Mais que o Acaso. escrita por Thaís Romes


Capítulo 17
Um sonho do acaso.


Notas iniciais do capítulo

Oi amores.
Penúltimo capítulo hoje, estamos acabando Mais que o Acaso, e acho que devo começar a agradecer a todos os comentários maravilhosos, vocês que favoritaram a fic, a Renata que recomendou, e toda a galera que interage comigo pelo grupo do face.
Bom, por vocês serem uns fofos, vou fazer um bônus, de alguns anos depois quem sabe, vamos ver o que minha cabeça perturbada tem a oferecer. Vai vir depois do último capítulo, e espero que saibam o quanto sou grata por vocês meus xuxus!
Aproveitem o capítulo!



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OLIVER

Passo pela multidão de pessoas com fotos das vítimas em cartazes com o nome e o número da poltrona no avião. Aquilo mais parecia um mausoléu. Thea e Dig estavam atrás de mim, minha mãe e Walter do meu lado, e Tommy em algum lugar dentro do tribunal, já com o advogado da empresa.

—Sabe o que vai falar, não é? –minha mãe pergunta.

—É só o que venho repetindo nos últimos dias. –digo em resposta sem nem mesmo conseguir olhar apara ela.

—Nos separamos aqui. –Walter coloca a mão em meu ombro, quando posso avistar o advogado em frente a uma porta pequena.

—Não estraga tudo. –ela diz seca e sai a passos firmes. Thea me abraça apertado e Dig assente a distância, Walter toca em meu ombro novamente, fazendo com que olhe para ele.

—Não faça o que sabe que vai te causar arrependimento pelo resto de sua vida. –balanço a cabeça em silencio e vou em direção ao Dr. Shaw.

Nos sentamos em um corredor curto que daria acesso a sala do julgamento, cada parte do meu corpo está tensa, nunca me vi tão dividido antes. Já perdi tudo, se fizer o certo perco também minha posição na QC, e minha família. Escutamos um alvoroço do outro lado da porta, e Shado entra com o advogado de defesa, deixando uma multidão de repórteres para trás, chamando por seu nome.  Nossos olhos se encontram por um segundo, mas ela quebra o contato, seu rosto estava pálido, parecendo não dormir a dias.

—Nós entramos depois dela. –Dr. Shaw diz.

—Okay.

Dez minutos depois estou entrando no tribunal, faço o juramento e espero que o advogado da DC Aéreas comece a fazer as perguntas. Ele é um homem em seus cinquenta anos, alto com cabelos grisalhos e aquele ar de sempre ter razão. Na cadeira dos réus, vejo Shado parecendo frágil demais e perdida em pensamentos. Atrás dele minha família me observava com atenção, o olhar da minha mãe estava muito mais para um aviso do que suporte, mas a essa altura já estou acostumado.

—Sr. Queen, pode confirmar a veracidade da informação de que quando o avião caiu, o seu nome estava na primeira lista de passageiros? –o advogado pergunta.

—Sim, está correto.

—Mas ao invés disso o Sr. Barry Allen estava em sua poltrona. Correto?

—Eu... acredito que sim. –respiro fundo, tentando me manter calmo.

—Acredita que sim? –semicerra os olhos.

—É... –sou péssimo mentiroso. –Ele foi no meu lugar.

—Sr. Queen, saberia nos dizer como o Sr. Allen estava naquele avião, ocupando o seu lugar?

—Não eu não sei. –digo como ensaiei umas quinhentas vezes.

—Como, você não sabe? –os olhos escuros dele estavam repletos de julgamento, desvio o olhar para minha mãe, que assente.

—Perdão, eu estou confuso sobre muitas coisas que aconteceram naquela noite. –passo a mão em meus cabelos.

—Mas o senhor não está confuso quanto ao juramento de dizer a verdade, aqui no tribunal...

—Protesto, Meritíssimo!  -Dr. Shaw o interrompe.

—Vou reformular, Meritíssimo. –fala se afastando para pegar algo sobre a mesa. –Sr. Queen, o senhor conversou com o Sr. Allen na noite da queda?

—Eu tive... tive diversas conversas com várias pessoas. Todos os voos estavam atrasados. –tento desconversar. –Não me lembro de todas. –nesse momento ele caminha apressado em minha direção, e coloca uma fotografia de Barry em minha frente, a foto em que ele estava abraçado a Felicity, posso ver parte dos olhos azuis dela. Não posso fazer isso, não é certo. Olho para Thea que balança a cabeça de leve, quase de forma imperceptível.

—Esse é o Sr. Allen. Conversou com esse homem na noite do acidente? –respiro fundo, e penso nos Allen, no que aquilo faria a eles.

—Sim. –respondo com meus olhos fechados. –Eu conversei com ele.

—E ofereceu trocar o bilhete de embarque com ele?

—Não. –o advogado me olha como se fosse estupido. –Não troquei os bilhetes, eu dei o meu, não peguei o dele em troca. –explico.

—E como a Sr. Fei o reconheceu no portão de embarque?

—Eu a convenci. –confesso cheio daquelas voltas.

—Dizendo que se não o embarcasse, ou alguém alegando ser você, teriam que esperar até a retirada de sua bagagem?

—Basicamente. –confirmo.

—Tem conhecimento, de que as companhias aéreas precisam retirar as bagagem de passageiros que não desembarcam para prevenir terrorismo?

—Eu sei, para evitar que despachem uma bomba ou coisa do tipo.

—Então essa funcionária ignorou as normas de segurança para poder ficar no horário?

—Protesto, argumentativo. –Shaw se pronuncia mais uma vez.

—Mantido. –o juiz responde.

—Olha, ela só estava me fazendo um favor, Shado... a Srta. Fei, me conhece. –tento defender.

—Ninguém está o acusando, Sr. Queen, não é sua obrigação saber das normas de segurança da empresa, era?

Algo me vem à memória, sobre o dia em que conheci Barry. Ele voltou desanimado depois de ter ido conferir os voos, depois o sorriso quando o dei a minha passagem, e uma curta conversa da qual não me lembrava desde então.

—Ele estava com medo. –concluo, vendo todos no tribunal me olharem sem entender. –Barry não gostava de aviões, disse que era mais corajoso quando era como eu, sozinho, sem fotos na carteira ou uma família. –olho nos olhos do advogado, a verdade sai como uma enxurrada. –Mas ele tinha esposa, dois filhos. –sorrio com tristeza ao pensar nos meninos. –Dois garotos. Ele sabia que se alguma coisa acontecesse com ele, e não voltasse para casa, não haveria nada que alguém pudesse fazer para compensar. –nem mesmo eu, e todas as minhas tentativas falhas. –Precisa ser muito arrogante e prepotente para pensar que se pode reparar uma perda como essa. Eu não pensei nisso na época, só o que pensei era que tinha uma passagem grátis e nenhum motivo para voltar no dia, então dei a ele a passagem. Não foi uma boa ação, não era essa a minha intenção. Só o entreguei a passagem e disse que estava tudo bem, ele queria voltar e eu não, seria perfeito. Pensei que tudo ficaria bem, mas ele morreu. –paro tentando tomar fôlego e conter minha emoção. –Esse vai ser meu fardo pelo resto dos meus dias, e só queria dizer que sinto muito.

—Está liberado, Sr. Queen.

FELICITY

Sara, Ray e eu, olhamos para a televisão sem conseguir expressar nenhum tipo de reação além do choque. Oliver parecia sincero a cada palavra, e era como se tivesse sido afetado tanto quanto nós que conhecíamos e amávamos Barry, ou até mesmo mais, pois ele pensa realmente que foi o culpado pela morte dele.

—O que vai fazer a respeito? –Sara pergunta ao meu lado.

—Não tenho a menor ideia. –respondo com sinceridade, sentindo um tipo novo de dor corroer meu peito, era como perder o ar ainda respirando.

Passo o dia imersa em uma avalanche de pensamentos e sentimentos conflituosos. Não sei como escolher Oliver e não trair Barry, ou mesmo aceitar minha felicidade sem ter consciência de que o custo dela foi a vida do pai dos meus filhos. Bart entra no meu quarto arrastando seu cobertor.

—Mamãe? –chama manhoso. –Não quero dormir na minha cama.

—E por que não? –sorrio ao ver o beicinho de pirraça em seu rosto lindo.

—Não posso ser escoteiro.

—O que? –me sento na cama confusa, enquanto ele sobe e se senta ao meu lado.

—Wally saiu depois que o papai foi embora, por que não dá para fazer a semana de pais sem um pai. –para ele, aquilo era apenas uma dúvida corriqueira, mas me atingiu como um soco no estômago.

—Você sabe que o vô Joe, não era o pai de verdade do Barry. –o lembro. –E já viu todas aquelas fotos do seu avô Henry.

—Mas ele morreu, igual ao meu pai.

—É, mas então Joe cuidou dele, e o amou como se fosse um filho. –tento explicar da melhor forma que consigo. –Você pode ser escoteiro, pode ser o que quiser. Eu vou sempre estar aqui por você, e sabe o que mais?

—Que? –me olha de lado.

—Tem o tio Ray, tio Eddie, eles adorariam fazer qualquer projeto desses com você.

—Mas e o Sr. Queen? –o ar me falta, não consigo pensar em uma resposta coerente. –Gosto dele.

—Eu sei, meu bebê. Quer dormir aqui com a mamãe? –desconverso e ele balança a cabeça se aninhando em meus braços, não percebo quando adormeço.

Estou dentro do laboratório do Barry, faz tempo que não vejo esse lugar. Todos os tubos de ensaio e aparelhos de analises estão exatamente como ele deixou, nos mesmos lugares. Se fecho meus olhos, sou capaz de ouvir a risada de deboche dele.

—Sempre te achei esquisita, mas preciso confessar que é uma esquisita muito gata.

Abro meus olhos em um sobressalto, e sigo a direção da voz. Era ele, meu Barry. Estava escorado em uma das pilastras com as mãos nos bolsos, me olhando com aquele ar confuso que eu amava.

—Você está morto. –sussurro sentindo o nó em minha garganta e uma vontade gigantesca de tocá-lo.

—E você está sonhando. –ele sorri, dá um passo em minha direção e me abraça apertado. Respiro fundo, sentindo minhas lágrimas escorrerem e me prendo a ele com medo de que me deixe mais uma vez. –Não vou ir agora, pode relaxar. –murmura acariciando minhas costas.

—Agora que virou fantasma, passou a ler minha mente? –brinco, mas o choro em minha voz, acaba com meu esforço.

—Fantasmas não existem, e eu sou fruto da sua mente. Então, acho que a resposta é sim. –dá risada, se esforçando para conseguir se afastar. –Me deixe te ver. –suas mãos passeiam por meu rosto, meus cabelos e descansam em meus ombros. –A cada dia que se passa, você fica ainda mais linda.

—Você me dizia isso...

—Todas as manhãs. –ele completa, me fazendo sorrir com tristeza. –Não importava o quanto tivéssemos brigado no dia anterior, o que as vezes era muito.

—Por que está aqui? Digo, por que agora? –pergunto, deslizando minhas mãos por seus braços, até encontrar as mãos dele onde entrelaço os meus dedos.

—Por que você precisa. –dá de ombros, levando as minhas mãos a seus lábios.

—Precisei de você todos os dias, desde que me deixou. –posso ouvir a pontada de ressentimento em minha voz, e o rosto lindo de Barry se torna triste.

—Eu não te deixei, não deixei nossos filhos. Eu estava voltando para vocês. –ele segura meu rosto, para que olhe em seus olhos verdes e intensos. –Nunca tive tanto medo, como senti depois da nossa última briga, então um cara legal, muito legal. –ele destaca a palavra para me implicar e reviro meus olhos em resposta. –Me deu a passagem dele, e eu agradeci, por que aquele ato poderia ter salvo o nosso casamento.

—Não havia o que ser salvo. Você não me perderia.

—Eu sei, mas eu te amei a cada momento em minha vida, desde que te conheci. O medo de perder é consequência. –sussurra com a voz embargada de emoção. –Depois de falhar com o Acelerador de Partículas, não suportaria falhar com você, ou com o Wally. E mais do que nunca precisava de vocês, precisava estar, sentir vocês por perto.

—Me perdoa. –murmuro chorando. –Eu não deveria...

—Não foi sua culpa. –diz sério. –Felicity, olha para mim. –obedeço, segurando o choro. –Eu teria vindo correndo, se não tivesse ganhado a passagem. Daí poderia ter morrido atropelado, ao invés de uma queda... –seu rosto se torna pensativo.

—Não tem graça! –ele dá risada mesmo assim.

—Você está com raiva de mim, por que eu fui embora, por não ter me despedido. –o olho surpresa. –Não é do Oliver.

—Ele mentiu!

—E você também! –retruca. –A propósito, aquilo de ser divorciada era ridículo. Do jeito que falava de mim, parecia não ter esquecido o ex marido. –tagarela com o deboche inevitável para ele. –Não leve a mal, eu achava divertido...

—Não adianta fazer piada, Barry! –o interrompo nervosa. –Sou só eu, com dois filhos, os nossos filhos! –exclamo furiosa. –Não posso deixar qualquer um se aproximar.

—Ele não é qualquer um, meu amor. –diz com carinho, ignorando toda a minha fúria. –Oliver te ama, aprendeu a amar os nossos garotos, e você está a cada dia mais apaixonada por ele.

—Como pode falar isso? Assim, de forma tão natural? –questiono chocada.

—Por que eu não vou mais voltar. –abre um sorriso triste e sinto uma lágrima escorrer por meu rosto. –E você tem toda a sua vida pela frente.

—Eu te amo. –digo convicta.

—Citando o Han Solo, “eu sei”. –debocha e eu o empurro, o que só o faz rir ainda mais. –Não vai deixar de amar a minha lembrança, mas está usando isso para não se deixar levar pelo que está sentindo. Não se esconda por minha causa, você pode seguir em frente, está tudo bem para mim. -Barry se inclina em minha direção, fecho meus olhos, mas não sinto sua boca na minha, não sinto mais nada, não sinto mais ele.

Acordo em um sobressalto, vendo Bart a meu lado encolhido na cama. Por um segundo tudo o que sinto é um vazio quase insuportável, depois uma saudade sem tamanho, só não sei dizer com exatidão de qual dos dois realmente é. Abraço o corpo adormecido de Bart e tento me concentrar no amor que sinto por ele, pelo Wally, mas o rosto de Oliver fica me vindo a mente, e depois desse sonho bizarro parece até praga do Barry.


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Notas finais do capítulo

A resposta é sim, eu realmente sou apaixonada pelo Barry! Hahaha não sei ainda onde estava com a cabeça quando resolvi matá-lo.
Bom amores, me digam o que acharam do capítulo, o próximo já é o ultimo, mas não se esqueçam do bônus!
Muitos bjnhos meus xuxus!