Ondas de uma vida roubada escrita por Maresia


Capítulo 25
Grito patriota




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                Tony Stark divagava entre os seus diversos ecrãs de segurança, remexendo as mãos de forma nervosa, normalmente era um homem calmo, tranquilo e extremamente contido no que diz respeito às suas emoções, porém algo alterara o seu sistema nervoso, tornando-o caprichoso e incontrolável, deixara cair os seus habituais pensamentos lógicos no profundo buraco da preocupação, olhava com azedume a sua décima chávena de café vazia. Thor caminhava em silêncio de um lado para o outro, não retirando os seus lindos olhos azuis das imagens que arrogantemente refletiam o panorama vivido na escola de Queens.

— Gostava mesmo de saber quem é o outro herói que frequenta esta escola! – Exclamou Stark num sussurro audível, tamborilando com os dedos na superfície polida da sua organizada secretária.

— Talvez a Diana te diga quando isto tudo terminar. – Sugeriu Thor maldisposto, não dando grande importância à conversa, como é que Tony se podia interessar pela identidade de um qualquer herói numa situação daquelas.

— Duvido, ela é demasiado leal para desvendar tal segredo, ainda mais se eles forem amigos. – Respondeu o milionário distraidamente, fitando a entrada dos fundos.

                No interior da sequestrada sala de convívio, Peter remexia-se discretamente no chão de mosaico claro. Levantando ligeiramente a cabeça, fitando com atenção o único russo que ficara responsável pela guarda e controlo dos docentes e alunos, seria uma brincadeira de crianças, já estava ganho, seria como comer um apetecível prato de canja! Pensou enquanto colocava o seu plano em prática.

— Hey rapaz estar quieto! – Ordenou Ivan mal-humorado, detestava fazer trabalho de babysitter.

— Estou aqui com um problemazinho! – Explicou o herói, agarrando-se á barriga.

— Que problemazinho teres tu? – Perguntou o russo irritado.

— Preciso de ir à casa de banho rapidamente. – Praguejou o Aranha, sorrindo internamente, esta desculpa resultava sempre.

— Não poder deixar sair ninguém daqui. Fazer xixi nas cuecas se quiser. – Disse Ivan sem ligar aos protestos do herói.

— Ok, então preparem-se para morrer afogados num rio muito poluído, assim de um tom amarelo e malcheiroso, a escolha é vossa! – Provocou o jovem.

— Estar bem, estar bem, Ivan ir contigo. Não querer confusão, nem barulho, se não… - Ameaçou, baloiçando perigosamente a sua arma banhada de sangue e morte.

                Os dois caminharam em profundo silêncio até á casa de banho mais próxima, Ivan olhava passo sim, passo não para trás controlando a multidão que continuava deitada no chão. Peter abriu de rompante a porta rabiscada com mensagens de amor, outras de ofensa e outras ainda, que de tal modo mal escritas que se tornavam impossível a sua leitura, entrou seguido de perto pelo russo que praguejou algo tão confuso como as letras desenhadas à pressa na porta.

— Despachar! – Ordenou, batendo com a arma num dos lavatórios brancos, fazendo com que diversos estilhaços de louça cobrissem a superfície de azulejo.

— Não te admires se receberes uma conta em casa por danos causados à propriedade escolar, é lixado mas funciona assim!

— Ser muito engraçadinho. – Cuspiu Ivan sem paciência, seguindo Peter até um dos pequenos e sujos cubículos.

— Olha, quero que saibas uma coisa, vou acusar-te de assédio, não gosto que me estejam a observar enquanto faço as minhas necessidades biológicas, e atentando que sou menor, talvez tenhas uma pena mais longa. – Brincou o herói sorrindo maldosamente perante a irritação gravada no pálido rosto do soviético, dando-lhe um valente murro na cara, fazendo com que este se desequilibrasse, porém a parede atrás de si amparou-lhe duramente a queda. Um enorme som metálico percorreu estridentemente a calmaria e o silêncio escolar no momento em que a arma caiu pesadamente no chão da casa de banho. – Um a zero, ganho eu! – Exclamou, atingindo o inimigo com um ataque combinado de pontapés, que atiraram Ivan pelo chão. Este segurou Peter pelos pulsos, tentando puxá-lo para baixo, porém este resistiu à fraca força do russo sem qualquer dificuldade. – Quem comanda a dança sou eu, e eu não quero ir para aí, nunca tiveste aulas de dança? Quem comanda é sempre o homem, meu. – Provocou, disparando várias teias de aranha que sufocaram Ivan, prendendo-lhe a traqueia, este caiu num pesado sono arrepiante. – Que menina! Dorme bem! Já não se fazem vilões como antigamente, bolas! – Barafustou, enquanto pegava na arma do russo, dirigindo-se rapidamente até á janela quebrando com força o vidro, vamos lá nós compreender a mente de uma aranha!

                Peter correu até à sala de convívio, pedindo para que a missão de Diana estivesse a correr tão bem, ou melhor do que a sua. Estava pronto para uma grande encenação teatral que certamente esgotaria as bilheteiras, ao longo do tempo tornara-se um ator extremamente profissional, digno de um óscar!

— Estamos salvos! Estamos salvos! Foi incrível deviam ter visto! Ele entrou pela janela e zás, o russo ficou ali com os pés para a cova! – Exclamava a plenos pulmões, vendo os seus colegas e professores erguerem-se do soalho frio com os rostos iluminados pelo doce prazer do alívio.

— Mas de quem é que tu estás a falar Peter? – Perguntou admirada a diretora do estabelecimento de ensino, cruzando quase a correr a distância que a separava do adolescente.

— O Homem Aranha! – Explicou Peter, sentando-se numa cadeira.

— Talvez seja melhor ficarmos aqui, até novas ordens da polícia. Quem diria que a Diana tinha aquele mau génio todo, espero que pague pelo que nos fez! – Retaliou a professora Melina, tinha a seu cargo a disciplina de história, com rancor na voz.

— Ela explicará tudo quando isto terminar. Não acredito que vocês pensaram que ela se uniu aos russos, não acredito, ela é nossa amiga, vê-se mesmo que não a conhecem! – Reclamou o herói indignado com aquela triste atitude.

— Isso é trabalho da polícia, que eu saiba ainda não és nenhum inspector Parker. – Respondeu a diretora maldisposta.

— Sim, só eles poderão apurar e averiguar sobre a real verdade deste caso. Mas quero que saibam que eu acredito na Diana, até provas encontradas ela fez todo este teatro para salvar todos nós. – Proferiu com honestidade o professor Charles de música, sempre simpatizara muito com a morena.

— Obrigado professor, ela vai gostar de saber que alguém acredita nela. – Agradeceu o herói, vendo refletidas nos rostos de todos os presentes as tormentas pelas quais Diana seria obrigada a passar, mas ele estaria ali, sempre a seu lado, sempre.

                Clint adentrava pelo corredor dos fundos, lançando o grupo de raptores no mais profundo alvoroço, estes moviam-se sem direção ou destino, chocando por vezes uns contra os outros, tal era a desorientação. Diana permanecia encostada à parede, nunca ficara tão feliz por ver o Arqueiro.

— Ninguém me informou que iria haver um intercâmbio de estudantes, mas vocês não são demasiado velhos para alunos? – Zombou o Gavião alegremente, fazendo uma enorme rasteira no líder do gang que caiu de cara no chão. – Ah! Eu já sei, vocês queriam era ver umas miúdas giras, eu compreendo! – Disse, disparando umas quantas setas numa rabanada de mestria e exibicionismo.

— O que estás aqui a fazer? – Perguntou Diana incrédula com aquela atitude despreocupada que tanto a irritava.

— Vim salvar a princesa, as reclamações são dirigidas ao senhor Tony Stark. – Explicou Clint, deitando um dos russos em cima do seu líder. – Não sei se estás a perceber, mas acho que era uma boa ideia dares uma ajudinha!

— Certo, certo. Vamos a isto. Vieste sozinho? – Perguntou a morena surpreendida, enquanto desferia alguns mortais pontapés nos teimosos adversários.

— Vim com o Cap. – Respondeu o Gavião confuso, levando um valente murro do líder que se ergueu num rompante de fúria e indignação. – Cuidado isso dói meu, depois mando-te a conta da clínica de estética! – Retaliou aborrecido, sentindo um fino fio de sangue brotar do seu lábio superior, sem hesitar disparou uma das suas potentes setas que assertou no nariz do imprudente russo, ele não sabia com quem se estava a meter!

— Porque é que ele não entrou? – Perguntou a Vingadora esborrachando um dos soviéticos contra a parede com um dos seus joelhos.

— Acho que ele nos quis deixar sozinhos! – Exclamou Clint ofegante, sendo derrubado por dois inimigos. – Bolas, tenham calma eu chego para os dois. – Disse, utilizando com mestria o seu arco, lançando mais duas setas que almejaram as partes baixas dos dois russos. – Espero que gostem!

— Gavião pára com as graças, isto é uma missão, não é uma brincadeira! – Reprovou a Sereia em tom sério, sentindo os braços de dois oponentes rodearem-na com força.

— Qual é a diferença entre as duas? – Perguntou o arqueiro, virando-se de costas para a Vingadora, pois um dos intrometidos rufias tentava escapulir-se pela porta, má escolha amigo!

— Clint cuidado! – Gritou a Sereia alarmada. Os dois russos seguraram-na com força, erguendo-a rudemente do chão, jogando-a com crueldade contra o herói do arco. Esta numa tentativa desesperada de não embater com tremenda força no pavimento, fez uma perfeita espargata em pleno ar, aterrando sem receio nos fortes ombros do Gavião. – Desculpa, não tive escolha, o meu peso talvez causasse danos no soalho! – Brincou, corando violentamente.

— Nunca pensei que esta missão fosse tão interessante, depois lembra-me de agradecer ao Tony. – Declarou Clint divertido com a situação.

— Estúpido! – Retaliou a morena irritada, saltando por cima do herói, pousando delicadamente no chão à sua frente. – Vamos acabar com isto, de uma vez por todas! – Decidiu determinada, aquela luta infantil já durava tempo a mais.

— Sim, tenho que terminar o meu jogo da Sueca! – Concordou o Arqueiro sorrindo.

                O trabalho unido dos dois heróis deu frutos, terminaram com aquele pequeno conflito em menos de cinco minutos. Os seis russos arquejavam sangrando, deitados no chão, olhando os dois Vingadores com profunda repulsa, ódio e rancor. O líder da armada soviética ainda tentava a grande custo retirar a seta que Clint lhe enfiara na narina, grunhindo de ódio.

— Conseguimos! – Festejou a Sereia aliviada, finalmente aquele pesadelo chegara ao fim, e as certezas voltavam a crescer no seu coração, derrotando com bravura as manipuladoras dúvidas.

— Sim, conseguimos, já perdi as calorias que ganhei ao pequeno-almoço! – Brincou o Gavião sorridente, examinando um golpe que brilhava no fino braço da Sereia. – Talvez leve pontos, não sei. – Sugeriu. – Antes de iniciarem a vossa nova vida, gostaria de vos presenciar com um espetáculo digno dos grandes palcos de Hollywood! – Desvendou com mistério, Diana encarou-o de forma interrogativa. – Et voilá! – Exclamou energicamente, enquanto disparava uma única seta brilhante e muito polida, esta assertou num dos placares informativos, numa notícia de jornal onde o rosto doce e sorridente de Diana fazia manchete de primeira página, ilustrando um título muito garrafal. O que se seguiu após ao embate da seta com o papel foi memorável, artístico e impensável, os russos berraram de fúria no momento em que a bandeira dos Estados Unidos se materializava mesmo ali diante dos seus olhos famintos de sangue e tortura, nascida das profundezas da incrível seta.

— Tu ires pagar, isto não ficar assim! – Gritaram diversos membros da turma russa.

— Claro que não vai ficar assim, daqui vocês serão presenciados com uma estadia de luxo na prisão. – Explicou Clint orgulhoso da sua obra de arte. – Bem vamos chamar os polícias para levarem estes senhores ao seu hotel de cinco estrelas com visão panorâmica para as selas uns dos outros! – Proferiu, fazendo sinal à morena para que o seguisse.

— Aquela fotografia era minha! – Ripostou a Vingadora indignada, dando um valente murro no estômago do herói.

— Nem tinha reparado nisso. – Disse o Vingador maliciosamente. – Mantém-te nas minhas costas, isto está apinhado de jornalistas, eu e o Cap temos um plano, já te conto. – Explicou, fazendo sinal aos polícias para entrarem em ação. – Inúteis! – Murmurou enquanto a patrulha de intervenção rápida passava por eles.

                A pouco e pouco a multidão abandonava a escola, respirando de alívio, alguns pais alvoraçados corriam ao encontro dos seus filhos, abraçando-os e beijando-os, para grande vergonha dos adolescentes. Peter tentava encontrar a sua melhor amiga no meio daquela tremenda confusão, não estava a ser nada fácil. Os famintos jornalistas tentavam caçar informações verídicas, como um leão tenta caçar uma gazela, persistindo perante os amedrontados nãos prenunciados pelos assustados alunos. Porém ainda havia uma pergunta que pairava na mente dos mais analíticos e curiosos.

— Mas as informações que tínhamos é que eram sete sequestradores, contudo só capturamos seis deles, onde estará o outro? – Questionava-se um dos agentes presentes no local.

— Talvez tenha aproveitado uma pequena brecha para fugir. – Sugeriu um outro polícia.

— Não sejas estúpido Daniel, ele estava cercado. – Desaprovou o superior aborrecido pela incompetência dos seus subordinados.

                Steve Rogers corria por entre os profissionais de segurança, cobrindo a adolescente com o seu potente escudo, salvaguardando-a dos olhares dos mais impertinentes e metediços.   

— Obrigado por entoarem o poderoso grito do patriotismo Americano, estão de parabéns vocês os dois! – Agradeceu o Capitão orgulhoso daquela missão, que o fizera recordar tantas outras que jaziam enceradas no seu distante passado.


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