Diário de Josh escrita por Eu-Pamy


Capítulo 1
Mamãe é doida!


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoas lindas! Como estão?
Vou pedir um favor, relevem os erros, tá bom? Eu estou reescrevendo essa história ainda, e não está fácil arrumar tempo para betar tudo. Mas eu chego lá!

O Josh é um adolescente beeem dramático, mas ele tenta ser engraçadinho, coitado. Deem uma chance para nós!

Boa leitura.



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Capítulo 1 – Mamãe é doida!


      Olá, querido diário! Como vai você?

Essa é a primeira vez que eu escrevo e confesso que estou um pouco nervoso. Não é a primeira vez que eu escrevo realmente. Já escrevi na escola, em redações, copiando as lições da lousa no meu caderno, em provas... Ok, você deve ter entendido que não sou um anafabeto de treze anos, disso minha mãe pode se orgulhar.

 ‘Tá ‘tá, foi brincadeira, sei que o certo é “analfabeto” ou você nem percebeu que eu esqueci do “l”? Olha lá meu camarada, minha mãe costuma dizer que uma pessoa distraída é uma pessoa ausente. Então, cá entre nós, isso explica muita coisa, porque digamos que minha mãe não é a pessoa mais presente do mundo na minha vida, e sim, foi em homenagem a ela que criaram o adjetivo distraído.

Acredite em mim, ela namorou o tal Aurélio Buarque, autor do dicionário Aurélio. O que explica também a criação das palavras desastre, fracasso, fiasco, entre outras.

Sim, todas elas foram criadas com somente um objetivo: definir os relacionamentos de minha mãe, e olha que foram muitos ao longo dos anos, mas não estou aqui para falar sobre isso agora.

Você provavelmente deve achar que estou exagerando, ou deve estar se perguntando o que faz minha mãe ser a pessoa mais distraída do mundo, porque acredite, ela é. Bom, essa pergunta é simples de responder, basta olhar no histórico de eventos vergonhosos que eu já tive que passar por causa dessa característica dela.

Quando eu fiz nove anos, por exemplo, ganhei uma festa surpresa de aniversário na casa do meu pai — sim, meu pai e minha mãe são divorciados. E não, não tenho problemas com isso, pelo menos até agora.

Estava tudo combinado com antecedência; meu pai planejou tudo por semanas. Comprou um bolo de chocolate que deveria estar delicioso, chamou os meus parentes, colegas de sala, embora só dois apareceram. Pois é, eu nunca fui muito popular. Contratou palhaços — não sei porquê, pois eu os odeio —, um pula-pula e montou até uma casa inflável com escorregador no quintal.

Seria tudo maravilhoso e eu definitivamente teria apreciado tudo isso com muito carinho caso minha mãe não tivesse me esquecido no supermercado por duas horas e eu tivesse tido que voltar para casa andando por dez quarteirões. Sim, dez quarteirões!

Eu nem acreditei que aquilo aconteceu, muito menos quando cheguei em casa e vi minha mãe dormindo no sofá, com pijama e máscara de abacate no rosto, aos roncos.

As pessoas dizem que essas coisas acontecem em nossas vidas para que possamos rir depois, mas sinceramente, esse tipo de coisa acontece tanto comigo que se eu fosse parar para rir ia ser aquelas gargalhadas histéricas do Coringa.

Mas isso não é nada. Minha mãe vive indo de carro até os lugares e volta a pé. Uma vez, ela voltou 45 minutos andando, dormiu e só se lembrou que tinha deixado o carro no estacionamento do shopping na manhã seguinte! É muito sem noção, viu.

Ela também vive esquecendo de pôr gasolina no carro, o que é horrível quando se está no meio de um trânsito enorme e só então se percebe que a gasolina acabou.

Também é horrível abrir o congelador da geladeira e ver seu celular dentro de um tupperware.

Como ela consegue fazer essas coisas? Bem, eu não faço ideia, faz parte da complexidade que é minha mãe.

 Porém, eu não estou reclamando, até gosto na verdade, pois assim tenho muitas histórias diferentes para contar, como na vez que fui para o Simba Safári e o avestruz roubou o celular dela. Eu nem acreditei quando ela desceu do carro — ignorando as placas e as instruções dos guias sobre ser expressamente proibido os visitantes descerem dos veículos durante o passeio — e correu de salto alto atrás do pobre animal.

Foi hilário! Não na hora, né, mas depois eu ri muito com meus primos e tios ouvindo-a contar como teve que ser corajosa — e louca! — para recuperar seu celular de 800 reais da boca do avestruz.

Deixando os desajustes da minha matriarca à parte um pouco, estou falando sério quando digo que estou nervoso. Não me entenda mal, nossa relação está apenas começando e não posso dizer que estou muito confortável com isso, afinal, a ideia nem partiu de mim.

 Ter um diário não é brincadeira para mim. Alguns garotos diriam que é coisa de menina, mas eu realmente não vejo bem assim.

Meninas são complicadas, deve ser quase impossível transcrever todos os sentimentos e paranoias, TODOS OS DIAS, em um pequeno objeto como um diário. Seria uma tortura e um enorme desperdício para as árvores do mundo se todas as garotas fizessem isso. A Amazônia — ou o pouco que resta dela — acabaria numa semana.

Sem falar que seria um ato bem louco gastar tanta folha para que milhões de garotas despejassem seus dramas adolescentes bestas, suas fantasias idiotas com bailes, sua obcessão com roupas, sapatos e seus sonhos com o Justin Bieber.

Me diz, qual é a graça dessas coisas?

Detesto muito este tipo de tradições: bailes de escolas, sabe? Que nada oferecem de fato aos participantes, além de muita dor de cabeça e ansiedade nos dias que o antecedem — se existisse uma lista de preocupações relevantes na vida de um ser humano, tenho certeza que bailes escolares ou qualquer outro tipo de evento de interação juvenil, não entraria nesta lista! Mas as pessoas não me ouvem!

Voltando no assunto (às vezes eu fujo mesmo, relaxa diário) eu definitivamente odiaria ser obrigado a ler o diário de uma menina, qualquer que seja. Não apenas porque deve ser chato pra caramba, mas também porque me entristece tanta futilidade.

“Blá blá blá sapatos, blá blá blá maquiagem...” Não, não. Eu me sentiria perfurado vendo todo o potencial dessas pessoas desperdiçados, ou melhor, eu me sinto assim, né, pois mesmo que eu não queira, vejo isso todos os dias.

Por outro lado, devo esclarecer que não penso sobre isso somente com garotas, também sei que homens podem ser idiotas, principalmente quando juntos. É como se os hormônios atrapalhassem as conexões dos pensamentos e nos fizessem todos retardados.

Mas são elas que mais me chocam.

As mulheres travaram uma batalha longa por seus direitos, de completa importância para a sociedade ser o que é, mas às vezes parece que ninguém mais lembra, ou pior, ninguém mais liga. É muito triste.

Sabe Diário, a verdade não se esconde na escuridão, os olhos e a mente que sim. É uma escolha. Digo, a ignorância é uma escolha. E a ingratidão, bem, é cruel.

Se tem algo que eu admiro nesta vida, são pessoas com coragem o suficiente para lutarem por algo que acreditam. Sei que muitas vezes não demonstrei essa coragem, e me envergonho muito por isso. Mas nem todas as pessoas são valentes, ao menos eu sei que eu não sou.

Sei que pareço chato falando desse jeito, mas acontece que até eu, um pivete considerado por muitos ainda criança, sei que que na vida devemos ser nós mesmos, como diz minha mãe: Se não gostou de mim, então, meu querido, saia da primeira fileira e dê oportunidade para outra pessoa apreciar o espetáculo.

Deve parecer loucura uma pessoa dizer isso a outra pessoa... Mas minha mãe é assim. Tudo nela tem que ser exceção.

Ela costuma referir a si mesma como um evento grandioso, porque ela não se enxerga como a atriz principal, ela se vê como o próprio espetáculo!

É doido, já avisei.

Mas minha mãe também é uma mulher incrível, e sem dúvidas sua autoestima deveria ser um exemplo. Porque ela nunca será sombra de ninguém, assim como nunca aceitará ser inferior ou ficar com as sobras. Se for para repartir uma torta, que seja em pedaços iguais.

Ela sempre me ensinou essas coisas, por isso estamos gordos. Brincadeira, eu sou magro até de mais, mas ela está sempre de dieta, não sei para quê.  

Imagino que você percebeu que falo muito da minha mãe, mas é que ela é a pessoa mais importante da minha vida, sabe? Minha mãe é tudo para mim. Meu exemplo, minha inspiração... Eu a amo tanto que até assusta. Mesmo com todos os seus desajustes, mesmo assim, eu a amo.

Não sei muito sobre o amor, mas acho que quando se ama alguém de verdade, você a ama inteiramente, incluindo os defeitos.

Posso estar falando bobagens, isto é, eu assisto a filmes demais e isso não deve fazer bem ao intelecto de um pré-adolescente. Porém, quem nunca ouviu a frase “Você se apaixona pelas qualidades, mas ama pelos defeitos"? Porque mesmo as qualidades serem sempre bem-vindas, é claro, o que faz uma pessoa especial mesmo e única, são exatamente as manias, os gostos inusitados, as esquisitices da personalidade... Enfim, a loucura. E, bem, dessa loucura minha mãe está recheada!

Deve ser por isso então que gosto tanto dela: sempre que penso nela como alguém simples, ela vem e me surpreende. Pra mostrar que pode ser tudo, menos comum!

Mamãe é doida.

Dúvida? Bem, então vou te contar uma história.

No de 2009, fizemos uma viagem para o México.

Era para ser uma viagem de duas semanas para nós três. Seria a primeira vez que eu e minha avó sairíamos do país e, obviamente, estávamos muito animados.

 Mas, infelizmente, coisas aconteceram.

Minha mãe se apaixonou.

Ela conheceu um cara, um mecânico, num parque de diversões logo no primeiro dia da viagem, acredita? E pra provar que azar não tem limite, das duas semanas que ficamos no México, namorou ele uma semana e meia! Mas as coisas ficaram complicadas... Porque minha mãe o flagrou com sua verdadeira namorada mexicana aos beijos no meio da praça.

Dá para acreditar? O pior não foi isso! Tem mais.

Como reação, minha mãe sacou o spray de pimenta da bolsa e você já deve imaginar o que aconteceu. Ela acertou os olhos da mulher! E não satisfeita, depois começou uma briga greco-romana com a namorada do cara que ela tinha acabado de conhecer.

Moral da história: quebrou o salto e acabou que teve que ir todo mundo, até o mecânico arrasador de corações, indo depor na delegacia.

Na delegacia mexicana!

Felizmente, eu fui poupado da humilhação de ver minha mãe ser escoltada por policiais, já que estava desmaiado no quarto do hotel, babando no travesseiro, depois de um dia longo visitando pontos turísticos e comprando tudo o que era possível.

Foi a minha sorte!

Mas no dia seguinte, depois de pagar multa na delegacia, minha avó, que também estava com a gente na viagem, me contou tudo em detalhes. E ela fez questão de me contar umas cinquenta vezes, porque vovó deixou a memória dela no Brasil Colônia!

Me lembro perfeitamente da cara da minha mãe depois, me dizendo: “Filho, temos que aproveitar a vida” como se fosse a coisa mais normal do mundo ser detida por policiais na primeira viagem que a gente fez juntos.

Mas ninguém na minha família é normal. E quer saber? Eu amo isso.


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Notas finais do capítulo

É tudo ficção. Ninguém namorou o Aurélio Buarque aqui não, pelo amor de Deus, o Josh sonha. Deixa ele. E ele tem é sorte, porque a mãe dele é ótimaaa!





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