Mais que o Acaso. escrita por Thaís Romes


Capítulo 12
Noivos por acaso.


Notas iniciais do capítulo

Oi gentes!
Eu sei que uma galerinha aqui gosta de Sara e Ray (não sei o nome desse ship), então, aqui vai um capítulo com um pouquinho a mais dos dois!



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FELICITY

Voltar a minha rotina normal depois do fim de semana inteiro que mais parecia um conto de fadas, é no mínimo bizarro. Mas tudo acaba em um momento, e graças a Deus, nada mais voltou a ser como antes. Wally era ele mesmo outra vez, Oliver virou um frequentador assíduo da minha casa, e eu estou adorando isso. Só não mais do que o Bart, que conseguiu uma nova pessoa preferida e está levando meu namorado à loucura com todas as suas perguntas sem cabimento e super avançadas para a idade dele. Tudo isso e Ray...

‘Vai ser legal, Felicity.’ Escuto sua voz do outro lado da linha, enquanto ando apressada pelos corredores da QC. Meu dia estava mais parecido com uma maratona de reuniões sem fim.

—Não duvido, mas precisa de uma preparação, ninguém acorda e decide pedir a namorada de seis anos em casamento! –reviro meus olhos, pensando no absurdo da situação. –Logo em uma quinta-feira, Ray, você sabe como minhas quintas são loucas!

‘Primeiro, você sabe como Sara é um espírito livre, os seis anos não foram por mim, e sim para que ela se adequasse a ideia de ser casada. E segundo, Felicity, eu preciso da sua ajuda!’ suspiro, ao ouvir o desespero em sua voz.

—Tudo bem, vou te ajudar, mas não pense que vou cozinhar... –sou interrompida por sua gargalhada.

‘Nem passou por minha cabeça, você é péssima!’

—Hey, eu tenho melhorado! –me defendo e vejo Oliver escorado ao lado da porta da minha sala, abro um sorriso enorme que ele retribui instantaneamente.

‘Te mando as instruções, vou marcar o jantar para as sete, na sua casa. Chame o Oliver, vai ser bom para encobrir todas as suspeitas. Eu posso estar agindo de forma estranha, nessas últimas vinte e quatro horas.’ Solto uma risada, Ray falava super rápido. ‘Obrigado, de novo.’

—Fui coagida, mas ainda assim, disponha. –respondo antes de desligar, entro em minha sala sendo seguida por Oliver. –Está livre essa noite?

—Claro, por que? –ele fecha a porta e me empurra em direção a parede, fazendo todo o meu corpo bambear.

—Ray... –tento me lembrar, mas não consigo com sua barba arranhando meu pescoço. –Oliver, não vou conseguir conversar assim. –ele se afasta sorrindo antes de me dar um beijo breve em meus lábios, preciso respirar fundo para clarear minha mente. –Sobre o que estávamos falando?

—Ray. –morde os lábios para conter o riso, tão prepotente!

—Ele vai pedir Sara em casamento, então está dando um jantar hoje em minha casa, as sete. –falo tudo de uma só vez, tentando ignorar seus músculos contraídos por seus braços cruzados sobre o peito.

—Isso é ótimo. –fala parecendo contente. –Então está confirmado, eu estarei lá.

—Vai ser muito bom! –o telefone em minha mesa começa a chamar, era meu assistente me lembrando de minha reunião as quatro, reunião essa que havia me esquecido completa e totalmente. –Merda! –exclamo irritada quando volto o telefone para o gancho.

—O que foi?

—Tenho uma reunião as quatro. –respondo me jogando em minha cadeira.

—E? –ele parece não entender.

—Hoje é quinta, Oliver. Ray normalmente buscaria Bart no judô, enquanto eu pego Wally no atletismo, mas Ray tem um noivado para programar e eu essa maldita reunião! –bufo. –Sara está voltando da casa da mãe, em Central City, só chega depois das seis, não sei o que posso fazer, essa reunião é mensal com o Walter, não dá para adiar. E tenho que pegar a aliança para Ray, a mãe dele mora a quarenta minutos da cidade, odeio quintas-feiras!

—Bom, eu saio as três, hoje. –dá de ombros, me fazendo olhar para ele confusa. –Felicity, eu posso te ajudar. –esclarece.

—Não posso te pedir isso, não me parece certo...

—Não está pedindo, estou me oferecendo. –ele para em minha frente, escorado em minha mesa. Utilmente passei a olhar para esse lugar e chama-lo de Oliver. –Vou ter tempo de sobra e você pode participar da reunião. –sorrio encantada, sem saber o que fiz para merecer tanto. –Ligue para a escolinha dos meninos e me autorize a busca-los, e eu mesmo vou ligar para Ray e pegar o endereço da Sra. Palmer. –sai com o celular em mãos, sem me dar tempo de protestar, então apenas pego o meu e faço o que ele disse.

OLIVER

Tenho uma lista pequena de coisas que me traumatizaram na vida. A perda do meu pai, Thea em seus acessos de fúria e agora eu tenho um terceiro item, a mãe do Ray. Tudo bem, não posso falar de mães alheias quando a minha me trata como se eu fosse uma transação de negócios, mas a Sra. Palmer é bizarra. Tenho certeza que ela estava apalpando meus bíceps enquanto me mostrava um álbum antigo de fotos do Ray com Sara e Felicity, cheguei a ver até mesmo algumas de Barry e dos garotos. Isso sem falar de ter esbarrado em minha bunda, “sem querer”. Saí de lá o mais rápido que pude, com a aliança de Sara, usando a desculpas de que precisava buscar os garotos.

—Sr. Queen! –Bart corre em minha direção, com os braços abertos e o levanto no meu colo o vendo sorrir feliz.

—E ai amigão, como foi o judô? –pergunto enquanto ando com ele em direção ao carro.

—Foi legal. –dá de ombros como se algo o incomodasse.

—Por que parece estar irritado? –prendo seu cinto de segurança e olho para seus olhos verdes, estranhamente preocupados.

—Sou pequeno, e meu professor diz que só vou poder entrar em torneios depois... –tenta se lembrar do resto da informação, eu me esforço para não dar risada de sua expressão confusa.

—Isso por que você só tem cinco anos, Bart. –bagunço os cabelos dele, sorrindo e vou em direção a porta do motorista. –Tenho certeza que vai ser um campeão, quando crescer mais um pouco.

—Minha mãe quer que eu seja médico. –murmura emburrado. –Eu devo ela.

—Sei, sei, a história dos pagamentos. –sorrio dando partida no carro. –Acho que pode negociar isso depois. –argumento e o vejo através do retrovisor, me olhando interessado.

A escola do Wally fica a dez minutos da de Bart, então não demora e já estou parando na porta. O vejo em frente ao portão, ao lado de uma professora. Saio do carro e aceno a distância, ele se despede de forma educada e anda calmamente em minha direção.

—Oi, Sr. Queen. –ofereço meu punho fechado para ele, que bate em um cumprimento. –Aconteceu alguma coisa com a minha mãe?

—Não, sua mãe está bem. –abro a porta do carro, e deixo que ele coloque o cinto, mas fico observando para ter certeza de que estava tudo certo. Com o tempo aprendi que Wally precisa sentir que tem certa independência, mesmo sendo mínima.

—Mamãe tem uma reunião. –Bart conta ao irmão enquanto volto para o banco do motorista. –Com o namorado da mãe do Sr. Queen.

—Marido. –corrijo dando partida no carro. –Eles são casados.

—Vai se casar com minha mãe também? –começo a tossir, quase engasgando com minha própria saliva.

—Isso é um assunto complicado, Bart. –respondo em um sussurro e vejo Wally segurar o riso.

—Mamãe diz que as coisas são complicadas, quando não pode me dar uma resposta. –Deus, vou acabar batendo o carro se as coisas continuarem a esse ritmo.

—Por que não falamos sobre o dia do Wally? –tento. –Felicity me disse que você vai participar de um campeonato.

Durante o resto do caminho Wally narra animado como vai ser a competição, me sinto grato por esse ser um assunto interessante para o Bart também. Chegamos a casa de Felicity e Ray parecia perdido na cozinha em meio a legumes e louças sujas por todos os lados. Tiro meu paletó, arregaço as mangas e vou ajuda-lo. Suas mãos estavam tremulas e ele conversava como se tivesse tomado um galão de café, mesmo acostumado a ouvir Felicity conversar naturalmente nessa velocidade, não consigo acompanhar tudo o que Ray diz.

—Cara, é melhor se sentar. –aconselho quando ele quase deixa uma panela escapar de suas mãos. –Vou cuidar disso.

—Obrigado. –murmura massageando as têmporas.

—Então, como aconteceu, você e Sara? –pergunto tentando distraí-lo e parece funcionar, por que Ray engole em seco, depois solta uma risada nervosa, que me leva a pensar que seu nervosismo mudou de motivo.

—Você não quer saber sobre essa história, acredite em mim.

—Por que não iria? –pergunto enquanto corto algumas cebolas.

—Vou esperar você terminar com a faca então. –ou! Finalmente entendo o que ele quer dizer.

—Você e Felicity? –faço uma careta involuntária.

—Não exatamente. –começa a contar. –Todos nos conhecemos no colégio e eu fui apaixonado por Felicity, mas ela era apaixonada por Barry e bem...Felicity não é do tipo de mulher que fica analisando as opções, ela é decidida e quando quer algo nada muda sua opinião.

—Tenho percebido isso. –comento, voltando ao trabalho.

—Bom, Sara sabia sobre meus sentimentos, ela era minha melhor amiga. Acho que passei tanto tempo olhando para o lado que não percebi o que estava em minha frente. –ele sorri, nostálgico. –Depois nos afastamos, eu fui para a faculdade, Sara não era adiantada como o resto de nós e quando voltei e a vi, foi como a primeira vez. Ela estava linda, acho que me apaixonei na mesma hora. Depois demorei um bom tempo compensando o fato de ter demorado tanto para percebê-la.

—É uma bela história.

—Tio Ray, eu não sei como colocar isso. –Bart chama a nossa atenção, aparecendo na porta da cozinha com uma blusa social infantil abotoada de uma forma engraçada, e o que me parece uma gravata borboleta vermelha, que ele embolava tentando fazer um nó.

—Por que está usando isso? –Ray se levanta, caminhando em direção ao garoto. –Onde está o Wally?

—Lá no quarto dele, jogando videogame. –aponta para o corredor.

—E a roupa? –o lembro.

—Tio Ray vai pedir a Tia Sara em casamento. –ele sorri para Ray. –Quero ficar bonito.

—Você é bonito, Bart. –Ray o pega no colo. –Mas acho que isso é um pouquinho demais.

—Não é não! –protesta. –Todas as vezes que eu uso terno, a Tia Sara diz que eu sou o homem mais bonito que ela conhece. Se você usar um terno, talvez ela diga o mesmo.

—Faz sentido. –parece ver alguma lógica no argumento do Bart. –Talvez todos nós devêssemos usar terno.

FELICITY

Seis e vinte, e ainda estou esperando o trem de Sara chegar. Disse a Ray que quintas-feiras não são de Deus, mas ele me ouviu? Claro que não!

—Felicity! –escuto a voz da minha amiga, que vem correndo em minha direção, arrastando uma mala de rodinhas.

—Sara! –cubro a distância entre nós e a abraço com carinho. –Como está a Dinah, viu Iris e Eddie, visitou o Joe?

—Calma mulher! –brinca quando nos afastamos e começamos a andar em direção ao meu carro. –Não consigo acompanhar todas essas perguntas simultâneas. –suspiro, um pouco menos eufórica, sou péssima em esconder qualquer coisa da Sara, tagarelar é meu mecanismo de defesa. –Iris e Eddie estão ótimos, Joe também me pareceu feliz, ele mandou lembranças e disse que fará uma visita na primeira folga estendida que tiver. Minha mãe está namorando um professor de filosofia, acho o cara um tanto pirado, mas vai saber.

—Todos os professores de Filosofia que conheci na vida, são pirados! –concordo, dando risada enquanto dirigia.

—Chegou a ver o Ray, hoje? –pergunta casualmente, mas ao olhá-la de lado, vejo preocupação em seu rosto.

—Ele vai estar lá em casa, te esperando. –dou de ombros tentando parecer normal. –Por que?

—Ele estava estranho, todas as vezes em que nos falamos. Depois disse que você quem me buscaria, então passou a me ignorar. –diz enquanto meche no telefone. –Olha a mensagem que ele me mandou. “Espero que esteja belezinha! Não se preocupe, o apocalipse zumbi ainda não aconteceu. Ray”. Ele está aprontando, Felicity!

Quase engasgo com a risada que preciso conter. Ray sempre usa a palavra “belezinha” quando está escondendo alguma coisa, ou mentindo, o que é ridículo por que é a única ocasião em que ele usa essa expressão infantil e tola. Sara sabe disso tão bem quanto eu, e sem falar de que tudo deixa de fazer sentido com a lógica bizarra dele.

—Você que fala a mesma língua de nerd, pode me explicar isso? –pergunta, eu apenas nego mordendo meus lábios para não gargalhar.

—Não. –dou graças a Deus por avistar as nossas casas.

—Estou morrendo de saudades dos garotos. –comenta quando estacionamos.

—É, mas antes nós vamos passar na sua casa. –saio do carro, pego a mala de Sara e começo a andar em direção a casa vizinha.

—Por que está toda mandona hoje?

—Não é nada. –tento soar convincente, sem olhar em sua direção. –Só vai ter um jantar lá em casa, e você não quer aparecer de jeans e jaqueta de couro. –faço careta, a olhando dos pés à cabeça. –E um salto de vez em quando, não mata ninguém!

—Você não é sempre engraçada. –reclama abrindo a porta.

Ajudo Sara a escolher um vestido amarelo, justo que termina um palmo antes de seus joelhos e fica lindo em seu corpo. Com sandálias e acessórios dourados. Tiro minha saia preta e a blusa social que usava e as troco por um vestido vermelho, de tecido leve que havia emprestado para ela. Isso só por que ela insistiu que eu me arrumasse lá, argumentando que poderia bater no Ray se ficasse sozinha com ele e todos os seus “belezinhas”, a conheço o suficiente para não duvidar disso.

A casa estava silenciosa quando entramos, mas aos poucos vemos um caminho de velas e flores que nos levavam até a cozinha. Tudo estava impecavelmente limpo, o que me surpreende, tendo em vista que os garotos não saíram de lá e Ray não é o melhor em contê-los. Ao chegar na cozinha não posso evitar o sorriso idiota que surge em meu rosto, a mesa estava posta, tudo estava lindo, mas não era esse o motivo do meu sorriso, muito menos das lágrimas nos olhos de Sara.

Ray, Oliver, Wally e Bart estavam de pé, usando ternos escuros, cada um segurando uma rosa vermelha, lindos e exibindo seus melhores sorrisos. Ao nos ver, Ray pega algo em seu bolso, caminha até a namorada, entrega a rosa antes de se ajoelhar em sua frente. Sara tem os olhos arregalados, e leva as mãos aos lábios.

—Eu sei que faz tempo demais, e que quis fazer isso todos os dias dos últimos seis anos. –Ray começa a dizer, abrindo uma caixinha de veludo, para exibir um diamante enorme. –Mas não consigo esperar mais, eu quero poder dizer que você é minha esposa, quero uma família, e nossas próprias versões de Wally e Bart. –brinca, nos fazendo dar risada. –Eu te amo Sara, por favor, casa comigo? –pergunta como uma criança que pede mais um biscoito, e Sara balança a cabeça concordando.

—Claro. –diz finalmente quando consegue encontrar sua voz. –Eu te amo. –Ray se levanta, e eles se beijam, cheios de carinho. Olho para Oliver e os garotos por sobre os ombros de Ray, eles sorriam vendo a cena e quando os olhos de Oliver encontram os meus percebo que não me sinto tão feliz assim há muito, muito tempo.


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Notas finais do capítulo

Imagina esses quatro de terno... Ai meu coração!
Bom, me digam o que acharam, vou adorar conversar com vocês meus xuxus!
Bjnhos