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Uma semana depois …

O Salão de Baile da Rainha estava enfeitado de flores e fitas dos mais diferentes tipos e cores. Dany pedira pelas cabeças de dragão para adornar as paredes, pois queria que todas as pessoas pudessem ver aquilo novamente. No quarto da rainha todas as mulheres, amas e plebeias ajudavam nos preparativos. “Noiva do Fogo” era assim como lhe chamara Tyrion. Seu vestido de ouro velho vinha coberto pelas mangas com um belíssimo tecido bordô, a capa estendia-se até a parte de trás do saiote, alongando-se em uma cauda com bordados em fio de ouro. Os rubis encrustados faziam pequenos desenhos de labaredas, quase imperceptíveis, apenas para alavancar seu brilho e imponência. Lady Margot sentou-a em frente ao espelho e colocou em sua cabeça a coroa da mãe, Rhaella. A coroa era de um aço valeriano polido e brilhante, trançada com pontas grandes e afiadas que pareciam os dentes de Drogon, além de pesada e esplendorosa.

— Sua mãe era tão bonita quanto você, Vossa Graça. - Disse Lady Margot tirando Dany de seus pensamentos.

— Onde a encontrou? - Os olhos incrédulos olhavam para sua cabeça através do espelho. A coroa que ela e Viserys venderam para sobreviver estava ali. - Como é possível? Nós a vendemos a tanto tempo.

— Lorde Tyrion não quis dizer, mas ela estava totalmente fora da rota dos pequenos Targaryens.

— Quando a conheceu? - Perguntou Dany olhando fixamente para o espelho na tentativa de imaginar como fora sua mãe, se eram parecidas ou se conseguiria ser uma rainha como ela fora.

— Sua mãe gostava da visita das septãs, especialmente as que cantavam. Seu pai ordenara que ela fosse trancafiada na Fortaleza de Maegor e que duas de nós sempre estivéssemos dormindo ao seu lado.

— Porque? - Desviou seu olhar do reflexo.

— Seu pai passou a desconfiar de sua infidelidade depois da perda de tantos bebês. - Disse em um tom triste. - Sua mãe era uma ótima pessoa, mas seu pai a machucou muito.

— Você dormia ao lado dela? - Os olhos de menina tomaram vida e Lady Margot se compadeceu de sua tristeza.

— Algumas vezes, eu era uma sacerdotisa extremamente jovem, mas sempre implorava a Septã para me levar com ela, pois adorava pentear os cabelos de sua mãe. - Dany sorriu. - Uma vez sua mãe me disse que eu era como uma filha para ela, maravilhosa e linda, a qual ela não tinha mais esperanças de conceber. - Ela rodeou a cadeira e se ajoelhou diante de Dany pegando suas mãos. - Mas ela estava errada.

— Oh Milady! - Os olhos de Dany encheram-se de lágrimas.

— Ela teve a filha mais linda e especial do mundo. Aposto que ela estaria orgulhosa de você. - Acariciou o rosto úmido. - E no fim das contas, graças a ela e aos Sete Deuses eu ganhei uma filha também. - Dany abraçou-a forte.

— Obrigada Milady. Agradeço não só por mim, mas por minha mãe.

— Eu quem agradeço, Vossa Graça. - Dany levantou-se.

— Milady me ajude a passar outra vez a maquiagem, meu futuro marido me espera. - Ajeito a coroa e os cachos do lindo cabelo prateado.

…

Jon ajeitava a gola da túnica pela enésima vez, praguejando sobre nunca ter tido aulas de etiqueta o suficiente para tentar se portar como um nobre. Agora ele seria um rei, um rei que não sabia nada sobre o que era reinar ou mesmo ser um nobre. Bufou pesarosamente e pôs sua faixa de chiffon em um dos ombros, colocando a capa dourada que contrastava com o bege da túnica bordada. Ele ajeitou os cabelos cacheados, pois soube que logo receberia a coroa de ferro de Aerys II, o pai de Dany. Sentia como se todo ar lhe fosse tirado diante do pensamento, porém sabia do seu papel e que seria apenas um rei consorte para que a linhagem Targaryen pudesse continuar existindo. Ele saiu de seus pensamentos quando um furacão atravessou o quarto; Morett.

— O que houve Morett? - Perguntou preocupado.

— Jon! - Disse ofegante. - Não vai acreditar, eu a vi.

— Quem Morett? - Arqueou a sobrancelha e virou-se de costas para o menino.

— A rainha, Noiva do Fogo. - Jon virou-se abruptamente e seu coração acelerou imensamente. Ele via o brilho nos olhos do menino, era como se tivesse visto um anjo.

— Verdade? - Jon queria poder estar logo junto a ela, em seus braços e ao seu lado.

— Eu não posso lhe contar, mas ela está um anjo e realmente apreciará a beleza da rainha.

— Não sei se deveria. - Jon amedrontou-se, não sabia governar um reino, mal soubera sobre o que era governar uma Patrulha em Castle Black. Fora traído pelos seus que se diziam irmãos, quem poderia dizer que um belo dia não poderia acordar com a espada de um Regicida, como fora Jamie Lannister, em sua cara, ameaçando Dany ou aos seus filhos. Filhos, pensou nos lindos filhos que poderiam ter. Sempre fora contra ter crianças que pudessem nascer e sofrer como ele mesmo havia sofrido, sem saber sobre a mãe ou sua origem. - Eu devo ir embora, tenho que dizer a Dany que foi um mal entendido. - O garoto tentou impedir, porém Jon fora mais rápido.

Tyrion andava de uma lado para o outro impaciente pelo corredor quando Jon passou por ele.

— Precisa estar no altar agora, a rainha em breve estará pronta. - Ele puxava a barra da capa de Jon em sinal de pressa.

— Eu não posso fazer Lorde Tyrion, não posso! - Disse com o maxilar tenso.

— Como? - Tyrion tinha um olhar entre incredulidade e aspereza. - Ficou louco? É claro que você vai!

— Não poderei ser um bom rei, para esse povo, para ela … - Ele suspirou pesaroso.

— Bastardo! - O anão beliscou-o no braço. - Eu realmente não tenho tempo para seus surtos de inferioridade. Tenho um Septão furioso que odeia atrasos, e vários nobres afetados para controlar enquanto sua futura esposa não chega. Então trate de mover esse seu traseiro emplumado e real para aquele altar e só abra essa boca para sorrir para a rainha e para responder ao seus votos. - Jon ficou sem voz com o repentino surto de fúria do homem e recebeu um empurrão, fazendo-o ir para o início do corredor do Salão.