Mais que o Acaso. escrita por Thaís Romes


Capítulo 19
Epílogo


Notas iniciais do capítulo

Oi amores,
Mil perdões, eu sei que esse bônus demorou uma vida, mas com o final de Paradoxo e tudo o que tenho que dar conta normalmente no dia a dia, estava complicado parar e escrever, espero que entendam.
E aí está o resultado, estou torcendo para que gostem.



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TRÊS ANOS DEPOIS

 

FELICITY

Olho através da janela na cozinha, o jardim estava repleto de brinquedos infantis como cama elástica, piscina de bolinhas, e uma espécie de escalada inflável que me cobraram uma fortuna para alugar. Balões azuis e verdes espalhados e uma grande mesa com comida. É o aniversário de sete anos do Bart, que corria com os amigos com uma espada falsa nas mãos.

—Ele está enorme. –Iris para ao meu lado, com os braços cruzados sobre o peito enquanto observava a cena. –Sinto falta do meu bebê.

—Nem me fala, vou manda-lo para passar uns dias com você em Central e te deixar responder perguntas como “Mãe!” –começo a imitar a voz do meu caçula. –Agora eu sou mãe, as vezes Felicity. Nada mais de mamãe. –explico indignada. –Ele fala, “Mãe o que significa sexo? Por que não posso falar isso na escola?” ou “Felicity, por que você e o Oliver não são casados?”

—Eu passo! –ela diz gargalhando. –Vou deixar o Eddie responder tudo isso quando tivermos filhos.

—Esse era meu plano também... –ficamos em silêncio por um momento.

—Uma das perguntas dele até que faz sentido. –escutamos a voz de Joe que nos faz pular de susto.

—A quanto tempo está aí? –Iris e eu questionamos ao mesmo tempo.

—O suficiente. –aponta para a janela, fazendo careta. –Quando vai dizer sim para aquele cara? –Joe para entre nós duas, tomando um gole de sua cerveja enquanto olhava Oliver e Ray mexendo na churrasqueira, com Wally segurando um prato para ajuda-los a servir as carnes.

—Já me casei Joe, você sabe. Não vou me vestir de bolo de aniversário e caminhar em um tapete vermelho outra vez.

—Seu vestido era legal, o problema era a barriga de sete meses que fez todos os convidados ficarem aflitos, com medo dos botões em suas costas estourarem. –Iris pensa alto, fazendo com que a olhe surpresa. –Qual é Felicity? Você sabe que estava enorme! –implica e Joe dá risada.

—Sinto falta da Sara nessas horas, onde ela está? –olho em volta, procurando por socorro com minha amiga.

—Foi buscar o bolo com Thea. –Iris responde. –Não desconversa, meu pai perguntou quando vai aceitar o pedido do Oliver! –Deus, Iris puxou toda a persistência irritante do Barry. Joe me olha de esgueira, exigindo uma resposta.

—Tenho dois filhos, estamos bem namorando. Não quero começar alguma coisa onde os meninos estejam envolvidos, ou fazer com que Oliver se sinta obrigado a assumir a figura paterna.

—Sério? –Joe murmura com a voz incrédula. No jardim Oliver levantava Wally com um dos braços, o deixando pendurado enquanto Bart e os outros garotos passavam correndo bem onde meu filho estava a segundos antes. –Aquilo me parece bastante paternal, e sei do que estou falando, um dos meus filhos não tinha meu sangue. Aquele olhar no rosto desse rapaz é o mesmo que eu tinha ao olhar Barry ou Iris, nunca existiu distinção.

Oliver olha em nossa direção, como se sentisse que estávamos falando dele. Nós acenamos com sorrisos culpados, e ele volta a dar atenção para Ray e Wally. –Com aqueles braços, eu casava, criava família e abriria um abrigo de cães! –escutamos Iris dizer.

Oliver e eu já morávamos juntos a um ano, foi um grande passo e queríamos que os garotos estivessem a vontade com a nova rotina. A verdade é que meus filhos o adoram, quase tanto quanto eu o adoro. Fui pedida em casamento a três meses, e o anel de diamantes está na nossa mesinha de cabeceira, esperando por minha resposta. Mas não sei o que responder, ou como responder.

Já me casei, e só quem passou por toda a papagaiada de vestido bufante, fotos, ficar em pé em um salto agulha e todos aqueles sorrisos constantes é que sabem como quem passa por isso inúmeras vezes é insano. Me sinto comprometida com Oliver Queen, e não preciso de um papel autenticado para comprovar isso.

—Nunca mais vamos comprar nada naquela padaria! –Sara entra irritada, ostentando o barrigão de sete meses de gravidez, se o temperamento dela já é difícil normalmente, com todos esses hormônios para ajudar, ela anda quase uma psicopata. Thea caminhava encolhida atrás dela.

—O que aconteceu? –Iris pergunta por reflexo, e todos nós a fuzilamos com o olhar.

Primeira regra para sobreviver a gravidez de Sara Lance-Palmer: Nunca, mas nem em seus sonhos, faça uma pergunta!

—O que aconteceu... –ela solta um riso seco, abrindo a caixa rosa, que exibia um lindo bolo em formato de raio. –Olha para isso Iris, e me conta o que vê?

—Um... raio? –diz insegura.

—Isso não é um raio, está muito mais para um graveto quebrado! –e lá vai, passamos os próximos cinco minutos escutando todos os defeitos inexistentes no bolo. Joe, o mais esperto entre nós, deu um aperto carinhoso no ombro dela, e saiu assim que Sara começou a falar. Não posso dizer o mesmo de Thea, Iris e eu.

—Acho que podemos cantar parabéns. –Oliver entra, segurando uma câmera de vídeo. Estava lindo, vestindo uma camisa azul de botões e jeans. Olho para ele como se fosse meu bote salva vidas.  –Conseguimos acalmar os pirralhos, mas não vai durar mais do que alguns minutos. Então é melhor correr. –as garotas assentem e saem em seguida, até mesmo a Sara mal humorada.

—Como fez isso? –pergunto enquanto vou pegar o bolo, e Oliver fica atrás de mim, para filmar.

—Disse que Dig os contaria uma história, precisava ver a cara dele. –fala sério, mas com uma satisfação contida nos olhos.

—Você é uma pessoa horrível! –brinco sem conseguir conter o riso.

—Pronta?

—Claro. –então saímos cantando “Parabéns”.

{...}

No inicio da noite, após todas as crianças irem embora, nós estávamos reunidos na sala, contando histórias antigas. Sara estava esparramada na poltrona, com Ray em uma cadeira ao lado massageando seus pés, Iris e Eddie no sofá de dois lugares, Thea, Roy, Walter e Moira em cadeiras no canto da sala. Moira não parecia a vontade ainda estando ali, mas tem realmente se esforçado para participar da vida dos filhos, o que a coloca constantemente na minha vida, não morro de felicidades por isso, mas já estou me acostumando. Eu estava entre Joe e Oliver no sofá maior, rindo da capacidade impressionante do Ray em causar vergonha alheia nas pessoas.

—Mãe, Bart não quer ir dormir. –Wally entra na sala irritado. Ele está magrelo devido ao crescimento recente, com os cabelos castanhos bagunçados, e a voz começando a mudar. Ainda assim era a cara do pai.

—É meu aniversário! –Bart se defende, coçando a cabeça.

—Só pelas próximas duas horas. –Joe se levanta, me impedindo de fazer o mesmo. –Eu cuido disso, querida.

—Obrigada.

—Vamos, os dois! –diz alertando os garotos, e escutamos Wally reclamar dizendo já ter dez anos, como se isso fosse o mesmo que a maior idade. –Você pode ir dormir quando quiser, depois de arrumar um emprego. –responde ao neto.

—Vou aproveitar a deixa, -Roy se levanta. –meu turno amanhã começa as sete. –Thea e os outros Queens também se levantam.

—Eu poderia dormir nesse sofá. –Sara murmura de olhos fechados, acariciando a barriga. –Poderia dormir em qualquer lugar, só sei estar cansada. Me perdoe Fel, por minha falta de compreensão quando estava grávida, não tinha ideia do que passava! –dou risada, me levantando com Oliver para levar a família dele a porta.

—Obrigado por virem. –Oliver diz abraçando a irmã e apertando a mão do cunhado.

—Pego os garotos na quinta. –Thea me diz, após nos abraçarmos. –E você os recupera na sexta, depois da escola.

—Claro, só não deixa que Bart coma doces depois das sete, ou não vai te dar sossego. E depois não reclame dizendo que não te avisei! –ela dá risada, mas já posso até ver a cena dela me ligando na quinta à noite, implorando para uma forma de fazer Bart dormir que não envolva uma frigideira batendo na cabeça dele. –Vigie ela. –digo a Roy, soprando um beijo em sua direção.

—Estava tudo adorável. –Moira elogia com aquele sorriso frio que me gela o estômago.

—Obrigado mãe. –Oliver dá um beijo no rosto dela, enquanto Walter me abraça com carinho.

—Obrigado Felicity. –ele diz quando nos afastamos, baixo o suficiente para que apenas eu escutasse.

—Por que? –questiono confusa.

—Por ter transformado meu filho na melhor versão dele mesmo. –responde orgulhoso.

 

OLIVER

Felicity estava sentada em nossa cama, com o roupão entre aberto enquanto passava hidratante no corpo. Poderia assistir isso por toda a minha vida, e não acho que seria capaz de me cansar. Ela se vira em minha direção, abrindo um sorriso por reflexo.

—O que foi?

—Nós fomos convidados para jantar com minha mãe e o Walter no sábado. –informo.

Com o tempo e distância, meu relacionamento com minha mãe vem se tornando tolerável. Bom, isso e o fato dela não conseguir ser um cubo de gelo com os garotos. Felicity também consegue passar pelas duas horas do jantar, muito melhor do que eu a princípio, mas ainda estamos trabalhando nisso.

—Tudo bem, vou levar a Sara. Elas podem passar um tempo juntas, e se conhecerem melhor.  –diz com um sorriso sugestivo. –O que acha de convencê-la a encomendar um bolo de raio? –dou risada, me deitando na cama.

—Fechado. –abro meus braços para ela que retira o roupão e se deita.

—Joe me perguntou hoje, por que não respondi ainda o seu pedido. –sussurra com o rosto escondido em meu peito, e prendo a respiração por um momento. –Você sabe que eu te amo, não sabe? –me olha séria, e beijo o alto de sua cabeça.

—Claro que sei.

—Eu me casei em uma igreja, com meus amigos e família, e não quero convidar as mesmas pessoas para passar por aquilo tudo de novo, digo, eu já abri todos os presentes. –começa a devanear. –seria como aquele povo que pede dinheiro para inteirar a passagem deles de volta a uma cidade distante, mas sempre estão no mesmo ponto da estação ferroviária. Então nós ficamos tipo: “Já te ajudei ontem a voltar para Keystone, agora você quer ir para Gotham?”

—Não precisamos ir a Gotham. –brinco para esconder minha frustração.

—Exato! –exclama animada se sentando na cama, faço o mesmo. –E não quero que se sinta obrigado a assumir qualquer tipo de responsabilidades com os garotos...

—Como? –questiono confuso.

—Oliver, não posso imaginar como deve ser difícil...

—Para, não continua a falar. – a interrompo, fazendo com que me olhe confusa. –Não fale como ser os garotos fossem um fardo para mim, ou que eu não quisesse os ter na minha vida!

—Eu sei que você os quer em sua vida. –se apressa em esclarecer.

—Posso entender que se sinta confusa em aceitar meu pedido, que tenha medo de que de alguma forma absurda se casar comigo vai apagar suas lembranças de seu casamento com o Barry. Eu juro que entendo. –deixo toda a frustração que venho contendo escapar por minha boca. –Moro na casa dele, com a mulher dele e amo a família dele. Não pense nem por um instante que eu não entenda!

—Oliver...

—Não, me deixa terminar. –a corto. –Se lembra quando te pedi em casamento?

—Claro, foi em um jantar... –ela pisca confusa, sem saber onde queria chegar.

—Sim, um jantar que aconteceu uma semana depois do apêndice do Wally inflamar e ele precisar tirá-lo. –vejo os olhos de Felicity se encherem de lágrimas. –Eu o levei para o hospital, eu estava aqui com ele. Mas tive que esperar quarenta e cinco minutos até que você chegasse para que eles nos dessem notícias, por que não sou da família. Claro que eu te amo, e quero passar o resto da minha vida com você, mas quero além de tudo passar o resto dos meus dias com essa família, com seus garotos. –respiro fundo. –Meus garotos, droga. Sou eu que vou a apresentações de teatros, e recebo o presente que fazem na escola para o dia dos pais, cozinho e consigo fazer com que Wally tome banho. Faço por que os amo, por que isso me faz feliz e não por ser um fardo.

—Me desculpe, eu sei disso. –sussurra tocando meu rosto.

—Tudo bem, não vou tomar o lugar do pai deles, Barry sempre vai ser o pai dos dois.

—Barry teve mais do que um pai, e acho que os filhos dele também. –ela diz me olhando nos olhos, com um sorriso de admiração nos lábios. –Eu estou pronta Oliver, pode me pedir. –contenho o sorriso, me levanto e pego a caixinha azul na gaveta da mesinha de cabeceira, me ajoelhando aos pés da cama em frente a ela.

—Felicity Smoak, você me faria o homem mais feliz do mundo? –ela balança a cabeça concordando, com as mãos sobre o peito enquanto sorrimos um para o outro. –Sim?

—Sim! –confirma, e me levanto a tomando em meus braços.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Obrigada galera por me acompanharem em mais uma história, amo vocês de verdadinha.
Não deixem de comentar, vou adorar saber o que acharam!
Bjnhos!