Ondas de uma vida roubada escrita por Maresia


Capítulo 30
Fúria verde




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                Diana embrenhou-se na multidão apavorada, caminhando com imensa dificuldade, tropeçando aqui e ali, levando diversos empurrões, cotoveladas e apertões. Depois desta imensa onda de fúria fugidia e atribulada, alcançou um espaço praticamente limpo de população, olhou em seu redor, o cenário era arrebatador, assustador e impensável, uma enorme e furiosa mancha verde deslizava agressivamente em todas as direções, desferindo violentos murros que deitavam vários andares de prédios por terra, distribuía potentes pontapés em tudo o que cruzava o seu caminho de terror e destruição, lançava cruelmente diversas pessoas pelos ares, o som das balas enchiam o ar catastrófico, contudo a criatura desviava-as apenas com um leve sopro, a polícia tentava agredi-lo, neutralizá-lo e feri-lo, não compreendendo que por mais agressivos que fossem a violência da criatura aumentava em grande escala. A devastação e o caos andavam de mãos dadas, subindo e descendo dos céus, caminhando de forma insolente pelas avenidas arrastando a seus pés aquela onda de fúria, ódio e falta de compreensão. Várias correntes vermelhas de puro-sangue quente inundavam os passeios, chapinhando como lama num pântano.

— Meu DEUS é O Hulk! O que faço agora? – Pensou Diana assustada, nunca antes se deparara com uma situação tão crítica, tão urgente, tão descontrolada. Correu até ao seu carro, passando por várias pessoas que arquejavam feridas no chão, outras ainda afogavam-se em dolorosas possas de sangue vermelho, e outras ainda, jaziam mortas, inanimadas, sem vida. Sabia que provavelmente sozinha não conseguiria domar o monstro que assombra a vida do sábio Bruce Banner, tinha consciência que não teria forças nem recursos para o neutralizar, contudo possuía plena noção de que se os Vingadores fossem informados do sucedido não reagiriam da melhor forma, o Hulk não estaria em bons lençóis. Mais uma vez o conceito da justiça barrou o seu caminho de uma forma brutal, cruel e aterradora, qual seria a melhor e mais segura decisão: salvar o Bruce da fúria e da captura mais que certa por parte dos Heróis mais poderosos da Terra? Ou contactá-los e informá-los dos acontecimentos, providenciando desta forma o salvamento de milhares de pessoas?

— Eu consigo! – Decidiu a Vingadora insegura, entrando no seu carro e colocando rapidamente o seu fato, estavam todos demasiado ocupados em fugir para repararem no que ela fazia. – Vamos a isto, pior do que está não vai ficar certamente. Onde está o Homem Aranha quando é preciso? – Pensou, tentando mentalizar-se que o que fazia estava certo.

                Voltou a correr para o local de crise, a ameaça era constante, imprevisível e mortal. Vários estilhaços de vidros e tijolo voavam dos céus embalados pelos horrendos grunhidos do suposto monstro verde. Tinha que ser rápida, inteligente e eficaz pois alguns jornalistas já circundavam o local, logo, logo os Vingadores ficariam a par das últimas ocorrências.

— Não o posso paralisar com a minha voz, pois se o fizer paraliso todos aqui presentes, e pensando bem nem sei se os meus poderes resultam contra as especificidades do seu modificado organismo, tenho que o enfrentar à distância, apenas me aproximo em momentos estratégicos. – Pensava a morena, enquanto colocava dois meninos em segurança, evitando que estes fossem esmagados por um enorme bloco de cimento. – Saiam do caminho, eu trato disto! – Ordenou em voz audível aos polícias que desesperadamente tentavam algemar Hulk.

— Aqui corres perigo, vai-te embora miúda, não é altura de brincares aos heróis! – Ripostou um dos agentes irritado, empurrando a Vingadora contra uma destruída parede.

— Eu não sou uma miúda, sou uma Vingadora! – Gritou a Sereia indignada, dando um valente pontapé voador no maldito polícia. – A partir de agora eu assumo o controlo da situação, ordene aos seus homens que se retirem, agora!

— Certo, certo! – Concordou o agente amedrontado. – Quem precisa da polícia quando tem uma mulher por perto? – Pensou, à medida que gesticulava na direção da sua desordenada patrulha.

                Quando o cenário já estava limpo de agentes da autoridade, populares e outros seres, Diana avançou cautelosamente na direcção de Hulk que se divertia a saltar de telhado em telhado, atirando pelos ares diversas e pesadas telhas, estava furioso.

— Hey grandalhão! – Chamou a morena em voz alta tentando captar a atenção da fúria verde. Conseguira, de imediato aqueles olhos raiados e sedentos de sangue voltaram agressivamente para si. – Vamos brincar para outro lugar, anda! – Exclamou, dando um valente pontapé na criatura.

— Hulk esmaga! – Berrou o transfigurado Bruce Banner, avançando furtivamente atrás da frágil Vingadora.

— Tenho a certeza que não queres fazer isso em frente de crianças, normalmente esses filmes são para maiores de dezoito! – Exclamou Diana, mascarando o seu tremendo receio com diversão, apanhara aquele jeito com o Homem Aranha. – Vamos fazer uma corrida? Já sei que vais ganhar, mas mesmo assim quero tentar. – Brincou, correndo em círculos, contudo o monstro não estava a achar graça a todas aquelas acrobacias, pegou um enorme sinal de trânsito atirando contra a adolescente que se desviou por uma unha negra. – Bolas tu levas a competição muito asserio! – Exclamou. - Tenho que o tirar daqui, se continua a destruir tudo o que lhe aparece à frente a este ritmo alucinante daqui a pouco não resta nada. – Analisou com preocupação, ao mesmo tempo que evitava uma nova investida. – Hey amigo, vamos dar um mergulhinho?

                Diana correu a tremenda velocidade, sentindo uma forte pontada aguda no peito, tinha consciência que se abrandasse ele lhe colocaria aquelas mãos descomunais em cima, e aí estaria tudo perdido. Galgou diversas avenidas quase desertas, o alarme correra rápido pela cidade, dirigindo-se ao cais marítimo, aí a destruição seria certamente menor e não existiriam muitas vítimas a lamentar, era a sua única saída, tinha que continuar a correr.

                Finalmente, o porto marítimo almejou corajosamente os seus lacrimejantes olhos azuis, perdera as forças, os seus joelhos embateram dolorosamente contra a paisagem empedrada, estava tudo perdido, iria falhar novamente. Hulk precipitou-se violentamente no seu encalce, atirando-a fortemente contra um barco que pairava nas águas, Diana gritou de dor quando sentiu o seu braço direito ser esmagado no impacto. Tentou corajosamente erguer-se, o seu corpo tremia de dor e frustração, como podia desiludir daquela forma vergonhosa o Capitão América?

— Hulk esmaga! – Grunhiu a besta verde enraivecido, puxando Diana para o ar, jogando-a pesadamente no terreno de pedra, um fio injusto de sangue brotou amargamente do seu rosto.

                A Vingadora perdera temporariamente os sentidos, estava exausta, sangrava abundantemente, os seus frágeis ossos berravam agonizantes de dor devido aos sucessivos e violentos choques. A criatura começou a afastar-se dela, saltitando na direção da cidade, já não lhe interessava destruir a morena.

— Vá lá, soldado acorda! Vamos o treino ainda não terminou! – Falou a voz de Steve Rogers no dorido inconsciente da Vingadora.

— Cap, eu não consigo! – Murmurou a Sereia numa voz sumida.

— Tens um futuro brilhante à tua frente! – Exclamou a voz arrogante de Tony Stark.

— Tony, eu…

— Vamos formar uma dupla para dar uma sova nos vilões! – Incentivou a voz divertida do Aranha.

— Homem Aranha desculpa. – Pediu a morena tristemente.

— É o que faz aceitarem miúdas nos Vingadores! – Censurou a voz trocista de Wolverine.

— Eu não sou apenas uma miúda sou uma Vingadora! – Gritou a Sereia, abrindo os olhos com dificuldade. – Hey Hulk, onde pensas que vais, isto ainda não terminou! – Chamou determinada, atirando-lhe uma pedra.

                O monstro alterou drasticamente a sua rota a quando do embate da pedra, deslocou-se a uma velocidade tremenda, segurando Diana, que se erguia com extrema dificuldade, pelas costelas, apertando como um veneno mortal que consome a vida lentamente.

— Senhor Bruce, o senhor não é um monstro, o senhor consegue resistir a esta praga, vamos lá, entre no seu coração e compreenda a pessoa maravilhosa que realmente é. – Murmurou a Vingadora, sentindo o ar fugir-lhe como a água foge por entre os dedos. – Vamos acorde, encontre o verdadeiro Bruce Banner no seu interior, tenha coragem! – Incentivou, sentindo as trevas negras deslizarem pelos seus olhos azuis. – Resista por favor, o senhor não me quer matar, eu sei disso. – Insistiu, sentindo a sua vida ser sugada para o abismo no fundo do mar, iria morrer sem conhecer o seu pai, pelo menos morreria a defender a justiça que tanto acreditava, ele teria certamente orgulho nela. – O senhor é um Vingador! – Murmurou, sentindo a luz do dia ser sugada pela noite.

                Na mansão dos Heróis mais poderosos da Terra, as notícias chegavam em catadupa, todos estavam em pânico, sabiam as consequências drásticas que um ataque do Hulk causaria na alma de Nova Iorque.

— Tony neste jornal diz que um de nós esteve no local! – Exclamou Thor, folheando rapidamente um jornal.

— Quem foi? - Perguntou a Vespa curiosa.

— Não existe uma identificação precisa. – Explicou o Deus do Trovão preocupado.

— Tony as imagens já chegaram? – Questionou o Arqueiro alarmado, sentindo o seu coração apertado.

— Mesmo agora, já estou a analisar as informações, dá-me um segundo Gavião. – Respondeu Stark dentro da sua armadura blindada. – Oh meu deus! Ela por esta altura já estará morta! – Exclamou horrorizado.

— Quem? – Perguntaram os restantes Vingadores em simultâneo.

— A Sereia. – Desvendou o homem de ferro em choque. – Eu vou resolver isto, fiquem aqui, se eu precisar de reforços comunico, mantenham-se atentos! – Ordenou, saindo a grande velocidade por uma janela aberta. – Mantem-te viva, estou a chegar! – Pedia com todas as suas forças, seguindo as coordenadas que lhe eram indicadas.

— Não acham melhor informarmos o Cap? – Perguntou Clint nervosamente, caminhando de um lado para o outro para grande irritação dos seus companheiros.

— Ele está ocupado com assuntos da S.H.I.E.L.D, nós cuidamos deste assunto. – Respondeu o Falcão apreensivo, ele agora era o responsável por Diana não iria falhar, o Capitão confiara nele, não iria desapontá-lo, Stark trá-la-ia em segurança.

                Conseguirá Diana escapar pela segunda vez da morte certa? Conseguirão as corajosas palavras da morena penetrar na grossa cortina de raiva e almejarem o coração de Bruce Banner? Chegará Tony Stark a tempo? Com que se deparará o Homem de Ferro?


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