Mais que o Acaso. escrita por Thaís Romes


Capítulo 6
Uma ajuda do acaso.


Notas iniciais do capítulo

Oi amores.
Primeiro quero agradecer a todos os comentários e ao pessoal que favoritou a fic, vocês arrasam. Ah e a Sweet Begônia, eu já deveria ter te agradecido a muito tempo amiga, mas fica aqui meu muito obrigada por seu trabalho não remunerado, e simplesmente impecável!
Espero que curtam o capítulo!



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OLIVER

Existia algo magnético em Felicity Smoak, alguma coisa que não consigo entender, mas que me leva a querer escutar a voz dela no meio da noite ou quando estou no meio de uma das reuniões intermináveis com Tommy. E exatamente por isso, tento evita-la de todas as formas que posso, chegando e saindo mais cedo da empresa, fazendo pausas estratégicas para me desencontrar com ela e instruindo Diggle a inventar desculpas todas as vezes em que ela ligasse em meu ramal.

É claro que Walter adoraria o currículo dela, a mulher é praticamente um achado. Minha única reclamação é por não faltar nenhum dente, ou sei lá, ela cheirar mal. Qualquer coisa, que me fizesse não olha-la como a viúva gata do cara que morreu em meu lugar.

—Oliver, Tommy quer falar com você na linha dois, é urgente! –Diggle fala da porta que separa a minha sala da dele. Pego o telefone imediatamente.

‘Ah, Oliver. Oi.’ Obviamente não era o Tommy, não com essa voz linda.

—Felicity, oi. –respondo, olhando furioso para Diggle, que dá de ombros, saindo da sala.

‘O Sr. Still pediu que criasse uma planilha com os orçamentos previstos para suas contas.’ Começa a falar e me ajeito na cadeira, surpreso por ser algo de trabalho. ‘Na verdade, ele pediu para que criasse de todos, mas só falta revisar a sua...’

—Ah, claro. Vou pedir ao Diggle para ver isso com você. –respondo vago, tapando meus olhos com as mãos.

‘O Diggle... Tudo bem, você deve estar ocupado. Claro que está ocupado, você é um diretor, não tem tempo para ficar revisando...’ Posso sentir a decepção em sua voz, e aquilo me desarma.

—Quer saber, o que acha de ver isso em um almoço? –merda!

‘Seria ótimo!’ se anima imediatamente. ‘Quer dizer, um almoço, pode ser...’ tenta soar mais fria, o que me faz sorri encantado.

—Ótimo, nos encontramos em cinco minutos, na portaria?

‘Claro! Até lá, Oliver.’

—Até lá, Felicity.

Nem me dou ao trabalho de despedir Diggle pela milionésima vez, acho que faço isso todos os dias da semana e ainda assim ele aparece religiosamente em minha porta no dia seguinte. Tento ignorar a excitação que sinto enquanto desço até o saguão, ou o enorme sorriso que aparece em meu rosto quando a vejo de longe, de braços cruzados, escorada na porta. Felicity tinha seus cabelos soltos, e acho que é a primeira vez que a vejo com eles assim, sinto vontade de coloca-los para trás de seus ombros estreitos. Usava um vestido azul, de bolinhas brancas, que a deixava parecendo um boneca, só que mais bonita.

—Oi. –paro em sua frente, com um sorriso bobo nos lábios.

—Ei! –sorri simpática em resposta. –Está pronto?

—Sim, claro.

Nós caminhamos até um restaurante que fica a duas quadras da empresa. É um lugar agradável, com mesas postas na calçada, um bom atendimento. Trago Thea para almoçar aqui, ao menos uma vez na semana, principalmente quando as coisas estão corridas demais.

—Oliver. –Roy me cumprimenta com um sorriso simpático nos lábios, mas parece um pouco decepcionado ao ver que não era a Speed quem me acompanhava.

—Oi Roy, essa é Felicity Smoak. –apresento, indicando a mulher a meu lado que sorri para ele. –Felicity, esse é Roy Harper, ele tenta namorar a minha irmã a alguns meses! –Felicity solta uma risada divertida, ao ver o rosto vermelho de Roy.

—Não vá desistir agora! –aconselha, piscando para ele.

—Vou mostrar a mesa de vocês. –Roy diz, mas sorri para ela, como uma forma de agradecer pelo conselho. E nos conduz até uma mesa na calçada, que fica de frente para o parque e longe da movimentação constante de pessoas. –Aqui está. –entrega os cardápios. –Volto em um minuto, vai ser o de sempre Oliver?

—Para mim sim, e você Felicity?

—Eu? –parece confusa, tirando o rosto de trás do cardápio.

—O que quer beber? –Roy esclarece.

—Ah sim, um suco seria muito bom. –ela olha rapidamente o menu de bebidas. –Abacaxi.

—Certo, vou buscar. –Roy anota o pedido e sai em seguida.

—Bom, acho que é melhor te mostrar a planilha agora. –ela tira um tablet de sua bolsa, e coloca sobre a mesa, a minha frente. –Está bem simples, tudo o que precisa fazer é indicar o que for pedido. –aponta para algumas colunas em vermelho. –E vai ter o orçado.

—Nossa, isso está muito bom. –elogio impressionado. –Acho que vai diminuir pela metade as reuniões insuportáveis com a equipe.

—Fico feliz em ajudar. –diz com um sorriso de diversão, ao ver a sinceridade em meu desabafo. –Aqui estão seus valores. –passa para outra planilha já preenchida. –Tudo o que preciso é que confira cada um deles.

Tiro meu celular do bolso e abro meu arquivo com os contratos para bater os valores. Nesse meio tempo, Roy volta com os nossos sucos e recolhe os nossos pedidos. Não fico realmente impressionado pelo trabalho dela ser impecável, não dava para esperar menos. Quando Roy chega com a comida, já estava terminando de conferir, sem encontrar um único erro.

—Está perfeito. –falo, devolvendo o tablet a ela.

—Ótimo. –parece aliviada. –Se precisar de ajuda com ela depois, pode me procurar.

—Acho que entendi tudo. –sorrio, mas novamente vejo certa decepção em seu rosto. –Você está gostando do trabalho novo? –mudo de assunto, tentando mudar o clima que paira sobre nós. E dá certo, o rosto de Felicity se ilumina instantaneamente.

—É maravilhoso. O horário é perfeito, e nem vou te falar do salário. –sussurra em tom de segredo, me fazendo dar risada. –Desde o... divórcio. –ela limpa a boca com um guardanapo, mas seus olhos se entristecem de imediato. –Bom, as coisas complicam quando é só uma pessoa para criar dois filhos. E não falo da parte financeira, mas do tempo. É complicado conciliar tudo. Meu ex marido, tinha horários mais flexíveis que os meus e adorava reuniões. –ela revira os olhos como se fosse absurdo, e não posso deixar de me identificar. –Feiras de ciências, trabalhos dos escoteiros, qualquer coisa que as crianças desenvolvessem. –Felicity suspira, e toca o pingente em seu peito de forma involuntária. –É complicado manter o mesmo ritmo sem ele.

—Eu entendo. –falo, e ela balança a cabeça como se tivesse acabado de se dar conta da minha presença. –Como eles se chamam?  Os seus filhos?

—Wally é o mais velho, tem oito anos. –ela desbloqueia o celular, e o vira em minha direção, me mostrando o protetor de tela, que tinha a foto dos dois garotinhos. Wally tentava carregar com esforço o irmãozinho, que sorria contente, segurando os óculos no rosto. –Esse aqui. –aponta. –E esse é Bart, ele tem cinco anos.

—São lindos. –elogio. –Bart se parece muito com você. –comento devolvendo o celular para ela, e Felicity leva as mãos aos cabelos por impulso, como se quisesse os esconder.

—Na verdade, ele se parece com minha mãe. –murmura com uma careta. E me lembro de Barry dando risada ao falar sobre o garoto se parecer com a avó, por que a esposa na verdade pintava os cabelos. A lembrança me atinge como um soco no estômago. –E sua família, como é?

Conto a ela sobre minha mãe, a perda do meu pai, e meu padrasto Walter. Depois me dedico a descrever o quanto Thea é insuportável, o que a faz dar risada. O tempo passa muito rápido e antes que perceba já estava na hora de voltar. Caminhamos em silêncio, até a entrada da QC. Paro a seu lado para me despedir.

—Tem mais uma coisa que eu queria te falar. –Felicity me olha séria, e por algum motivo sinto todo o meu corpo gelar. –Preciso te dizer o quanto sou grata por ter me ajudado com esse emprego.

—Não foi nada. –dispenso seus agradecimentos. –Você o mereceu.

—Mesmo assim, eu sinto que te devo uma. –ela mexe na bolsa, tirando dois papeis de lá. –Eu tenho esses convites, para uma dessas aulas de culinária degustativa. –começa a explicar. –Eu sou horrível na cozinha, tipo, muito ruim. Meu marido quem cozinhava e sem ele agora, preciso dar um jeito. Dizem que as aulas são boas, é como fazer o próprio jantar, então se quiser...

—Quando vai ser? –interrompo, ela falava muito rápido, eu mal conseguia acompanhar.

—Sexta, as oito. –diz após um longo suspiro.

—Nossa. –faço uma careta forçada, me preparando para mentir. –Nessa sexta eu não posso, tenho um jantar com um cliente...

—Desculpe, Sr. Queen. –de onde raios esse homem surgiu?

—Você veio de onde? –Felicity dá voz a meus pensamentos, perguntando a Diggle que apareceu do nada, parado a nosso lado.

—Estou voltando do meu almoço. –responde. –Só quero informar que o compromisso de sexta-feira foi cancelado. –reviro os olhos, ele é inacreditável. Depois de arruinar minha mentira, continua caminhando em direção ao elevador tranquilamente.

—Então, eu te pego, ou nos encontramos lá? –pergunto a ela, encurralado.

—Nos encontramos lá. –responde, me entregando um dos ingressos. Percebo que pode ser seguro, me parece apenas um convite por gratidão. Deveria estar aliviado, mas não estou.

FELICITY

Quando chego em casa, escuto as gargalhadas de Bart vindo da sala. Tiro meus sapatos ainda na porta e me escoro na parede. É fácil demais me iludir em momentos como esses, mentir para mim mesma, como se nada tivesse mudado. E tem o Oliver, não sei até onde vai a gratidão e onde exatamente começa qualquer outra coisa. O que será que Barry me diria a respeito disso? Como seria a reação dele ao me ver seguindo com minha vida? É uma droga, por que junto ao meu marido, eu perdi também o meu melhor amigo.

Respiro fundo me recompondo, enxugo uma lágrima teimosa que escorria por minha face indo em direção ao barulho, me surpreendendo com o que vejo. Joe estava sentado no meio do sofá, com Bart em uma perna e Wally tentando ganhar espaço na outra, enquanto ele abraçava e os beijava.

—Oh meu Deus, Joe! –exclamo feliz, ele solta os garotos e eu corro para abraça-lo.

—Oi querida! –fala quando nos soltamos, nossos olhos brilham contendo com esforço as lágrimas que queríamos deixar cair.

—Como você está? E a Iris, ela também veio? –disparo, o fazendo soltar uma risada divertida, mas só piora as lágrimas que se acumulavam em seus olhos, eu o lembro demais do filho.

—Calma garota! –fala depois de um longo suspiro. –Eu estou bem, Iris não pode vir. Muito trabalho. Mas mandou uma coisa para você...

—Me diz que é uma daquelas tortas dela, com maçã? –fecho meus olhos imaginando, e mais uma vez Joe dá risada.

—Também, está na cozinha. –responde em meio ao riso, vai em direção ao casaco, de onde retira um envelope creme.

—Isso é o que eu estou pensando? –levo as mãos a boca, surpresa.

—O que é isso mamãe? –Bart pergunta impaciente, se agarrando a minhas pernas, me abaixo o levantando em meus braços e Joe faz o mesmo com Wally. Nós nos sentamos no sofá, para que eu conseguisse ler o convite. –A tia de vocês vai se casar com o Eddie. –conto aos garotos, que me olham sem entender minha emoção.

—Ela te quer como madrinha. –Joe acrescenta. –Pediu desculpas por não conseguir vir pessoalmente. Então, o que me diz?

—É claro que eu aceito. –murmuro, e escutamos a porta se abrir.

Sara e Ray entram de mãos dadas, com Ollie atrás deles. Os garotos correm para receber os tios, e principalmente o cachorro. Meus amigos cumprimentam Joe e conversamos um tempo, depois pedimos uma pizza, nem mesmo meu sogro se aventura a comer minha comida, seria cômico se não fosse trágico.

—Eu coloco eles para dormir. –Ray diz, se levantando afim de dar um tempo para Joe e eu.

—Vou ajuda-lo. –Sara me dá um beijo no rosto, antes de seguir o namorado.

—Tudo bem, venham aqui me dar um beijo. –respondo me virando para os meninos que já estavam quase dormindo na mesa, mas se recusavam a sair de perto do avô.

Wally se levanta sem protestos e me abraça, depois faz o mesmo com Joe, indo com Ray em seguida. Mas Bart choraminga pedindo ao avô que o coloque na cama, com algum esforço conseguimos convencê-lo e Sara o leva em seus braços.

—Eles são bons amigos. –Joe comenta. –Fico mais tranquilo por saber que tem pessoas que amam vocês por perto. –sorrio para ele, com tristeza.

—Sara e Ray são ótimos. –concordo. –Você e Iris também. –pego sua mão que estava sobre a mesa. –Gosto de ter vocês por perto, é quase como ter mais um segundo com ele. –Joe enxuga uma lágrima, beijando minha mão com carinho.

—Eu me lembro de quando Barry chegou em casa, dizendo que havia te pedido em casamento. –nós gargalhamos juntos. –Eu fiquei chocado!

—Nós tínhamos dezoito anos, ainda faltava mais um ano para nos formando no MIT. –completo. –Eu passei mal aquela semana toda, e quando não pude mais negar o inevitável comprei doze testes de gravidez e marquei um exame de sangue!

—Você sempre foi exagerada. –Joe implica divertido.

—Eu gosto de pensar nisso como precaução.  –corrijo. –Quando Barry chegou de sua última aula do dia, nosso AP estava cheio de testes espalhados por todos os cantos, e eu estava sentada no chão com os olhos vidrados, completamente desesperada! –solto uma risada. –Ele começou a ajuntar tudo, colocou todos os testes em uma caixa, se sentou a meu lado, com aquele sorriso lindo. –suspiro, me lembrando da felicidade no rosto dele. –E tirou a aliança que era da mãe dele da carteira. Joe ele estava carregando aquilo há um ano, para todo o lugar que ia!

—Barry nunca foi de mudar de ideia. –dá de ombros sem estranhar o gesto. –Quando me contou que iria se casar, eu perguntei se ele estava bêbado. Os olhos brilhavam, ele andava de um lado para outro, como se não conseguisse se conter. Nunca o vi tão feliz antes. –faz uma pausa, e eu suspiro saudosa. –Então Barry segurou em meus ombros e disse olhando em meus olhos. “Nós somos perfeitos um para o outro, Joe. E eu vou ser pai.”

—Eu amei seu filho, tanto. –falo, enxugando minhas lágrimas.

—E ele te amou de volta. Mas por que parece culpada ao dizer isso? –nunca adiantou nem mesmo tentar esconder nada de Joe, suspiro, me preparando para desabafar.

—Eu não sei se é certo seguir a minha vida, ou se devo esperar mais um pouco. Barry foi meu namorado do colégio, nós fomos para a mesma faculdade, nos casamos, tivemos filhos, e agora ele me deixou... –minha voz desaparece, e sinto os braços de Joe me envolvendo.

—Já faz mais de um ano Felicity, e sinto muito querida, mas ele não vai voltar. –choro em seu ombro. –Está tudo bem você seguir em frente, nada vai mudar. As lembranças dele continuaram com você.


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Notas finais do capítulo

Me digam o que acharam!
Bjnhos!