Mais que o Acaso. escrita por Thaís Romes


Capítulo 5
Uma oferta por acaso.


Notas iniciais do capítulo

Oi amores, espero que curtam o capítulo de hoje!



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OLIVER

Felicity me levou para uma costureira próxima aos Glades e não sei dizer como, ainda conseguiu me arrastar para uma sorveteria, usando essas calças horríveis. Agora estamos sentados tomando sorvete e esperando que ao menos meu paletó seja remendado. O que é ridículo, eu tenho dezenas em meu closet, mas vai eu explicar isso para a mulher a minha frente!

—Então Sr. Queen, o que afinal você quer comigo? –pergunta, com o interesse de uma criança no sorvete que comia. Respiro fundo, ela parece tão serena, talvez eu não deva contar sobre o marido agora, por Deus, ela nem mesmo consegue dizer que ele morreu.

—Eu faço parte da diretoria da QC, a empresa da minha família...

—Eu sei o que é QC. –me interrompe ainda com o olhar vidrado no sorvete, preciso segurar para não rir.

—Quer saber, podemos falar disso depois que você terminar. –brinco, ela ergue os olhos um tanto confusos por trás de seu par de óculos.

—O que?

—Seu sorvete, você parece empenhada em descobrir o pote de ouro no fim do arco-íris.

—Ou! –exclama colocando o copinho sobre a mesa, e enxugando a mão nas calças. –Me desculpe, é algo que meu marido fazia, e meus filhos acabaram aprendendo... –um sorriso doce aparece em seus lábios e vejo toda a emoção em seus olhos. –Quer dizer, ex marido, e ele ainda faz! –conserta, eu balanço a cabeça concordando. –Nós roubávamos o sorvete uns dos outros. Barry dizia que o gosto do dele era sempre melhor e que para comprovar, precisava provar do de todos. –ela dá uma risada curta, com os olhos perdidos em lembranças. –Ele acabava com nossos sorvetes! Não sei como ainda era magro, ele comia o equivalente a uma pequena cidade! –Felicity balança a cabeça suspirando. –Quer dizer... Ele ainda come.

—Claro. –sinto um aperto estranho em minha garganta.

—O Ollie, nosso cachorro. –específica, e esboço um pequeno sorriso. –Eu o comprei para o meu filho mais velho, logo após o... divórcio. –Felicity coça a cabeça. –Não tem um dia em que não me arrependa disso. –desabafa me fazendo rir. –Dá um trabalho imenso, isso por que ele fica com Sara e Ray a maior parte do tempo, por que se fosse só em minha casa, não sei se daria conta!

—Você comprou o afeto dele! –brinco, o que a faz sorrir relaxada.

—Quem me dera, tivesse sido isso. –murmura, mas depois volta a estampar um sorriso nos lábios. –Ainda não me disse o que quer, Sr. Queen.

—Primeiro, quero que me chame de Oliver. –ela assente. –E fiz uma pesquisa de mercado, estamos atrás de um novo supervisor para nosso departamento de TI, na QC. E eu andei pisando na bola no último ano. –digo o mais vago possível. –E você seria minha redenção, com minha mãe, eu digo. –explico, sobre seu olhar assustado. –O que me diz? Quer fazer uma entrevista?

—Na QC? –repete como se não acreditasse.

—Claro, onde mais seria? –franzo as sobrancelhas, a olhando abrir um sorriso doce.

—Tudo bem. Quando é a entrevista?

Chego em casa e encontro Thea arrumando minha cozinha. Preciso tirar um tempo e verificar o quarto de hospedes, para ter certeza se ainda moro sozinho nessa casa ou ela se mudou, e não teve nem mesmo o trabalho de me contar. Minha irmã me segue com os olhos, confusa por meu figurino novo.

—O que aconteceu, Ollie? –pergunta quando eu chego no topo das escadas.

—Um cachorro, que tem o meu nome, se zangou por que eu o chamei de Jesus. –respondo e vejo seu queixo cair em choque.

—Você bebeu?

FELICITY

—Não sei o que é adequado para essa entrevista, Sara! –reclamo jogando metade do conteúdo do meu guarda roupas em cima da cama, com a minha amiga parada, com a mão no queixo, enquanto analisava as opções que tínhamos.

—Eu gosto daquele vermelho. –Sara aponta para um vestido rodado, sem mangas, com um decote discreto.

—Mamãe, eu tô com fome. –escuto a voz de Bart que balançava, para frete e para trás, na porta.

—Eu também. –Wally concorda, parando emburrado atrás dele.

—Mas eu não acabei de colocar um prato de macarrão na frente de vocês? –olho confusa para os dois.

—Tá muito ruim, mamãe. –Bart faz careta, e vejo Sara prender o riso.

—Não vou comer aquilo! –Wally protesta firme e eu reviro os olhos procurando meu celular para ligar para algum delivery.

—Tudo bem, eu vou pedir a comida de vocês. –me dou por vencida.

—Eu te disse Fel, você precisa logo fazer algum curso. –Sara reforça, mas existe uma preocupação real em seus olhos. –Me dá isso. –pega o telefone de minhas mãos. –Vai se trocar, eu vou ficar com esses pestinhas! –se vira para os meninos. –Vem, vamos jogar toda a gororoba da mamãe fora!

—Gororoba nada! –grito, os vendo sair correndo na frente de Sara.

Me troco, colocando o vestido que Sara me indicou, escolho um scarpin nude. Quando chego a sala vejo meus filhos com os rostos sujos de molho. Sara dá de ombros, mostrando a embalagem de comida italiana. Ela está certa, eu preciso aprender a cozinhar, não dá para alimentá-los a base de delivery e comida congelada para sempre, ou explorar meus vizinhos, vulgo, ela mesma e Ray. Paro a seu lado, olhando para os dois comendo.

—São lindos, não acha? –comento encantada.

—As pestes mais bonitas que conheço! –concorda.

—Não vou demorar Sara, prometo. –ela solta uma risada curta.

—Felicity, você está indo a QC, não a Marte. Pode ficar tranquila, eu tenho que me vingar do Wally no videogame. –sorri de forma diabólica para meu filho, que deixa a colher cair, antes de chegar a boca.

—Não fica o assustando! –vou até ele segurando o riso, e dou um beijo no alto de sua cabeça. –Quem é o responsável por seu irmão? –pergunto, olhando em seus olhos verdes.

—Eu. –revira os olhos, o que me faz encará-lo, um pouco mais séria.

—Quem é responsável por você?

—A tia Sara. Mãe, eu já tenho oito anos! –fala como se aquilo equivalesse a quarenta e um diploma de medicina.

—Primeiro, para você, é Mamãe. –o aperto em um abraço, ouvindo seu riso gostoso. –E segundo, não vai deixar de ser meu bebê antes dos setenta!

—Ai mãe! –reclama em meio ao riso, enquanto eu o aperto.

—Como é que é? –faço cosquinhas em baixo de seus braços e Wally se contorce dando risada.

—Mamãe, mamãe! –fala, e o solto. Mostrando meu muque para Bart que gargalhava.

—E você, meu pequenininho?

—Vou ficar bem quietinho, e não vou ficar falando sem parar na cabeça da tia Sara...

—Nem na minha! –Wally implica e Bart mostra a língua para ele.

—Você é meu príncipe. –sussurro para meu caçula, o apertando, depois me volto para Wally. –E você, meu herói!

—E a senhora, vai chegar atrasada! –Sara me puxa pelo vestido, me empurrando em direção a porta, e vejo Bart estendendo os braços gordinhos em minha direção, o que me faz querer voltar e agarrá-lo.

—Só mais um pouquinho? –choramingo com ela, que me coloca para fora de casa. –Grossa! –grito, quando bate à porta na minha cara.

 Meu carro resolve pegar na terceira tentativa, e acabo chegando com meia hora de folga a empresa. Não posso deixar de lembrar de Barry, e seus atrasos intermináveis, sorrio quando desligo o carro, estacionando em uma vaga próxima a entrada da QC. Parece que realmente minha vida seguiu em frete, e isso me aterroriza, de uma forma que nem mesmo consigo descrever.

O prédio da Queen Consolidation é gigantesco, completamente coberto por vidros espelhados, com o letreiro azul da empresa no topo. Por dentro, era ainda mais luxuoso, olho em volta maravilhada, até encontrar o balcão da recepção, em lugar mais afastado, próximo ao elevador. Dou meu nome a um senhor simpático, que autoriza minha entrada, me indicando o número do escritório do Sr. Queen.

Paro em frente ao elevador e um belo homem negro, bastante alto, que vestia um terno e comia tranquilamente uma barra de chocolate, para a meu lado. Ele murmura um “boa tarde”, acompanhado de um sorriso simpático, que retribuo da mesma forma. O elevador chega, e vejo que ele apertou o mesmo andar para o qual fui orientada a ir, então permaneço quieta.

—Vai para o andar da presidência? –me pergunta em tom casual.

—Sim, tenho uma entrevista com o Sr. Still. –respondo. –E você, trabalha aqui? –isso o faz soltar um riso divertido.

—Por mais que meu chefe me demita todos os dias. –franzo o rosto, mas resolvo não argumentar. –A propósito, sou John Diggle –me oferece a mão, que aperto de leve.

—Felicity Smoak. –o elevador se abre e vejo Oliver saindo de um grande escritório, abotoando a parte de cima do paletó.

—E ai vem ele. –John sussurra, mordendo os lábios para permanecer sério.

—Hey, Felicity. –Oliver sorri, parando em minha frente. –John, deixei alguns papeis sobre sua mesa, pode os levar para a sala da minha mãe, por favor? –pergunta ao homem, que assente, indo fazer o que lhe foi solicitado.

—Aquele cara é seu assistente? –pergunto um tanto surpresa.

—Eles dizem que sim. –Oliver olha para Diggle se afastando. –Mas tenho certeza que ele é um guarda-costas, olha o tamanho desse cara... –quando olho para ele, percebo que nós dois estávamos com a cabeça tombada para o lado, observando o homem.

—Totalmente. –concordo, consertando minha postura, Oliver sorri.

—Vem, vou te levar até o Walter.

Ele toca de leve em minhas costas, me conduzindo por um corredor, até uma sala com portas duplas de vidro. Oliver vai até a secretária que estava em uma pequena mesa ao lado, e a mulher sorri abobada para ele que nem mesmo parece se dar conta, e volta rapidamente, parando em minha frente.

—Felicity, eu posso te pedir um favor? –parece apreensivo.

—Bom, acho que depois de me arrumar uma entrevista e eu ter arruinado as suas calças... –a mulher me olha assustada. –Não arruinei da forma que você está pensando. –me apresso em esclarecer a ela. –Na verdade, meu cachorro quem arruinou... –consegui fazer com que isso soasse ainda mais pervertido, que merda!

—Felicity. –Oliver diz meu nome, chamando minha atenção. Ele ainda esperava por uma resposta.

—Claro, o favor, eu faço!

—Não diga ao Walter, que fui eu quem te indicou. –morde os lábios, parecendo tenso.

—Tudo bem, mas e aquele lance de redenção? –questiono confusa.

—Talvez seja exatamente disso que se trata. –ele parece pensar alto, ou responder algo para ele mesmo. –Não levar o crédito.


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Notas finais do capítulo

Me contem o que acharam!
Bjnhos!