Por trás das lentes escrita por Megan Queen


Capítulo 31
Capítulo 30


Notas iniciais do capítulo

Yay, gente!
Voltei logo que pude e... eu estou viva! ashashaush
Bom, chegamos ao capítulo 30! Pra uma fic que ia ter no máximo 10 caps, chegamos bem longe, hein? E ainda tem muitas emoções por vir!
Queria agradecer a cada uma das pessoas maravilhosas que tem comentado, favoritado e recomendado! Essa história é nossa, meninas e só chegou tão longe graças ao apoio de vcs!
Espero que curtam o cap. Apesar de estar um pouco deprê, eu amei escrevê-lo!
Boa Leitura!



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Felicity Smoak

Acordo logo cedo com a claridade irritando meus olhos. Tenho a séria desconfiança de que essas cortinas absurdamente claras são apenas mais um artifício de Donna Smoak para me fazer acordar cedo.

Levanto-me e vou até o banheiro escovar os dentes e fazer minha higiene matinal.

Olho para meu próprio rosto refletido no espelho da penteadeira.

— 3 semanas e 4 dias – falo devagar, assimilando o peso dessas palavras.

3 semanas e 4 dias sem acordar e me arrumar para ir ao trabalho. 3 semanas e 4 dias sem as piadinhas e provocações tão típicas minhas, de Sara e de Barry durante o expediente. Sara me disse que já contrataram um novo fotógrafo: Curtis. Segundo ela, muito divertido. Fico feliz por ao menos terem colocado um cara legal pra me substituir.

3 semanas e 4 dias em que recebo ligações diárias de Cait, me obrigando a ajuda-la com os detalhes do casamento, mesmo à distância.

3 semanas e 4 dias recebendo mensagens de texto de Thea com os mais bizarros tipos de ameaça de morte – que tipo de pessoa ameaça asfixiar a outra com gás hélio?— se eu não voltar logo para casa, explicar meu sumiço, meu paradeiro e dar um jeito de Oliver parar de apurrinhá-la.

Mas, principalmente, são 3 semanas e 4 dias sem Oliver Queen.

Sem suas provocações infantis, sem seu senso de humor sarcástico e petulante. Sem seu gênio adoravelmente convencido. Sem seus abraços. Sem nossas conversas. Sem seus beijos. Sem seu ombro pra chorar. Ironicamente, no momento em que mais preciso do colo dele, essa opção está indisponível.

3 semanas e 4 dias recusando suas ligações e, diariamente, aguardando com ansiedade o momento do dia em que ele me manda uma mensagem de voz. Tem sido assim todos os dias: Ele me manda um áudio falando sobre seu dia, sobre o que eu estou perdendo nesse tempo, criticando Tommy em seu namoro com Sara e, inevitavelmente, me pedindo para voltar logo pra casa, retornar suas ligações ou, pelo menos, dizer que sinto tanta saudade dele como ele de mim. Pode parecer masoquismo, mas esse é o meu momento preferido do dia e eu guardo cada uma dessas mensagens que me fazem rir e chorar ao mesmo tempo.

Meu celular apita e corro até a cama para pegá-lo. Surpreendo-me ao ver um áudio de Oliver, já que ele sempre os envia mais para o fim do dia e isso me alarma. Respiro fundo e coloco para tocar.

“Oi... — um suspiro – Bom dia, sweet, espero que tenha tido uma boa noite de sono ontem. Eu? Não, a minha noite foi péssima... – seu riso soa cansado— Você deve estar se perguntando por que eu estou te perturbando às... – ouço o barulho dos lençóis se revirando e quase posso visualizá-lo girando na cama para olhar o relógio— 6:57 da manhã – outro suspiro— Se estiver preocupada ou achando que algo aconteceu comigo, relaxe. Eu estou bem, ao menos fisicamente – meu coração aperta ao ouvir outro daqueles seus risos tristes— A não ser que saudade seja uma doença degenerativa... Porque se for, acho que estou morrendo disso – sorrio entre as lágrimas que nem sabia estar derramando, pensando no quanto ambos sofremos do mesmo mal, então— Eu... bom, não sei como fazer isso – ele hesita e quase posso vê-lo coçando a cabeça, meu coração acelerando— Não sei como fazer porque parece que eu estou desistindo – outra pausa e eu prendo minha respiração— E eu não estou desistindo, acredite-me. Apenas estou dando um tempo. O tempo que você disse que precisava quando partiu... – Sabe a dor de um soco? Pois é... É o que eu senti agora, apesar de soar egoísta, já que fui eu que o deixei para trás— A verdade é que eu não consigo mais, entende? Não consigo mais ligar todos os dias só pra ver a ligação cair. Te enviar esses áudios não anestesia mais a dor de não ouvir sua voz em troca. Não consigo mais esperar dias por uma resposta que nunca vai chegar. Não aguento mais desejar tanto que você volte sem nem ao menos saber onde você está! – nova pausa— Não estou culpando você, sweet. Essa nunca foi minha intenção... Você foi bem clara ao dizer que precisava ficar sozinha, eu que não aceitei e ainda não aceito, na verdade... Mas agora decidi que vou te dar o que você pediu, vou te dar espaço. Vou te deixar livre pra sentir a minha falta, se é que faço falta. Você tem meu número, na verdade, meu coração, então se sentir vontade de falar comigo... sabe onde me encontrar. Eu continuo aqui, por você, apenas não vou mais dar uma de fantasma, assombrando sua vida... – ele ri pelo nariz e eu soluço— Essa foi uma péssima comparação, né? Desculpa, não sou tão bom em despedidas quanto você e você sabe disso melhor do que ninguém... – sua voz se torna embargada e ele limpa a garganta para disfarçar— Adeus, sweet! Fique bem e... Eu sinto sua falta.”

Meus joelhos falham e eu caio sentada no chão, ao lado da cama, soluçando sem parar e sentindo meu peito arder. Havia doído me decidir por deixar Starling. Havia doído ir embora e deixá-lo para trás. Havia doído e ainda dói aguentar a distância e a saudade. Mas agora... Meu coração sangra com uma dor que não consigo comunicar a ninguém, uma dor crua. É como se eu estivesse perdendo Oliver aos poucos nos últimos dias e, agora, me arrancassem a única coisa que me restara dele.

Não o julgo. Eu o afastei. Além do mais, devia exigir sua própria dose de masoquismo para ele ter passado cada dia dessas 3 semanas e meia gravando suas mensagens sem nunca receber resposta. Me dói só de saber o quanto isso doía nele.

Porque, nesse tempo longe, uma única verdade brilhava em néon na minha mente:

Eu. Estou. Apaixonada. Por. Oliver. Queen!

Foi mais assustador do que surpreendente me dar conta disso, na verdade. Cada parte minha parecia saber, exceto meu cérebro teimoso.

E não há ironia maior do que o homem pelo qual eu finalmente me apaixonei ser justamente aquele que me foi tão cruelmente negado!

Simplesmente sou incapaz de manchar sua reputação e sua honra. Isabel pode não ter descoberto a parte mais suja de meu passado, mas quanto mais demoraria até ela ou outra pessoa fazê-lo? Posso até estar pronta para admitir a mim mesma que me apaixonei por Oliver, mas não estou pronta para apresentá-lo aos meus demônios, ainda mais dessa forma!

Ouço a porta do quarto ser aberta e, através de minha visão embaçada pelas lágrimas, assisto Donna Smoak entrar devagar. Tento forçar um sorriso para tranquilizá-la, mas ele se quebra em um soluço estrondoso.

— Oh, meu bebê! – ela fala, chegando até mim, sentando no chão ao meu lado e me puxando para seus braços, o que só me faz chorar ainda mais – Não fique assim, docinho! Mamãe está aqui, sim? – beija o topo da minha cabeça, afagando minhas costas.

Choro como há muito tempo não fazia e minha mãe apenas ouve tudo em silêncio.

Quando finalmente me acalmo, ela afrouxa um pouco o abraço.

— Sente-se melhor? – pergunta.

— Sim... – murmuro, secando minhas lágrimas com o dorso da mão.

— Vai me dizer o motivo disso? – questiona e eu a encaro sem saber o que falar – Aposto que tem algo a ver com a súbita vinda para cá... – arregalo os olhos diante de seu olhar perspicaz – Por favor, querida! Não insulte minha inteligência... Posso não ter metade do seu QI, mas qualquer um com olhos na cara é capaz de ver que você não está aqui atrás de descanso... Está, na verdade, fugindo de algo.

— Mamãe, eu... – me sinto culpada por deixar minha infelicidade transparecer tanto.

— Não, querida. Não fico magoada por saber que não está feliz em ter vindo pra cá, porque sei que estar aqui não é o verdadeiro problema – um pequeno sorriso se abre em meu rosto ao ver quão bem minha mãe me conhece – A questão é... Qual o verdadeiro problema? – ela ergue as sobrancelhas e eu suspiro – Melhor dizendo... Por quem está apaixonada?

Agora sim meu queixo caiu. Mamãe dá risada da minha expressão surpresa.

— Ora, Lissy, dê-me algum crédito... – sacode a cabeça ligeiramente – Te conhecendo como conheço, sei que apenas duas coisas são capazes de tirar sua fome: Falta de sinal Wi-fi e uma paixão avassaladora. Considerando que, até onde eu sei, a internet está maravilhosa, voto pela segunda opção – sorrio – Além do mais, não acho que uma queda de sinal te cause uma crise de choro dessas – acrescenta e eu assinto devagar – Então... quem é o boy-magia?

— Mamãe! – exclamo – Oliver não é um boy-magia!

— Oh! Então o boy-magia se chama Oliver...

— Mamãe!

— Okay, não vou mais chamar o seu boy-magia de boy-magia... – ela ergue as mãos – Só Oliver! – faz uma cruz sobre os lábios e eu prendo o riso.

— Sim... – suspiro levemente ao pensar nele e no quanto ele se divertiria assistindo a essa conversa nada convencional.

— Querida, seus olhos estão brilhando! – ela aponta, rindo e minhas bochechas esquentam – Wow! Esse Oliver deve ser muito bom de cama...

— Mãe! – repreendo, mortificada com sua suposição e completamente vermelha – Nós não fomos pra cama! Quer dizer, já fomos, mas ainda não transamos... – o olhar dela se torna malicioso – E eu não falei como se fôssemos fazer isso algum dia... Não que eu não quisesse – acrescento rapidamente, meu rosto formigando com a confissão e fecho os olhos com força – Só... não fomos pra cama...o.k? Esqueça todo o resto. – balanço as mãos freneticamente.

— E o que houve?- ela pergunta e agradeço mentalmente por não insistir num assunto que envolvesse eu, Oliver e uma cama na mesma frase.

— Bem, já quis muito alguém e foi correspondida, mas não pôde ficar com ele? – suspiro, cansada.

— Não vai me dizer que o tal Oliver é casado... – ela fala, devagar.

— Por Deus, não! – seguro minha língua para não deixar escapar o sobrenome dele, caso contrário, é capaz de minha mãe dar um troço e cair dura bem aqui ao meu lado – O problema não é ele, entende? O problema sou eu!

— Como isso pode ser? – agora ela está confusa.

— Mãe... A senhora sabe o meu passado... – coço a cabeça -  Ele não é exatamente um conto de fadas.

— Querida, não importa quão ruim o passado seja, sempre será injusto julgar alguém se baseando apenas nele. Se esse Oliver não vê isso, ele é um idiota! – ela fala, inconformada com a ideia.

— Ele não sabe – falo rápido e ela ergue as sobrancelhas – Ele não sabe o que eu fiz... – repito – Tudo o que sabe é sobre meu relacionamento conturbado com Cooper e que o mesmo matou James... – meu peito aperta – Não sabe o que veio depois – abaixo minha cabeça – Não consegui contar.

— Lissy, sei o quanto é difícil para você falar sobre seu passado, mas não pode permitir que ele a impeça de ter um futuro! – mamãe ergue meu rosto entre suas mãos – E, se esse é o homem que você ama e o sentimento é recíproco... você tem que contar a ele, tem que dividir a carga.

— Oliver fez muitas besteiras no passado e foi um completo babaca na maior parte dos últimos 2 anos... – sorrio fracamente – Mas ele é um homem bom, maravilhoso devo dizer...- Deus que ele nunca saiba que essas palavras saíram da minha boca ou nunca me deixará em paz... — Às vezes, ele parece até um sonho quando paro para pensar em como sua alma pode ser tão ou mais bela e atraente quanto sua aparência física. E eu não consigo imaginar como mostrá-lo a sujeira do meu passado não irá afastá-lo. – recomeço a chorar – Apenas estou tentando me poupar de uma dor futura.

— E você já não está sofrendo da mesma forma? – ela ergue as sobrancelhas e eu a encaro, assimilando sua questão.

— Mas Oliver...

— Apenas ele tem o direito de decidir como vai lidar com tudo isso... Não tire esse direito dele – ela acaricia meu rosto devagar – Lembra-se do quanto ficou magoada comigo por ter escondido que seu pai estava vivo? – assinto – Eu fiz aquilo porque achei que precisava protegê-la da dor da verdade... até perceber que não era isso que você desejava.

— O que quer dizer? – pergunto, baixinho – São situações totalmente diferentes...

— O que eu quero dizer é que, talvez, querida, você esteja tão preocupada em protegê-lo da sujeira do seu passado que não tenha parado pra pensar que ele pode não querer ser protegido... – ela explica devagar, para garantir que eu entenda.

— E se isso afastá-lo?

— Ao menos você saberá que lhe deu o direito de tomar sua própria decisão, ao invés de forçá-lo a conviver com uma que você tomou por vocês dois... – ela aponta com a cabeça na direção de meu celular, onde o nome de Oliver ainda brilha no visor, graças a Deus na foto só se vê seu sorriso.

Suspiro pesadamente, lembrando-me da ameaça de Isabel.

— Por que minha vida é tão complicada? – bufo, jogando a cabeça para trás – Queria que as coisas fossem mais fáceis, às vezes.

— Se fosse fácil, todo mundo saberia explicar como fazer. Viver não é assim tão fácil, mas que a gente complica, não há dúvidas... – ela sorri – E é exatamente isso que você está fazendo: Complicando!

— Como é?

— Você pensa de mais, querida! Sempre foi assim. Igualzinho ao seu pai – ela suspira – Acontece que o amor vem daqui – coloca a mão sobre o peito – não daqui... – cutuca minha testa com o indicador, me fazendo rir.

— Obrigada pelo conselho, mamãe! – eu a abraço apertado – Devo dizer que estou surpresa!

— Não mais do que eu! – ela retruca e eu gargalho como há muito não fazia – É sério! Não faço a menor ideia de onde saiu tudo isso... Sugiro aproveitar cada segundo desse meu pequeno surto de sabedoria, porque coisas do tipo não saem da minha boca com frequência... – ela ri junto comigo, se levantando e me ajudando a fazer o mesmo – Agora, mocinha, vamos comer!

Caminhamos juntas até a cozinha e após nos sentarmos, mamãe enche nossas xícaras de café.

— Felicity – ela me chama, após um ou dois goles – Esse tal Oliver...

— Sim? – murmuro por detrás da xícara.

— Quão bem dotado ele é? – pergunta, semicerrando os olhos e parecendo bastante curiosa.

Engasgo com o café.

— Mamãe! – falo entre tosses, corada até a raiz dos cabelos.

— Okay, esquece... – ela revira os olhos – Sua cara já disse tudo! – dá um sorriso malicioso.

Oh, Deus! O que será de mim quando ela conhecer Oliver finalmente?

Oliver Queen

— [...] Adeus, sweet! Fique bem e... Eu sinto sua falta.

Olho para a tela do celular uma última vez antes de arremessá-lo fora da cama, inconformado.

Já passei da fase de ter ilusões de que ela me responderia, mas não dói menos por causa disso.

Já faz semanas! Semanas sem vê-la, tocá-la, beijá-la, abraçá-la, ouvir seu sorriso ou sua voz doce... Semanas que não consigo ser eu mesmo novamente. Semanas que o simples fato de não ter pra onde ir após o trabalho já é o suficiente pra me deixar com vontade de quebrar tudo que vejo pela frente!

Talvez eu pudesse ter voltado a ser quem eu era antes dela e para isso não me faltaram oportunidades. Mas não sou capaz, não sou capaz de virar as costas para cada pequeno milagre que a presença dela causou em mim e mergulhar outra vez na vida vazia que deixei pra trás. Simplesmente não faz sentido. Além do mais, nem mesmo sei o porquê de ela ter me deixado a ver navios e partido, e não quero lhe dar mais motivos para não voltar, o que obviamente aconteceria se ela sequer sonhasse que voltei aos meus dias de Dom Juan.

Sorrio por breves momentos, lembrando-me do quanto minha pequena loirinha podia ser ciumenta, por mais que não admitisse.

~Flashback~on~

Estávamos sentados em uma lanchonete qualquer do Big Belly, comendo mais um dos pratos totalmente loucos que Felicity fazia questão de que eu experimentasse.

— Você ainda vai me deixar totalmente fora de forma... – falo, erguendo os olhos para ela, que fuzila alguém com o olhar, fora de meu campo de visão. Tenho até medo de descobrir quem é o pobre infeliz.

— Não se preocupe... Pelo visto, você continua sendo um ótimo colírio para os olhos... – a voz dela soa perigosamente baixa e eu começo a me preocupar.

— Okaaay... – falo devagar, deixando o lanche cair sobre o prato e me endireitando – O que eu fiz dessa vez? – entrelaço os dedos de minhas mãos, a encarando até que ela também o faça.

— O quê? – ela sacode a cabeça ligeiramente, parecendo se dar conta de que ainda estava ocupada demais fulminando alguém em seus pensamentos – Você não fez nada... - ela nega com a cabeça.

Ergo uma sobrancelha, descrente.

— Oliver... – ela suspira, parecendo se controlar – O que eu falei sobre não distribuir sorrisos para todas as atendentes que encontrar pela frente? – pergunta devagar, desenhando formas circulares e aleatórias no tampo da mesa.

Confuso, me viro a tempo de ver 3 atendentes olhando em nossa direção, digo minha direção e cochichando. Quando notam meu olhar, elas dão pequenos acenos e trocam sorrisos empolgados entre si. Ouço um bufo alto partir de Felicity e me viro para ela, tentando pensar em algo rápido antes que ela acabe estapeando as pobres e iludidas atendentes.

Sweet, olhe para mim... – peço segurando sua mão, que depois de alguma resistência relaxa dentro da minha – Isso é bobagem...

Argumento errado. Algum alerta vermelho soa dentro da minha mente assim que as palavras saem da minha boca e ela semicerra os olhos em minha direção.

— Pode parecer bobagem pra você Oliver, para quem flertar é tão natural como respirar... – Au. Essa doeu — Mas eu sei o que aqueles sorrisos querem dizer. Entre uma ou outra tradução, significam: “Me leve para a sua cama!”. Sinto muito, mas minha definição de bobagem é um pouco diferente da sua. – sua voz sobe algumas oitavas e ela fala tão rápido que é um sacrifício acompanhar o que diz, quanto mais pensar numa resposta – Bobagem é você esbarrar em alguém por acidente. Bobagem é você discar um número errado por acaso... isso é bobagem! Mas, considerando-se quem você é, Oliver, poucas são as gentilezas femininas que você pode considerar como bobagens.

— Wow! – ergo as mãos, tentando freá-la – Tudo isso é ciúmes?

Resposta errada. Outro alerta.

O.k. Agora ela está furiosa!

— Eu não sinto ciúmes! – fala lentamente, começando a se levantar – Só não gosto que me vejam como uma namorada corna sendo que nem sequer somos namorados... – seu rosto está vermelho.

Levanto-me e me coloco na frente dela, impedindo-a de sair.

— Sai da minha frente, Oliver – ela pede, soltando as palavras lentamente e fechando os olhos para se controlar.

— Não. – respondo simplesmente e ela me encara, incrédula.

Ela se aproxima para me empurrar e, sem me importar com a plateia, puxo-a pelo pulso e a beijo.

Ela reluta no princípio, mas logo suas mãos estão em minha nuca, aprofundando o beijo e permitindo a entrada de minha língua. Sinto em seu beijo a mesma fúria que havia em nossa discussão, mas prefiro mil vezes que ela desconte sua raiva assim do que esbravejando sem limites.

Encerro com um pequeno selinho e olho em seus olhos, que se abrem devagar e confusos.

— Acho que agora deixamos claro que eu tenho dona, concorda, não-namorada? – provoco com um sorriso de canto e ela me dá um soquinho leve no peito, rindo.

— Idiota! – fala, antes de me puxar para outro beijo.

~Flashback~off~

Suspiro, me levantando a contra gosto e indo tomar um banho.

Não estou no clima de ir para a empresa hoje e, aproveitando que estou no loft de Tommy e mamãe não está aqui para me obrigar a trabalhar, depois de tomar café, me jogo no sofá para me ocupar fazendo vários “nadas”.

Tommy incrivelmente não está em casa, então pelo menos não tenho que aturá-lo enchendo minha paciência.

 Por volta das 10 da manhã, ouço batidas na porta e me levanto resmungando todos os palavrões que conheço, mandando quem quer que esteja na porta para o raio que o parta.

Abro e dou de cara com Sara Lance, me observando com um sorriso travesso.

— Vou fingir que não ouvi todas as delicadezas que você disse antes de abrir a porta... – ela fala, entrando no apartamento.

Abro e fecho minha boca, surpreso.

— Desculpa, não pensei que fosse você. – coço a cabeça, envergonhado.

— É bom mesmo... – ela levanta uma sobrancelha.

— O que veio fazer aqui? Tommy está viajando e só chega mais tarde! – questiono, confuso.

— Não vim por Thomas... – ela respira devagar, me encarando fixamente – Vim por você, Oliver.

Suspiro exasperado, saindo da sala e ela me segue. Não aguento mais o olhar de pena que recebo de todos os nossos amigos!

— Ollie! – ela exclama, atrás de mim – Você não está bem!

— Conte-me uma novidade... – bufo, irônico.

— Ollie... – ela põe as mãos na cintura, impaciente e eu ergo as mãos.

— Se veio até aqui me pedir para desistir de Felicity, poupe sua saliva. Meio que já fiz isso!

— Do que está falando? – ela franze a testa e sacode a cabeça.

— Eu joguei a toalha, o.k.? – minha voz sobe algumas oitavas e eu me descontrolo – Não consigo mais! Ela não me responde, não me diz onde está e eu nem mesmo sei o que diabos aconteceu pra que ela saísse assim da cidade e me evitasse como se eu tivesse algum tipo de doença contagiosa! Que merda eu fiz pra merecer isso? – pergunto, sentindo a dor da saudade maior que nunca e o buraco em meu peito se abrir novamente.

Sara se aproxima rapidamente e me abraça. Me permito ser abraçado por ela e me entrego ao sentimento de derrota que tenho tentado evitar durante todo o tempo desde que Felicity partiu.

— Você não pode desistir dela... – Sara murmura, se afastando e segurando minhas mãos.

Ela desistiu de mim!

— Não, Oliver. – Sara nega com tristeza – Ela desistiu de si mesma. E se você também o fizer, não haverá um motivo que a faça lutar por quem realmente é.

— Quem ela realmente é? – questiono, baixinho e confuso. Confuso por Felicity, por nós. Pelos segredos que ela esconde. Pelo passado que ela evita.

— Por isso estou aqui... – ela suspira – Temos que conversar...

Continua...

 

 


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Notas finais do capítulo

Gostaram?
Espero que sim e, não esqueçam de deixar seus reviews. Não precisa ser muito grande como os maravilhosos textões da minha amiga Emily Queen ou da Regina Merlyn ~adoroooo~ Basta dizer o que acharam que já me deixa muito feliz! Lembrem-se que isso garante que eu volte logo!
Aguardo o feedback de vcs, flores!
Xero