Ondas de uma vida roubada escrita por Maresia


Capítulo 90
O mundo precisa de nós




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— O mundo onde vivo é injusto, traiçoeiro e impiedoso, os seus gritos são medonhos, envenenados e tristes, o seu sorriso é de pedra, grossa, cinzenta e ciumenta, as suas mãos veneram o sangue escarlate e a dor, os seus enegrecidos braços transportam a saudade e a perda, os seus lábios manchados pelo lamento e a desolação atiram freneticamente na atmosfera lampejos de medo, raiva e sofrimento, os seus imundos e viciantes pés caminham insolentes pelas estradas negras da angústia e da inveja, o seu desonrado coração bate ao sabor da infelicidade e da tormenta. A nobre e pérfida insegurança vacila ondulante afundando-se nos cruéis carris dos comboios, o desrespeito plana com as suas asas desesperantes pelos mares azuis e arrogantes, a violência trota com vaidade pelos céus cor do fogo. - Pensava Diana tristemente, deitada imóvel na cama do hospital, enquanto os seus pensamentos eram levados para as entranhas da noite amaldiçoada. - A madrugada caminha lentamente até mim, apoiando-se nas abstractas carroças do tempo, enquanto o mundo insolente e traiçoeiro continua a sua infeliz jornada pelos campos de alguém, aniquilando o amor e a esperança do sol. Este mundo de que todos falam, veneram, idolatram, declamam, proclamam, merece uma enorme baforada de realidade, uma realidade tão fresca e perfumada que o levasse de novo a bom porto, onde a felicidade, o respeito e a paz caminhassem livremente em sintonia com a brisa do oceano. - Reflectiu pensativa, aninhando-se dolorosamente nas suas ideias. - O meu corpo dói-me horrivelmente, espancado e maltratado pelo alcatrão atroz e decorado com as bagas do sangue da amizade, o sangue dos meus amigos. - Cismou aterrorizada, sentindo uma mão quente e afável apertar a sua com força.

— Diana! Já acordaste? - Questionou uma voz indefinida e baixa, misturando-se com o aroma melancólico da madrugada vagarosa.

— Os meus ouvidos detectam uma voz doce e divertida no horizonte adormecido da minha vida, os meus lábios esforçam-se por responder ao chamado de alguém, todavia permanecem presos, enclausurados pela triste realidade do mundo, a minha mão treme ligeiramente numa tentativa desesperada de agarrar aquela voz, contudo a noite rouba-me as forças e a vontade de concluir aquele simples movimento, os meus olhos lutam corajosamente contra a espada das trevas, buscando a voz doce e suave da brisa madrugadora, no entanto o sono insolente impede a luz de os abençoar com os seus beijos carinhosos. - Pensava Diana em tom vazio e melancólico, sentindo aquela mão suave e quente apertar a sua, transmitindo-lhe a coragem e a determinação necessária para enfrentar aquele atroz obstáculo cedido amavelmente pela injusta vida.

— Não precisas de ter medo, eu estou aqui, nada de mal te vai acontecer, acredita em mim. Posso ser uma anedota, um parvalhão, um palhaço, mas existe um princípio sob o qual dirijo a minha vida, uma lição dada sabiamente pelo meu tio Ben, com grandes poderes vêm grandes responsabilidades, e a minha responsabilidade neste momento é manter-te salva, mas pensando bem acho que o teu juízo piorou bastante desde que nos conhecemos. - Garantiu a voz sumida e doce do Homem-Aranha, enquanto retirava delicadamente uma mancha de cabelo achocolatado que cobria o rosto sereno da sua melhor amiga. - Os médicos vão cuidar de ti, os teus ferimentos não são assim tão graves, o pior de tudo ainda foi a exaustão, só precisas de descansar, só isso. - Disse em tom tranquilo, dando um leve beijo na face da corajosa Sereia. - Eu não vou sair daqui até tu acordares por completo, quero que saibas que estou muito feliz por teres regressado para junto de todos nós, fizeste muita falta, não precisas de te justificar, explicar ou desculpar, nada disso me interessa. - Afirmou Peter em tom sincero, era a primeira vez em longos e dolorosos meses que o seu coração palpitava ao sabor da leveza, apesar da Vingadora estar ferida e exausta, estava viva e isso era o mais importante. - Realmente, tu nasceste para seres uma Vingadora, o mundo precisa de pessoas como tu. - Afirmou o herói sorridente, aninhando-se numa cadeira, cedendo por fim também ele ao cansaço oferecido gentilmente por aquela inesperada e perversa noite, onde as sombras e as figuras astrais brincaram mais uma vez com o destino da humanidade, um futuro que deixará em alerta o próprio medo, um futuro tão negro e desesperante que os corações dos nossos heróis serão certamente os alvos mais fáceis para esta tenebrosa ameaça.

Nas viciantes ruelas de Nova Iorque, o sol começava a banhar os descomunais edifícios uniformes, com os seus raios esfumados e ligeiramente doentios, avistava-se um dia sufocante, quente e poluído, os carros deslizavam enraivecidos pela enorme floresta de cimento e alcatrão, deitando por terra o não existente silêncio da madrugada. Os habitantes iniciavam a trepar ruidosamente pelas suas habituais rotinas enfadonhas e despreocupadas, encarando o dia como apenas mais um, sem sentido, importância ou interesse, um dia igual a todos os outros, onde os acontecimentos da noite anterior lhes passava completamente ao lado, ficando refugiados e protegidos pelas trevas e pela luz longínqua da lua.

Tony Stark corria apressadamente por um largo corredor ladeado por diversas e brilhantes portas decoradas com diferentes tabuletas, na sua frente seguia o Capitão América, olhando de lado para uma pequena armadura de ferro muito estreita que se movia comandada pelas pontas dos dedos do seu companheiro. Os passos dos dois heróis ecoavam na mansão deserta e silenciosa, como tambores que anunciam a chegada eminente e inevitável de uma qualquer guerra entre mundos, uma guerra da qual não é possível nem permitido escapar, uma guerra que alcançará os quatro cantos da terra, uma guerra que enfeitiçará o mais inocente dos homens.

— Tens a certeza que queres fazer isto Steve? - Perguntou Stark em tom sumido e distante, como se receasse que as suas palavras se perdessem no eco mensageiro dos seus passos, transformando-se apenas em silêncio puro e adormecido, somente quebrado pelos lamentos baixos das ilusões.

— Tenho a certeza Tony, isto tem que ser feito por nós. - Respondeu o super-soldado em tom firme, fazendo com que as suas palavras não recuassem perante o olhar recriminador do milionário. - Acho que somos mais do que capacitados para levar a cabo esta tarefa, este tipo possui informações cruciais para o futuro da humanidade, entendes porque temos de ser nós a resolver isto?

— Sim, talvez tenhas razão. - Constatou Tony de forma aborrecida, detestava dar o braço a torcer. - Mas nada te garante que este tipo vá dizer a verdade, ele pode mentir e segundo as minhas pesquisas ainda não desenvolvi nenhum mecanismo que permita transformar a mentira em verdade, ou será que já o construi e não me lembro? - Atirou em tom cínico, lançando um sorriso arrogante em volta, o que irritou profundamente o Capitão, contudo este manteve a postura imperturbável como se não tivesse escutado as palavras do Homem de ferro.

— Meu caro Tony a mentira não é assim tão translucida que esconda a verdade na totalidade, a vida ensinou-me, claro com alguma prática, a detectar a verdade nos mais impensáveis corações, acredita em mim, a verdade será reposta. - Garantiu Rogers em tom sábio, abrindo uma porta que rangeu horrivelmente com a aproximação indubitável do perigo.

— Eu não teria tanta certeza, mas tu sempre foste um homem de convicções fortes, não vale a pena contrariar-te, vamos a isto, tenho mais que fazer do que perder tempo com uma coisa que certamente não dará em nada. - Disse o Homem de Ferro em tom enfadado, sem dar grande importância ao que o Capitão prenunciava. - Esta armadilha tem um microfone incorporado no seu interior, basta fazeres as perguntas que ele ouve e se lhe apetecer responde, tens que me contar onde te formaste na área dos interrogatórios, gostaria de saber.

— Formei-me na escola da segunda Guerra Mundial, queres ir até lá? Bem me parecia que não. - Respondeu Steve friamente, reparando num arrepio que percorria silenciosamente o rosto do seu amigo e companheiro.

— Esse foi um truque muito baixo capitão. - Resmungou Stark mal-humorado, sentando-se no tampo polido de uma secretária, fitando Rogers com cara de poucos amigos. - Estou à espera, podes começar, estou ansioso por descobrir o que esse vilão de terceira categoria tem para nos contar! - Murmurou em tom de escarnio, tamborilando com os dedos na secretária.

— Não te obrigo a estar aqui, podes sair quando te apetecer. - Afirmou Steve ligeiramente irritado, pisando o chão brilhante com força.

— Vejam bem, parecem duas comadres a discutir, isto até dava um bom romance! - Sibilou o Cobra em tom cínico do interior da armadilha. - Nunca me diverti tanto num interrogatório como neste, vá lá rapazes façam alguma coisa interessante!

— Se estás assim com tanta vontade de falar, conta-nos quais os motivos que levaram a Sociedade da Serpente a assaltar uma empresa vocacionada para o ramo da informática. O que pretendiam roubar? Programas altamente tecnológicos, computadores, dinheiro? Pretendiam lançar um vírus a nível mundial? Boicotar algum tipo de evento? Entrar em contas bancárias? Furtar bases de dados da polícia? - Atirou Steve em tom impaciente, gritando para o interior da armadilha onde o Cobra se encontrava confinado. - Tens muito por onde escolher, podes começar a desbobinar esse plano sem pés nem cabeça.

— Como estás longe da verdade Capitão, tão longe como a humanidade está da paz. - Sussurrou o Cobra em tom de desafio, lambendo os lábios num sinal profundo de satisfação.

— Então o que pretendias? - Questionou o super-soldado em tom autoritário, avançando na direcção da pequena masmorra de ferro. - Se confessares o que se escondia por de trás deste estranho assalto talvez a tua pena possa ser atenuada, tu já não tens nada a perder, os teus companheiros fugiram, deixaram-te para trás, só te resta colaborares.

— Eu jamais ficaria para trás, serei recompensado acima de todos os outros quando o plano finalmente desabrochar dos confins ardentes do universo, um plano que nada nem ninguém, deuses ou mortais terão a capacidade de o enfrentar, um plano que devolverá ao planeta o seu sentido de origem, um sentido que não devia ser quebrado. - Retorquiu o estranho oponente em tom dramático, o mesmo tom arrepiante que adoptara na presença de Janet e Scott, um tom que profetizava o cataclismo final.

— O que é que estás para aí a dizer, essas palavras não têm o mínimo de nexo, não inventes disparates e vai direito ao que eu te perguntei. - Exigiu Rogers em tom baixo, porém impregnado pela dureza dos anos. - Fala de uma vez por todas!

— Eu estou a dizer a verdade, a tua mente é que é demasiado retrógrada e retardada para compreender os sinais mais do que evidentes, eles vêm aí e ninguém tem a força e a coragem necessárias para os demover do seu milagroso e reluzente plano. - Vociferou o Cobra em tom agudo, soltando na atmosfera um terrível riso cortante que quase despedaçou os corações dos dois heróis. - Capitão se tu soubesses o que as estrelas reservam para ti, serias inteligente se te matasses.

— Se não te calas com essas parvoíces quem te mata sou eu. - Garantiu o Capitão furioso, detestava fazer figura de parvo, nunca tivera grande apreço por rodeios e o sorriso cínico patente na cara do Homem de Ferro não estava a ajudar em nada na resolução daquela situação. - Quem te encomendou este assalto? Não volto a perguntar.

— O futuro. - Respondeu o Cobra de forma teatral, percebendo que a sua conversa aparentemente falsa estava a sortir o efeito pretendido, Steve estava a ficar fora si, estava a perder a concentração e isso era óptimo, quanto mais frágil ele ficasse mais vulnerável o mundo ficava.

— Não te preocupes com o meu futuro, preocupa-te antes com o teu. - Proferiu o soldado em tom de aviso, estalando os dedos numa tentativa de acalmar os seus verdadeiros impulsos.

— Há muito tempo que o medo não me assusta, ele para mim não passa de um palhaço sorridente, enquanto para vós o medo acaba com a vossa triste vida num abrir e fechar de olhos. - Cuspiu o oponente em tom de desdém, abrindo ainda mais o seu tenebroso sorriso, mostrando no horizonte madrugador o desfile arrogante do pesadelo carmesim.

— Este assalto está relacionado com essa tal ameaça vinda das profundezas do universo? - Questionou Tony repentinamente, surpreendendo o interrogador e o interrogado.

— Pareces possuir alguma inteligência que o Capitão jamais possuirá. - Prenunciou o Cobra divertido, saboreando o efeito ilusório das suas palavras.

— Quem é o criador desse plano? - Perguntou Stark apreensivo, sempre fora um homem das ciências, nunca acreditara em coisas pré-definidas pelo universo, no entanto existia algo de verdade naquelas pérfidas e arrepiantes palavras.

— Na sua breve chegada saberás, por agora mais nenhuma sílaba irromperá pelos meus lábios, aguardem pacientemente pelo inevitável. - Respondeu o estranho e enigmático inimigo, enrolando-se a um canto da minúscula prisão, deixando os dois heróis imersos naquela proclamação bizarra do destino.

— Então deduzo que não queiras colaborar neste interrogatório, não me resta mais nenhuma opção, serás enviado para a Jangada e lá permanecerás até novas ordens, espero que aprecies a tua nova casa, pois será a única que conhecerás durante muito tempo. - Anunciou o Homem de Ferro em tom fascinado, sabia o quanto as estadias na Jangada eram deprimentes e longas, era o melhor sítio para se reflectir sobre os crimes cometidos, nada melhor para aquele verme rastejante.

— Tony tens a certeza que isto é a coisa certa a fazer? - Questionou o Capitão em tom surpreendido, encarando o seu amigo como se não quisesse acreditar no que os seus ouvidos acabavam de escutar. - Ele ainda pode ter informações bastante úteis, vamos dar-lhe mais algum tempo, o que achas?

— Ele já não vai dizer mais nada, não vale a pena perder mais tempo com um tipo destes, pode ser que a prisão lhe acalme a veia teatral e se resolva finalmente a abrir aquela boca imunda para nos contar algo realmente interessante. - Retorquiu Stark de forma vingativa e pomposa, esboçando um sorriso repleto de maldade que não lhe ficava nada bem. - Vamos lá meu cretino, preciso de dormir algumas horas.

— Tony espero que não estejas a ser precipitado, de qualquer das formas estamos cansados não lhe vamos conseguir arrancar nada, consegues providenciar uma forma de o levar até à Jangada? - Perguntou Steve ligeiramente preguiçoso, coçando os olhos já bastante vermelhos.

— Para quem dormiu durante tantos anos estás muito ensonado Capitão! - Brincou o milionário em tom de desanuviar a situação. - Vou pedir ao Thor para o levar até lá. Ele está deserto para lhe colocar as mãos em cima, aquele Asgardiano tem um feitio desgraçado!

— Certo, podes tratar disso? Gostava de ir ver a Diana e o Clint ao hospital. - Questionou Rogers emocionado, o seu digno coração ainda não acreditava que a sua Sereia estava de volta, passados tantos meses ela voltava a brilhar no seio dos heróis mais poderosos da terra como aquela luz azul com trago a prata que jamais se apagará

— Certo, eu depois passo por lá mais tarde. - Respondeu Tony em tom evasivo, limpando uma baga reluzente que lhe fugia solitária pelo canto do olho.

— Então até já. - Despediu-se Steve apressado, cruzando o corredor com passada larga e ansiosa.

Algumas horas depois, Diana começava a abrir os seus doces olhos, o sol já brilhava esfumado no céu ardente e poluído, os carros já marchavam nos campos de alcatrão, as pessoas alimentavam freneticamente o frenesim do consumo e dos lucros, os jornais deambulavam insolentes pelas margens desejadas das vidas alheias, satisfazendo os olhos aguçados daqueles que adoram um bom escândalo, a banca subia e descia como elevador envenenado pelas opiniões e pelos malditos cifrões que comandam o globo a seu belo prazer.

— Peter! - Exclamou a morena em tom baixo e fraco, reparando que o seu melhor amigo dormitava sentado na cadeira que estava depositada ao lado da sua cama.

— Ainda bem que já acordaste. - Sussurrou o jovem herói, lançando no ar um forte bocejo. - Como te sentes?

— Cansada. - Respondeu a Vingadora de forma confusa, era estranho estar de volta passados tantos meses, como iriam reagir os restantes Vingadores ao seu retorno? Como iria reagir Clint ao seu retorno?

— Fico contente por teres voltado, estava farto de partilhar a secretária da escola com um robô! - Confessou o Homem-Aranha de forma feliz, esboçando um contagiante sorriso.

— Como é que vim aqui parar? Onde estão os restantes Vingadores? O que aconteceu aos tipos da Sociedade da Serpente? - Questionou a Sereia num rompante precipitado, tinha tantas perguntas para fazer que não sabia por onde começar, optara por as deixar escapar pelos seus lábios na sucessão que lhes apetecia.

— Certo, vou contar-te. - Prontificou-se Peter em tom amável, não sabia se era o certo a fazer, porém conhecia demasiado bem Diana para saber que ela jamais desistiria de obter as respostas que ansiava, não valia a pena esconder-lhe nada, ela era bastante perspicaz, descobriria a verdade num abrir e fechar de olhos.

 A noite calma e observadora ribombava com as palavras de encorajamento tecidas pelos lábios do jovem e prometedor herói, a lua distante cor de prata aplaudia aquelas frases honestas e honradas, as estrelas luziam perante cada idolatrada sílaba, os corações dos restantes Vingadores vagueavam perante a luz azul que emanava do espírito adormecido da Sereia, estava na hora de voltarem ao combate, estava na hora de se reerguerem na luta constante contra o mal, estava na hora de continuarem a ser o berço dos sonhos e das aspirações da humanidade, estava na hora de voltarem a ser Vingadores.

— Bem pessoal, nós já concluímos a nossa missão neste lugar imundo, já temos o que pretendemos, o Cobra deve estar mesmo a sair, agora só nos resta esperar e deixar o mecanismo desenvolver o seu plano, tudo retornará à sua forma original, vamos! - Vociferou o Bushmaster em tom orgulhoso, começando a trepar furtivamente pela noite, sucumbindo à sua tenebrosa passagem a luz encantadora da lua, transformando-a em carvão puro e cor de luto, quando a marcha do mal inicia a sua tenebrosa travessia jamais pode ser parada até despontar no cataclismo final.

— Certo! - Assentiram os restantes ativos da malévola Sociedade, camuflando-se caprichosamente com as trevas luzidias da noite, triunfando perante os seus risos agudos e malvados, que arrepiavam a luz da vida.

— Ele tem razão, não pudemos desistir desta forma vergonhosa, o mundo confia na nossa união e na nossa força. - Murmurou Steve em tom corajoso, olhando para a muralha de sorrisos que inundava a sua alma.

— Sem nós o mundo seria um lugar inabitável, precisamos de o proteger. - Comentou o Homem de Ferro em tom honrado, absorvendo o telintar dourado da humanidade.

— Em tempo de Guerra não se arrumam as armas, eu vim de muito longe para lutar ao lado destes homens forjados no fogo da coragem e da dignidade. - Proferiu Thor de forma determinada, sentindo o orgulho do fogo e do gelo bater valentes no seu peito divino.

— Foi pelas pessoas que eu mudei, foi por elas que eu me tornei uma pessoa melhor, devo-lhes isso. - Gritou o Homem Formiga esperançado, saindo a grande velocidade do interior escuro da empresa Microsoft, abraçando a luz da mudança com a palma da sua mão.

— Sem os habitantes do mundo não existiria caminho para a paz, eles contam com os Vingadores, não os pudemos desiludir. - Afirmou Janet em tom emocionado, voando através da madrugada verde até à desejada paz.

— O mundo precisa de nós! - Exclamaram todos os Vingadores numa única e orgulhosa voz, exepto Clint que permanecia imóvel e inconsciente no alcatrão cruel, estava demasiado ferido, demasiado humilhado para reagir.

— Assim é que é falar pessoal, mas acho que podiam ter reagido um pouco mais cedo, eles já deram de sola, mas valeu o esforço! - Exclamou Peter em tom divertido, analisando o cenário que o rodeava, realmente não existia mais cheiro a veneno nas imediações, o perímetro estava livre. - Espera lá, o que temos nós aqui? Um rastejante! Nem penses nisso meu amigo! Já és meu! - Exclamou entusiasmado, reparando no Cobra que se tentava esgueirar despercebido pelas sombras da noite, todavia o herói imobilizou-o com um forte punhado de teias finas e bastante resistentes, este já não escapava. - Não é preciso agradecerem, depois cobro o favor mais tarde, aqui têm!

— O que fazemos com ele? - Perguntou Janet confusa, olhando os restantes Vingadores com os seus minúsculos olhos.

— Primeiramente temos que levar o Gavião e a Sereia para o Hospital. - Decidiu Tony em tom estranho e baixo, olhando Diana com tremenda e disfarçada felicidade, ela estava de volta.

— Certo, vou tratar disso Tony. - Prontificou-se Scott entusiasmado, voltando ao tamanho normal, pegando no seu telemóvel.

— Em relação a este verme, vamos levá-lo para as instalações da S.H.I.E.L.D, eles saberão o que fazer com ele. - Retorquiu o milionário em tom cansado, só desejava que aquela noite maldita chegasse ao fim, queria compreender como Diana tinha ido ali parar passados tantos meses sem dar notícias.

— Não posso estar de acordo com essa decisão. - Protestou o Capitão América em voz dura, olhando o seu companheiro com uma expressão de vazio. - Eles têm demasiado com que se entreter, este assunto é nosso, temos que o resolver, sugiro que o levemos para o quartel general dos Vingadores.

— Não tens ativos que possam levar a cabo um interrogatório deste calibre, talvez o Gavião estivesse qualificado, porém como vês ele está mais morto do que vivo, a outra opção seria a Viúva Negra mas essa não dá de si faz meses, não temos ninguém capacitado para esse trabalho, o melhor será...

— Eu posso proceder ao interrogatório, tenho plenas condições para essa tarefa. - Disse Steve ligeiramente irritado, caminhando até ao atarantado Cobra, prisioneiro das teias de Peter.

— Isso não faz o mais pequeno sentido, não estou de acordo, tu não podes controlar tudo o que te apetece, assume, este assunto ultrapassa-te Steve! - Ripostou o milionário em tom enfadado, abanando o louro numa tentativa desesperada de o chamar a razão.

— Esperem lá, eu é que o capturei, eu é que tenho o direito legítimo de decidir para onde que ele vai. - Resmungou o Homem-Aranha em tom aborrecido, encarando os dois heróis com cara de poucos amigos.

— É justo meu amigo Homem Aranha. - Concordou Thor em tom sincero, dando umas palmadinhas nas costas do jovem herói, fazendo-o fletir ligeiramente os joelhos perante a força avassaladora do Deus nórdico.

— Não sabia que eu e o Thor, o fantástico deus do trovão eramos amigos, que fixe! - Pensou Peter radiante com a ideia. - Vamos levá-lo para o quartel general dos Vingadores.

— Quero deixar bem claro que não concordo, mas vamos lá antes que os jornalstas comecem a invadir este sítio. - Conformou-se o Homem de Ferro de forma impaciente, começando a caminhar sem rumo aparente, fitando Diana que era levada para uma ambulância pelo canto do olho.

— Certo, estou a compreender. - Balbuciou a morena em tom triste, detestava saber que as ideias dos seus amigos entravam em conflito, era bem melhor vê-los a lutar em lados iguais do que lados opostos, esse facto era simplesmente inimaginável.

De súbito, uma pancada suave na porta despertou a atenção dos dois adolescentes, os olhos de ambos miravam Steve Rogers que entrava com passada serena pelo quarto de Diana, exibindo no seu rosto cansado uma expressão de saudade e alívio.

A união é o aroma que difunde a dignidade dos Vingadores, a confiança é a lâmina que forja os seus espíritos, a amizade é o laço de prata que une os seus corações, sem estes três factores o mundo não existe.


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