Por trás das lentes escrita por Megan Queen


Capítulo 23
Capítulo 22


Notas iniciais do capítulo

Oioi!
Bom, não vou falar muito por aqui ~milagre!~ já que estou prativamente dormindo em cima do teclado, mas espero que gostem do cap tanto quanto gostei de escrevê-lo...
Muito obrigada a cada uma das perfeitas que comentou e espero vê-las novamente nos reviews desse cap!
Boa leitura!



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Oliver Queen

Me dou conta de uma coisa no exato momento que meu olhar encontra com o do moreno alto atrás de Felicity: Já o odeio!

Não é como se essa fosse a primeira vez que nos encontrássemos, mas é a primeira vez que tenho vontade de desmontar aquele rosto de boneco Ken dele na base da porrada. Nos encontramos algumas vezes esse mês, tudo muito formal entre nós, como simples concorrentes do prêmio de melhor empresa da cidade no setor de ciência e tecnologia. Há uma certa animosidade entre empresários nessa questão. Entre nós não foi diferente, claro. Mas nunca minha animosidade foi tão pessoal como agora, ao observar seu olhar possessivo em direção à Felicity, como se ela fosse sua propriedade.

— Felicity? – ele questiona, com o maxilar trincado.

Okay, e esse tom, como se ela lhe devesse satisfações sobre algo? Tsc tsc, ele está brincando com fogo! — lhe lanço meu pior olhar estilo matador.

Percebo Felicity se encolher na cadeira ao lado e suspirar, confirmando minhas suspeitas de que ela não tinha falado de mim pra ele. Ótimo!

— O-Oi, Ray... – ela titubeia, desconfortável, mas eu não movo meu braço um centímetro sequer de trás das suas costas, apesar de Ray encará-lo como se pudesse queimá-lo com o olhar. – O que faz aqui? – ela faz a pergunta, mas percebo que, ao contrário do que fez comigo, ela não se corrige sobre não querer que ele estivesse aqui.

— Compras – ele responde, com tom de obviedade – E você? – arqueia a sobrancelha num tom inquisitivo – O que faz aqui... com os Queen? – ele cobra, falando meu sobrenome como se fosse um xingamento. Que bom! Me sinto mais a vontade para odiá-lo sabendo que o sentimento é recíproco.

Me viro para Thea e ela me lança um olhar de advertência, como se quisesse me dizer pra pelo menos fingir casualidade...

Nope. Isso é meio difícil de acontecer quando o cara que é completamente apaixonado pela mulher que eu sou completamente apaixonado – não tenho mais paciência para negar isso — e, diga-se de passagem, já moveu montanhas para conquistar seu afeto, está no mesmo recinto que eu. Não há nada de casual nisso, se ela ainda não percebeu.

— Compras – ela tenta o mesmo tom de obviedade dele e quase sorrio da sua falsa cara de inocência. Quase.

— Com eles? – ele insiste.

Eles estão aqui ao lado – Thea se manifesta, antes de mim, incomodada tanto quanto eu com o tom que ele usa ao se referir a nós – E eles não tem culpa se você está desatualizado com respeito à vida dela nesse último mês!

Eu já falei que eu adoro minha irmã? Eu adoro minha irmã!

Ray lança um olhar cortante na direção de Thea, fazendo a tensão que já estava palpável mudar para sufocante. Antes que ele retruque ou eu faça algum comentário, Felicity nos interrompe.

— Gente... - ela tenta um tom apaziguador, falhando miseravelmente – Não precisamos fazer disso um grande caso... – põe a mão sobre meu antebraço e, sem se aperceber, começa a massagear os músculos tensos, dispersando um pouco do meu stress. O contrário ocorre com Ray, que falta queimar sua mão em cima do meu braço com os olhos. Quando ela percebe isso, rapidamente recua a mão, colocando-a sobre o colo e torcendo os dedos da outra nervosamente.

— Por que não me falou que agora era amiga dos Queen? – seu tom é magoado.

— Não era relevante... – ela fala rapidamente e eu e Thea a encaramos, exasperados.

— Relevante pra quem? – perguntamos juntos e ela arregala os olhos ao se dar conta de como soou.

— Pra ele! – ela aponta Ray, desesperada pra limpar sua barra conosco e, sem se dar conta, piorando sua situação com ele – Não achei relevante contar isso ao Ray – acrescenta, corando e fechando os olhos brevemente para depois lançar um olhar culpado na direção dele – Juro que não era pra ter saído desse jeito – acho que essa é a única vez que não me divirto ao vê-la balbuciar.

— Por quê? Por que escondeu isso de mim? – ele quer saber.

Wow! Alguém poderia me explicar por que ele está agindo como se eles tivessem um compromisso que não existe? Okay, se ele quer brincar de fingir relacionamentos, eu também quero!

— Vocês são irmãos? – questiono e vejo Felicity me encarar confusa, junto com Thea e Ray – São? – insisto.

— É claro que não! – ele responde, petulante.

— Namorados? – questiono, sem conseguir conter o desdém na minha voz.

— Bem... não. – ele cora, envergonhado.

— Então não entendo porque agir como se ela lhe devesse satisfações. – concluo, cruzando os braços e erguendo uma sobrancelha.

— Somos amigos! – ele me encara, fuzilante.

— Nós também! – retruco. – Talvez haja menos tempo, mas ainda assim.

— Você não a conhece tão bem quanto eu! – ele rosna, inconformado, fazendo algo dentro de mim convulsionar.

Felicity parece perceber, pois sua mão procura a minha por debaixo da mesa, a apertando e acariciando levemente numa tentativa de me acalmar. Seu toque me faz relaxar um pouco, apenas o suficiente para não agir como o babaca à minha frente e tratá-la como uma propriedade, pelo menos não agora.

— Será, Ray? Está tão certo disso como estava semana passada de que eu era incapaz de estar à sua altura? – provoco, vendo sua expressão murchar um pouco ao se lembrar do contrato que perdeu para mim, semana passada com os russos.

— Espera um pouco... – Felicity se mete – Vocês já se conheciam? – questiona.

— Sim... – dou de ombros.

— Por que não me contou? – ela cobra e eu finalmente sorrio, talvez por no momento, ter que lidar e falar apenas com ela e talvez porque já estou com a provocação na ponta da língua.

— Não era relevante... – a cito e ela revira os olhos.

— É claro que era! – devolve.

— Duvido muito, já que você nem sequer se lembra que eu comentei isso com você, na verdade – e essa é a minha carta na manga.

— Comentou? – ela franze o cenho e sua adorável ruguinha entre as sobrancelhas reaparece – Quando?

— Quinta-feira... – respondo, simplesmente – Na sua casa – acrescento, para que Ray ouça e se dê conta de nossa proximidade.

— Não me lembro... – ela está confusa.

— Você estava meio... distraída na ocasião – retruco, sendo vago de propósito – Estava com a boca complet-

— Lembrei! – ela me corta, com as bochechas coradas e faz um gesto desastrado com a mão livre – Não precisa me lembrar dos detalhes! – acrescenta.

Sorrio abertamente ao me lembrar da cena, gargalhando ao ver o olhar confuso e irritado de Ray com nossa piada interna. É claro que foi algo muito mais inocente do que tenho certeza que ele está imaginando, mas não vai ser eu que tirarei essas suposições da cabeça dele.

~Flashback – on~

Estava tarde. Thea já havia ido embora com Roy, mas Felicity não me deixava sair de seu apartamento antes de seu pedido no Big Belly Burguer chegar e ela me ver comê-lo com os próprios olhos.

Tommy e eu havíamos feito uma aposta com ela e Sara sobre o jogo do Blue Jays que houve hoje à tarde. Elas ganharam, acertando o resultado com uma sorte de principiante assustadora. Caitlin, como a juíza mais defensora da justiça existente no mundo das apostas, garantiu que ficássemos no apartamento até cumprirmos a nossa pena. Como se eu e Tommy precisássemos de motivos para ficar mais um pouco.

Barry havia viajado no começo da semana para Central e a idéia de assistir o jogo tinha partido de Sara, para fazer a amiga esquecer um pouco a saudade. Tommy havia se responsabilizado por comprar os ingressos e todos fomos juntos.

E então surgiu a aposta: Eu e Tommy propusemos um resultado e Sara e Felicity propuseram outro. Se nós ganhássemos, elas nos deviam um encontro de casais, se elas ganhassem, teríamos de experimentar pela primeira vez a “maravilhosa comida sagrada do Big Belly”, segundo Felicity. Não tivemos o resultado esperado, mas não posso negar que tinha me divertido e ainda estava me divertindo.

E aqui estávamos nós, ouvindo as loucuras que Sara nos contava e sorrindo sem parar ao ver Felicity e Cait tentando controlá-la. Acho que nunca vi Tommy sorrir tão verdadeiramente como quando estava junto com Sara. Apesar da relação dos dois ser completamente maluca— o que esperar de dois malucos? – eles estavam bem assim, com seu relacionamento sem compromissos e cheio de idas e vindas. Não sei Sara, mas Tommy estava muito mais compromissado do que eu imaginava que estaria... Lógico que, diferentemente de mim, ele continuava assíduo nas boates, mas agora Sara era sua acompanhante na maioria das vezes! Quando ela não o acompanhava ele se tornava o bilionário tentando “carreira-sólo” nas pistas, passando a noite bebendo algumas doses sozinho até se entediar e ir embora. E eu que achava que não viveria pra ver Thomas Merlyn sair desacompanhado de uma boate! Ficava feliz por vê-lo assim, sua vida não era exatamente feliz depois da morte de sua mãe, seu jeito de esquecer era caindo na farra e, por um tempo, esse também foi meu jeito de esquecer os problemas. Mas, agora, depois da entrada dessas duas loiras na nossa vida muita coisa mudou... e pra melhor!

— ...e o Ollie é que me deu azar nessa aposta! – ouço a voz de Tommy – O cara nunca ganha nada!

— Woa! Não é bem assim – me defendo.

— Não é bem assim? – ele gargalha – Ollie, e daquela vez que apostamos sua Ducatti novinha?- ergue uma sobrancelha.

— É...

— E naquela em que você teve que mergulhar no lago do campus completamente nu, no inverno? – ele continua e acho que corei ao lembrar.

— O.k. Tommy...chega!

— E daquela vez que você teve que ficar 1 semana sem tomar banho porque...-

— Tá bom, Tommy! – corto, irritado – Acho que você já provou seu ponto! – completo e vejo Sara, Felicity e Caitlin caírem na risada.

— Veja só... – Sara provoca – O Queen também tem um passado vergonhoso – joga uma das bolinhas que estava fazendo com os ingressos do jogo na minha direção.

Antes que eu possa retrucar, a campainha toca. Eu e Tommy afundamos nas cadeiras enquanto Sara e Felicity correm para atender à porta.

Elas voltam radiantes e nos entregam nossos lanches.

Acho que esses são os maiores hambúrgueres que já vi na vida! Sabor: De tudo um pouco.

— Pode ir desfazendo essa careta! – Felicity dá um peteleco na minha testa, se sentando ao meu lado com seu lanche ainda embrulhado nas mãos.

— Foi mal – ergo as mãos, divertido e me viro para Tommy que encara seu lanche como se estivesse diante de um OVNI.

— Cara... – ele fala, girando o prato parecendo querer observar todos os ângulos de seu hambúrguer tamanho monstro – Nunca mais fico do seu lado em uma aposta – me encara, resignado.

— Por favor, Thomas! – Sara exclama – É comida! Coloque na boca, mastigue e engula, oras!

— Não vão se arrepender, garanto! – Felicity acrescenta.

— Eu me arrependi! – Tommy retruca.

Dessa vez, é Sara que lhe dá um peteleco, enquanto Caitlin apenas observa tudo sorrindo.

— Só uma pergunta. – ergo o indicador.

— Faça – Cait responde.

— Vocês não são muito pequenininhas para um lanche dessas proporções? – encaro Felicity e Sara que dão de ombros e cruzam os braços ao mesmo tempo.

— Está aí uma coisa que gostaria de entender – Cait afirma, se inclinando para apoiar os cotovelos na mesa – Como elas conseguem manter esses corpinhos de boneca se entupindo de porcarias...

— Sorte? – Sara propõe, sorrindo – E acho bom vocês pararem de enrolação e comerem logo esses lanches! – nos lembra.

Eu e Tommy nos encaramos e, após respirarmos fundo dramaticamente apenas para irritá-las, damos cada um uma mordida no seu.

Ao mesmo tempo vemos flashes em nossa direção. Levantamos a cabeça e encaramos Sara e Felicity com seus celulares mirados em nossos rostos.

— Esse momento tem que ser registrado – Felicity dá um sorriso sapeca e encantador, batendo sua mão na de Sara em cumprimento. – Não se preocupem – ela nos tranqüiliza, guardando o celular no bolso traseiro do shortinho jeans florido que estava usando – São vocês! – faz uma careta engraçada – Não tem como ficar feio... – explica e cora levemente – E isso não foi uma cantada, foi apenas um fato sendo relatado! – acrescenta, rápida – E continua parecendo uma cantada... – ela suspira, fechando os olhos brevemente e eu sorrio – E então? – muda de assunto, nos olhando em expectativa – O que acharam?

Me viro para Tommy para ouvir sua resposta, mas o encontro devorando o lanche como um esfomeado.

— Cara! – ele exclama, de boca cheia – Isso é muito maravilhoso...

— Thomas, não se diz “muito maravilhoso”... – Sara balança a cabeça, rindo do exagero dele.

— Eu digo! Quem está comendo sou eu e eu acho que está muito maravilhoso! – ele retruca, dando mais uma mordida.

Sorrio.

— E você, Oliver? – Felicity quer saber, apoiando os cotovelos na mesa e o queixo sobre as mãos.

— Você venceu, sweet... – dou uma piscadela – Esse troço é realmente gostoso! – rio pelo nariz e continuo comendo após seu sorriso infantil e lindo.

Ela desembrulha seu lanche e eu engasgo com o refrigerante.

— O que foi?- pergunta, olhando de mim para seu prato, que contem um hambúrguer monstruoso como o nosso, um pacote de fritas e, por incrível que pareça, um milk-shake de chocolate.

— Você vai comer tudo isso? – questiono e ouço o riso de Sara atrás de seu próprio hambúrguer-montro.

— Parece que você tem que mudar sua estratégia para seduzi-la com comida... – Tommy cochicha para mim, alto o bastante para todos ouvirmos.

Em questão de segundos, uma batata voadora atinge seu rosto.

— Ops! – ela faz uma falsa cara de inocência e eu gargalho – Totalmente sem querer... – dá de ombros

— Espere para ver como ela come... – Cait chama minha atenção.

A observo comer despreocupadamente e não vejo nada de mais nisso. Viro para meu prato e continuo a comer.

De alguma maneira desconhecida, Tommy consegue derramar seu refrigerante em cima de si mesmo. Sara o leva para o banheiro para ajudá-lo a se limpar e Cait sai à procura de roupas de Barry que poderiam servir nele, deixando eu e Felicity a sós.

E então eu entendo o que Caitlin queria dizer quando a vejo mergulhar uma frita no milk-shake.

— Não me olhe assim... – ela fala, sem me olhar diretamente.

— Assim como?

— Como se eu fosse uma aberração da natureza... – ela sorri, comendo sua guloseima.

Desvio meu olhar dela para não rir de sua loucura.

— Ah! – me lembro do que ocorreu hoje mais cedo no trabalho – Me encontrei com o Palmer hoje, na apresentação do proj... – me viro para ela e caio na risada ao vê-la distraída com suas fritas e o rosto lambuzado de milk-shake.

Ela me encara, confusa.

— Estava falando algo sobre Ray?- pergunta, mas meu interesse agora é outro.

— Felicity... – chamo e ela me encara, lambendo os lábios sujos de chocolate e eu acompanho o movimento.

— Hmm? – ergue as sobrancelhas.

— Posso experimentar? – pergunto, com o máximo de inocência na voz.

— Pode... – ela me observa com a testa franzida, desconfiada.

Me aproximo e pego uma de suas fritas, sem deixar de encará-la. Ela me estende o copo com o milk-shake, mas eu nego com a cabeça e sua ruguinha entre as sobrancelhas surge outra vez. Lentamente, me aproximo e passo a batata por seu lábio inferior, sentindo-a acelerar a respiração para logo após prendê-la quando deslizo para seu queixo sujo, depois levando aquele aperitivo até meus lábios e saboreando devagar com meus olhos presos ao dela.

— Ainda está sujo... – murmuro, com a voz rouca.

— An? – ela pisca várias vezes, confusa.

— Seu queixo... – aponto, sorrindo de seu lapso momentâneo.

— Oh! Meu queixo... Sujo! Claro, eu sou completamente desastrada... – ela fala, rápida e atropeladamente, procurando de maneira atrapalhada por um guardanapo.

Paro seu movimento, pondo minha mão sobre a dela, que me encara atônita.

— Esquece isso... – digo, balançando levemente a cabeça.

— Mas eu estou suja!

— Nada que não possamos resolver, sweet... – murmuro, me aproximando novamente e levando meus lábios ao seu queixo antes que ela possa evitar. Passo a língua por ali, sentindo o sabor do chocolate mesclado ao da pele dela, muito melhor do que qualquer outro gosto. Por fim, sugo a pele levemente, limpando-a por completo e ouvindo um ofego sôfrego da parte dela.

— Não parem por mim... – Ouvimos a voz de Tommy e nos afastamos rapidamente, Felicity quase caindo da cadeira no processo – Será que ninguém me ouve? – ele questiona, irônico, com Sara logo atrás de si, mordendo o lábio para prender um sorriso.

— Você está adorável nessa calça de moletom cor de rosa, Merlyn... – resolvo provocá-lo para dar tempo a Felicity para se recompor e sua pele voltar à coloração normal.

— Não achei nenhuma calça de Barry... – Cait surge pelo corredor e coça a cabeça, olhando para Tommy – O melhor que arranjei foi essa calça de corrida velha minha... Nem a uso mais, não se preocupe em devolver... – ela fala, ignorando o que acabara de acontecer antes de sua chegada.

— Claro que não vou devolver! – Tommy comenta sarcástico, olhando para si mesmo – Acho até que vou assim mesmo para a empresa amanhã...Quais as chances do Sr. Merlyn enfartar, Ollie?- me encara com um sorriso brincalhão, que esconde o quanto seu relacionamento com o pai é conturbado.

— Muitas! – sorrio, resolvendo acompanhá-lo.

— Então está decidido! – ele avisa – Cait, obrigado por tudo! – ele pisca pra ela que sorri, divertida. – Vamos, Ollie! – ele chama – Meninas, rezem para que as ruas estejam desertas e ninguém me veja com esse figurino totalmente gay – ele pede e elas gargalham. – Sério! Eu tenho uma reputação a zelar...

— Relaxe, Tommy... – Sara fala, segurando seus ombros e lhe dando um beijo na bochecha, ganhando um sorriso bobo do meu amigo. Ah, uma câmera comigo agora...Chantagem pro resto da vida com a imagem que estou assistindo ao vivo e a cores...— Você continua arrasando corações, mesmo vestido como um mendigo... – brinca.

— Ótimo! – ele bufa, dramático – Agora além de gay, sou um mendigo! – ele massageia a têmpora com os dedos – Vamos logo, Ollie, antes que essa garota arruíne toda a minha autoestima...  – ele me puxa pelo braço.

— Isso é meio impossível, Thomas... – ela zomba - sua autoestima já pode ser classificada como um ser com vida própria! – sorri e ele a acompanha.

— Sara, Sara...Sempre tão doce... – provoca e ela o empurra para fora.

Vou até Felicity e lhe desejo boa-noite, deixando um beijo casto em sua bochecha e saindo.

~Flashback – off~

  

 Ray nos encara, fumaçando e se vira novamente para Felicity.

— Como pode ter se tornado amiga dele em tão pouco tempo? O que a faz pensar que ele mereça algo de você? – ele acusa, irritado.

— Ray, você não tem o direito de julgá-lo ou de me julgar! – ela se defende e me defende – Eu tenho o direito de fazer o que eu quiser...

— Claro que sim... – ele se aproxima – Mas, parece que você está cega! Esqueceu quem ele é? – me aponta e sinto meus limites serem testados. Quem ele pensa que é para me insultar na minha cara? — Quantas garotas já tiveram seus corações quebrados por esse mesmo cara que você chama de amigo? O que a faz achar que com você seria diferente? – ele continua e me viro para Felicity, que fechou os olhos e franze a testa como se tentasse bloquear a voz dele – Nem mesmo uma garota que disse amá-lo por 3 anos foi capaz de ficar ao lado dele... por quê você seria?

Ele não acabou de citar Helena, acabou? E ele não comparou meu relacionamento com ela com o meu relacionamento com Felicity, comparou? E ele não tentou me fazer parecer culpado pelo que aconteceu com meu antigo relacionamento, tentou?

Antes que processe o olhar incrédulo de Felicity na direção dele, eu já me levantei e acertei seu rosto com meu punho. Sinto o impacto de minha mão com os ossos de seu nariz e acho que o quebrei, mas no momento realmente não me importo. Ouço vagamente Thea e Felicity gritarem meu nome, mas quando ele tenta socar meu queixo eu desvio, fazendo o golpe pegar apenas de raspão e passo uma perna pelas dele, o derrubando. Ele não é tão ágil como eu e demora a reagir, mas antes que eu possa terminar meu serviço, sinto 4 mãos segurarem meus braços. Me viro e vejo a expressão fechada de Felicity, ouço ela me pedindo pra parar e obedeço, mais por medo de machucá-la do que por pena do Palmer.

Respiro e inspiro profundamente, massageando o queixo enquanto o vejo se levantar com dificuldade, seu nariz sangrando. Estaria mentindo se dissesse que me arrependo.

— Se diz conhecê-la tão bem, deveria saber mais do que ninguém o que a torna diferente das outras! Deveria saber mais do que ninguém que essa sua atitude mesquinha a magoa... E deveria saber mais do que ninguém que ela não é nenhuma garotinha ingênua e que, se me deixou entrar em sua vida, ela teve seus motivos – cuspo as palavras em sua direção – E quanto à mim, você não sabe nada sobre minha vida, não sabe um terço do que passei, portanto pense um milhão de vezes antes de tentar opinar sobre quem eu sou! – concluo, ainda com vontade de socá-lo.

— Felicity... – ele tenta falar com ela, mas ela continua com a expressão fechada. Menos mal. Pelo menos ela também está com raiva dele...

— Ray, acho que você já disse tudo o que tinha pra dizer...Se não se importa, vamos embora agora! – ela espalma uma mão no ar, num pedido silencioso para que ele não se aproxime e ele pára no lugar a olhando com mágoa – Espero que tenha entendido que em minhas amizades quem decide sou eu...

— Você realmente vai ficar do lado dele? – ele pergunta, soando ferido.

— Não é uma questão de lado. Isso não é uma competição. Não é uma espécie de jogo! Oliver pode ter se excedido – ela me lança um olhar que diz que ainda irei ouvir muito quando ficarmos a sós, mas isso não me tira a felicidade de vê-la me defendendo. – mas você o provocou e se meteu em assuntos que não lhe diziam respeito! Aceite as conseqüências de seus atos e pare de procurar um vilão! – ela conclui.

— Por favor, me desculpe... – ele pede, humildemente.

— Depois conversamos, Ray... Agora não, o.k.?

Ele assente resignado e sai.

— Wow – Thea fala – Preciso vir mais vezes ao shopping... – tenta a piada, mas nenhum de nós sorri. – O.k. Dá pra pararem de se encarar como se fosse explodir uma bomba a qualquer momento?

— Vamos pra casa... – Felicity fala, curta e começamos a andar em silêncio pra fora do shopping. Quando chegamos ao estacionamento, vemos o carro e Dig encostado nele.

Antes que o alcancemos, Felicity me para e segura meu braço, me fazendo virar para encará-la.

— Ainda vamos conversar, mocinho... – me lança uma carranca.

Cutuco a ruga entre suas sobrancelhas e lhe dou um sorriso cansado.

— Como quiser, sweet!

Deus me ajude!


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Notas finais do capítulo

Nos vemos nos reviews!
Desculpem os erros estava muito cansada!