Diário de Josh escrita por Eu-Pamy


Capítulo 7
Família, cinema e castigo.




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Saímos do longo corredor por uma porta que dava direto para o quintal dos fundos. O quintal era grande, com gramado baixo, uma cerca viva que o cercava, piscina, um balanço, um jardim cheio de flores e uma amoreira com poucos frutos. Eu conhecia bem aquele quintal, costumava brincar com minha prima Vanessa quando éramos pequenos e ela ainda era humana.

Havia perto da piscina, uma mesa com um guarda-sol e algumas cadeiras, e sentada em uma delas estava minha prima do meio, Sam. Ela estava de shorts e a parte de cima do biquine, o cabelo ruivo – que era longo e liso, uma verdadeira obra-prima da natureza, que ela herdou da mãe – escurecido por estar molhado. Sam era a única ruiva da minha família, ela e sua falecida mãe, que morreu num assalto alguns meses após o nascimento do último filho. A pele de Samanta era branca, com sardas no nariz e na bochecha, e em algumas partes dos ombros e costas. Ela era baixinha – mais baixa que eu! –, com olhos castanhos claros meigos e um tanto rechonchudinha e encorpada para a sua idade, mas muito bonita e carismática. Tinha um sorriso bonito e gentil, mas um gênio um pouco difícil.

“Rainha Samanta, veja o que eu encontrei perambulando pelos corredores do seu castelo” Disse meu primo, passando pela gente e indo até sua irmã.

Samanta estava distraída tomando sol, e ficou surpresa quando nos viu. Abriu um largo sorriso e se levantou, se aproximando. Seu corpo pequeno brilhava sob a luz do sol, ainda um pouco molhado por causa da água da piscina. Foi uma surpresa para eu ver a piscina descoberta, talvez milagres existissem mesmo, ou talvez só fizesse muito tempo que eu não visitava meus primos, e como agora não tinha mais crianças na casa, não tinha porque manter a lona de proteção todos os dias.

“Veja só” Disse Sam, as mãos na cintura. “Não é que o nerdzinho lembrou que eu existo. Veio me visitar, é? Ficou com saudade da minha beleza?” Como sempre, muito metida.

Eu ia dizer alguma coisa, mas Caio se antecipou.

“Eu os peguei fuçando no meu aposento real, Rainha. Devem pagar!” Esbravejou, sua narinas inflando e seu tom subindo alguns oitavos.

“Hum...” Sam passou a mão no queixo, pensativa “Interessante... Então quer dizer que fazem o tipo intrometidos? Deixe-me pensar em um jeito de puni-los a altura... Talvez, corta-lhes a cabeça?” Ela olhou para Caio, e ele sorriu perverso. Engoli em seco diante daquilo “Não, isso é muito ultrapassado” ela concluiu “Talvez joga-los aos crocodilos? Não... Poderia dar indigestão aos coitados, e não queremos isso... Deixe-me ver...” Uma pausa, seu olhar passando de mim para Kevin “Já sei!” Se virou para o Caio “Capataz, vá buscar duas cordas grossas no calabouço real agora!” Ordenou.

Os olhos do menino faiscaram.

“Cordas?” Questionou animado.

“Sim, agora vá. Você logo verá.” Com rapidez, Caio saiu correndo. Samanta sorriu faceira “Nove anos e ainda faz tudo que eu mando. Assim que eu gosto.” Olhou para mim sorridente “E então Nerdinho, não vai me abraçar?”

Sorri.

“Oi Sam, tudo bem?” Falei, relaxando e a abraçando. Nunca gostei muito de teatro, mesmo quando criança eu sempre achei uma brincadeira muita chata, não era com treze anos que isso iria mudar. “Esse é o Edu, meu amigo” Apresentei.

Assim que os olhos de Sam voltaram a pousar no Eduardo, vi algo mudar e um brilho diferente nascer no seu olhar. Ela passou as mãos pelos cabeços molhados do modo mais sensual que com seus treze anos conseguiam ter, e lançou-lhe um sorriso calculado, do tipo que quer dizer muita coisa quando vindo de uma mulher. Aquele em especial dizia: “Gostei de você”.    

“Oi Edu” Falou cheia de charme, dando a mão para cumprimenta-lo. “Prazer em conhecê-lo.”

Eles terminaram de se cumprimentar, o Kevin com um sorriso bobo na cara, dizendo que também era um prazer conhecê-la e pensei ter visto minha prima corar um pouco por causa disso.

“Liga para o meu irmão não, nessa casa todo mundo fugiu do hospício, menos eu, é claro. Sou a única normal aqui.”

“Que nada, eu gostei da tua família. Dá pra ver que são pessoas muito legais...” Ele parou, pensou um pouco e completou: “Tu têm uma irmã bem diferente, mas ela também parece ser gente boa depois que conhece melhor.” Não sei se aquilo soou como ele havia planejado, mas me pareceu que não. Eu me segurei para não rir.

Samanta o olhou bem.

“A Vane? Deixa disso, aquela lá é uma cobra venenosa. Acredite em mim, depois que você conhece melhor não melhora nada, só aumenta os botes. Não é mesmo Will?” Eu assenti. Sam deu de ombros, indiferente. “Sabe, eu já nem ligo mais. Só não chego perto, pra não ser picada. As coisas aqui são assim mesmo, cada um por si. Ainda bem que eu tenho meu maninho para me animar. Falando nisso, ele já está quase voltando. Deve estar revirando o porão atrás de uma corda. Então se vocês quiserem fugir, a hora é essa.”

“Ele não vai ficar chateado?” Kevin perguntou.

“Não... Eu invento uma desculpa para ele.”

“Você pode entregar o vídeo game dele para mim?” Perguntei.

“Isso se eu não taca-lo na piscina, raio de troço barulhento. Mas, claro, eu entrego sim.” Dei a sacola para ela. Samanta fez biquinho. “Você nunca vem, quando vem vai embora correndo.”

“Desculpe, prometo voltar logo” Garanti.

Ela me olhou desconfiada por alguns segundos, e então suavizou a expressão e olhou para Kevin.

“Tudo bem, mas traga seu amigo junto, ok?” Sorriu.

Saímos da casa do meu tio de fininho, para que Caio não nos visse. Enquanto caminhávamos até o ponto de ônibus para irmos para o shopping, puxei assunto.

“Como é ser desejado por todas as garotas?”

Kevin franziu o cenho.

“Bah tchê! Do que tu ‘tá falando? Quem é desejado por todas as garotas?” Se fez de desentendido.

“Você, ué”

“Eu não sou não.” Falou com um sorriso sem graça. “Porque tu ‘tá dizendo isso?”

“Não é óbvio? Minha prima só faltou babar em cima de você.”

“Sério? Não foi o que pareceu quando ela nos expulsou do quarto dela.”

“Besta. Não estou falando dessa, e você sabe disso.”

Ele gargalhou, se aproximou de mim, colocou um braço sobre o meu ombro e disse perto do meu ouvido:

“O que eu posso dizer se sou irresistível? As gurias me amam!” Falou todo exibido.

Balancei a cabeça, o afastando de perto de mim de supetão.

“Sai pra lá, seu ego está me sufocando.”

Esperamos menos de dez minutos no ponto, sob um sol ameno, até que o ônibus chegou. Felizmente, eu havia saído com dinheiro e por isso não precisaríamos voltar para a minha casa.

Chegando ao Shopping, fomos direto ao cinema, pegamos a sessão das três e meia, e como faltava quarenta minutos passamos o tempo perambulando pelas lojas e corredores do enorme Shopping Boulevard, localizado no Tatuapé, uma bairro nobre da zona Leste de São Paulo, que ficava um pouco mais de meia hora da minha casa de ônibus.

Fomos para a praça de alimentação e compramos um lanche cada, que estava delicioso e sumiu em poucos minutos, juntamente com as batatinhas. Depois disso, como já estava quase na hora do filme, fomos apressados para a fila da pipoca, compramos duas médias com manteiga e duas latas de coca, e fomos para a fila do cinema. É impressionante como todas as vezes que vamos a algum lugar que não é nossa casa, somos dominados por uma fome avassaladora, que faz nosso estomago roncar e a gente comer como se não houvesse amanhã. Pelo menos, era isso que acontecia comigo sempre que saia de casa.          

Sentamos na fileira do fundo, onde daria para ver melhor. A sala não estava lotada, supostamente os cinéfilos preferiam os horários noturnos para ver seus filmes, ainda assim havia uma quantidade considerável de pessoas, e pelo que me explicou Kevin, seria porque o filme em questão era muito famoso. Fiquei assombrado com essa informação, pois mesmo me considerando um maníaco por filmes, nunca tinha visto nem o trailer desse. 

O filme começou e ficamos em silêncio, era uma mania minha não conversar durante um filme, mas depois de alguns minutos me senti tão entediado que quase quebrei essa regra em questão. Acho que sou a única pessoa no mundo que consegue ficar entediada assistindo um longa de ação, cheio de piadas fáceis, explosão e pancadaria. Acontece que o que me prende num filme e faz eu me interessar é sempre a história, o enredo, as tramas e as atuações. Em um filme de ação, muito disso fica como plano de fundo, e o destaque é obviamente a ação. São poucos os filmes que conseguem juntar os dois, ação e história e realmente convencer. E esse definitivamente não era um desses. Os atores eram medianos, os diálogos fracos e sem profundidade, mas os efeitos especiais eu tinha que admitir eram muito bons, mas contudo, um monte de explosões barulhentos e cenas eletrizante de perseguição e tiroteio não era suficiente para me agradar, eu precisava me sentir vivo durante as cenas, mas o único efeito que estava conseguindo ter era o começo de uma enxaqueca. Tudo isso em menos de trinta minutos de filme.

Suspirei, acho que pela décima vez em menos de cinco minutos. Kevin me olhou, pareceu notar meu desanimo e disse:

“’Tá tudo bem? Não está gostando do filme?”

Eu neguei com a cabeça, mentindo.

“Não é isso. O filme é ótimo.” Eu nunca fui um bom mentiroso, mas Kevin não pareceu chateado.

“Olha, sabe porque eu gosto tanto desse filme?” Não esperou eu responder, ainda bem, porque eu não conseguiria formular uma resposta “A trilha sonora. Ela é simplesmente demais. Presta atenção, a trilha diz basicamente o que temos que sentir a cada momento. Ela facilita a nossa vida e faz tudo se encaixar em harmonia total. Numa cena feliz, uma música agitada sobre curtir a vida toca, e seu corpo relaxa... Numa cena de ação, a música tem um ritmo alucinante e frenético, que nos contagia e nos prende aos movimentos dos personagens, então você se sente parte daquilo tudo, bem mais do que um simples observador. Você se sente tocado... Porque a música faz isso por você, ela te faz se sentir-...”

“Vivo” Eu mesmo completei, ouvindo-o falar quase sem piscar, tamanha a intensidade e sinceridade das suas palavras. Sorri de um jeito bobo, de repente querendo sentir a paixão que Kevin demonstrava quando falava. “Você deve gostar mesmo dessa trilha.”

Ele me lançou um olhar misterioso.

“Não é só as músicas, é o encaixe. A conexão das cenas com quem tá assistindo. É algo especial e íntimo. Eu sei, pode rir, estou falando como um lunático.”

Eu neguei com a cabeça.

“Eu não acho, você fala com sinceridade. É difícil encontrar alguém que defenda um filme como você fez, mesmo que eu não tenha dito nada, você fez questão de me mostrar o que esse filme tem de bom. Depois disso, vou prestar mais atenção.”

Com determinação, me forcei a realmente assistir aquele filme, não que eu não estivesse fazendo isso antes, mas agora havia jogado longe meus preconceitos sobre filmes do gênero e tentado captar aquilo que Kevin havia ressaltado para mim. A trilha.

No começo, não percebi nada de especial nas músicas. Alguns rock antigos de qualidade, mas nada fantástico. Até que, de repente, lá pro meio do filme, me peguei balançando o pé distraidamente, no ritmo de uma música meio lenta, meio agitada que começou a tocar. Percebi como os movimentos dos personagens pareciam um tipo de coreografia, e até os olhares pareciam dançar. A música foi ficando mais movimentada, e os personagens também. Não havia muito dialogo, mas com o tempo, percebi que se eu prestasse atenção na letra da música, não precisaria de mais nada. E mesmo que meu inglês fosse médio, eu entendi tudo, e então pude sentir aquela conexão que Kevin tinha falado. No restante do filme, torci pelo mocinho, senti medo por ele, dei risada das suas tiradas irônicas, prendi a respiração nas cenas mais intensas, me arrepiei nas explosões, e acima de tudo, me deliciei com a trilha sonora.

Quando saímos do cinema, eu estava com aquele sentimento confortante no peito, de que tinha valido a pena.     

“Quando sair o segundo, você tem que me chamar para assistir.” Eu falei.

Ainda que as atuações não fossem das melhores, ainda que as tramas fossem fracas e o legal do filme fosse mais os efeitos especiais do que a história, ainda assim eu havia gostado. Porque pela primeira vez, eu me senti conectado com um filme de ação, e isso era quase um acontecimento.

“Tu gostou mesmo?” Kevin perguntou desconfiado.

“Gostei... mais do fim do que do começo.” Admiti.

“Deve ser porque ficou aliviado quando acabou.” Kevin zombou, enquanto caminhávamos para a saída do shopping.

O filme durou um pouco mais de duas horas, e logo anoiteceria. Em outras palavras, tínhamos que ir para casa.

“Nada disso, eu gostei. Sério.”

“Eu sei, deu para ver o seu sorriso na última cena, quando o vilão foi preso.”

“O que posso dizer? Eu amo um clichê.” Falei brincalhão. “E então, você vai para sua casa? Não que eu esteja te expulsando, só estou perguntando.”

“Primeiro eu tenho que ir para a sua casa, pegar minha mochila que eu deixei lá. Eu não moro longe, mas como vai estar de noite, vou pegar um ônibus para ir para minha casa, porque é mais seguro do que eu ir andando.”

“Seu pai não vai se importar?”

“Meu pai só chega depois das oito e minha mãe mais tarde ainda. Está tranquilo.”

“Ótimo”

Fomos para o ponto de ônibus, esperamos quase vinte minutos, pegamos o ônibus e nos sentamos nos últimos bancos, lá no fundo.

Passamos o resto do caminho conversando sobre as nossas partes favoritas no filme. Descobri que Kevin era muito bom imitador, e que imitava a voz do personagem principal muito bem. Depois conversamos sobre nossos filmes favoritos, e ele ficou espantado e arregalou um pouco os olhos quando eu comecei a citar a minha lista em voz alta.

“Caramba!” Ele falou quando eu dei uma pausa, para respirar. “Você deve ter falado uns vinte filmes. A maioria eu nunca ouvi falar”.

“É que eu gosto de assistir legendado, a maioria desses filmes nem tem dublado.”

“Ah, então é por isso.”

“Você não assiste filme legendado?”

“Às vezes, mas é difícil. A maioria dos filmes que eu gosto têm dublado.”

“Aham... Porque são filmes mais comerciais.”

“Deve ser isso. Você gosta de algum esporte?” Mudou de assunto. Com o tempo, aprendi que Kevin tinha essa mania de mudar de assunto do nada.

“Não...” Fiquei mais acanhado, esporte nunca foi o meu forte.

Ele pareceu pensativo.

“Nem corrida? Nem natação? Nem futebol?” Eu neguei com a cabeça, quase fazendo uma careta. Ele riu. “Todo garoto gosta de futebol!”

“Eu não.”

“Que estranho...”

Olhei feio para ele.

“Eu não sou estranho!” O repreendi.

“Eu não disse que era. Eu só disse que é estranho você não gostar de futebol. Todo garoto gosta de futebol.” Ele repetiu aquela ladainha.

“Quem disse isso? Seu pai?”

“Não... Eu que ‘to dizendo. Nunca conheci ninguém que não gostasse de futebol.”

Eu bufei, estava perdendo a paciência. Em toda minha vida sempre fui motivo de chacota por não levar jeito com esportes. Eu não iria tolerar isso até de um amigo.

“Só porque vivemos em um país subdesenvolvido, que usa o esporte como meio de alcançar a glória, já que por meio de educação não conseguem.”

Kevin franziu o cenho.

“Está dizendo que só porque eu sou atleta, sou um ignorante?”Abri a boca para falar, mas fechei de novo. “Porque se é isso que você quer dizer, fique sabendo que eu não sou.”

“Você é só mais uma vítima do sistema. Garoto jovem e saudável, que poderia sonhar em ser médico, advogado, ou algo mais produtivo para a nossa sociedade, mas que ao invés disso está sonhando em crescer e jogar bola. Como você, existem milhões. Não estou dizendo que para você não vai dar certo, você é filho de um ex-jogador, pra você é mais fácil. Mas pra muitos desses garotos, a grande maioria, isso não passa de fantasia. E um garoto com sonhos frustrados, vira um adulto frustrado, triste e cheio de raiva. Com uma sociedade formada por adultos assim, não me admira o país está do jeito que ‘tá.”        

“Isso é um pensamento muito pessimista. Você faz parecer que o esporte é o grande vilão. Mas o esporte salva muitas vidas, todos os dias. Se hoje sei o que é disciplina, dedicação e trabalho de equipe, é porque eu pratico esporte desde pequeno. O vilão não é o futebol, o vilão é a corrupção, que rouba educação e saúde do povo. O esporte me fez uma pessoa mais responsável e consciente, mas você faz parecer que as pessoas usam o esporte para me manipular, manipular meus sonhos e o meu futuro.”

“Mas de certa forma isso não é verdade?” Questionei.

“A única coisa que eu sei é que todo mundo precisa ter um sonho, mesmo que seja um impossível. Uma pessoa sem sonho é uma pessoa vazia, sem motivação.”

“Bom, eu acredito em sonhos reais. Não em fantasia.”

Ele me olhou por um momento, colocou a mão no meu ombro e disse:

“Então você ainda tem muito que aprender.”

Querido diário, uma vez eu li algo sobre ser nos lugares que menos esperamos que vem as maiores surpresas. Kevin sem sombras de dúvidas é uma grande surpresa para mim, mas uma surpresa boa, que me deixa feliz ter acontecido na minha vida. Ele é amigo, inteligente e tem um coração enorme, sabe? Nossa amizade surgiu meio que sem querer, mas fico contente que tenha acontecido.

Não sou o tipo de pessoa que confia em todo mundo, mas confio em Kevin. Somos diferentes e pensamos de maneiras bem diferentes, mas somos amigos acima de tudo, e acho que isso que conta afinal.

Quando chegamos na minha casa, minha mãe estava com fones de ouvido, cantando e dançando “O Bom” de Eduardo Araújo. Depois que ela nos viu, ficou quase vinte minutos brigando com a gente por ter sumido sem avisar.

“Mãe, desculpe, eu desliguei o celular no cinema e esqueci de religa-lo” Eu tentei me explicar, mas ela continuou furiosa.

“Vocês dois, heim meninos, me decepcionaram! Nunca mais confiarei em um homem novamente depois disso!” Disse toda exagerada. “Isso foi uma apunhalada nas minhas costelas!”

Quando terminou, alguns minutos depois, olhou para o Kevin e disse:

“Oii... Já nos conhecemos?”

Kevin abriu um sorriso travesso. 

“Mais ou menos, eu sou o garoto que a senhora xingou de desocupado depois que quase atropelou uma garota perto da escola, hoje mais cedo no seu carro.” Eu não posso acreditar que minha mãe fez isso, pensei comigo mesmo “Eu lembro da senhora, saiu cantando pneu” ‘Tá, foi minha mãe, é a cara dela. Assim que ele terminou de dizer bem humorado, acho que a minha boca e a da minha mãe caíram um pouquinho. Ele riu. “Prazer em te conhecer, senhora”.   

E essa é minha vida, um monte de trapalhadas que sempre terminam bem. Menos a parte que peguei duas semanas de castigo, é claro.

Agora eu tenho que ir, são oito da manhã de um sábado e eu tenho que ir comprar pão para a minha mãe e depois lavar o carro dela.

Bom, é isso. Até a próxima.    


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