia em Forks. Se Charlie mantivesse sua decisão de nos manter longe todo nosso esforço teria sido em vão e esta era a parte que me fazia ficar inquieto. Se a resposta fosse negativa a culpa cairia invariavelmente sobre mim.

Minha mãe acompanharia meus irmãos e eu de volta a Forks High School onde tentaria reaver nossas vagas. De fato durante o tempo em que ficamos na cidade jamais causamos problemas aos moradores, pelo contrário, dependíamos do sigilo, nossa única escolha era nos comportar, esperava que isto servisse de alguma coisa para que pudéssemos recuperar o tempo perdido.

Cerca de uma hora mais tarde nos encontramos no térreo, todos novamente juntos.

– A hora da verdade chegou – suspirou Carlisle.

Esme o abraçou e passou a mão por seu braço reconfortando-o.

– Vai ficar tudo bem. Eu estou muito feliz de estarmos de volta – sorriu alegre.

Sua simplicidade conseguia atingir a todos e a atmosfera se tornou mais leve.

– É ótimo estar de volta! – Rejubilou-se Alice. – Todos nós temos assuntos pendentes que precisam ser resolvidos.

– Sim, mas nenhum é tão pendente quanto o de Edward.

A sinceridade de Emmett era sempre tocante.

– Obrigado – murmurei sem humor.

“Mano, eu não queria estar na tua pele.”

Como ficar zangado com ele? Mesmo que ocasionalmente fizesse por onde... Ao menos agora estava certo, eu não tinha ideia do que me esperava, todos os minutos haviam servido para que me recompusesse e tentasse ao máximo ser a pessoa que era. Todavia, incerteza era a palavra que me descrevia no momento, eu investira tempo demais acreditando em algo que não era real e isto de alguma forma me modificara, era difícil entender o que sentia depois da revelação.

Queria apenas ter a chance de conversar com ela e me explicar. Já seria o bastante por enquanto, com sorte Aneliese não se incomodaria em me ouvir. Se não me odiasse. Se ainda fosse a garota doce que eu conhecera... Mas eu não acreditava realmente que ela tivesse mudado, ela fora boa o tempo todo. Ela era muito melhor que eu.

Pareceu demorar séculos até todos estarem em seus carros, Carlisle usou seu Mercedes de costume e minha mãe, meus irmãos e eu revezamos entre a BMW e o Volvo. Era bom estar detrás do volante, me tornava menos ansioso, pois podia acelerar livremente.

Conhecia muitíssimo bem estas ruas e notei que também me sentia em casa estando aqui, era algo banal, mas necessário, viver sem raízes não era atrativo para mim.

A cidade estava movimentada; era uma segunda-feira habitual e como esperado enquanto passávamos chamamos atenção imediata. As pessoas podiam estar suficientemente longe para que não pudéssemos ouvir suas conversas, mas os pensamentos tinham um alcance maior.

– E então Edward? É muito ruim? – Sondou Alice com o tom brincalhão.

– O de sempre. Alguns estão felizes, alguns desgostosos. Se ao menos houvesse real motivo para o negativismo, mas se resume apenas à inveja. A humanidade é muito previsível.

– De fato – concordou Jasper.

– Ao menos um de nós deve estar satisfeito com a comoção – comentou minha irmã olhando o carro vermelho que seguia à nossa frente.

Jasper soltou um risinho.

– Ser Rosalie tem suas vantagens.

Eu não me interessava muito pelo que conversavam, menos ainda sobre o que era obrigado a compartilhar deles e dos demais. Só o que fazia era me concentrar no percurso como se isto de alguma forma me ajudasse a vencer os metros com mais rapidez.

Quando enfim chegamos o estacionamento já estava lotado, não houve sequer uma pessoa que não tivesse se virado para nos observar, foi desconcertante.

– Estamos de volta – falou Alice resignada.

Contive um suspiro. Durante o tempo em que ficara em Denali ao menos pudera me manter distante do ensino médio, as mesmas matérias que já estava cansado de estudar... Mas o motivo que me trouxera de volta era válido o suficiente para aturar mais algum tempo de escola.

Assim que desliguei o motor nós saímos, tudo o que fiz a partir dali foi no piloto automático, algumas vezes ser leitor era útil. Procurei rapidamente entre os comentários e perscrutei o espaço ao redor. Não vi Aneliese em lugar algum e sua caminhonete vistosa não estava entre os demais veículos, contudo seu nome foi facilmente identificado na mente de suas amigas.

“Eu não acredito que eles estão de volta! E onde está Aneliese? Pelos céus... Ela vai morrer com essa notícia. Ai, preciso ser eu a contar, não quero perder a reação dela por nada. Mas talvez ela já saiba de tudo, afinal eu nunca acreditei na história dela e Edward terem terminado.”

Jessica Stanley era o exemplo perfeito de que a adolescência por vezes não era recomendada. Fiquei aliviado ao passar para a outra garota, Angela Weber.

“Isto é muito inesperado. Como será que a Liese vai reagir? Pobrezinha, eu vi que sofreu com a partida do ex-namorado, espero que o retorno não a afete demais.”

Apesar de sua gentileza, Weber conseguiu me consternar muito mais. Até agora só o que fizera fora imaginar, criar teorias. Descobrir que Aneliese havia ficado triste não era animador, porém de uma forma egoísta era um bom sinal, significava que ela ainda se importava, não significava? Pensara ter de esperar apenas repulsa vinda de sua parte.

Começamos a caminhar e o sinal milagrosamente soou forçando os outros a se dispersarem pelos corredores. Minha família e eu seguimos direto para a secretaria, ao chegarmos fomos recebidos pela assistente, pois senhorita Cope não se encontrava.

– O diretor organizou uma manhã de palestras e solicitou a presença dela, mas não se preocupem, vou fazer o anúncio e logo ela estará aqui.

A mulher foi até o canto e utilizou o microfone, fez o chamado e restou a nós apenas aguardar. Caminhei até o canto mais afastado e permaneci olhando o lado de fora através da pequena janela, às minhas costas Rosalie, Emmett e Esme conversavam sobre os novos projetos de minha mãe, Alice a Jasper permaneciam em silêncio.

Minha irmã dispensava tanta atenção ao fato quanto eu, portanto quando teve a visão de Liese se aproximando compartilhei imediatamente e menos de um minuto depois pude ouvir o familiar ronco do motor, não demorou nada para que a grande caminhonete surgisse à vista.

O ato de respirar era meramente superficial, não era necessário, mas nós fingíamos mesmo assim, era fácil em momentos de tensão ou ansiedade interrompermos o exercício. Eu me transformei em uma estátua viva, movia apenas vagarosamente o rosto acompanhando os movimentos dela.

Liese teve dificuldade em descobrir um lugar para estacionar, mesmo assim quando parou o carro e saiu ela mal tinha olhado para os lados, claramente não viu meu automóvel ou o de Rosalie apesar de se destacarem dos demais. Quando colocou a mochila sobre os ombros e caminhou pela chuva fina eu acompanhei seus passos. Parecia que todo o meu mundo havia parado, eu não tinha olhos para nada mais.

Podia sempre me vangloriar das características de ser um vampiro, mas neste caso minha memória falhara. Ela era linda! Como pude ser tão tolo e me afastar? Como consegui tão covardemente mentir para mim mesmo durante tantos dias? Como achava que conseguiria seguir em frente sozinho? Olhando aquela garota eu via o que unicamente poderia desejar enquanto vivesse, Tanya estivera certa, uma vez que nós nos apaixonamos não há volta. A eternidade se torna companheira, o esquecimento inconcebível.

Liese andou para longe, sem sequer suspeitar que eu estivesse aqui, novamente próximo. Tudo o que quis foi segui-la, esquecer quaisquer compromissos e ir até ela, a vontade que tinha de sentir novamente seu cheiro era enlouquecedora. Como uma mulher podia causar tanta influência sobre mim? Como uma humana frágil, aparentemente inferior conseguira me subjugar? Mais que isto, me dominar?

Será que verdadeiramente acreditara ser capaz de me tornar alheio a sua existência?

Não suportava bem a ansiedade e já estava se tornando ridículo ter que ser tão paciente. Eu sabia ser mais forte que isso, mais controlado, o fato era que não queria.

Alice se aproximou.

“Tenha paciência, esse seu desespero não é saudável.”

Trinquei o maxilar. Eu não ligava, não queria ouvir, só queria agir. Para ela ou qualquer outro era fácil dar conselhos, tendo em vista que quem enfrentava o problema era eu. Em geral procurava alimentar sentimentos bons - era muito fácil para minha espécie ser levada pelo que não prestava, afinal já não tínhamos alma. Na maioria das vezes obtinha sucesso, mas não nesta ocasião. Eu senti inveja de meus irmãos por seu relacionamento fácil, predestinado, eu jamais tive a oportunidade de ter o mesmo com Aneliese, nossa união por si já parecia absurda. Mas ao ver a proporção que nossas divergências haviam tomado me senti profundamente tolo. Eu devia ter lutado, devia ter sido mais corajoso e menos egoísta, não devia ter tentado mudá-la, não tinha o direito de julgá-la, pelo contrário, eu devia ter tentado ser mais como ela, mais humano.

Não era indiferente à situação, sabia que seria um trabalho árduo me reaproximar e reconquistar sua confiança, mas pouco me importava o que tivesse de enfrentar, pois aquela mulher era a única para mim. Eu lidaria com quaisquer sentimentos negativos, com quaisquer incompatibilidades. Devia ter feito isso desde o início, devia ter cuidado melhor dela, pois o que havia em minhas mãos era tudo.

Eu jamais deixaria de lutar!

O riso suave de Alice soou enquanto ela ainda se mantinha próxima a mim, o olhar desfocado. Ela via meu futuro e estava contente com minha decisão, de certo modo foi reconfortante compartilhar das cenas difusas.

Finalmente senhorita Cope surgiu à vista e nos reaproximamos do balcão esperando que ela viesse. Sua recepção e diálogo conosco foi mais efusiva do que eu imaginava. Depois de trocar algumas palavras com Esme ela praticamente deu nosso problema por resolvido.

– Se a senhora puder aguardar, senhora Cullen, eu mesma irei avisar o diretor de que está aqui. Acredito que ele fará a abertura da palestra, mas será breve e então vocês poderão conversar à vontade, mas as crianças já podem ir para junto dos outros, é bobagem fazê-los perder o início dos avisos. Senhor Greene sem dúvidas encontrará uma maneira de recolocá-los – sorriu prestativa.

“Menos mal.”

Contive a vontade de sorrir com o comentário de Emmett.

Minha mãe agradeceu a atenção da senhorita Cope e se despediu de nós para que pudéssemos segui-la de volta ao salão. Foi mais do que satisfatório estar finalmente em movimento.

– É muito bom que estejam de volta. E o doutor?

Alice se encarregou de responder as perguntas especulativas, era surpreendente ver que se divertia com a curiosidade excessiva dos humanos, mas minha irmã tinha bom senso e sabia perfeitamente como definir os limites do bate-papo.

Percorríamos o corredor quando o toque baixo do celular de Rosalie tirou nossa concentração, ela o trazia em sua bolsa e o som soou abafado. Senhorita Cope pareceu não ouvir e minha irmã num só movimento silenciou o aparelho, depois olhou para mim.

“É Carlisle.”

Independente de quem fosse, não era permitido aos alunos trazerem aparelhos celulares para a escola, logicamente ninguém respeitava a regra, mas o diretor em geral ficava imensamente aborrecido quando pegava alguém em flagrante. Não era aconselhável ter de lidar com a repreensão quando justamente tentávamos manter a fachada intacta.

Estava afoito por chegar ao refeitório, mas sabia que meu pai não ligaria a menos que fosse importante e levei menos de um segundo para me decidir.

– Senhorita Cope, importa-se se eu for ao banheiro?

– Oh não querido, fique à vontade, você já sabe onde é. Mas venha falar com o diretor em seguida, está bem?

– Sim, farei isto.

Assim que ela se virou Rosalie me passou o pequeno objeto e foi fácil mantê-lo escondido em meu bolso até encontrar um lugar seguro para retornar a ligação.

– Carlisle, aconteceu alguma coisa?

Meu pai me assegurou que estava tudo bem e que só havia ligado, pois ficara ansioso por saber como havíamos nos saído, ele ainda esperava para falar com o xerife. Relatei rapidamente o que havia acontecido e ele pareceu satisfeito com as respostas, desligando em seguida.

Sem delongas refiz o caminho, agora estava sozinho e quanto mais perto chegava menos à vontade me sentia, desejei não ter me dissipado do restante do grupo, era covardia, mas seria mais fácil encarar meu destino estando acompanhado.

Não seja patético!

Respirei fundo.

Ao chegar mais perto os milhares de pensamentos se tornaram cada vez mais audíveis, barulhentos. E o assunto era unânime, não havia dúvidas de que meus irmãos já haviam chegado. Fiz a curva no último corredor e a partir dali a parede tradicional era substituída por uma fileira de janelas, não tinha mais como me esconder e só o que me restou foi caminhar aparentando segurança.

Quantas vezes fizera este percurso, quantas vezes assumira essa tarefa enfadonha, pouco me importara, não ligara e nada temera. Como as coisas haviam mudado! Meu destino estava do outro lado desta porta e o senti mais perto a cada segundo.

Ao me unir aos demais fui calorosamente recepcionado pelo diretor, em seguida pelos professores, era nítido o alívio nos rostos de meus irmãos, ao que parecia não havia mais dúvidas de que seríamos facilmente readmitidos.

Me esforcei para me concentrar na conversa, para fingir interesse, tentei enganar a mim mesmo, não admitir que só voltara por um motivo, que só tinha uma razão para ter feito tudo o que fizera, contudo logicamente fora fraco para lidar com a tentação.

Eu já sabia que Aneliese me olhava, não fui pego de surpresa ao me virar para procurar seu rosto. Não ouvia o que ela pensava, mas as pessoas ao redor se encarregavam de me deixar a par do que acontecia. Éramos notícia, ela e eu, o casal do momento. Muitos se perguntavam o que teria acontecido e principalmente o que viria agora que havíamos retornado. Porém ninguém aparentava tristeza ou raiva. Ninguém exceto ela.

Era nítido que segurava as lágrimas, seu rosto estava vermelho, os olhos marejados e podia ver claramente seu peito subindo e descendo em respirações rápidas. Ela estava nervosa, surpreendida. Mas será que eu esperara tamanha reação? O jeito que me olhava era como se... Como se estivesse profundamente triste. Eu não gostei da maneira que aqueles olhos azuis se chocaram com os meus.

Eu tinha de estar errado.

De súbito ela se levantou e começou a caminhar até uma das portas laterais, desaparecendo de vista. Sequer raciocinei, meu corpo já não abrigava mais tanta tensão e fiz menção de segui-la, mas Alice pôs a mão em meu ombro me limitando, pediu licença aos outros e me chamou em um canto para falar comigo.

Por sorte conseguíamos soar baixo o suficiente para que os bisbilhoteiros não nos ouvissem.

– O que você pensa que está fazendo?

– Acredito que tenha ficado claro que vou ao encontro dela – respondi com rispidez. Eu não tinha tempo para joguinhos.

– Eu sei disso Edward, mas pense bem. Tem certeza de que aqui é o melhor lugar para ter esta conversa? Você por acaso viu como Liese está? Parece muito alterada.

– Sei disso.

– Ela deve nos odiar – lamentou-se.

– E não devia?

– É, acho que sim. Mas ainda acredito que segui-la não é a melhor decisão, ela não vai querer falar com você.

“Acabamos de chegar, as pessoas já estão fofocando, mas isto dará a elas ainda mais motivo para falar. Acha que Aneliese iria querer isso? A cabeça dela deve ser um mar de confusão neste instante e ficar em evidência não parece ser a chave para resolver os problemas. Além do mais temos de manter nosso comportamento impecável, lembre-se de que Esme ainda não falou com o diretor e não podemos arriscar que ele tenha algo de que se queixar.”

– Me desculpe Alice, mas eu não me importo com o que o senhor Greene ou qualquer outro possa pensar a meu respeito e não se preocupe, estou disposto a assumir as consequências de meus atos, sozinho.

Depois da firmeza em minha resposta ela não teve escolha senão me deixar ir. E eu devia fazer exatamente o que dissera: ser completamente responsável pelo que causara.


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Notas finais do capítulo

Logo eu volto com mais! Beijos.



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