Ondas de uma vida roubada escrita por Maresia


Capítulo 8
Grupo V




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                Diana estava deitada no seu sofá observando preguiçosamente um programa de música que passava semanalmente na MTV, a seu lado dormitava um enorme e felpudo cão branco que a jovem adoptara no canil da cidade que nunca dorme. A morena levantou-se impulsionada pela terrível sede que a assaltava teimosamente, dirigiu-se à sua pequena cozinha pintada de creme e decorada com móveis azuis-claros, engoliu um grande trago de água fresca e voltou para as patas do seu novo e fiel companheiro. Tinha-se passado uma semana desde que a jovem deixara o orfanato para se aventurar numa nova e totalmente desconhecida vida e a saudade persistia como nunca, todavia ela tinha consciência de que aquela terrível sensação de vazio e falta extrema era perfeitamente normal, apesar de sangrar e doer mortalmente era normal! O fiel cão elevou a sua cabeça de lindos olhos verdes e bocejou ligeiramente.

— Então dorminhoco isto é que é boa vida? – Perguntou Diana em tom divertido afagando ternamente a pelagem fofa do seu amigo de quatro patas, contudo algumas pancadas secas e impacientes na porta de alumínio cortaram aquele momento pleno de carinho.

                Diana ergueu-se uma segunda vez, penteando o mais que lhe era possível a vasta cabeleira cor de chocolate e despenteada, o cão chateou-se com o barulho e correu furtivamente, refugiando-se debaixo da mesa de refeições.

— Quem é? – Questionou a jovem em voz alta e segura, chegando perto da porta.

— Abre lá a porta que o meu tempo é precioso, miúda! – Vociferou uma voz grave e banhada pela impaciência.

                O coração de Diana bateu a uma velocidade estonteante, as suas pernas tremeram devido à forte hesitação que a dominava, a sua mente voou nas asas de um turbilhão de cor e som, finalmente as suas persistentes dúvidas eram desfeitas. Esticou a sua mão fria e rodou a maçaneta para ceder a entrada a Nick Fury o director geral de S.H.I.E.L.D.

— Bom dia senhor! – Exclamou a morena timidamente.

— Talvez seja, talvez não seja. Vamos. – Respondeu Fury com o seu habitual ar arrogante.

— Mas vamos onde? – Perguntou Diana irritada com aquela atitude mal-educada.

— A algum sítio talvez. – Afirmou vagamente o homem com ar enfadado.

— Vai finalmente apresentar-me a minha nova equipa? – Insistiu a adolescente mal-humorada.

— Acho que não vim aqui para te oferecer uma garrafa de Brandi. – Respondeu o diretor da S.H.I.E.L.D, fazendo uma careta de reprovação.

— Mas eu acabei de comprar a minha casa. – Lamentou-se a jovem, olhando em volta tristemente.

— E o que é que queres que eu faça, que te devolva o dinheiro? Nem penses nisso, miúda! Tu poderás voltar não te preocupes. – Esclareceu Fury.

— E ele? – Quis saber Diana, apontando para o seu cão ainda timidamente escondido pela mesa.

— Se ele tiver medo compre um cão, ou talvez seja melhor uma cadela. – Exclamou o diretor abrindo de rompante a porta e saindo para a fresca tarde acinzentada. – Anda lá! – Vociferou, fazendo sinal com a mão para que Diana o seguisse

A morena, a muito custo e desconfiança, lançou uma última e ternurenta olhadela ao fofo cão branco e seguiu Nick Fury até um carro bastante equipado e luxuoso de cor negra.

                Juntos percorreram em silencio a cidade suja, colorida e tremendamente barulhenta até que por fim Fury estacionou aquela imponente viatura num largo parque alcatroado, onde a escassos metros se erguia exponencialmente uma magnífica mansão soberana, com um grande V inscrito atrativamente na enorme porta de entrada.

— Não acredito! – Exclamou Diana em voz insegura, como se não acreditasse no que os seus olhos vislumbravam. – Isto é o que eu estou a pensar? – Perguntou, enquanto Nick Fury lhe abria cordialmente a porta do automóvel.

— Sei lá eu no que tu estás a pensar. Mexe-te, estou com pressa. – Disse o homem impassível, principiando o pequeno caminho até à vasta mansão.

                Diana não acreditava na sua aparente sorte, os heróis com quem sonhava desde de pequena, que os colecionava carinhosamente, que venerava mais do que tudo naquele mundo, estavam ali, ali a escassos e triunfantes paços luminosos e certeiros. Finalmente a ponte de ouro da descoberta e da amizade pura e desinteressada estendia-se gloriosa a seus pés. Os paços dos dois visitantes ecoavam melodicamente no silêncio do mármore e da madeira que os seguia fielmente até um metálico elevador, adornado com um tapete vermelho e muito brilhante.

— Entra. – Ordenou Nick.

— Claro. – Respondeu Diana maravilhada com aquela sensação plena de concretização e loucura iminente.

                Acompanhados de uma melodia metálica, o elevador catapultou-os até aos andares superiores do magnífico prédio noviorquino. Por fim, uma voz feminina anunciou serenamente, “ Sejam bem-vindos à mansão dos Vingadores”, a porta rolante do aparelho de transporte abriu-se de par-em-par, revelando uma vasta sala de estar apinhada de pessoas, e requintadamente mobilada. Algumas vozes vieram ruidosamente ao encontro de Fury e de Diana, a jovem apenas com uma piscadela tímida e apreensiva reconheceu alguns dos heróis com quem partilhava a imaginação e a sua coleção desajeitada de cromos, Vespa, Homem-Formiga, Capitão América, Falcão, Pantera, faziam parte do leque das pessoas presentes naquela grandiosa sala.

— Bom dia, Coronel Fury! – Saudou o Falcão respeitosamente.

— Bom dia Sam. – Respondeu Nick sem dar grande importância. – Como prometido Steve aqui a tens. – Disse, dirigindo-se a um homem bem-parecido sentado confortavelmente num elegante sofá, tomando uma bebida.

— Sê bem-vinda à mansão dos Vingadores, Diana, eu sou…

— O Capitão América, ela sabe na perfeição quem tu és meu, afinal quem é que não sabe? – Interrompeu Nick Fury.

— Muito prazer senhor, é uma honra para mim estar na sua presença. – Cumprimentou a morena, sentindo-se a pessoa mais lisonjeada do mundo por ter a possibilidade de apertar a mão do maior herói alguma vez nascido.

— O prazer é todo meu. – Respondeu o bravo Capitão, fazendo sinal para que Diana se sentasse junto de si. – Pessoal! – Chamou em voz audível, captando as atenções de todos os presentes. – Esta é a Diana vai integrar a partir de hoje a nossa equipa. – Informou, sorrindo carinhosamente para a adolescente amedrontada pelos olhares que nela incidiam.

— Ainda bem, fazia falta um elemento feminino na equipa! – Exclamou a Vespa, acenando para Diana de forma entusiasmada.

— Bem-vinda ao nosso grupo. – Saudou o Falcão sorrindo amavelmente.

— É sempre favorável a aquisição de novos heróis! – Exclamou o sábio Pantera, fazendo uma vénia que fez Diana corar violentamente o que despertou vários risos.

— Qual é o motivo de tanta risota? Qual é a piada malta? – Perguntou uma voz autoritária, entrando rapidamente na sala. – Ah! Diana querida! É bom ver uma cara nova por aqui!

— Tony Stark! – Exclamou Diana atonita com aquela aparição.

— O próprio. – Assentiu Tony, beijando-lhe docemente a face ainda bastante rubra. – Tu nem imaginas qual foi a minha surpresa quando o Nick me informou do que tu tinhas feito, e eu que tinha estado minutos antes contigo, miúda, tu sabes como te dar a conhecer! – Afirmou, espremendo-se para se sentar entre Steve Rogers e a tímida adolescente surpresa.

— Eu não fiz nada por vontade própria. – Defendeu-se Diana.

— Sim nós sabemos disso, O Nick relatou-nos tudo, ninguém te está a julgar. – Tranquilizou-a o Capitão América lançando um olhar de reprovação ao seu companheiro Stark.

                Diana sentiu um grande carinho e admiração por aquele homem majestoso, aqueles olhos azuis nada mais transmitiam do que doçura, coragem e companheirismo, a bondade que todas as pessoas pregavam afinal não era falaciosa mas sim a mais pura e bela das verdades.

— Fica à vontade, com o tempo vais-te habituando as nossas principais rotinas. – Disse Tony, passando uma mão pelo cabelo liso e sedoso da jovem fascinada.

— Obrigada. – Agradeceu em voz baixa.

— Bem, agora que estão todos em família eu estou no ir. A partir de hoje ela é da vossa responsabilidade. – Despediu-se Nick Fury, partindo com passada larga e pesada.

— Tomei a liberdade de te arranjar um quarto bem confortável e espaçoso, mais tarde gostarias de o ver? – Interrogou Stark hipnotizado com o aspecto frágil e doce de Diana que mascarava a sua habitual arrogância.

— Sim obrigado, senhor Stark. – Assentiu Diana sem se alongar, pois os seus olhos estavam pousados num quadro perfeitamente pintado de Thor o Deus do Trovão.

— Ah! Já estou a compreender, és mais uma das admiradoras do Thor, realmente ele é mesmo um parte corações. Eu tentei que ele estivesse aqui hoje, mas foi-lhe completamente impossível, ele tem uma agenda social muito ativa, é claro que estou a brincar! – Explicou Tony sorrindo amigavelmente perante o olhar confuso da jovem. – Ele brevemente retornará e nessa altura tratarei das apresentações, está bem assim? – Perguntou, adoptando um ar de relações públicas.

— Certo, fico à espera. – Respondeu Diana sorrindo.

— Olha quem é ela, Susan Storm! – Exclamou o Falcão alegremente, quando uma linda mulher loura, muito elegante, com uns inteligentes olhos azuis, trajando um uniforme azul adentrou discretamente pela sala.

— Ouvi dizer que iriam abraçar uma nova heroína, então decidi vir-lhe dar os meus votos quádruplos de paciência para vos aturar. – Disse a mulher muito sorridente, deslizando até ao sofá onde Diana estava sentada na companhia de Tony e Steve.

— É a Sue Storm do Quarteto Fantástico! – Exclamou a morena feliz.

— Sim sou, e tu és a Diana. Bem espero que eles te tratem com todas as honras e mimos. – Afirmou Sue amavelmente. – Bem Cap, posso falar contigo em privado? – Perguntou.

— Claro, vamos até à sala de reuniões. – Assentiu Steve Rogers prontamente.

— Cuidado, ela já é casada! – Brincou Stark divertido.

— Queres? – Perguntou o delicado Pantera aproximando-se calmamente com uma caixinha de bombons de leite.

— Adoro chocolate, muito obrigada senhor Pantera. – Agradeceu Diana, retirando três ou quatro tentações da caixinha de cartão colorido.

— Uau! Este lugar está cada vez mais bonito, cada vez gosto mais de ser um Vingador! Quem é ela? Uma das tuas novas conquistas Tony? – Perguntou um rapaz louro de alegres e rebeldes olhos azuis, utilizando um vibrante uniforme roxo.

— Não Gavião, ela é a Diana e não é uma das minhas conquistas, é uma Vingadora. – Esclareceu Stark impaciente.

— Ah! Uma Vingadora, claro. O que faz uma sereia como tu tão longe do mar? Bem, não respondas vieste tentar encantar-me com a tua voz, contudo não precisas eu já estou rendido à tua beleza. – Atirou com mestria e perícia o recém-chegado – Bem o meu nome é Clint e conta comigo para o que precisares, ouvi alguns rumores que existem nesta mansão alguns tipos que gostam de mandar piropos às novas e bonitas heroínas. – Ofereceu-se o Gavião, dando um beijinho repenicado na face de Diana.

— Talvez tu é que precises de alguma coisa se te voltas a meter comigo, seu convencido. – Respondeu Diana irritada com aquele comportamento conquistador barato.

— Uau e tens personalidade, tal como eu gosto. – Murmurou o Clint, tacteando nos cabelos da adolescente. – Acho que ainda vamos ser bons amigos!

— Desculpa ser desmancha-prazeres mas duvido muito disso. – Afirmou a morena, dando uma valente palmada na mão do louro impertinente.

— Au! – Reclamou o Gavião queixoso.

— É muito bem feito, quem é que te manda arrastar as asas a todas com quem te cruzas? – Perguntou a voz irrepreensível do Capitão América.

— Uhm!- Murmurou Clint, rodeando zangado o sofá e parando nas costas de Diana.

— Não tens nada para fazer, não a aborreças, se não coloco-te a fazer a manutenção dos WC. – Ameaçou Steve Rogers sem rodeios.

— Menina, precisas do velhote para te defender. – Zumbou o atrevido Gavião junto do ouvido de Diana.

— Vai pentear macacos e aproveita para te penteares também. – Respondeu a morena arrogantemente.

— Então Gavião, encontraste alguém que resiste aos teus encantos? – Perguntou Scott Lang de forma provocadora.

— Sabes que mais, lixa-te Scott. – Respondeu de forma amuada o Gavião Arqueiro, saindo rapidamente da sala.

— Não lhe ligues, ele é mulherengo mas no fundo é bom rapaz. – Disse o Capitão América sorrindo daquela discussão infantil. – Se quiseres regressar à tua casa eu posso levar-te, se preferires ficar connosco eu teria o maior dos prazeres.

— Eu tenho que voltar porque tenho um cão para cuidar. – Disse Diana.

— Se quiseres posso pedir a alguém para o trazer para cá. – Ofereceu simpaticamente Steve.

— Talvez numa outra ocasião, obrigada senhor. – Agradeceu Diana.

— Então vamos lá! – Incentivou o grande herói.

— Olha Diana não ligues muito à conversa do Clint. Adeus e até qualquer dia. – Despediu-se Susan Storm carinhosamente.

— Eu não vou dar muita importância, até um dia destes. – Respondeu Diana sorrindo abertamente.

                Diana e o Capitão América subiram numa potente mota e juntos cruzaram a linha do horizonte misterioso até ao futuro.

                Como será a vida de Diana daqui em diante? Como será a relação dela com o Gavião Arqueiro? Estará ela mais perto de encontrar o seu pai?


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