Ondas de uma vida roubada escrita por Maresia


Capítulo 67
Será impossível?




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A noite alcançava com a sua mão de veludo macio e fugidio o apartamento de Steve, trazendo nas suas sombras a tranquilidade e o misticismo do oceano, perdido e esquecido algures entre as nuvens e as lembranças primaveris. No firmamento estrelado e luminoso, a reluzente lua beijava o areal prateado dos corações dos dois heróis com as suas límpidas lágrimas de orvalho e perfume. Diana fitava apreensiva o seu telemóvel, lendo uma publicação que Clint fizera minutos antes, nos seus lábios cor de cereja brotava um aguçado sentimento de revolta, paixão e nostalgia, contudo a sensação de revolta subjugava todos os outros sentimentos com as suas mordaças de ferro e algas. Steve estava sentado no seu sofá, segurando a pequena e doce Aurora nos braços, enquanto esta percorria alegremente o mundo dos sonhos e da fantasia, levando pela sua gentil mão um punhado de flores açucaradas e coloridas. Nos olhos do louro cresciam enormes flocos de carinho, no seu lindo sorriso nasciam bagas de orgulho, nas pontas dos seus dedos deslizavam milhares de fitas frescas e honradas que suavemente enlaçavam o futuro.

— Parece um anjinho! - Murmurou Diana em voz doce, observando a pequena menina com profundo carinho.

— É pena que já tenha sofrido mais do que muitos adultos. - Comentou Rogers em tom ausente, colocando a criança sobre um ninho de almofadas felpudas e confortáveis.

— O que vai acontecer com elas duas? - Inquiriu a morena preocupada.

— Certamente existirão entidades que visam a protecção e o acompanhamento social nestes casos específicos e complexos. - Tranquilizou-a o Capitão com um incrível ar preguiçoso a brincar nos seus amáveis olhos azuis. - Talvez vá dormir um pouco.

— Talvez seja o melhor. - Concordou Diana em voz ternurenta, reparando na expressão cansada que cruelmente afogava o espírito da sua estrela da sorte. – Importas-te de ficar um pouco sozinho com ela? Preciso de resolver uma questão importante.

— Onde vais? Já é bastante tarde. Precisas de descansar, tiveste um dia muito agitado. - Perguntou Steve preocupado, questionando-se onde Diana ia arranjar tanta coragem e força de vontade.

— Se não fosse importante eu ficava, porém este assunto não pode esperar, desculpa. - Justificou-se a jovem pouco à vontade, não queria dar a sensação de que estava a fugir dos seus compromissos, sempre adorara crianças não era isso que estava em causa, mas queria resolver o embaraço que Clint lhe causara.

— Pareces notoriamente revoltada, posso ajudar? - Questionou o soldado em voz doce, reparando na expressão dura e desconfiada que desfilava insolentemente pelos lindos olhos da morena.

— Vou num pé, e volto noutro. - Respondeu a adolescente em tom distante, a ajuda de Steve era algo mais precioso do que uma pedra de diamante, porém naquele momento tinha que ser ela a encarar o que se escondia por de trás das palavras de Clint. - Se por acaso ela acordar, eu deixei o biberon pronto na cozinha.

— Certo, obrigado. - Assentiu o super-soldado em voz insegura, nunca antes tinha dado biberon a um bebé, será que estaria à altura daquela assustadora tarefa?

— Já agora, amanhã talvez tenhamos que ir ao centro comercial, estive a vasculhar nas coisa dela e percebi que não existe nada que se aproveite, ela precisa de roupinhas, sapatinhos e acessórios decentes para um bebé. - Informou a Vingadora tristemente, conhecia bem de perto o negro rasto que a miséria e a pobreza cravavam no passeio das suas vítimas, Aurora, tal como todas as crianças não merecia estar à mercê daqueles monstros impiedosos. - Até já. - Despediu-se, dando uma demorada carícia no cabelo da pequena bela adormecida, encaminhando-se para a porta, saindo para a frescura estrelada da noite.

— A voz dela está dragada pela revolta, contudo compreendo facilmente que a incontestável paixão que nutre pelo Clint ainda a assombra, por mais que negue os seus sentimentos são claros como as águas do oceano. Não sou capaz de lhe dizer, porém assumo para mim mesmo que não vejo qualquer futuro para aquela relação, provavelmente ela já chegou à mesma conclusão que eu. Por mais que me esforço não possuo a capacidade de entender porque é que ela continua a lutar por algo que somente a faz sofrer, no entanto ela sabe que eu estarei sempre aqui, o meu amor é incondicional e supera qualquer adversidade ou barreira. - Pensava o Capitão de forma analítica, cobrindo a pequena menina com uma colcha cor-de-rosa que Diana corajosamente resgatara dos confins da pobreza da casa de Melissa, aninhando-a nas fofas almofadas.

Diana subia a tremenda velocidade a escadaria que conduzia ao apartamento do Arqueiro, os seus passos ressoavam através da neblina da hesitação e da ansiedade, sabia que o tinha de encarar uma última vez, mas estaria pronta para aceitar essa derradeira vez como o fim de algo tão forte e ardente? A porta do apartamento do Gavião crescia gradualmente nas brilhantes íris da morena, enfeitiçando o seu coração com aquele apaixonante trago a menta que inundava cada canto das suas memórias. Estagnou durante alguns dolorosos segundos diante da desejada entrada, ergueu o fino e trémulo pulso, estava pronta, chegara até ali, não era altura para recuar.

— Diana! - Exclamou o louro surpreendido, abrindo a porta.

— Posso entrar? - Perguntou a Vingadora em tom duro, não retribuindo o sorriso que iluminara o atraente rosto do mestre das setas.

— Claro entra. - Assentiu o Arqueiro de forma entusiasmada, estaria perante um autêntico milagre do Facebook?

— Gostava que me explicasses o significado desta porcaria! - Exigiu a Sereia em tom cortante, jogando na cara do Arqueiro o ecrã do seu telemóvel.

— Eu acho que é óbvio. - Retorquiu Clint de forma baixa e triste, perdendo o seu habitual sorriso traquina.

— Porquê Clint? Já não chega o mal que me fizeste? - Questionou a morena de forma sufocante, afastando o braço que Clint pousava sobre os seus ombros. - Eu só queria seguir com a minha vida em frente, acho que não é pedir muito, só te quero esquecer.

— És muito convencida não és? Quem é que te disse que esta declaração era para ti? Por acaso escrevi o teu nome em algum lugar? - Disparou o mestre das setas completamente desiludido, não estava à espera daquela reacção, realmente Diana já o tinha esquecido, já não existia nada para recuperar, somente restavam as lembranças e aquele incrível sabor a cereja.

— Eu nunca vou deixar de ser estúpida. Eu pensei que, pensei que...

— Pensaste mal, essa declaração não era para ti, sei reconhecer quando vejo um caso perdido. - Atirou o louro sem rodeios, porém o seu coração remexeu-se de uma forma estranha e dolorosa.

— Certo, já percebi, só que acreditei que apenas chamas de Ariel a uma pessoa, a mim. - Explicou Diana tristemente, deixando Clint ver mais do que ela pretendia.

— Não me podes cobrar nada, nós já nem estamos juntos, qual é o drama? Pensavas que eu ia ficar eternamente à tua espera? E além disso eu sei que tu já não estás sozinha...

— Ter vindo até aqui foi um erro, desculpa se te incomodei, adeus. - Despediu-se a Vingadora, contendo as lágrimas que insistentemente lhe tentavam escapar pelas ondas azuis do seu ser.

— O mundo não gira à tua volta sabes? - Provocou Clint de forma arrogante, pegando no seu pequeno cão que tentava chegar perto da morena. - Bolas Clint não lhe faças isto! - Recriminou-se, pousando o seu amigo no sofá, vendo aterrorizado a abertura lenta e fria da porta. - Espero que tu e o Steve sejam muito felizes!

— Acredita que sim, ele supera-te em larga escala. - Retaliou a jovem incrédula com o que os seus ouvidos escutavam.

— Bolas miúda, olha para mim e diz-me que já não me amas? - Interrogou o Gavião em tom de ultimato, segurando Diana junto do seu corpo, olhando-a directamente no fundo daqueles olhos onde a palavra perdição se confundia com a pureza azul do oceano. - Tu não tens coragem de negar que ainda me amas, assume, tu ainda não me esqueceste.

— Clint por favor deixa-me ir. - Pediu Diana em voz abafada, sentindo o seu coração palpitar com a intensidade de um tsunami perfumado, doce e colorido.

— Não, eu quero escutar dos teus lábios que já não me amas. - Insistiu o louro de forma apaixonada e sedutora, levando Diana ao seu limite pessoal.

Nos momentos que se seguiram, os olhos dos dois heróis afundaram-se num véu de calor, harmonia e amor, os seus braços enlaçaram-se presos pelas finas correntes do oceano, unindo as suas vidas com as místicas cores das auroras.

— Clint não. - Murmurou Diana timidamente, contudo as suas palavras em nada rivalizaram com as artísticas setas do cupido, os seus lábios caiam a pique na encantada colina de Afrodite, tornando-se prisioneiros da bela Deusa do amor, enfeitiçados pela belíssima melodia "My kind of love".

— Clint talvez seja melhor pararmos com isto. - Disse a Vingadora em voz abafada, separando-se dos saborosos lábios de menta do Arqueiro. - Isto é um erro.

— Eu não acho que o nosso amor seja um erro. - Discordou o Gavião feliz, acariciando os cabelos achocolatados da morena. - Já estivemos tempo demais separados, acredito que merecemos uma nova oportunidade, por favor fica comigo. Não digas que não me amas, eu senti no teu beijo todo o teu amor, eu senti!

Na mansão dos heróis mais poderosos da terra, Tony Stark caminhava desorientado de um lado para o outro, havia dias que um forte sentimento de preocupação e alerta lhe consumia o espírito.

— Tony o que se passa? - Perguntou Thor entrando na sala a passada larga. - Faz dias que não és o mesmo, o que te perturba meu amigo?

— Como poderei eu enganar um deus? - Exclamou o Homem de Ferro no seu habitual tom cínico, sentando-se finalmente no sofá. - De facto ando realmente preocupado. Tenho recebido relatórios periódicos da S.W.O.R.D e as notícias não são favoráveis.

— O que se passa afinal? - Questionou o louro ligeiramente apreensivo, pousando o seu Mjolnir no tampo da mesa.

— Como sabes eles são uma entidade espacial que protegem a terra de ameaças extraterrestres. Por diversas vezes, e a alguns dias com mais relevância, têm notado nos seus radares actividades e energias que desconhecem totalmente, a nossa preocupação é que estes seres, sejam eles o que forem, estão cada vez mais perto do nosso território espacial. - Informou Stark assustado, remexendo apressado numa pasta preta, retirando um grande volume de folhas do seu interior, mostrando-as a Thor. - Já submeti por inúmeras vezes estes dados aos olhos dos mais variados e avançados programas tecnológicos, porém os meus estudos e pesquisas têm-se revelado completamente inúteis.

— O que vier virá, e nós estaremos cá para os enviar de volta para o lugar de onde eles vieram. - Afirmou o príncipe seguro, confiante do honrado poder que unia os heróis mais poderosos da terra.

— Sim eu sei disso, contudo gostava de elaborar um plano de contingência que evitasse males maiores. - Confessou o milionário notoriamente frustrado. - Bem vou para o meu laboratório, eu tenho que conseguir alguma coisa.

— Espera Tony, tens visto a Diana? Há imenso tempo que ela não aparece por aqui. - Perguntou o Deus rapidamente, visto que o outro já galgara a tremenda velocidade o corredor.

— Para falar a verdade não a vejo há imensos dias, não sei o que se passou. Liga ao Steve e pergunta-lhe, talvez ele saiba. - Respondeu Tony, nem olhando para trás, encarcerando-se num dos seus vastos laboratórios de pesquisa. - Diana desculpa, eu brevemente terei mais tempo para ti.

As desconhecidas energias cósmicas são místicas, poderosas e altamente perigosas, terá Stark razões para se preocupar? Será que a menta dos lábios de Clint conseguirá enfeitiçar Diana?


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Notas finais do capítulo

A S.W.O.R.D é uma força especial de intervenção contra ameaças alienigenas



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