Ondas de uma vida roubada escrita por Maresia


Capítulo 37
O aviso do Capitão




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A atmosfera estava tensa, pesada e muito agreste, Steve arrastava no seu encalce um arrepiante vento de gelo, cruzando a profunda linha dos corações dos dois jovens como uma lâmina afiada, cortando aquele momento único e pleno de felicidade. Diana fitava Clint com uma expressão vazia, apreensiva e duvidosa, este devolvia-lhe o olhar sem pestanejar.

— Espera Steve, eu posso explicar! – Exclamou a morena em voz insegura, quebrando a curta distância que a separava do Capitão com passada determinada, segurando-lhe fortemente na mão.

— Acho que é melhor ires dormir, amanhã tens aulas. – Murmurou Rogers em tom vago, soltando-se da mão apertada da Vingadora. – Clint preciso de falar contigo! – Frisou de forma autoritária.

— Eu falo com ele, vai dormir. - Disse o Arqueiro rapidamente, reparando que os lábios da Sereia se abriam para formular uma nova argumentação.

— Certo, até amanhã aos dois. – Resignou-se Diana com a frustração a latejar fortemente no seu peito, a última coisa que queria era arranjar problemas ao Arqueiro.

                A Vingadora caminhou taciturna até ao seu quarto, recordando aquele bizarro episódio, fora tão feliz durante aqueles maravilhoso minutos, e agora sem aviso, fora tudo desfeito por um maldito e cortante raio de luar. O super soldado e Clint percorreram o largo corredor, ladeado de portas fechadas e entraram na ampla divisão.

— Senta-te. – Ordenou Steve calmamente, talvez não tivesse o direito de submeter o Gavião aquele interrogatório, contudo conhecia a sua fama, sentia-se na obrigação de compreender as suas motivações. – Podes explicar-me o que se passa? – Perguntou categoricamente.

— Tu viste, porque é que estás a perguntar? – Provocou o mestre das setas, olhando Steve com fúria.

— Não sejas insolente! – Retaliou Rogers, era um homem prático e direto nunca tivera grande paciência para rodeios, queria uma resposta objetiva. – Eu sei o que vi, todavia desconheço o verdadeiro teor daquela cena.

— Não estou a entender qual é o teu problema, nunca viste dois namorados aos beijos? – Questionou o Arqueiro em tom provocador.

— Namorados? Desde quando? – Inquiriu Steve incrédulo, não podia ser verdade, Clint apesar de ser um grande herói não era um bom namorado para Diana, não era mesmo.

— Desde à meia hora atrás, mais coisa menos coisa! – Respondeu o Gavião sorrindo. – Tens mais perguntas, ou posso ir dormir?

— Fica aí quieto, tenho umas perguntinhas. – Ripostou Rogers sem paciência. – O que isto significa para ti?

— Eu gosto dela, não sei o que queres que te diga mais. – Retorquiu o Arqueiro preguiçosamente.

— Gostas dela? E esse sentimento vai durar até quando? Até te cruzares com outra rapariga e então percebes que já não é da Diana de quem tu gostas. – Afirmou o Capitão, observando o vasto historial de relações temporárias que ilustravam o currículo do mestre das setas.

— Desta vez é diferente, por isso não me julgues dessa forma, não tens esse direito! – Resmungou Clint indignado, até parece que ele usa as mulheres como brinquedos!

— Eu tenho esse direito, trata-se de uma pessoa de quem eu gosto muito, não irei permitir que a faças sofrer. – Declarou Steve em tom imperativo. – Tens a certeza que gostas mesmo dela? Tens a certeza que isto não passa de mais um dos teus caprichos? Clint, escuta o que eu te digo, ela é apenas uma miúda, já perdeu demasiada coisa ao longo da sua curta vida, não te admito que a magoes, percebeste?

— Não a irei magoar, fica tranquilo. Eu gosto mesmo dela, não é nenhum capricho, isto que eu sinto é diferente de todas as outras vezes, acredita em mim. – Justificou-se o Gavião em voz determinada, não iria deixar que Steve manipulasse os seus verdadeiros sentimentos com o fantasma da culpa.

— Por mais que eu queira, não consigo acreditar em ti, a minha ética não me permite aceitar esta relação, no entanto não farei nada para vos prejudicar, somente desejo que a Diana seja feliz, apenas isso. Quero que saibas que irei ficar atento, ao mínimo deslize da tua parte e termino com esta relação num piscar de olhos. – Avisou o soldado seguro dos seus princípios éticos.

— Continuo sem compreender o motivo deste alarido todo, relaxa Steve é só um namoro. – Afirmou Clint pouco à vontade, má escolha de argumento Gavião!

— Para ti é apenas um namoro, no entanto para a Diana pode ser mais do que tu alguma vez imaginaste, por isso não te atrevas a desvalorizar o que ela sente! – Proferiu o Capitão levantando drasticamente o tom, batendo na mesa com força.

— Eu não estou a desvalorizar os sentimentos dela, não fales do que não sabes, tu não conheces a nossa história, não sabes de nada, e para falar a verdade, não tens nada a ver com isso, nem sei porque estou aqui a responder a este absurdo inquérito! – Resmungou o Arqueiro furibundo, farto daquelas insinuações sem fundamento. Seriam assim tão infundadas?

— Clint, eu não estou a brincar, não estou mesmo, espero bem que tenhas percebido o que eu te disse. – Prenunciou Steve em tom audível, dando por terminada a conversa.

— Um dia ainda me vais explicar porque é que foi este drama todo, não penses que me atiras areia para os olhos. – Garantiu o mestre das setas curioso, erguendo-se e caminhando até à porta entreaberta.

— Não te devo explicações. – Murmurou Rogers nostálgico, vagueando através da praia sombria do seu recente passado. – Clint, toma conta dela! – Pediu em voz estranha.

— Fica tranquilo, gosto tanto dela como tu gostas, a última coisa que quero é vê-la sofrer. – Prometeu Clint honestamente, fitando a expressão cansada refletida nos lindos olhos do Capitão. – Só mais uma coisa, eu e a Diana combinamos que por enquanto não queríamos que a nossa relação fosse pública, achas que podes…

— Claro que sim, fica descansado. – Interrompeu Rogers, bocejando suavemente.

                No dia seguinte, a morena percorreu o caminho até à escola a pé, pois o seu Audi não tinha gasolina. Caminhou alheia ao cenário citadino que a rodeava, por diversas vezes quase chocou com outros transeuntes, pensava em tudo o que acontecera na noite anterior, pensava na conversa que decorrera entre Clint e Steve, porque reagira ele daquela estranha forma?

A Vingadora parou de forma abrupta junto do quiosque repleto de estudantes, só então compreendera que já estava nas imediações do recinto escolar, os seus olhos deambularam preocupados pelas diversas capas dos jornais e revistas, expostos na pequena banca, todos eles ilustravam dramaticamente os bizarros acontecimentos do dia anterior, títulos garrafais sorriam-lhe maliciosamente, ultrajando, difamando e dilacerando o bom nome das empresas Stark. Um enorme vazio aliado a uma profunda tristeza penetraram bem fundo no coração da adolescente, estivera tão ocupada a tratar da sua felicidade que esquecera por completo que o nome de um dos seus mais valiosos amigos estava imerso na lama, como pudera ser tão egoísta?

— Hey Diana! Diana! Estou aqui? – Chamou a voz traquina de Peter.

— Bom dia Peter! – Disse a morena em voz ausente, deixando um dos seus pesados livros cair ao chão. – Bolas! – Reclamou, apanhando o manual.

— O que se passa contigo? – Perguntou o Aranha surpreendido vendo a expressão vazia brilhar no atraente rosto da sua melhor amiga.

— Nada. – Respondeu a Vingadora, puxando para o ombro a alça do seu top rosa. – Hoje não cheguei atrasada! – Reparou.

— Deve ter acontecido algum milagre, ou então estás apaixonada! – Exclamou o herói sorrindo de forma traquina, começando a entrar no recinto escolar.

— Claro que não estou apaixonada, deixa de ser parvo! – Retaliou Diana corando violentamente. – Era assim tão evidente? – Pensou, enquanto Peter cumprimentava Mary Jane.

— Claro que não, estou eu! – Zombou o Aranha feliz.

— Claro que estás, olha para esse sorriso parvo. – Afirmou a Sereia distraidamente, sentando-se numa mesa no quase vazio bar. – Fizeste os trabalhos de Matemática?

— Por acaso fiz. - Respondeu o adolescente triunfante, se queria conquistar a estudiosa Mary Jane tinha que se aplicar nas aulas, esse esforço valeria a pena. – E tu fizeste?

— Não consegui terminar. – Confessou a morena envergonhada.

— As minhas suspeitas confirmam-se, estás mesmo apaixonada, só o poderoso feitiço do amor poderia fazer com que tu não fizesses os deveres escolares! – Dramatizou Peter, fazendo uma careta, pois a campainha anunciara o início das aulas. – Vamos lá, este será o início da minha terapia que mudará para todo o sempre a minha vida! – Murmurou sonhadoramente.

— Vamos lá para mais uma chata tortura de história! – Disse Diana fazendo um ar enfadado.

— Já que estás tão feliz, tenho uma proposta para ti, hoje é sexta, amanhã não temos aulas, queres sair logo à noite? – Sugeriu Peter energeticamente, apanhando a sua melhor amiga de surpresa.

— Alinho nisso, vai ser ótimo! – Concordou a Vingadora feliz, uma saída para descomprimir de todos estes estranhos acontecimentos era sempre muito bem-vinda.

                A implicativa professora adentrou pela sala, empoleirada nos seus descomunais saltos altos, telintando agressivamente no soalho de madeira riscada. Pousou com estrondo a pasta sobre a secretária, retirou os manuais e olhou com desdém para alguns alunos.

— Hoje vamos falar sobre políticas económicas vigentes no século XVI. Todos nós sabemos que ao longo das eras históricas o globo conheceu diversas transformações no âmbito da economia, até desembocar nos dias atuais, em que existem diversos regimes financeiros. Abram o manual na página sessenta e oito! O mercantilismo visava a prática de…

— Diana abre o manual, onde estás tu com a cabeça? – Murmurou Peter confuso, nunca antes Diana tivera um deslize daqueles.

— Bolas, não estava cá! – Murmurou a morena aflita, retirando discretamente o livro da mochila.

— Onde estavas? – Perguntou o herói, apontando para o número da página.

— Na minha cama. – Respondeu a Vingadora sorrindo.

— Sozinha ou acompanhada? – Provocou o Aranha em tom traquina, sublinhando algumas partes importantes do texto.

— Nem me vou dar ao trabalho de te responder. – Retorquiu a Sereia ligeiramente envergonhada, maldita intuição de aranha!

— Talvez a Diana e o Peter queiram partilhar essa conversa tão interessante com o resto da turma! – Sugeriu a docente em voz fria e arrogante, caminhando até aos dois amigos.

— Por acaso não queremos, desculpem são assuntos nossos! - Respondeu a morena sem conseguir conter as palavras, cala-te boca!

— Estamos muito engraçadinhas, não é verdade? Vamos ver se acha graça a trabalhos de casa extra! – Declarou a profissional de educação sarcasticamente. – No fim da aula fique para eu lhe passar as tarefas extra. – Ordenou, dirigindo-se á sua secretária, anotando algumas palavras no seu caderninho de apontamentos.

                Num momento horroroso a campainha suou nos quatro cantos escolares, todos os alunos abandonaram rapidamente a sala de aulas, deixando Diana entregue à fúria demoníaca da docente.

— Quero que realize uma redação, em que deverá abordar os tópicos que estão aqui, deixe na sala dos professores na segunda-feira de manhã, espero que lhe sirva de lição. – Disse a professora com desprezo, passando uma folha a Diana, esta olhou atónita para a imensidão de tópicos que lá estavam escritos. – Não percebe a minha letra?

— Claro que percebo. – Respondeu a Vingadora no mesmo tom de desprezo e desdém.

                No fim do dia, Diana dirigiu-se com o seu amigo até à biblioteca escolar com o intuito de requisitar algum livro que a pudesse auxiliar na tarefas para casa sobre o mercantilismo, não foi difícil.

— Queres vir até ao café beber alguma coisa? – Questionou o Aranha em tom amável, reparando no ar abatido que desfigurava o olhar doce da Sereia. – Diana! Peter chama Diana! – Insistiu, vendo que a sua amiga estava perdida a observar uma SMS no seu telemóvel. – Deixa-me lá dar uma olhadela nisso!

— Nem penses nisso! – Exclamou a Vingadora sorrindo, lendo cuidadosamente a mensagem. – Estou à entrada da tua escola.

— Quem é que está á tua espera? – Interrogou o herói curioso, lendo de relance as palavras escritas no ecrã.

— Não tens nada a ver com isso! – Ripostou a morena feliz, nunca imaginara que ele a fosse buscar!

— Tu não me enganas, miúda! Eu vou descobrir, não perdes pela demora! – Garantiu o Aranha entusiasmado, olhando Diana com puro interesse, quem teria coragem para enfrentar o feitio complicado da sua melhor amiga? Seja quem ele for merecia um prémio!

— Não te atrevas a vir atrás de mim. – Ameaçou a Sereia em voz ríspida, partindo a passada larga na direção da saída, teclando algumas palavras no telemóvel.

                Fora do recinto escolar, Clint aguardava a chegada da sua mais recente namorada, sentado no seu velho carro.

— Estou aqui! – Exclamou a Vingadora. – O que estás aqui a fazer? É demasiado perigoso! O Tony tem diariamente reuniões aqui, ele não nos pode ver juntos vai achar estranho. – Preveniu, entrando para o lugar ao lado do mestre das setas.

— Bolas, esse tipo tem negócios em todo o lado, talvez até seja dono de um bar de Strip! – Sugeriu Clint irritado com a infinita conta bancária do Homem de Ferro.

— Eu acho que ele já tem algumas cotas num desses estabelecimentos! – Brincou a Sereia sorridente, dando um apaixonado beijo nos lábios de menta do Arqueiro.

— Poças estava a ver que não! – Murmurou Clint com ar sonhador. – Eu estava a morrer de saudades tuas, e o que fazes? Desatas a falar do Tony Stark. Mas tens a certeza que ele é dono de um bar de Strip?

— Não sei. Qual é o interesse? – Questionou a Vingadora irritada, fitando o Gavião com cara de poucos amigos.

— Bem, talvez ele me possa garantir algum lugar VIP! Não era mal pensado! – Exclamou o mestre das setas de forma traquina, encarando a fúria azul que amarava nos doces olhos da jovem. – Anda cá princesa, eu só estou a brincar! – Disse, tentando abraçar a morena.

— Nem penses, vai lá ter com essas ordinárias, damas do pecado e da perdição! – Defendeu-se a Vingadora em tom frio, dando uma estalada no pescoço bronzeado do louro. – Pede desculpa. – Disse, puxando-lhe uma orelha.

— Pronto desculpa, desculpa, pára com isso, estás a magoar-me! – Exclamou o Arqueiro de forma dramática, como se a jovem lhe estivesse a arrancar a vida.

— Assim está melhor. – Suspirou a adolescente com satisfação. – O que vieste aqui fazer afinal?

— Vim ver-te claro, agora é preciso ter um motivo específico para vir buscar a minha miúda à escola? – Inquiriu Clint docemente, beijando a morena com carinho.

— Como correu a conversa com o Cap? – Questionou Diana preocupada.

— Eu coloquei-o no lugar dele, está tudo bem, ele não irá interferir. – Explicou o Arqueiro, segurando na mão da jovem com força como se receasse que o lendário escudo do Capitão cortasse aquele poderoso laço.

— Ainda bem, estava muito preocupada. – Confessou a Sereia sorrindo levemente.

— Queres sair hoje à noite, pensei em irmos jantar e depois passearmos na praia, eu sei que tu adoras estar perto da água. – Convidou o Arqueiro, os seus olhos azuis brilhavam iluminados pela pura luz do amor.

— Oh, Clint! Desculpa mas hoje já tenho coisas combinadas com o Peter, por favor não fiques aborrecido comigo, combinamos para amanhã. – Declarou a Vingadora tristemente, queria imenso estar com o Gavião, porém não era pessoa de faltar aos seus compromissos.

— Certo, não faz mal, eu deveria ter-te convidado mais cedo, então fica para amanhã sem problema nenhum. – Concordou Clint honestamente, embora não conseguisse disfarçar a sua desilusão. – Tenho que vir mais vezes buscar-te! – Exclamou com uma expressão provocadora a reluzir nos seus lindos olhos, à medida que duas raparigas passavam pelo seu carro.

— Tu nunca vais mudar pois não? – Questionou a morena aborrecida com o comportamento atiradiço do Arqueiro.

— Olha para mim, elas podem ser lindas, contudo nenhuma é como tu, eu amo-te, nunca duvides disso. – Disse o mestre das setas sorrindo, abraçando com força a sua Sereia junto ao peito.

— Eu também te amo. – Murmurou Diana rendendo-se aqueles lábios pecadores e incrivelmente encantadores.

— Bem agora vou andando, disse ao Steve que não me demorava, ficas bem? – Perguntou o Arqueiro.

— Fico sim, estou ansiosa para amanhã. – Proferiu a Sereia em voz sonhadora, mergulhando nos brilhantes e perigosos corais daquele amor.

— Será que tens um tempinho para tomarmos algo? Apetece-me um sumo de fruta. – Sugeriu a Vingadora, reparando nos milhares de invólucros de pastilhas de menta que decoravam o automóvel do Arqueiro.

— Só se pedires muito! – Brincou Clint divertido, olhando com atenção o seu relógio.

— Por favor! Por favor, eu pago! – Pediu a morena em voz doce, acariciando o rosto do mestre das setas com as pontas dos seus dedos frios.

— Então se pagas, vamos a isso! – Aprovou o Gavião sorrindo de forma traquina, ligando o motor do seu carro. – Tenho quinze minutos, achas que chega? Para mim quinze minutos é tempo suficiente para fazer muita coisa!

— Claro que é, chega para beber um sumo, comer um bolo, ler o jornal, meter conversa com o rapaz do balcão, sim acho que quinze minutos chega! – Troçou a Sereia rindo à socapa, desviando as verdadeiras intenções do Gavião, quem não o conheça que o compre!

— Era nisso mesmo que eu estava a pensar! – Exclamou Clint dramaticamente, sentindo-se muito ofendido. – Diz-me uma coisa, quem é o Peter?

— O meu melhor amigo. - Respondeu Diana confusa, olhando o Arqueiro de forma defensiva.

— Certo, o teu melhor amigo, como é que eu nunca pensei nisso? – Resmungou o mestre das setas em tom sarcástico.

— Estás com ciúmes! – Exclamou a morena feliz, uma pitadinha de ciúmes era sempre gratificante na difícil tarefa de fortalecer a sua autoconfiança.

— Eu não preciso de sentir ciúmes do teu melhor amigo, ele é apenas isso, o teu melhor amigo! – Ripostou o louro em tom indignado, estacionando a viatura num parque totalmente apinhado. – Afinal de contas ele não te pode fazer isto! – Disse, dando um profundo beijo nos lábios frutados da Sereia.

— Já não há respeito pelos mais velhos! – Barafustou um velho coxo, passando perto da janela aberta do carro, os dois heróis fitaram-no incrédulos.

                Clint e Diana saíram do automóvel, dando as mãos com a força imponente de uma trovoada, caminharam até ao café, Diana nunca lá tinha entrado. Sentaram-se num dos cantos mais recatados, comentando a estranha afirmação do idoso, talvez fosse normal!

— Era o tipo de coisa que o Steve diria! – Exclamou Clint sorridente, imaginando a expressão chocada desenhada nos olhos justiceiros do Capitão.

— Não fales assim do Cap, afinal ele não é assim tão velho, ainda faz palpitar muitos corações! – Afirmou Diana, contudo não foi capaz de afogar o seu lindo sorriso.

— Sim, claro que faz, acho que já estou com uma brutal arritmia! – Ripostou o Arqueiro maldisposto, fazendo sinal ao empregado.

— O que vão desejar? – Questionou o rapaz de longos cabelos ruivos.

— Eu quero um sumo de frutos vermelhos com raspas de gelo, por favor! – Pediu a Vingadora educadamente.

— Um sumo de frutos vermelhos é ótimo para quem pretende manter a linha! – Comentou o jovem, olhando Diana com interesse, claro que ela não tinha que se preocupar com a linha!

— Bem eu também quero um desses, acho que também preciso de manter a linha! – Retaliou o Gavião em tom arrogante, fletindo um dos braços, revelando toda a sua massa muscular incrivelmente definida.

— É para já! – Assentiu o empregado, partindo a grande velocidade, desaparecendo por de trás do alto balcão.

                Daí a quinze minutos, os dois amantes saíram do pequeno estabelecimento de consumo, ambos muito mais frescos, porém o mau-humor do mestre das setas continuava bastante inflamado.

— Bolas só tenho uma pastilha! – Resmungou Clint, entrando no carro, retirando o seu último vício da embalagem amachucada, como é que deixaste terminar o stock de elixir para o stress?

— Gosto mais de ti quando sorris. – Comentou Diana deliciada com aquela situação.

— Pede ao ruivinho para sorrir, talvez tenha cenouras no lugar dos dentes! – Respondeu o Arqueiro, mastigando com força a pastilha. – Vou deixar-te em casa, pode ser?

— Claro que pode. – Assentiu a Vingadora alegremente. – Tu não estás realmente aborrecido comigo pois não?

— Claro que não! – Garantiu o louro, parando o carro em frente da habitação da morena. – Bem já cá estás!

— Eu sei disso! – Exclamou Diana, abraçando o seu desejado namorado, dando-lhe um florido beijo nos lábios com sabor a menta. – Amanhã vens buscar-me, tenho que pedir ao Tony para rebocar o meu carro até ao posto de gasolina.

— Claro que venho! – Tranquilizou-a Clint, devolvendo-lhe o beijo. – Bem tenho mesmo que ir, desculpa.

— Eu entendo, eu também tenho que ir passear o Gavião! – Proferiu a jovem, abrindo a porta do carro. – Até amanhã!

                A Vingadora entrou a passada larga na sua solitária casa, ouvindo os latidos de alegria do seu amigo de quatro patas, colocou-lhe a trela e voltou a encarar a noite que começava o seu desfile de veludo sobre a cidade, recordando cada detalhe dos últimos dias, semeando as suas inseguranças, medos e receios nas profundezas do alcatrão negro, agora tudo correria melhor!


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