Memórias de Lou Clark escrita por Srta Katluryn Austen


Capítulo 1
Ele se foi, enquanto eu...


Notas iniciais do capítulo

As lágrimas inundam meus olhos ao escrever tudo isso.



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Não deveria ter sido Will. Eu segurei seus dedos quadrados, senti as batidas de seu coração através de seu pulso com cicatrizes, e o ouvi respirar pesadamente. Seu maxilar estava rígido, pensei que ele fosse chorar, mas ele não faria isso, porque estava mais do que decidido.

É agosto, já se passou um ano de sua morte, e quando fecho os olhos ainda o vejo girar a cadeira de rodas em minha direção. Eu ainda sinto a falta dele, desejo tê-lo aqui, mas não tem mais jeito, na verdade, nem quando peguei aquele calendário e me pus a marcar dias para fazermos algo fora do anexo, não havia mais jeito nenhum, ele estava certo sobre sua decisão e nem eu e alguém de sua família foi capaz de impedir.

Eu me imagino ao lado dele caso ele tivesse desistido do suicídio assistido. Será se teríamos filhos? E os olhos deles seriam azuis como o do pai? Eu sabia que poderia ser feliz ao lado dele, eu não me importaria de continuar dando comida na boca dele pelo resto dos meus dias, só queria ele ali comigo com seu mau humor.

A vida anda para á frente e não posso ficar olhando para trás o tempo todo. Will ficou em lembranças que nunca ouso esquecer, mas a minha frente há tantas possibilidades, e tantas chances que terei só por causa dele, e isso dói mais, sabia? Porque tudo que ele conquistou com anos de trabalho na City eu que irei desfrutar, e isso dói mais do que posso dizer.

Minha ida a Paris mudou tudo que eu sabia sobre mim mesma. Quando passei aquele perfume e as lágrimas inundaram meus olhos eu sabia que tinha que lutar, por mais que a vontade fosse me trancar num quarto escuro e me odiar por aceitar o que ele deixou para mim.

Ele desistiu porque sabia que não era capaz de prosseguir. E sim, acho isso o ato mais egoísta e orgulho que ele cometeu, o ato que o levou de mim, que deixou o mundo cinza sem seu sorriso torto.

Eu não sabia bem o que fazer, porque tudo o que eu conhecia tinha evaporado, e isso me fez sentir ainda mais falta dele, porque eu sabia que Will iria me dizer exatamente o que fazer, e iria fazer comigo caso eu insistisse, e iria ser tão bom.

Nesses meses, eu apenas organizei minha vida em torno do que achei que era bom para mim e sabia que ele aprovaria, porque tudo que eu fizesse seria por causa dele, tanto pela ajuda financeira tanto pelo apoio. Ele me despertou e me disse para eu não sentar meu traseiro e me acomodar, então aceitei o destino e fui.

Minhas prioridades foram o ano inteiro de estudo em um curso integral de design. Apesar de minha mãe ter me perdoado e me pedido para ficar na minha antiga casa, eu me soltei do seu ninho e fui para Londres. E entrei de cabeça naquele universo novo.

Senti novos aromas, gostos e sensações. Eu sorria para estranhos na rua e queria que eles tivessem um pouco da alegria que me invadiu.

Mas bastava eu achar que não merecia nada daquilo que me doía tudo por dentro e eu chorava até meus olhos se cansarem de derramar lagrimas.

Se eu não tivesse ido á aquela entrevista de emprego, aonde eu estaria agora? No apartamento de Patrick aprendendo como cozinhar peito de peru? Eu iria ficar correndo atrás dele e me tornar A Corredora? Ou teria ficado vendo carcaças de frango o resto dos meus dias e voltaria a ocupar o quartinho da casa dos meus pais?

Não sei bem dizer o que eu seria, mas não seria nada comparado ao que me tornei hoje depois de conhecer Will. Como eu era antes de te conhecer, Will? E o pior, o que eu serei depois de você ter me deixado?

Quero acreditar que tenho tudo que preciso para ser tudo que quero. Posso ser feliz, voltar a sorrir, aprender a amar outra vez. Tudo é possível.


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