Daario fez começou o embate e golpeou pela primeira vez, investindo tudo o que tinha contra o homem que havia lhe tirado a mulher que ele sempre desejava. Jon defendeu a investida com sua espada, tendo os braços tão firmes enquanto o aço que reluzia a luz do Sol naquele dia decisivo. Daario pareceu relutar por uma fração de segundos contra a ideia de já estar começando a perder aquilo, tentava investir e apostar em surpresas, porém era Jon quem não parecia titubear. Desferiu golpes contra Daario tentando alcançar-lhe algum membro vital, qualquer veia que o fizesse sangrar imediatamente, não importando se era apenas seu instinto falando. Não poderia negar a qualidade de luta do Comandante de Meereen, mas tinha que ser mais esperto e prever mais, pensar mais e tere amplitude de guerra, afinal tinha um pai como Eddard Stark a orgulhar. Cansar o oponente seria uma boa saída.

A batalha passou a durar horas, Dany estava cada vez mais impaciente com aquilo. Ela poderia ver o cansaço de Jon e temia por sua vida. Naquele mesmo instante, um guarda agarrou-lhe o braço.

— Vossa Graça, precisamos sair imediatamente. - Seus olhos pareciam gentis.

— Quem é você? - Daenerys simplesmente não poderia confiar no primeiro que lhe oferecesse ajuda, especialmente vestindo as armaduras de Daario.

— Eu lhe disse que voltaria e que estivesse preparada. - Dany naquele momento pareceu compreender tudo.

— Menina? - Ela não tinha certeza, mas aquele homem parecia-se demais com aquela misteriosa menina que a visitara em seu cativeiro. Não tinha seu físico esguio, nem seu tamanho e altura, mas algo lhe dizia que era ela.

— Não temos muito tempo, por favor. - Ela levantou-se e junto dele foi saindo aos poucos. Deu sua última olhada para Jon, ainda resistindo a batalha travada e desejou ardentemente que aquela não fosse a última vez que o veria. Correram pelos becos da Arena e o guerreiro cobriu-lhe com uma capa, escondendo os cabelos prateados e a roupa aristocrata. Dany o viu tirar a máscara e então a imagem de outra menina aparecer. Seus olhos ficaram vidrados e estupefatos.

— Uma mulher Sem-Rosto? É isso o que você é, certo? - Dany lhe perguntou incrédula.

— Sou muitas coisas, Vossa Graça, mas com certeza e especialmente uma sobrevivente.

— Quem você é de verdade? - Afastou-se um pouco dela, com medo de que aquele fosse o momento derradeiro, de que ela a levasse dali. Como pudera ter confiado em uma desconhecida. Sabia o que era ser um homem ou mulher sem rosto, que eram usados para matar reis em específico.

— Meu nome é Arya Stark. E estou aqui demonstrando minha gratidão.

— Arya Stark? - Tudo começou a fazer sentido. - Você é a irmã de Jon. Temos que salvá-lo.

— Temo que não possamos fazer algo agora. Meu dever é salvar você e ao bebê. Precisamos voltar para junto dos guardas e ir para Westeros.

— Não posso deixá-lo aqui. - Relutou.

— Não lhe cabe mais decidir isso. Se algo acontecer a Jon, a guerra se abaterá sobre esse lugar e você não terá como pedir ajuda a Westeros.

— Eu sou a rainha. - Enfureceu-se Daenerys.

— E meu irmão é o Rei, e eu sei o que Jon iria querer que eu fizesse. Ele iria querer que te levasse para casa. Agora vamos, logo todos vão se dar conta que você fugiu.

Arya subiu em uma pequena carroça e ajudou-a a se acomodar no pequeno banco. Dando a moeda ao cocheiro, pediu para que se dirigisse a Pirâmide de Meereen sem mais perguntas. Chegando a porta do salão principal, Lady Margot foi a primeira a vê-las e por um segundo olhou-a assombrada. As lágrimas de ambas molhavam o rosto e o abraço foi um presente naquele dia. Arya assistia a cena em certa distância, estava atenta a qualquer barulho.

— Temos que nos esconder, não vão demorar a entender o que está acontecendo. Milady, poderia levar a Rainha a um lugar seguro?

— Sim, eu irei. Não gostaria de vir conosco, senhorita?

— Estarei aqui para nos defender se preciso. - Disse Arya.

— Obrigada Lady Stark, Jon ficaria orgulhoso de você. - Dany disse com o olhar agradecido.

— Lady Stark? - Lady Margot perguntou-lhe. - Perdão, Milady. - Disse envergonhada.

— Não sou nenhuma Milady. - Ela tirou Agulha da bainha e tocou a ponta da fina espada. - Vão!

Jon passou a espada pelo braço de Daario e abriu-lhe o corte profundo, pingando seu sangue pela areia. Ambos pareciam cansados, e Jon percebeu que havia criado a ocasião perfeita para contra-atacar o oponente. Seu sangue fervilhou pelas veias, que dilataram num ritmo instantâneo. Jon sentiu a aura de Ghost despertando, e o instinto animal começava a tomar o controle. E quando os olhos se voltaram ao inimigo, algo o assustou profundamente. Daario tentou distrair a atenção de Jon com um falso ataque, porém Jon pareceu imóvel ao golpe com a espada no ar. Toda a força estranha que tinha, canalizou-se na espada e em apenas um golpe, a espada do Comandante voou para longe dele. O que fez com que o Rei voasse sobre ele e o derrubasse no chão. Socou-o como nunca antes havia socado um homem, o sangue esvoaçava pelo lugar e quando finalmente parou e observou toda a cena que se desenrolava ao seu redor. Ele levantou Daario do chão pelas alças, vendo-o corajosamente sorrir entre todo o sangue de sua boca.

— Não tem coragem bastardo. - Ele gargalhou roucamente. - Não tem coragem de matar sequer um homem. Que espécie de Protetor é você, que não pode matar nem para proteger a vadia que ama?

— Não sou eu quem vou ver você morrer, Comandante. - Ele disse com um sorriso pacífico. - Minha esposa é quem terá esse prazer. - Ele jogou Daario de novo no chão e levantou-se, caminhando até a tribuna, ele chamou os guardas e Sor Barristan. - Prendam-no e cuidem para que não morra, ele será um presente a senhora minha esposa.

— Com prazer, Vossa Graça. - Chamou os guardas e imediatamente se dirigiram ao homem praticamente irreconhecível.