Por trás das lentes escrita por Megan Queen


Capítulo 43
Surprise


Notas iniciais do capítulo

Depois de um século sem att, estou aqui outra vez e espero que gostem de mais um ep, bem grande por sinal, da nossa fic!
Deixo aqui meu agradecimento ao meu best Edvan ♥ que me emprestou o note pra que eu digitasse o cap todos os dias durante o intervalo das aulas...kkkk ~corrido é pouco, hein?~
E quero agradecer a cada uma das fofas que deixaram seus reviews no Aviso, que como vai ser excluído, não vai dar pra eu responder, mas muuuuuuuuuito obrigada pelo apoio e pela paciência de terem esperado todo esse tempo por PTdL!
Quanto aos outros reviews do cap anterior, estarei respondendo ainda hoje pelo celular da minha mãe ~pobre é fogo, mesmo!~ kkkkkk e os que não conseguir responder respondo amanhã, Juro!
E gostaria de dedicar esse cap a duas meninas: Ana Beatriz e Karly que me cativaram com suas MP's! :)
E, por fim.... Não surtem com a nova surpresa desse ep!
Boa Leitura!



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Felicity Smoak

— Thea, faça sentido! – cobro, cruzando os braços e observando a sacola com três testes de farmácia em cima da mesa de centro.

— Bom, numa tentativa de fazê-la enxergar que o teste de gravidez não é um bicho de sete cabeças, eu tive a brilhante ideia de todas nós fazermos um, como incentivo... – ela explica, orgulhosa de sua solução, pegando um para si.

— Eu avisei que ela é maluca. – Sara bufa. – Em minha opinião, isso é desnecessário. – revira os olhos, escolhendo o seu.

— Ainda bem que ninguém pediu a sua opinião. – a Queen retruca, lhe mostrando a língua.

Suspiro, resignada, e recolho meu teste, resolvendo ignorar a micro discussão das duas.

— Tudo bem, crianças, chega! – me ponho entre elas. – Thea, você pode usar o banheiro de hóspedes, Sara usa o de Cait e eu vou pro do meu quarto. – oriento, prendendo o riso ao ver minha cunhada dar pulinhos empolgados ao seguir para o banheiro. Única garota no Universo que fica tão feliz em fazer um teste de gravidez... — constato.

— Desisto de tentar entendê-la. – Sara ri pelo nariz, também saindo, em direção ao quarto de Caitlin.

Respiro fundo ao chegar a minha suíte, observando minha imagem no espelho acima da pia e constato o quanto minha insegurança salta aos olhos.

— Vamos lá... – encaro meu reflexo, buscando coragem. – É só um teste. – endireito a coluna, abrindo a embalagem e lendo as instruções de uso.

Depois que termino, os minutos parecem uma eternidade enquanto aguardo para ver o resultado.

Aqui, sentada na tampa do vaso, roendo as unhas de pura ansiedade, a única coisa que consigo pensar é no quanto minha vida pode mudar drasticamente esta manhã.

— Oh, Deus! – ponho a mão sobre a boca, contendo um soluço, ao ver os dois tracinhos que dizem que carrego outra vida dentro de mim.

Ao contrário do que esperava, nem mesmo o desespero toma conta de mim, agora. Eu só... Me sinto viva. Surpreendo-me por tão rápido conseguir absorver a ideia de que aconteceu o que eu tanto temia.

Eu estou grávida. Grávida de Oliver!

Um pedacinho dele agora respira junto comigo e outro coração bate em compasso com o meu.

“Nosso milagre” – ele dissera.

E sim, eu vejo como um. Com certeza não foi planejado. Veio cedo de mais? Sim, no entanto, agora que aconteceu, sei que de alguma forma esta é uma compensação da vida por cada dia sombrio que vivi nos últimos 3 anos. E como todas as coisas boas que ganhei ultimamente, Oliver está envolvido. Sem saber, ele me deu um motivo maior para tentar e conseguir me curar. Me deu outro pedaço de si para amar e, por Deus! Há exatos 5 minutos, essa coisinha que está crescendo em meu ventre já encheu meu peito de tanto amor como eu duvidava ser possível. É uma sensação assustadora, mas incrivelmente boa.

Este bebê é nosso, é meu! Fruto de algo tão precioso que sei que daria minha vida para protegê-lo.

— Santo Deus! Eu vou ser tiaaaaaaa! – desperto de minha letargia ao ouvir o grito empolgado de Thea ressoar pelo apartamento e me pergunto como raios ela descobriu, desejando cortar minha língua sem travas, já que pretendia que Oliver fosse o primeiro a saber.

Mas, ao abrir a porta e correr para a sala, escondendo o teste no bolso, me deparo uma cena no mínimo inesperada:

Thea pulando loucamente ao redor de uma Sara pálida como nunca, que se senta de qualquer jeito no sofá com a mão trêmula na testa.

Oh, frack! — Sara joga a cabeça para trás. – Eu vou matar Thomas! – ofega, agarrando a Queen caçula pelo rosto. – Juro que vou matar o seu irmão! – seus olhos se enchem de lágrimas e só agora me dou conta de como seu humor estava maluco ultimamente.

— Woa! – Thea a segura pelos ombros e aproveito a confusão para deixar guardado meu pequeno segredo, caminhando até elas. – Você não vai deixar essa criança órfã antes de nascer! – a garota fala devagar, para acalmá-la, mas logo um sorriso malicioso enfeita seus lábios. – Além do mais, duvido que Thomas a tenha feito engravidar sozinho... – provoca.

— Ótimo! O bebê não vai ter nem pai, nem tia! – empurro a Queen/Merlyn e me ponho à frente de Sara quando percebo seu olhar assassino na direção da cunhada, que apenas dá de ombros com um sorriso feliz. – Por favor, você precisa ficar calma! – peço à loira, que toma uma respiração profunda fechando os olhos.

— Mas Thomas é um idiota mesmo! – ela choraminga. – Acabo de descobrir que estou grávida e onde ele está? Não faço a menor ideia! – resmunga, passando as mãos pelo rosto. – Droga! Eu vou ter um filho com aquele imbecil e nós estamos brigados feito duas crianças! Isso é loucura. – bate o pé. – Como aconteceu?

— Bom, quando um homem e uma mulher se amam, eles... – Thea começa, em tom pedagógico.

— Queen! – nós nos viramos para ela, que dá um sorriso infantil, interrompendo sua aula sobre reprodução humana.

— Qual é, Sara! – Thea fica séria de repente e se aproxima dela, agachando à sua frente. – Eu te conheço a tempo suficiente para saber que você e Tommy vivem em pé de guerra, mas não conseguem viver um sem o outro. É lindo, na verdade. – fala, e vejo os olhos da loira lacrimejarem (!). – Isso está sendo uma loucura, eu sei. Quer dizer, viemos aqui esperando um pequeno Queen a caminho e um little Merlyn roubou a cena. Acredito que Fe esteja aliviada por ter saído de foco. – ela me lança uma piscadela e eu desvio o olhar. – Mas você recebeu um presente! Imagino que esteja surtando porque, caramba, eu também estou e Tommy é capaz de ter um AVC quando descobrir... – Sara dá uma risada nervosa após essas palavras. – Só que, lá no fundo, nós duas sabemos que você também está feliz, assustadoramente feliz porque essa criança é filha do maluco idiota e irritante que você ama! – conclui, deixando a loira com lágrimas nos olhos, pouco antes de receber um abraço de urso dela.

— Você falou com tanta propriedade... – Sara murmura, secando as lágrimas. – Não está grávida, está? – questiona e eu arregalo os olhos, a encarando.

— Claro que não! – Thea estala a língua. – Eu decorei essas palavras para dizer a Felicity, mas depois dessa reviravolta, dei uma improvisada pra você. – diz e Sara revira os olhos. – Jamais chamaria Ollie de “maluco idiota e irritante”, chamaria de outras coisas, mas não disso... – se vira para mim e eu gargalho.

— Thea, você é uma peça rara! – cutuco sua costela.

— Vou aceitar isso como um elogio. – ela dá de ombros e se volta para a outra. – E você, mamãe, pro seu bem que esse bebê seja uma menina! – avisa e Sara ri alto pela primeira vez. – Ouviu, coisinha? – ela se aproxima da barriga plana da loira e a acaricia com o indicador, trazendo um sorriso terno aos lábios da mesma. – Não decepcione a titia, o.k.? – faz uma vozinha engraçada.

— Pobre criança... – suspiro, risonha. – Ameaçada por Thea Queen desde a barriga! – brinco e Thea ri, claramente radiante pela descoberta do sobrinho (a). Me pego imaginando a loucura que vai ser quando ela souber que Sara não é a única que lhe dará um. Provavelmente precisaremos dopá-la.

— Do que está rindo? – a garota ergue uma sobrancelha, desconfiada.

— Uh! Eu? – me alerto ao ver sua expressão. – Nada. Só pensando no quanto tudo isso é maluco. – me abano com a mão, dando uma risada nervosa.

— Hmm... Falando em maluquice... – a Queen se vira para Sara novamente. – Você disse alguma coisa sobre estar brigada com Tommy? – questiona e a outra suspira.

— Uma discussão, um tapa na cara e... – tira o celular do bolso para checar alguma coisa. – 92 ligações rejeitadas de ontem pra hoje. O que mais quer saber? – dá de ombros e Thea me encara com os olhos arregalados.

— Você tem que resolver isso, Sara Lance! – exclama, irritada. – Não dá pra continuar com esse gelo depois de descobrir que está grávida dele e sabendo que o idiota deve estar pirando.

— Ela tem razão, Sara. – concordo. – Se eu descobrisse estar grávida de Oliver e estivéssemos brigados, minha primeira preocupação seria fazer as pazes com ele. Além do mais, eu ia querer estar perto do homem que me deu um presente tão valioso... – suspiro, pois é exatamente isso o que eu quero.

— Não vou fazer o que estão pensando! – Sara birra, cruzando os braços.

— Sim, você vai! – Thea bate o pé e mais uma vez eu a apoio. – Vai ligar pra ele até o fim do dia e chamá-lo para uma conversa. Não precisa contar da gravidez se não quiser, apenas façam as pazes. – pede, juntando as mãos e fazendo seu melhor olhar de gato de botas.

— Tá. – Sara suspira, cedendo, e nós batemos as mãos, vitoriosas.

— O que pretende fazer? – Thea pergunta, curiosa.

— Não força, Queen! – Sara ergue o indicador ao se levantar do sofá. – Agora eu vou pra casa, conversar com Laurel sobre uma maneira de proteger Thomas da fúria do Capitão Lance. – respira fundo, parecendo tomar coragem. – Depois penso no resto.

— Vou com você! – Thea se anima, enlaçando seu braço ao da loira.

— Nossa! Como você muda de preferência rápido... – zombo, ao perceber seu grude com a outra.

— O que posso fazer? – ela devolve. – Ela vai me dar uma sobrinha, você não. Ou vai? – para, de repente, me encarando inquiridora.

Engulo em seco e forço uma risada.

— Isso aqui não é uma máquina para a realização dos seus desejos, baixinha. – provoco e ela revira os olhos.

— Então, conforme-se! – ela manda um beijinho por sobre o ombro, arrancando um sorriso divertido de Sara.

— Vamos, maluquinha. Antes que eu mude de ideia sobre deixá-la me acompanhar. – a loira a puxa pela blusa. – Seria muito insano eu esperar que tudo isso seja um sonho e eu acorde a qualquer momento? – ela pergunta, com a mão na maçaneta. – Ai! – grita, massageando o braço e fuzilando Thea com o olhar. – Por que me beliscou?

— Não é um sonho. – a pequena dá de ombros, puxando-a até o lado de fora. – Tchau, Smoak! – joga um beijo no ar para mim, batendo a porta em seguida, enquanto ouço Sara resmungar algo sobre hoje ser um longo dia.

Suspiro, concordando com isso.

Em apenas um dia, minha vida e a de Sara deram uma guinada de 360 º.

Sei que as coisas vão complicar um pouco. Quer dizer, nem conheço minha sogra e já estou carregando seu neto no ventre! É impossível não sentir medo de que ela me julgue uma interesseira oportunista, assim como acredito que a mídia fará, embora sua opinião e a de Oliver sejam muito mais importantes para mim do que a de todos esses repórteres sem-noção.

O que me leva a outra questão. O que Oliver vai achar disso? Por mais que tenha certeza de que ele jamais rejeitaria um filho nosso, sou consciente de que essa criança mudará sua vida tanto quanto a minha e nós sequer conversamos sobre esse tipo de mudanças.

Sacudo a cabeça, espantando esses pensamentos confusos e tomando uma única decisão: Ainda hoje eu contaria a ele, afinal, não conseguirei manter esse segredo com Thea por muito tempo e ele pediu para ser o primeiro a saber quando eu engravidasse, então...

Deus me ajude! — suspiro. – E que não me deixe matar meu namorado do coração essa noite.

~*~

Sara Lance

Observo mais uma vez o celular em minhas mãos enquanto assisto às notícias na TV.

Fora uma tarefa difícil convencer Thea a ir embora, já que a mesma pusera a firme determinação de estar presente para fotografar a cara de Tommy ao saber de minha gravidez, mas depois de um pouco de insistência e ameaças, além de prometer que pensaria a respeito de seu pedido para ser madrinha do bebê, ela finalmente se fora.

Torço os lábios ao observar as notícias e a cobertura da premiação para as empresas de tecnologia da cidade. Estaria mentindo se dissesse que me surpreendi por Thomas Merlyn não ter comparecido ao evento, apenas seu pai. Me chateia assistir a forma como Malcolm o menospreza e subestima, parecendo até ter vergonha do próprio filho, mesmo após suas tentativas de mostrar que se tornou responsável.

E é isso que me preocupa. Thomas tem medo de ser pai. Medo de verdade. Por mais que já tenha lhe dito que não é obrigado a cometer os mesmos erros de Malcolm, ele me falou uma vez que não se pode dar o que não recebeu e que teme ver a mesma dor que tinha em seus olhos nos olhos de outra criança, seu filho.

Na verdade, depois dessa conversa que tivemos há mais ou menos um mês, percebi que seu medo de magoar o próprio filho apenas mostra que será um ótimo pai, mas é difícil convencê-lo disso.

Olho mais uma vez o visor de meu celular. 20h53min.

Suspiro, resolvendo ligar logo para ele. Mas, antes que possa fazê-lo, recebo uma chamada, me surpreendendo ao ver que se trata de Regina, a essa hora da noite. Preocupo-me.

— Alô. – atendo rapidamente. – Aconteceu alguma coisa com Laurel? – pergunto de bate e pronto.

— Com a Dr.ª Lance?! Não, não aconteceu nada com ela, relaxe. – Regina dá um sorriso curto e só então escuto a batida da música eletrônica ao fundo. – Ou não relaxe... – ela murmura. – O problema é Tommy, digo, o Sr. Merlyn... – ela pigarreia e quase posso vê-la pondo o cabelo atrás da orelha ao corrigir.

— Thomas?! – agora é que não estou entendendo nada mesmo...

— Vocês brigaram recentemente? – ela quer saber, direta.

— Bem, pode ser que sim, pode ser que não... – despisto. – Por quê?

— Então pode ser que seu homem esteja na Verdant, bebendo um bocadinho demais. – ela tenta amenizar e eu bufo, batendo com a mão na testa. Valeu, Thomas!— Sinceramente, ele não parece nem um pouco bem. O que você fez, hein?

— Eu?! Por que tem que ser eu a ter feito alguma coisa? – questiono, levemente irritada.

— Okay, eu tenho um problema em atribuir culpa a homens tão impossivelmente lindos... – ela devolve, sincera.

— Regina, você tem consciência de que está falando com a namorada dele, né? – chamo sua atenção e ela apenas dá uma risada baixa.

— Falei alguma mentira? – rebate, me arrancando um sorriso. – Mas olha só, Srt.ª Lance, como eu sou uma pessoa bem legal, eu resolvi te ligar. – ela suspira. – Quero dizer, esse é Thomas Merlyn, então suponho que logo vão aparecer muitas piranhas oportunistas para cercá-lo. – cerro meu maxilar, com raiva só de imaginar. – Se serve de consolo, ele já rejeitou algumas, mas logo não estará sóbrio o suficiente para isso. – avisa.

— Tudo bem... – respiro fundo, me levantando e pegando as chaves do carro de Laurel, que hoje pegou uma carona com Ray, já que seria sua acompanhante no evento. – Seguinte: quero que tome conta dele até eu chegar. Estou a caminho. – digo, saindo e trancando a porta do apartamento após vestir um casaco sobre minha regata.

— Pode deixar que eu tomo de conta... – Regina suspira.

— Regina... – murmuro em tom de aviso.

— Relaxa. – ela ri alto. – Ele é uma bela tentação, mas tenho princípios, o.k.? – garante. – Além do mais, ainda não bebi o bastante para desafiar a fúria de Sara Lance... – acrescenta, risonha.

— Como assim? – retruco, descendo as escadas até a portaria rapidamente.

— Eu vi a marca que você deixou no rosto dele aquele dia no elevador... – ela recorda, assoviando. – Tenho amor à vida, querida! – conclui.

— Já já chego aí. – falo, entre risos. – Até logo.

— Até. – ela desliga.

Okay...— respiro fundo ao entrar no carro, ligando-o. – A única coisa de que preciso me lembrar é não matar o pai do meu filho antes da meia-noite... Depois disso penso no resto.

~*~

Oliver Queen

Puxo todo o ar que posso para meus pulmões após entrar no grande salão bem enfeitado do Centro de Convenções de Star.

— Tudo bem, cara? – ouço a voz de Dig, pouco antes de sua mão alcançar meu ombro.

— Na verdade, não. – admito, dando um sorriso forçado para a garçonete que passa à nossa frente e me voltando para ele. – Já teve a sensação de estar fazendo algo que vai te ferrar no final? – questiono, coçando a barba, e ele suspira.

— Já. – responde, curto.

— E o que aconteceu?

— Meu primeiro casamento com Lyla acabou... – responde, parecendo desgostoso.

— Não está ajudando... – murmuro, meneando a cabeça educadamente para mais alguns rostos conhecidos.

— O que quer que eu diga, Oliver? – ele suspira, em reprovação. – Sabe do que eu estou falando.

— Acha que estou arriscando minha relação com Felicity ao esconder essa missão? – pergunto, baixando o tom e o olhando de esguelha.

— Responda você mesmo. – seu tom é repreensivo. – A missão, todo o resto... Por causa dessa vingança, você está escondendo coisas da pessoa que mais se sacrificou para não esconder nada de você. Faz ideia do quanto de confiança foi necessário para que ela lhe contasse seu segredo mais sombrio? – ele torce os lábios, cruzando os braços na posição típica de guarda-costas. – E veja só como você retribui essa confiança: omissão!

— Eu a estou protegendo! – retruco, me esforçando para manter o tom baixo e aceitando a bebida que um dos garçons me oferece.

— Nem mesmo percebe o quanto soa hipócrita! – ele ri sem humor. – Quer dizer que quando é ela que esconde coisas para protegê-lo é inaceitável, já o contrário deve ser compreensível? – dá de ombros, sarcástico.

— Desde quando ficou tão moralista? – o encaro, chateado com suas acusações. – Sabe por que estou fazendo isso. Colocaria Lyla na mira da Waller? – argumento.

— Acha mesmo que Amanda tem limites e não a envolverá se assim quiser? Por Deus, Oliver! Recebi a notícia de que Lyla estava grávida da própria Waller ao mesmo tempo em que era ameaçado para participar numa das missões do Esquadrão Suicida! – ele bufa, cerrando o maxilar, e me encara. – Pense um pouco e entenderá que a melhor forma de proteger Felicity é mantê-la informada e dentro.

— Para você é fácil, Lyla também é uma agente treinada. Quando era com Helena eu não me preocupava, mas não Felicity. – aperto os punhos. – Ela é pura demais para eu envolvê-la nessa droga!

— O que está fazendo é nobre. – ele assente, resignado. – Espero que o preço que pagará não seja alto demais. – conclui. – Vale a pena? Digo, a vingança. – ele estreita os olhos para mim.

— Ele era meu pai. – devolvo. – Cometeu seus erros, mas não era um homem mau. Além do mais, eu não me vingo apenas por sua morte, mas por minha mãe e por Thea, principalmente por Thea, que era apenas uma garota e perdeu uma parte de si mesma quando ele se foi, quando eu mesmo me fui temporariamente. Me vingo por elas. – respiro fundo, tentando me convencer de que estou fazendo o certo.

— Pois então espero que seja capaz de disfarçar toda essa sua sede de vingança, agora que está prestes a conhecer seu alvo... – Diggle baixa a voz.

— Ele está aqui? – sinto o sangue correr mais rápido, alerta. – Quem é?

— Deixarei que ele mesmo se apresente... – sua voz é mero sussurro, antes que um homem alto que conheço de vista por causa de sua parceria com a QC na época do meu pai se aproxime com um sorriso cortês e frio. Sinto um arrepio subir por minha coluna ao notar seu gélido e sinistro olhar azul e constatar que faz no mínimo 5 anos desde a última vez que o vira na cidade.

Não pode ser coincidência.

— Olá, Sr. Queen. – ele cumprimenta, parando à minha frente. – Damian Derek. – estende a mão. – Receio que não se lembre de mim.

— Como poderia esquecer? – devolvo, com um sorriso forçado. – Muito prazer em revê-lo, Sr. Derek. – aperto sua mão, sabendo que não conseguirei descansar até que isso termine e temendo unicamente perder Felicity no processo.

Não a perderei! — repito para mim mesmo, enquanto vejo o homem se afastar e troco um olhar significativo com Diggle.

~*~

Felicity Smoak

Observo aquelas que antes eram as minhas unhas, agora completamente roídas e com o esmalte vermelho descascado enquanto fecho o envelope azul e o guardo na gaveta da mesa de cabeceira, pedindo aos céus coragem.

A cada minuto que se passa, menos me sinto pronta para contar a Oliver sobre minha gravidez.

E se for cedo demais? E se eu o assustar?

Milhares de “se” atravessam minha mente, enquanto caminho para o banheiro, preparando uma ducha. Principalmente depois da notícia que vira sobre a entrega do prêmio que como eu já havia imaginado, fora para a QC. Fiquei orgulhosa por Oliver, mas ao ver a foto que saíra no jornal dele recebendo-o, não pude deixar de me surpreender.

Como fotógrafa, sei reconhecer muito bem quando alguém está desconfortável ou quando um sorriso é falso e forçado. E foi exatamente isso que vi em Oliver naquela imagem, o que não deixa de ser estranho.

Permito que a água lave essas preocupações e me concentro no que ele deixou claro hoje de manhã: Nos amamos e vamos dar um jeito em qualquer coisa que surja pela frente.

Depois de me enrolar na toalha, vou até meu quarto e escolho algo confortável para vestir, preferindo pôr um vestido azul com corte logo abaixo dos seios, frente única, godê.

Penteio meus cabelos com os dedos, desembaraçando os fios, e ponho um brinco de pedra pequeno nas orelhas. Quando observo meu reflexo no grande espelho que há na porta de meu guarda-roupas instintivamente meu olhar cai sobre minha barriga, ainda lisa, mas que agora sei que guarda meu bem mais valioso.

— Olá, coisinha... – falo baixinho, tocando meu ventre com cuidado. – A mamãe já sabe que você está aí... – sorrio levemente, acariciando. – Eu já amo você, meu amor, e prometo que nunca ninguém vai te ferir enquanto eu estiver aqui para você! – digo, sentindo os olhos enxerem ao lembrar da última vez que prometera isso a alguém.

~Flashback~on~

Observo o corpo encolhido de James debruçado sobre o leito que era de sua mãe após ela ter sido retirada sem vida dali. Seu soluço sofrido corta meu coração à medida que roo minhas unhas, agoniada por não poder fazer nada para consolá-lo.

Por alguns minutos, tudo o que faço é observar seu magro corpo sacudir com seu choro quase convulsivo enquanto afago suas costas, minhas unhas com o esmalte preto descascado se destacando contra o algodão branco de sua camisa.

— E agora? – de repente sua voz quebrada soa e ele levanta a cabeça, o rosto jovem e ao mesmo tempo contorcido e vermelho de dor me encarando.

— O que quer dizer? – murmuro suavemente, me aproximando mais dele e segurando a cruz de meu colar na mão com força para não desmoronar junto com ele.

— O que vai acontecer comigo, Licity? – ele fala, prendendo os lábios para conter um soluço. – Ela... Ela era meu tudo, era tudo que eu tinha e agora... Não tenho mais ninguém... – ele funga, sem ter vergonha de expor seu medo.

— Tem a mim. – falo, surpresa com a própria firmeza de minhas palavras, e solto o colar para segurar suas mãos entre as minhas, um pequeno sorriso brotando entre suas lágrimas quando seu olhar encontra meu esmalte escuro e descascado.

— Licity... – começa, mas aperto suas mãos o fazendo me encarar.

— Você sempre terá a mim, Jam. – repito, franzindo os lábios. – E eu prometo que nunca ninguém vai te ferir enquanto eu estiver aqui para você! – juro, sendo pega de surpresa quando num impulso ele me puxa para um abraço tão apertado que fico sem ar por um momento, retribuindo-o e bagunçando seus lisos cabelos pretos com a mão.

~Flashback~off~

Engulo as lágrimas, pondo as duas mãos sobre meu ventre.

— Já falhei em cumprir essa promessa no passado, mas não pretendo falhar novamente, o.k.? – confesso, sentindo a culpa doer um pouco menos, decidida a jamais permitir que se repita o que acontecera com James.

Ouço batidas na porta e trato logo de me recompor.

Respiro fundo antes de abrir e dar de cara com a única pessoa no mundo capaz de me acalmar apenas com sua presença.

— Oliver... – murmuro, surpresa, quando ele entra rapidamente, me abraçando com tanta força como se eu fosse desaparecer do nada. – Está tudo bem? – questiono, retribuindo seu aperto, enquanto ele fecha a porta com o calcanhar, trancando-a.

— Está... – ele suspira, segurando meu rosto em uma das mãos enquanto mantém a outra atrás das costas. – Só estava com saudades. – diz, me olhando com adoração evidente, antes de beijar meus lábios com carinho.

— Nos vimos hoje de manhã. – sorrio, derretida, ficando na ponta dos pés e segurando em seus ombros para lhe dar um selinho. – O que está escondendo aí atrás? – pergunto, me afastando de leve e puxando-o suavemente pela camisa branca de botões.

— Esperta. – ele beija minha testa, me girando entre seus braços e me abraçando por trás antes de colocar uma garrafa de champagne diante de meus olhos. – Peguei emprestada. – diz, beijando meu pescoço e me fazendo cócegas com sua barba, enquanto eu engulo em seco, agradecendo mentalmente por ele não poder ver meu rosto.

— Hoje eu vou passar... – suspiro, virando parcialmente a cabeça para vê-lo erguer as sobrancelhas, surpresos. – Quero estar sóbria para aproveitar essa noite. – justifico, enquanto caminhamos juntos até a cozinha, onde ele coloca a garrafa sobre o balcão.

— Sendo assim, acho que também vou passar... – ele ri pelo nariz, girando-me novamente para si e me fazendo espalmar as mãos em seu peito ao enlaçar minha cintura. – Está linda. – elogia, pondo uma mecha de cabelo atrás da minha orelha e me fazendo corar como todas as vezes em que diz isso, o que o faz rir.

— Nem estou arrumada. – digo, me afastando e caminhando com ele logo atrás de mim, na direção do quarto.

— Sabe que não precisa de esforço para estar linda... – diz, no momento em que entramos, me puxando pela cintura, sua mão se espalmando em minha barriga, me fazendo estremecer de leve. – Está tudo bem? – pergunta, fechando a porta e me abraçando com mais firmeza, seu rosto achando um espaço na curva do meu pescoço. – Ficou tensa de repente.

Respiro fundo, buscando meu autocontrole.

— Primeiro você... – devolvo, virando para ele e puxando-o pela mão até a cama, sentando contra a cabeceira e, logo depois de se livrar do terno e dos sapatos, ele faz o mesmo.

— Como assim? – dá um riso curto, coçando a nuca.

— Oliver... – murmuro, em tom de reprimenda. – Vi as fotos do evento.

— Talvez você tenha razão... – ele suspira, cansado. – Eu estou tenso demais. – admite. – Desculpe por isso.

— Tudo bem... – dispenso com a mão. – Podemos conversar um pouco e, enquanto isso, que tal uma massagem? – ofereço, ficando sobre os joelhos, e Oliver ergue as sobrancelhas. – Tenho meus truques. – é a minha vez de dar de ombros. – Vamos lá, não é como se eu fosse te aleijar... – provoco, o fazendo rir e desencostar da cabeceira, as mãos começando a trabalhar nos botões da camisa, tão sexy que não consigo evitar que o sangue corra mais rápido por minha face, esquentando minhas bochechas e o fazendo levantar o canto da boca num sorriso tipicamente masculino. – Não precisava tirar a camisa... – digo, tentando parar de encarar os pedaços de pele que ele vai revelando aos poucos.

— Ah, eu prefiro assim... – ele insiste, com um olhar zombeteiro que não me passa despercebido. – A ideia foi sua, lembra? E eu acho que estou mesmo precisando de uma massagem. – acrescenta, com uma piscadela, puxando a camisa de dentro da calça e terminando de tirá-la. – Qual o motivo dessa sugestão extremamente pertinente, Srt.ª Smoak? – ele questiona, se afastando e sentando-se de costas para mim na beirada da cama.

Suspiro diante da visão de Oliver sem camisa, mesmo de costas, mas agora presto mais atenção às marcas de cicatrizes espalhadas por seu corpo. Não é como se eu fosse cega e nunca as tivesse visto antes, nem como se nunca tivessem passado por minha cabeça perguntas sobre como um bilionário que trabalha sentado atrás da mesa de um escritório as conseguira, apenas que nunca me arriscara a mexer nesse assunto. É claro que eu tinha suposições e a maior parte delas estava ligada ao ano em que ele e seu pai ficaram desaparecidos, pouco antes de se descobrir que o barco em que estavam havia naufragado e que Robert morrera enquanto Oliver ficou perdido em uma ilha no litoral da China. Mas uma parte de mim queria que o próprio Oliver tocasse nesse assunto comigo quando estivesse pronto, assim como ele esperara por meu tempo. Seja o que for que ocorreu nessa ilha, ele parece ter superado muito bem, mas aquelas cicatrizes são um lembrete constante de que a história não foi completamente contada.

— Felicity? – ele se vira parcialmente para mim, me fazendo acordar de meus devaneios.

— Oh, claro – sacudo a cabeça, andando de joelhos pela cama até me posicionar bem atrás dele, minhas mãos pousando em seus ombros nus e me deliciando com a eletricidade palpável que meu toque causa em sua pele. – Qual a pergunta?

— Por que sugeriu a massagem de repente? – ele questiona novamente, seus músculos relaxando e um pequeno gemido rouco escapando por seus lábios quando começo. – Céus! Você é boa... – elogia de maneira arrastada, suspirando, e eu rio. – Não soava tão pervertido em minha mente. – ele corrige, erguendo uma mão, exatamente como eu fiz uma vez.

— Convivência. – sussurro em seu ouvido, divertida, ouvindo sua curta risada. – Sobre a massagem... Bom, nenhum motivo específico, apenas que gosto de ter um pretexto para tocar esses músculos inumanos... – murmuro, levemente corada pela confissão enquanto massageio seus ombros e o sinto relaxar o pescoço apesar da risada alta que deixa sair.

— Claro. Sinta-se à vontade. – diz, provocativo, suspirando quando meus dedos deslizam pela marca de um corte profundo. – Por que nunca perguntou? – questiona, virando um pouco para ver meu rosto e me pegando de surpresa com isso.

— Nunca perguntei o quê? – devolvo, tentando sondar o terreno.

— Sobre as cicatrizes... – ele dá de ombros. – Todos perguntam quando as veem, menos você... E não foi por falta de oportunidade. – brinca, enquanto forço minha mente a não divagar sobre sua insinuação a respeito das múltiplas vezes que o vira sem camisa.

— E você respondeu? Digo, respondeu quando essas pessoas perguntaram? – quero saber, o vendo soltar o ar lentamente, parecendo refletir sobre minha questão.

— Não com sinceridade. – admite. – Exceto com Dig e... – hesita e deduzo o outro nome por sua tensão.

— Helena. – completo, contendo ao máximo a amargura ao falar de sua ex.

— É. – ele confirma. – E, para não ser injusto, erguemos um ao outro de nossos momentos mais sombrios. – fala, sincero, e não sei se é por este motivo, mas não consigo sentir raiva da mulher que lhe deu forças durante a época obscura de sua vida. Sinto raiva por essa mulher não ter sido eu, só isso. – Helena também não teve o melhor dos históricos familiares, se é que me entende. – completa, sereno, à medida que minhas mãos descem pelos músculos de suas costas.

— Claro. – anuo, curiosidade me corroendo. – Quer me contar? Sobre as cicatrizes e tudo o mais? – explico, me aproximando mais de seu torso.

— Você quer saber? – ele rebate, virando para mim com um olhar tão nostálgico com só vira quando eu mesma me olhava no espelho, e não nos meus melhores momentos, vale constar.

— Só se você estiver pronto. – digo devagar, vendo ternura cobrir suas feições antes que ele me dê um pequeno selinho e se ajeite na cama de modo a ficarmos frente a frente, suas mãos segurando as minhas.

— Por esse e outros motivos eu amo tanto você, Felicity Smoak. – beija os nós dos meus dedos, me encarando fixamente de forma tão intensa que me sinto enrubescer exatamente como na primeira vez que o ouvira dizer as três palavras. – Confio em você com a minha vida. – fala baixinho e é nesse momento que tenho a certeza de não ser a única cujo passado passa bem longe de ser um conto de fadas.

— Também confio em você, Oliver... – declaro, ajeitando os óculos sobre a face e ele abre um pequeno sorriso satisfeito.

— Tem algumas coisas que não te contei sobre mim... – ele suspira, mantendo o olhar sobre o meu. – E, acredite, não foi falta de confiança. Apenas não achei o momento certo para falar, acho. – encolhe os ombros e eu assinto. – Você precisa saber que 5 anos atrás eu era um completo babaca cuja maior preocupação era torrar o patrimônio da minha família com festas e excessos. Na verdade, eu só queria curtir a vida da melhor maneira possível, não era maldade. E então meu pai achou que passando algum tempo mais comigo talvez conseguisse pôr um pouco de senso em mim... – começa a contar e identifico em sua fala a vergonha e a culpa de alguém que se julga responsável pela morte de outra pessoa.

— A viagem no Gambit... – murmuro e ele baixa o olhar, concordando com a cabeça. – Você acha que seu pai morreu por sua causa. – deduzo e o assisto franzir os lábios antes de voltar a me encarar de modo sombrio. – Não foi sua culpa, Oliver! – afirmo.

— Você não está entendendo, Felicity. – ele me interrompe, sacudindo a cabeça com pesar. – Em primeiro lugar, ele estava naquele barco por minha causa, eu sugeri a viagem... – diz e eu abro a boca para protestar, mas ele ergue o indicador. – Meu pai não morreu afogado. – solta de uma vez e eu ergo as sobrancelhas, surpresa.

— Mas... – balbucio. – Todos disseram que...

— É claro que disseram. – ele estala a língua, desgostoso. – Eu jamais deixaria minha irmã de 14 anos saber que nós dois sobrevivemos ao naufrágio, mas que depois nosso pai atirou na própria cabeça para poupar mantimentos e tentar aumentar minhas chances de sobrevivência. – despeja as palavras numa enxurrada desenfreada e extremamente culpada, enquanto suas mãos soltam as minhas para cobrir a face por breves segundos, massageando as têmporas, seus olhos levemente marejados e avermelhados.

Oh, God! O que inferno Oliver passou?

Chorar por tudo que se perdeu, por tudo que apenas ameaçou e não chegou a ser, pelo que perdi de mim, pelo ontem morto, pelo hoje sujo, pelo amanhã que já não existe, pelo muito que amei e não me amaram, pelo que tentei ser correto e não foram comigo. Meu coração sangra com uma dor que não consigo comunicar a ninguém, recuso todos os toques e ignoro todas as tentativas de aproximação. Tenho vergonha de gritar que essa dor é só minha, de pedir que me deixem em paz e só com ela, como um cão com seu osso [..] — Sean Wilhelm

 


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Notas finais do capítulo

Não vou demorar muito por aqui por falta de tempo mesmo, mas vejo vocês nos reviews!!!
P.S.: O que achou, Regina Merlyn? kkkkk
Suposições, dúvidas, surtos e tudo mais, vou adorar saber tudinho! haha
Xero ♥