Por trás das lentes escrita por Megan Queen


Capítulo 30
Duas palavras


Notas iniciais do capítulo

Oiii, povo!
Saudades? Eu estava d vcs!
Bom, primeiro de tudo, queria agradecer a cada uma das fofas maravilhosas que tem me incentivado bastante pelos reviews! THANK SO MUCH!
Enfim, sobre o cap...
Ele está um pouco diferente do comum, não vai ter cenas cômicas ~sorry~ e está bem dramático...rs
Também sugiro escutarem a música "Stay with me" a partir do "play"...acho q o impacto fica maior... ;)
Antes de tudo, porém, só queria pedir encarecidamente....NÃO ME MATEM! NEM ME ODEIEM! Odeiem a Isabitch, ela eu deixo...
Vamos arrancar de vez esse curativo!



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Guess it's true

I'm not good at a one night stand

But I still need love

'Cause I'm just a man

[…]

Stay With Me (Sam Smith)

Felicity Smoak

Sigo Isabel em silêncio pelos corredores da empresa até chegarmos à sua sala.

Por mais que odeie admitir, é inevitável me sentir intimidada pelo olhar maníaco da mulher que agora me encara sentada em sua cadeira. Me sinto exposta sob seu escrutínio e ela aparentemente se diverte em me ver acuada.

Pigarreio, esperando que ela explique o motivo de estarmos em sua sala após o horário de expediente.

— Cara srta. Smoak... – ela murmura de um jeito sinistro, me arrepiando, não do jeito bom— Nem ao menos imagina o porquê de estarmos aqui? – há um brilho sardônico em seu olhar.

— Não, senhora – me limito a dizer, temendo falar além da conta.

— Bom... que tal começarmos por isso – ela aperta um botão e várias imagens surgem no projetor à minha frente.

Imagens minhas. E de Oliver. Juntos.

E não estão em qualquer lugar. São reportagens! Especulações sobre nosso relacionamento. Críticas. Suposições a meu respeito... Minha boca se abre em choque à medida que passo os olhos freneticamente pelas fotos. Definitivamente, eu vou matar Oliver!

— Sabe, eu nunca comprei essa sua imagem de mocinha doce e ingênua. – a Isabitch Isabel começa a falar, enquanto ainda estou confusa demais para reagir – Simplesmente abomino ver o quão fácil você faz as pessoas simpatizarem com essa sua carinha de anjo. Até mesmo Ray se transforma em um paspalhão quando se trata de você! – fala, com desdém.

— Não use esses termos para se referir a ele! – as palavras saltam de minha boca antes que possa impedi-las.

— É realmente emocionante o quanto você defende seu “amigo” com afinco, mas poupe sua saliva comigo – ela dá um aceno depreciativo em minha direção – Na verdade... – se levanta e começa a caminhar lentamente ao meu redor. Não posso evitar compará-la a uma serpente armando o bote – Sempre me questionei o porquê de sua rejeição ao Palmer. Mas devo dizer que até mesmo eu me surpreendi ao ver o quão mais alto você aspirava – ela faz uma falsa cara de surpresa – Oliver Queen. CEO da Queen’s Consolidated. O bilionário mais cobiçado da cidade! Só me resta entender qual será o canto da sereia capaz de fazer esses homens caírem aos seus pés...

Sinto cada poro meu queimar de ódio com suas insinuações e cerro meus punhos para não me descontrolar.

— Diga logo aonde quer chegar – grunho.

— Tsc. Tsc. Tsc. Tão impaciente, Smoak... – ela gargalha e, tão repentinamente como começou, sua risada cessa e seu olhar se torna sombrio – Gosta de segredos? – sua pergunta obviamente foi calculada para me desarmar.

Sinto o mundo parar subitamente e o sangue gelar.

— C-Como assim?

— Sempre me perguntei por que uma nerd formada em TI veio parar em uma revista, como fotógrafa. As opções eram bem limitadas – ela para, erguendo um dedo e eu engulo em seco. – Primeira: Você cursou TI por obrigação, mas sempre foi apaixonada por fotografia. Essa hipótese foi descartada depois de 1 semana de convivência com você. Apesar do seu talento com a câmera, você nitidamente é louca por tecnologia. – outro dedo. – A segunda opção é a paixão do Palmer por você – seu olhar malicioso faz minhas bochechas esquentarem – Mas essa também cai por terra ao notar que, se fosse apenas isso, ele te colocaria na Palmer Tech e não na revista! – ela caminha até sua escrivaninha e pega um envelope – Por fim, resta a alternativa de que você esconde algo. – ela sorri de uma piada interna – E não é que a mocinha dessa história tem um passado bem interessante? – Joga o envelope em cima de mim e, com as mãos trêmulas, eu o abro, retirando vários papéis de dentro.

— Como conseguiu isso? – pergunto chocada, analisando cada uma das folhas em minhas mãos, sem querer acreditar no que leio.

— Não importa – ela dá de ombros, enquanto eu sinto o ar ficar rarefeito em meus pulmões – Ao menos isso explica por que nenhuma das empresas da cidade te aceitou no setor de TI, nem mesmo a do pai de seu “amigo”...

— O que pretende fazer com tudo isso? – ergo o envelope – São assuntos já encerrados. Já paguei por cada um desses erros e, além do mais, não sou ninguém conhecido para render um escândalo... – solto as palavras, desesperada para entender isso.

— Correção: Você não era ninguém conhecido até Oliver Queen! Agora, todos na imprensa estão como urubus atrás de qualquer informação sobre a “misteriosa loirinha com cara de nerd que anda sempre acompanhada pelo Queen” – ela sentencia com desprezo e sinto minhas pernas virarem gelatina – O que não consigo entender é como Oliver e Ray confiam tanto na sua candura sabendo dessas coisas... – ela joga o verde e arregalo meus olhos de pavor – Oh! Veja que excitante... – gargalha, maldosamente – Nenhum dos dois sabe! Agora tente imaginar a cara deles quando descobrirem que sua “preciosa Felicity” é, na verdade, uma garota fichada por um crime contra o Estado... – ela fala e cerro os olhos com força. Embora ela não tenha descoberto o mais importante, ainda assim não me orgulho desse passado que fiz de tudo para ocultar.

— O que quer de mim? – minha voz sai baixa e submissa, o que odeio.

— Você vai pedir demissão da Palmer’s – arregalo os olhos com sua exigência – Isso mesmo. Não estou para brincadeiras...

— Você me odeia demais... – constato o óbvio – Por quê?

— Não sei. O que sei é que detesto o fato de você conseguir as coisas sem esforço apenas com essa sua carinha angelical.

— Você é louca... – murmuro.

— Talvez. Mas isso não muda o fato de que, agora, quem dita às regras sou eu! – ela ressalta.

— O.k. – suspiro – Eu peço a demissão... – meus ombros caem, mas seguro as lágrimas.

— Ótimo! – ela cruza os braços, satisfeita – Agora vamos à segunda parte.

— O quê? – minha voz sobe algumas oitavas.

— Achou mesmo que seria assim tão fácil?

Fácil?! Essa mulher não se dá conta de que acabou de me fazer abrir mão do emprego que paga minhas contas? O que faz disso algo fácil?

— O que mais você quer?

— Pense comigo, Felicity: O quanto esse seu passado sujo mancharia a impecável reputação do seu amiguinho Queen? – cerro os punhos, sem querer acreditar no que ela vai me pedir – A menos, é claro, que esse relacionamento não existisse mais. – minha boca se abre, em choque.

— Você quer que eu me afaste de Oliver? – a pergunta sai num ofego.

— Pensei que tivesse deixado claro que vou tirar de você cada uma das coisas que conseguiu sem esforço e pelas quais pessoas como eu lutam todos os dias sem conseguir...

— Está fazendo tudo isso por inveja? – murmuro.

— Vamos chamar de justiça – ela dá de ombros – E então? – ergue uma sobrancelha.

— Eu vou fazer o que mandou... – fecho os olhos, resignada.

— Devo dizer que é admirável todo esse seu altruísmo... Pena que eu não me comovo fácil – ela ri, pegando um papel e me entregando juntamente com uma caneta.

— Você já preparou minha carta de demissão? – minha voz sai incrédula quando o leio e ela me lança um sorrisinho cínico – Me deixe apenas conversar com Ray antes de você entregar isso a ele – suplico, assinando a folha.

— Como quiser... – dá de ombros – Você tem uma semana – sentencia e eu assinto.

— Já posso ir? – pergunto, sem abaixar a cabeça.

— Claro – me dispensa com a mão – Srta. Smoak? – me chama, quando já estou na porta e eu paro, sem me virar – Foi um prazer negociar com você... – sinto uma lágrima escorrer por minha face com sua provocação.

[...]

(play)

Não me lembro do caminho de volta para casa. Não me lembro de ter chegado, nem de como tomei meu banho e me vesti. Tudo parecia apenas um pesadelo aterrorizante do qual eu não conseguia acordar.

Mas me dou conta da realidade ao ver o celular anunciar uma ligação de Oliver, que recuso com lágrimas nos olhos. E, ao ver dezenas de mensagens dele começando a chegar, me apercebo de que não vou conseguir mantê-lo longe.

Oh, won’t you stay with me?

‘Cause you’re all I need

This ain’t love, it’s clear to see

But darling, stay with me

Com a visão embaçada por minhas lágrimas, corro até o quarto e, aproveitando que Cait não está aqui para me impedir, começo a fazer as malas.

Quando enfim termino, resolvo falar com 3 pessoas que vão precisar de explicações: Ray, Sara e Caitlin.

Primeiro, ligo para Ray. Ele fica atordoado com minha demissão, mas acredita na desculpa de que eu estava me sentindo deslocada e precisava passar algum tempo fora para relaxar. Ray sempre foi muito compreensivo, por isso nem mesmo me surpreendi com sua atitude e apoio.

Depois, ligo para Sara, que me conta toda animada que ela e Tommy haviam começado a namorar hoje. Ao mesmo tempo em que fico feliz por minha amiga, isso é uma punhalada em meu coração quando penso no que estou prestes a fazer com Oliver. Engulo minhas lágrimas e, usando meu melhor tom de falsa alegria, aviso que pedi demissão e que decidi passar uns dias fora pra descansar. Sara desconfia, claro, mas quando digo para onde vou, relaxa.

— Só uma coisa... – digo devagar – Não conte onde estarei para Oliver ou Thea! – falo, soltando todo o fôlego – Portanto, Tommy também não pode saber – aconselho.

— O que houve? Pensei que estivessem bem... – ela parece preocupada.

— Nós estamos! – falo rapidamente, sentindo o peito doer com a mentira – Eu só preciso ficar um pouco sozinha por um tempo e os Queen não vão permitir se souberem meu paradeiro – tento fazer tom de piada, mas ele se quebra em um soluço silencioso.

— Fe, eu não sei o que está acontecendo – ela suspira – Mas prometo que não vou contar a eles aonde você vai... – fala lentamente – Só espero que esse tempo longe te ajude a ficar bem... – completa, me fazendo amá-la ainda mais, se possível, por sempre dizer as coisas certas.

— Eu vou ficar – minha voz é mero sussurro, antes de desligar e segurar as lágrimas para aguentar a próxima ligação.

Minha conversa com Cait é bem parecida, exceto pelas ameaças de morte que ela me faz se não voltar a tempo para seu casamento, o que me faz até rir um pouco. Despedimo-nos entre lágrimas. Sempre assim.

Pego minhas malas e desço para o térreo, chamando um táxi para me levar até a estação.

A cidade parece sombria, como se soubesse a dor que atravessa meu coração a cada chamada de Oliver que ignoro. Sinto meus olhos encherem quando ouço o primeiro recado que ele deixou em minha caixa postal.

“Oi, sweet. Aconteceu alguma coisa? Por que não está me atendendo? Se for pelas reportagens... – sua voz soa temerosa e sorrio entre as lágrimas com seu tom idêntico ao de um menino que aprontou e teme o castigo – Juro que vou dar um jeito nisso! Mas me atende, por favor, ou me retorna assim que puder. Estou com saudades...”.

Why am I so emotional?

No, it’s not good look

Need some self-control

And deep down, I know this never works

But you can lay with me so it doesn’t hurt

Aperto o celular contra o peito, me permitindo chorar à medida que vejo o carro parar na estação. Mas não posso voltar atrás, e não vou.

Pago a corrida e arrasto as malas até a cabine onde compro minha passagem. No momento em que me sento no banco de espera, o celular apita, mostrando a chegada de outro recado de voz.

Sweet, onde você está? Passei em seu apartamento e o porteiro disse que você saiu com várias malas... – soluço, ao ouvir sua confusão – Por que não me avisou que ia viajar? Estou ficando preocupado... Me retorna, por favor! Sei que deve estar chateada comigo, mas eu quero ao menos falar com você antes dessa viagem súbita...”.

Limpo meu rosto tentando convencer a mim mesma que é melhor assim, consciente de que, se falar com ele agora, provavelmente vou mudar de ideia.

Vejo o trem se aproximar e meu coração afunda em meu peito. Levanto-me, esperando sua parada, mas antes que eu possa embarcar, recebo mais um recado.

Sweet, por favor, me diz o que está acontecendo! Eu estou surtando com essa sua greve de silêncio — a voz dele soa desesperada e afobada - Me liga! Eu só quero ouvir sua voz!” — implora.

Sem conseguir me conter, disco o seu número freneticamente. No primeiro toque, ele atende.

— Graças a Deus! – ele parece aliviado – Já estava ficando louco, achando que alg-...

— Oliver! – eu o interrompo, tentando controlar minha respiração – Estou bem, o.k? Ao menos estou tentando ficar...

— Como assim? Do que está falando? – ele volta a ficar alarmado.

— Preciso ficar sozinha... – respiro fundo – Por isso, vou passar uns tempos fora da cidade...

— Quanto tempo? – ele dispara e ouço buzinas pelo celular, indicando que ele está no trânsito.

— Não sei... – tento evitar um soluço, sem sucesso.

— E o seu emprego? – ele está confuso.

— Eu me demiti – sinto sua respiração suspender.

Sweet, o que está acontecendo? Pra onde você vai?

— Eu não posso te dizer, Oliver – falo, sem esconder o choro – Eu preciso ficar sozinha, preciso pensar...

— Mas... – ele procura palavras e um pequeno xingamento escapa por seus lábios – Eu não posso ao menos me despedir? – sua voz é suplicante.

— Não, Oliver. Nós dois sabemos que você só vai tentar me fazer mudar de ideia. Não torne tudo mais difícil... – murmuro – Além do mais, já estou de partida – informo, entrando na minha seção e procurando meu assento, que fica ao lado da janela.

— Felicity – ele chama meu nome, pela primeira vez, parecendo agoniado – Por favor, não faz desse jeito! Vamos conversar...

— Não dá – soluço novamente – Vai ser melhor assim, Oliver.

— Melhor pra quem? – ele rebate, rápido.

— Você disse que só queria ouvir minha voz... – começo, sentindo uma dor tomar minha alma.

— Felicity, não faz isso! – ele me interrompe, desesperado – Não desliga!

— Adeus, Oliver... – eu sussurro, sem voz, chorando ao desligar.

Observo os outros passageiros se acomodarem enquanto tento me recuperar e sem sucesso, me recompor.

Quando o trem finalmente começa a dar sinais de que vai sair, olho pela janela.

E o vejo.

Com a camisa social pra fora da calça, cabelos bagunçados e correndo pela estação.

Os segundos parecem eternos quando nossos olhares se encontram e eu prendo minha respiração quando o trem começa a se mover devagar, no mesmo instante que ele alcança a plataforma. O encaro e não estou preparada para o que vejo. Seus olhos, tão marejados quanto os meus, me encaram num misto de dor, sofrimento e acusação. Minhas lágrimas desabam copiosamente quando vejo seus lábios formarem um único pedido sôfrego. Duas palavras apenas:

Fica comigo

E então o trem parte, enquanto fecho os olhos e afundo na cadeira, consciente de que deixei o maior e o melhor pedaço de meu coração para trás.

Oh, won’t you stay with me

‘Cause you’re all I need

This ain’t love, it’s clear to see

But darling, stay with me

O celular apita, novamente. Oliver. Duas palavras.

Não acabou” – é tudo o que ele diz.

Respiro fundo, discando um número que já é tão conhecido meu.

Depois de alguns toques, sou atendida.

— Alô, mamãe... Desfaça suas malas... Estou voltando pra casa. 


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Notas finais do capítulo

Só esperem eu me esconder atrás do sofá antes de começarem a jogar as pedras, okay? ashuash
Sorry, juro que foi muito difícil pra mim. Mas é necessário pra que esse relacionamento amadureça...:(
Única notícia boa: Donna Smoak na área. Pedidos? Suposições? Perguntas? Reclamações? Deixem tudinho nos reviews, gatas! Dependendo do feedback, logo estarei de volta!
Xero