Felicity Smoak

A expressão de Íris parece a de um peixe fora d'água.

– O-Olá - ela gagueja e estende a mão para Oliver, me ignorando totalmente. Valeu!

– Olá.- ele abre um sorriso fácil e aperta a mão dela.

– Mas que surpresa agradável tê-lo aqui - ela fala, claramente hipnotizada.

– Pois é...- ele responde e percebo que não está à vontade com tanta adoração.

Problema dele.

– Bom, então eu vou indo, gente...- falo, me preparando para evaporar.

– Não! - ele me agarra pela cintura e me puxa, praticamente nos colando lado a lado, me enviando arrepios coluna acima e me deixando atordoada por alguns segundos - Não me deixe sozinho com essa louca - sussurra em meu ouvido, o que me faz encarar Íris, que fala tal e qual um papagaio maluco, ainda sem perceber que estou quase grudada em seu "ídolo".

– ... mal posso ver a hora de te mostrar o meu estúdio...- ela tagarela, mas então para ao notar o braço de Oliver na minha cintura e sua mão segurando a minha para evitar que eu me solte, não que eu esteja mentalmente capaz de tentar...- O que está acontecendo aqui? - ela questiona, com a voz carregada de nojo, o que, pela maneira como Oliver passou a me segurar mais firmemente, ele percebeu e não gostou.

– Bom, eu...digo, nós...- começo a falar, ainda sem saber o que dizer, mas Oliver me interrompe.

– Eu vim para um ensaio com a equipe da senhorita Smoak - ele dá um típico sorriso de lado masculino - que já conheço há algum tempo.

– C-Como assim? Você era da minha equipe!- ela grunhe.

Não sei porquê, mas vê-la se referindo a ele como um objeto faz a raiva me subir às narinas.

– Não - me meto - Você fechou o contrato com ele usando o nome e a reputação da minha equipe, mas quando voltamos de férias, passou o contrato pra sua.

– Então, para reparar essa injustiça, eu liguei hoje de manhã e pedi para me retransferirem para a equipe original - Oliver acrescenta e me viro para ele, surpresa - Além do mais, sou um grande admirador do trabalho da Srta. Smoak.

Ele pisca para mim e sei que está mentindo, que nunca viu um trabalho meu, mas mesmo assim fico lisonjeada.

– Isso é sério? - Íris me fulmina com o olhar como se, de repente, eu tivesse ganhado chifres, um rabo e um tridente.

– Sério - Oliver responde por mim, que estou ficando realmente preocupada com um possível atentado à minha integridade física, e estou quieta ao seu lado - A propósito, eu estava pedindo à Srta. Smoak para me levar até o estúdio dela. Com licença. - conclui, me puxando pelo corredor, deixando Íris plantada na porta dos banheiros - O.k. Agora me guia, por favor - ele murmura, ainda com o braço na minha cintura, vale lembrar.

– Vira aqui - aponto à esquerda.

Assim que viramos, me afasto uns bons dois passos dele. Razões de segurança.

– Primeiro: Nada de me agarrar desse jeito de novo, o.k?- acho que sou a única mulher no Universo que pediria isso a Oliver Queen, mas...gosto de manter meus pensamentos em ordem e ele me agarrando, não ajuda nisso.

– Você ia me abandonar numa casa em chamas! - ele acusa.

– Foi mal por isso.- dou de ombros - E por falar em chamas, a Íris vai me matar! - suspiro.

– Íris é a maluca do corredor?- ele pergunta e eu assinto, sorrindo.

– Ela é uma repórter um tanto competitiva. Já me detestava antes e agora deve estar tramando um jeito de me matar e sair impune, por ter tirado você dela.

– Não é pra tanto, Smoak. - ele sorri.

– Você está na lista de 3 dela! - exclamo.

– O que diabos é uma lista de 3? - ele pergunta, confuso.

– A lista de possíveis caras com quem você trairia seu namorado. É uma baboseira criada pelo fantástico mundo feminino. Acho que na época em que tive uma lista de 3, seu amigo Thomas Merlyn estava nela...- Oliver levanta as sobrancelhas - Não que você estivesse interessado em saber - me corto, me repreendendo mentalmente por minhas divagações.

– Acho que entendi, srta. Smoak.- ele sorri, parecendo se divertir bastante ao me ver me enrolando.

– Esse negócio de "Srta. Smoak" já deu por hoje...na verdade, já deu pra sempre!- sentencio.

Ele me lança um sorriso enviesado capaz de fazer estrelas derreterem e, céus, eu sou uma mulher, portanto não sou imune à essa amostra de testosterona ambulante e só descobri isso depois que esse cara mostrou os dentes, o que me faz querer me enforcar.

– E como devo chamá-la? - ele coloca as mãos nos quadris, me dando um vislumbre de seu bíceps perfeito que ainda há pouco estava grudado em mim. Foco, Felicity! Sério, isso está patético! Não consigo me concentrar. Então, uso minha arma preferida: sarcasmo.

– Creio que já lhe disse meu nome. Não sei já lhe contaram, mas geralmente chamamos uma pessoa pelo nome. Essa é a graça de ter um! - cruzo os braços e levanto uma sobrancelha no que deve ser a expressão mais arrogante que ele já viu.

E então...ele gargalha! Se antes eu já achava que os homens são todos loucos, agora é oficial. Como ele pode achar tanta graça em ser destratado por mim?

– Caraca, Felicity, você não perdoa nada! - ele me encara, ainda sorrindo, com seus olhos azuis e profundos fixos em meu rosto.

E é aí que eu entendo como ele hipnotiza as mulheres... Droga, preciso de café! Ou isso ou esse cara é obra do demônio!

Antes que comece a agir como uma completa idiota, babe ou solte alguns dos pensamentos nada inocentes que estão passando pela minha cabeça, me viro e começo a andar, de preferência com uma grande vantagem de espaço em relação ao pedaço de mau-caminho que atende por "Oliver Queen".

– Me acompanhe, antes que eu mude de ideia, Oliver - aviso e ouço sua risada atrás de mim.

– Sem chance! - ele devolve.