Ondas de uma vida roubada escrita por Maresia


Capítulo 26
Clint Barton




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                Os famintos jornalistas apinhavam-se como loucos, mirando como profissionais de guerra Steve Rogers, Diana e Clint, disparando furiosamente as suas potentes e viciadas máquinas fotográficas, captando o maior número de ângulos possível. A adolescente corava violentamente como se fosse submetida a um tratamento numa sauna fervilhante, nunca gostara muito de ser o centro das atenções, mas desta vez era necessário, visto que o seu bom nome estava em causa, só tinha que cumprir as instruções dadas pelo Capitão e tudo correria bem.

— Nunca pensei apertar a mão de tal marco nacional, senhor! – Exclamou a morena em tom tímido, apertando calorosamente a mão de Steve que sorria.

— O prazer é todo meu, nunca conheci, nos dias de hoje, uma adolescente que colocasse a sua própria vida em risco para salvaguardar a vida de centenas de pessoas, continua assim, o mundo tem uma grande escassez de pessoas íntegras como tu. – Felicitou Rogers honestamente, aquele discurso fora planeado, ensaiado, contudo ele sentira cada palavra que prenunciava bater no seu coração.

— Obrigada senhor. – Agradeceu a Vingadora sorrindo.

— Gostariam de dar uma palavrinha para o nosso jornal? – Perguntou uma jornalista muito bonita, usando um apertado vestido vermelho.

— Já disse tudo o que tinha a dizer, desculpem. Penso igualmente que a nossa amiga Diana também já não tem declarações para prestar. – Respondeu o Capitão América, olhando a Sereia com ar interrogativo, esta assentiu com a cabeça, estava ansiosa por retornar à paz do seu lar.

— Só umas perguntinhas! – Insistiu a repórter indignada, contudo Steve e a morena já caminhavam para bem longe da epidemia jornalística.

— Se quiseres dou-te o meu número de telemóvel! – Ofereceu Clint sorrindo, todavia a jornalista voltou-lhe costas. – Espera lá, eu levei uma tampa em directo, Clint, tu és bom! – Exclamou, dirigindo-se ao pequeno refúgio onde Steve e Diana dialogavam em sussurros.

— É melhor não irmos juntos até à mansão dos Vingadores, vemo-nos mais tarde. – Preveniu Rogers, perlongando o seu campo de visão, a fim de evitar intrusos.

— Certo, até logo. – Despediu-se a Sereia, avistando Peter ao longe. – Peter! Peter! Ainda bem que te encontro. – Exclamou, correndo até ele.

— Nem imaginas na alhada que estás metida, estão praticamente todos contra ti. – Avisou o herói em tom preocupado.

— Já estava à espera disso, mas depois de verem as notícias mudarão automaticamente de ideias, acredita no que eu te digo. – Tranquilizou-o a morena, acenando ao professor de música que lhe sorria amavelmente. – Como é que te safaste do outro russo? – Perguntou, curiosa.

— O Homem-Aranha deu uma mãozinha, ou melhor dizendo umas teiazinhas! – Exclamou Peter em voz baixa, sorrindo de satisfação. – Encontraram-no desmaiado na casa de banho dos rapazes, pobre coitado! – Explicou, os dois jovens riram á socapa.

— Esta história toda amanhã fará as delícias da primeira página com certeza. – Sugeriu Diana, caminhando até ao seu carro.

— Vamos ver quem consegue mais “elogios”, tu ou o Homem-Aranha, que competição renhida! – Brincou o herói, entrando na viatura.

                Nessa noite, a Vingadora dirigiu-se à enorme mansão dos Heróis mais Poderosos da Terra, queria comentar o sucedido com os seus companheiros de luta, queria-lhes dizer que finalmente sabia onde era o seu verdadeiro lugar. Entrou a passada larga através da cheia sala de estar, onde alguns heróis ocupavam os seus tempos livres. Clint sorria triunfante, enquanto atentamente observava um qualquer programa na T.V, na companhia de Scott Lang. Tony Stark, sentado numa poltrona, com a língua entre os lábios, lia uma chata revista de economia, puramente concentrado. Thor jogava divertido xadrez, tentando derrotar o inteligente Bruce Banner, que graça! Porém, Steve parecia não estar ocupado com nada, vendo a jovem, levantou-se do seu sofá e caminhou até ela.

— Como estás? – Perguntou em voz baixa, saindo na companhia de Diana para o exterior fresco, sentando-se num banco.

— Mais leve. – Respondeu a morena de forma enigmática, sentando-se junto do primeiro Vingador.

— Isso quer dizer, o que eu estou a pensar? – Perguntou Steve curioso.

— Sim, quer. – Desvendou a Sereia sem se alongar, há muito que as palavas deixaram de ser necessárias entre eles dois.

— Fico feliz, mesmo muito feliz. – Confessou Rogers, observando uma pequena onda que se formava na piscina.

— Cap, em relação áquilo que tu disseste sobre o patriotismo Americano, acho que interpretaste de forma errada as minhas reais intenções. – Afirmou a morena pensativa, tocando sem querer na mão de Steve.

— Tens alguma coisa contra o senso de patriotismo que possuo? – Questionou o soldado confuso, não estava à espera daquela revelação.

— Não, claro que não, respeito todas as ideologias, desde que respeitem igualmente as minhas. – Respondeu rapidamente, não queria parecer arrogante aos olhos daquele homem maravilhoso, que de uma forma ou de outra mudara radicalmente a sua vida e forma de pensar.

— Tem calma, não te estou a acusar de nada. – Garantiu Rogers em tom amável, passando a mão pelos cabelos achocolatados.

— Para mim a bandeira, o hino e as altas patentes governativas não estão acima do povo, que na minha franca opinião é a grande base da sociedade. – Explicou Diana sem rodeios, sabia que Steve, melhor do que ninguém a entenderia e jamais condenaria as suas índoles sociais.

— Eu compreendo, acredita que compreendo, faziam falta pessoas como tu no tempo em que decorria a Segunda Grande Guerra, talvez não houvesse tantas vítimas. O que tu fizeste hoje foi um acto de coragem pouco alcançável pela maioria das pessoas, darias um bom soldado, tal como ele… - Steve interrompeu a frase, o seu rosto escurecera, banhado pela tristeza e pela insuportável dor de perder alguém querido.

— Cap! Cap! Estás bem? – Inquiriu a Vingadora preocupada, pousando-lhe a mão sobre o ombro, onde o tempo amarava com um peso brutal.

— Sim, claro. – Mentiu Steve mordendo ligeiramente o lábio, sabia que Diana conhecia a verdade, mas não era a melhor altura para falar sobre recordações passadas.

— Se precisares de alguma coisa eu estou aqui Steve. – Afirmou Diana, sabia que ele era demasiado casmurro para desabafar, contudo o dia haveria de chegar.

— Eu sei disso. – Confirmou Rogers, aceitando prontamente o abraço que a Vingadora docemente lhe estendia.

                Perderam a noção dos minutos que ficaram ali abraçados, refugiados na imensidão distante dos seus corações, deixando os seus espíritos voarem para longe, onde o azul reina acima de qualquer outra cor, separando-se das suas pesadas e sofredoras lembranças, jogando-as num abismo dourado, transformando-as em alegria, amor, esperança e luz. Algumas lágrimas de açúcar e mel, brotaram daqueles olhos incrivelmente marinhos, purificando as suas almas traídas pelo tempo, pelo destino e pelas incorretas decisões. Tinham plena consciência que o tempo passava, ele nunca dá tréguas, não se queriam separar, pois possuíam a nítida sensação de que o universo se desmoronava, se se largassem.

— Diana querida, não sabia que estavas cá! – Exclamou a voz cortante de Tony Stark, avançando furtivamente até aos dois heróis.

— Tony! – Gritou a Vingadora assustada. – Vim dizer ao Cap que quero continuar nos Vingadores, não imagino a minha vida sem vocês. – Explicou, envergonhada por Tony a ter encontrado em tal situação, ele não compreenderia.

— Que grande explicação! – Disse o milionário cinicamente, fitando Steve com cara de poucos amigos, no entanto este aguentou o olhar sem pestanejar. – Ainda bem que voltaste, tenho uma missão muito importante para ti. Amanhã, depois das aulas, quero que venhas até cá para arrumar alguns arquivos, há quinze anos para cá que ando com preguiça, porém os dossiês estão caóticos, preciso mesmo da tua ajuda. – Esclareceu, voltando costas e retornando a entrar na casa.

— Fogo Tony! – Retaliou a Sereia mal-humorada.

— Ele tem um feitio complicado, é melhor que não o contraries, deixa isso para mim. – Brincou Rogers, erguendo-se e seguindo as passadas do Homem de Ferro.

                Nessa noite, Diana teve diversos e tenebrosos pesadelos, estava ansiosa com a chegada do dia seguinte, sabia que teria de enfrentar comentários maliciosos, discriminadores, venenosos e altamente injustos relacionados com os bem recentes acontecimentos, sabia que por mais inocente que estivesse tinha consciência que existiam pessoas que jamais deixariam cair em esquecimento a sua suposta e encenada traição, tinha que ser forte e positiva, só assim conseguiria vingar perante aquela sociedade incrivelmente preconceituosa e julgadora.

                No dia seguinte, a Sereia tomou o pequeno-almoço na companhia de Clint e Janet, completamente em silêncio, não sabia o que dizer, pois de cada vez que dialogava com o Arqueiro as coisas não corriam muito bem, os pensamentos daquele último encontro ainda pesavam na mente da morena, só o tempo poderia ajudá-la a ultrapassar aquela embaraçante situação.

— Até logo! – Despediu-se em voz sumida, segurando a sua mochila e dirigindo-se ao elevador, maldito gelo!

                Peter junto do apinhado quiosque aguardava pensativo a chegada da sua amiga, com sorte esta não chegaria atrasada. Segurava na sua mão um jornal intitulado, “Clarim Diário”, onde na primeira página brilhava uma enorme foto do Homem-Aranha, ilustrando um odioso título garrafal, tornara-se rotineiro

— Bom dia Peter! – Saudou a Vingadora de forma inesperada, surpreendendo o seu melhor amigo que a olhou com uma expressão interrogativa.

— Bom dia, olha para isto. – Disse o herói irritado, mostrando-lhe o jornal.

— Mas que porcaria é esta? – Perguntou Diana indignada, pegando o jornal e começando a ler. – “Homem-Aranha aliado à bandeira Russa”. – Leu o título. – “No dia de ontem, na escola secundária de Queens, ocorreu um sequestro nunca antes visto. Um grupo de russos fortemente armados atentaram contra a vida de centenas de alunos e professores, pondo em causa o infalível sistema de segurança das empresas Stark. Informações fornecidas por fontes credíveis assumem existirem provas sobre o envolvimento do perigoso e perturbado Homem-Aranha neste atentado de segurança pública. O nosso jornal tem o dever e o prazer de sensibilizar a população para os riscos que esta aberração aracnídea simboliza para a nossa civilizada sociedade. É este o herói que querem que proteja a nossa integridade física e psicológica? Depois de algumas horas de grande terror, caos e insegurança uma brigada de intervenção rápida tomou o controlo do caricato sucedido, acabando por deter os invasores, não existem vítimas a lamentar.” – A Sereia terminou a leitura daquela odiosa notícia com a irritação demarcada no seu doce rosto, não queria acreditar no que os seus olhos viam, tinha que fazer alguma coisa para colocar fim àquelas calúnias sem fundamento. – Este jornal é uma farsa nojenta, não ligues Peter. – Proferiu com simpatia, sabia que o seu amigo, apesar de estar aparentemente tranquilo, fervia de indignação.

— Eu simplesmente não ligo. – Desabafou o Aranha, fazendo sinal para que iniciassem o caminho até à escola.

— Ele não pode continuar a tratar-te como um maníaco, não pode. – Retaliou a Vingadora, ignorando alguns comentários maldosos que alguns rapazes faziam a seu respeito a quando da sua passagem.

— Não podemos fazer nada, eles estão protegidos pelo direito de liberdade de expressão. – Explicou o herói em voz baixa, pois a multidão estudantil tornara-se mais densa e não queria chamar a atenção de pessoas indesejadas para aquele delicado assunto.

— Depois vemos isso. – Afirmou a morena em tom calculista, entrando na sala de literatura, virando costas a mais uma torrente de comentários injustos e falaciosos.

— Olá Diana, como estás, eu e os meus pais vimos-te nas notícias, que máximo, tu apertaste a mão do Capitão América, meu Deus! – Exclamou Tatiana entusiasmada, segurando a morena pelo ombro. – Como foi? Conta-nos, vá lá! – Implorou, abanando a sua amiga. – Ele é assim tão giro como dizem? – Perguntou.

                Mas que raio de pergunta era aquela? Pensou Diana incrédula, apesar de estar diariamente com Steve nunca reparara bem na sua aparência física, isso não importava, ele era ótimo, um bom homem, corajoso e simplesmente único.

— Foi normal, mesmo normal. – Respondeu a Vingadora sem dar grande importância ao teor do diálogo. – Ele é muito simpático e justo, mas não te posso dizer mais nada porque também não sei. – Explicou.

— Mas tu estiveste pertíssimo dele, vá lá responde à minha pergunta, eu sou fã dele, ou melhor eu sou completamente apaixonada por ele! Responde, não me faças isto! – Pedia a rapariga em voz estridente, enquanto Diana se encaminhava para o seu lugar.

— Eu não sei mesmo. – Retorquiu mal-humorada, era só isto que lhe faltava, uma adolescente louca, apaixonada pelo Capitão América. Teria ela razões para tal comportamento? Seria Steve assim tão giro?

— Meninos vamos a sossegar! – Gritou a professora Sophia em tom simpático, era uma mulher velhota, de porte atarracado e com um rosto incrivelmente doce, era impossível não gostar dela.

— Graças a Deus que chegou! – Pensou a Sereia aliviada, retirando os seus materiais da mochila.

                No fim da tarde, Diana e Peter saíam apressados da biblioteca local, precisaram de ir até lá para requisitarem uns livros sobre civilizações egípcias, iriam realizar esse trabalho juntos como já era hábito. Pelo caminho, passaram junto da sede do “Clarim Diário”, o que despertou de certa forma a indignação adormecida dentro do coração justiceiro da Vingadora, esta parou junto da porta, retirou o jornal que mais cedo guardara na mochila, rasgou a primeira página, dobrou-a com cuidado e passou-a a Peter sem qualquer palavra.

— O que vais fazer? – Questionou o Aranha apreensivo.

— Já vais ver. - Respondeu Diana de forma misteriosa, retirando uma caneta do seu estojo. –

                “Sim, é este o herói que queremos a proteger as nossas ruas!”, escreveu a tinta permanente no vidro da porta, depois pegou de novo na folha dobrada e colocou-a no degrau.

— Tu só podes ser louca! – Comentou o herói em voz sumida, começando a correr atrás da sua amiga.

— Se loucura é sinónimo de justiça, então não me importo com isso! – Exclamou a Sereia ofegante. – Bem, agora tenho trabalho para fazer na mansão, maldito Tony! Hoje tenho que faltar à aula de dança! – Resmungou, avistando a pilha de documentos que tinha de organizar.

— Boa sorte! – Desejou o jovem, temendo pela saúde mental da sua amiga.

                A Sereia entrou vagarosamente na sala de arquivos indicada por Tony Stark, tapou a boca com a mão, a fim de evitar um enorme grito de surpresa, que confusão descomunal! Pegou numa quantidade gigantesca de dossiês, organizando-os por temas, seguindo a ordem alfabética, depois dividiu os gigantescos montes de papelada em pequenas pilhas para facilitar a sua leitura e posterior arquivação. Depois de algumas horas de árduo e aborrecido trabalho, já conseguira limpar a maior parte das prateleiras e mesas que cobriam a divisão, só faltava organizar as fichas de identificação de todos os heróis com quem Stark se cruzara, ou apenas tivera conhecimento que existiam.

— Clinton Francis Barton! – Leu em voz alta, pegando um dos poucos documentos que estavam na sua frente. – Gavião Arqueiro, mestre na utilização de arcos e setas, sem qualquer tipo de poder sobre-humano, dotado de um eficaz estilo de luta corpo a corpo. – Analisou com atenção.

                De súbito, largou pesadamente a pasta do arquivo dos heróis com força sobre a secretária e correu enfurecida até á sala de estar, todos a olharam confusos, não compreendendo aquela estranha atitude.

— Clint, precisamos de falar! – Exclamou enraivecida, encarando aqueles olhos traquinas, não iria suportar mais uma traição.

— O que é que eu fiz? – Perguntou o Gavião atónito.

— Estás tramado, pá! – Zombou Scott deliciado, ele era muito amigo do Arqueiro mas adorava vê-lo encavado por uma miúda.

                O mestre das setas seguiu a Sereia até à sala de arquivo, sentia o seu coração bater descompassadamente, sentiu o medo de a voltar a desiludir crescer em todas as veias do seu corpo. Diana entrou, segurando a porta para ceder a passagem ao louro, depois fechou-a com estrondo.

— O que se passa? – Interrogou o Arqueiro confuso, encostando-se à secretária.

— Quero saber o que é isto? – Perguntou a jovem, espetando na cara do Gavião o documento.

— Isto é a minha ficha de identificação, todos nós temos uma! Olha, aqui está a do Thor, a da Mulher Hulk, a da Miss Marvel, a da Vespa… - Enumerou ainda mais confuso, remexendo na pasta.

— Eu sei o que é, não sou burra, sabes? O que eu quero saber é porque é que nunca me contaste? – Gritou a morena colérica.

— Mas tu sabes que eu sou um Vingador! – Ripostou Clint absorto com aquele demente comportamento.

— Tu não gozes com aminha cara, Clint Barton! – Ameaçou a Sereia, tremendo ligeiramente. – Porque é que nunca me contaste que tinhas sido tu a levar-me naquele dia à presença do filho da mãe do Fury? – Explicou.

— Eu pensei que soubesses, não dei grande importância a isso, desculpa. – Defendeu-se o Arqueiro.

— Como é que eu poderia saber, nunca me disseste qual o teu apelido, naquele dia ele apenas te chamou de Barton, e caso não te lembres tinhas o rosto oculto! – Ripostou a Vingadora, arrancando a folha da mão estática do herói, pousando com força em cima do tampo da secretária.

— Desculpa, eu não sabia que desconhecias esse pormenor, desculpa! – Exclamou Clint sinceramente, tentando abraçar a morena.

— Não te atrevas a tocar-me! – Retaliou Diana, não iria cair na canção do bandido.

— Vá lá, não fales assim comigo. Eu juro que não sabia, juro mesmo. – Prometeu o Gavião, quebrando a distância que Diana criara entre eles. – Tenho andado preocupado contigo desde ontem. Como estás? – Perguntou, pegando-lhe de forma imprudente na mão.

— Estou ótima, aqueles russos não me assustam. – Garantiu a Vingadora um pouco mais calma, talvez ele estivesse mesmo a dizer a verdade.

— Tu foste muito corajosa, sabes, a tua atitude só vem a comprovar o que eu tenho vindo a pensar. – Confessou Clint sorrindo docemente.

— O que tens tu andado a pensar? – Perguntou a morena curiosa.

— Que tu és muito especial. – Revelou o Gavião em voz baixa, acariciando-lhe o rosto com as pontas dos dedos.

— Pois sou tão especial como a senhora que faz limpezas no teu prédio, como a menina da loja dos crepes, como a ruiva do café da esquina, como a loura da loja de perfumes…

— Tu não te vais calar pois não? – Perguntou Clint deliciado, adorava cenas de ciúmes.

— Eu tenho razão, tu dizes o mesmo a todas, lixa-te! – Ripostou a Vingadora energicamente.

— Sim, é verdade, todavia não faço isto a todas. – Disse Clint, puxando Diana para os seus braços, depois sem aviso prévio encostou os lábios aos da adolescente.

                Ficaram ali, com os lábios unidos pela fina linha da irritação, adoração e desejo, ela sabia que estava errada toda aquela entrega, contudo não conseguia resistir àquele encanto traquina, adorava aqueles lábios com sabor a menta fresca. O Arqueiro sentou-se sobre a mesa, segurando Diana pela cintura sentando-a a seu colo, esta encostou-se a ele, não o queria deixar fugir.

                Alguém junto da porta, pigarreou alto, anunciando a sua chegada. Scott Lang observava a cena com um sorriso triunfante nos lábios, o seu instinto nunca o enganava.

— O que se passa aqui? – Perguntou em voz alta, fingindo não ter visto o que acontecera.

— Nada, estou a ver esta revista de cosmética. – Explicou Diana atarantada, será que ele sabia?

— E precisavas do Clint para ver essa revista? – Perguntou o Homem Formiga, reparando que o catálogo estava de pernas ao ar.

— Claro que não, precisava que ele me esclarecesse aqui uma dúvida sobre a sua ficha de identificação. – Mentiu a morena corando violentamente.

— Ah! Foi isso! – Exclamou Scott cinicamente.

— Quando encontrares o perfume que te pedi, avisa. – Pediu Clint, numa tentativa de aligeirar o clima. – Mas tem atenção ao que escolhes, tem que ser um que exalte o meu charme natural!

— Já encontrei, eles apresentam aqui um com uma óptima fragância a xixi de cão, é perfeito para ti, não achas! – Provocou a adolescente, Scott riu com prazer, contudo o Arqueiro não achou nenhuma piada, saiu da sala de rompante com cara de poucos amigos, murmurando algumas palavras que os dois heróis não compreenderam.

— Tenta ser mais querida com ele. – Pediu o domador de formigas sorrindo.

— Nunca! – Exclamou a Sereia duramente.

                No fim da aborrecida tarefa cumprida, a Vingadora procurou Stark para o informar que já estava tudo organizado, depois dirigiu-se á sua casa, queria estar sozinha, queria pensar em todos aqueles acontecimentos, queria refletir sobre o seu estranho e impensável envolvimento com o Gavião, seria possível? Pensava enquanto comia uma fatia de bolo de iogurte, estava cheia de fome.


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