Já fazia uma semana que Emily estava na casa deles, com os pesadelos de Aaron ela desistiu da ideia de ir dormir em sua casa, o homem já havia avançado na recuperação, andava mancando, mas sem a necessidade de se apoiar, entretanto a mulher nunca o deixava sozinho por muito tempo, como ambos estavam em casa liberaram Dulce. Emily dormia no quarto que era do casal, depois da noite que ficou junto a ele, a agente tinha medo do que podia acontecer conforme o chefe da BAU fosse melhorando, devido a isso mesmo não conseguindo dormi direito com o receio de não ouvir caso ele precisasse dela, era manhã de sexta-feira eles estavam sozinhos em casa.

—Entediado?- Emily pergunta vendo o ex olhar para o teto.

—Tem como não está?

—Não!- Sorri.

—O livro está bom?

—Já passei muito tempo nele, preferia que fosse um arquivo de caso- ele sorri.

—Você sabe que já pode voltar a trabalhar, estou melhor.

—Você sabe que isso não irá acontecer- eles se olham cúmplices, uma ideia surgi na mente da mulher e o homem percebe.

—O que foi?

—Pensei em uma coisa, mas não sei se te fará bem.

—Diga o que é saberei.

—Até parece que você dirá que é ruim- ri irônica.

—Vamos lá me diga.

—Sabe aquela caixa que temos no porão com casos não resolvidos?

—Nós podemos rever estes casos.- Aaron se anima e aquilo a faz bem.

—E se te fizer mal?

—Só vou ler arquivos e ver se tem algo que não vimos.

—Ok, vou buscá-los.- Prentiss se levanta indo em busca da caixa, tira o pó e eles escolhem um arquivo, sentam em torno da mesa de centro.

—Será que vamos conseguir alguma coisa?

—O nosso tempo passará mais rápido pelo menos.

E ali eles ficam um tempo revendo os relatórios do caso, refazendo o perfil, estudando as vítimas e "trabalhando", passaram a manhã e início da tarde naquilo, um suspeito não tinham, entretanto já não estavam entediados, os dois sentam no sofá.

—Acho que precisamos fazer isto mais vezes.- Aaron declara.

—É ótimo.

—Só é ruim por você não me deixar tomar café tranquilamente.

—Tranquilo sim, a vontade não, vocês está se recuperando.- Emily fala com tranquilidade.

—Eu sei.

—E minha função aqui é cuidar de você.

—Você está a cumprindo bem- eles ficam se olhando, olhar de paz, tranquilidade, eram cúmplices, amigos, amados.

—Tá na hora do seu remédio.- A agente da ATU diz se levantando.

—Viu só!- Prentiss busca os remédios e água.

—Aqui estão- se sentando novamente ao lado dele, ela entrega os compridos e o copo com água a Aaron- tem alguns que você para de tomar hoje.

—Que ótimo, amanhã só precisarei tomar 40- irônico, a mulher sorri com o drama dele.

—Como você é exagerado, são apenas 3.

—E o calmante?

—Você só o toma quando é necessário, por causa dos pesadelos.

—Toda noite deveria tomar então- mais sério e irritado.

—Olhe pra mim- gentilmente e colocando uma mão sobre a dele- você precisa deles por enquanto, foi difícil o que enfrentou, mas logo isso vai passar, os pesadelos diminuíram, as noites serão mais tranquilas, apenas dê tempo ao tempo.

—Não sei quanto posso aguentar, tenho medo, não por mim, e sim pelas crianças e por você, tenho medo de machucarem vocês.

—A pessoa que fez isso a você está morta, e de qualquer forma você foi uma oportunidade, ele não queria ferir a quem você ama, queria chamar atenção para os que feriram quem ele amava.

—Ele me disse coisas que não saem da minha cabeça, me perturbam.

—Então é isso que te incomoda? Sabia que tinha algo.

—E por que não perguntou?

—Você precisava de espaço depois do acontecido, sabia que quando estivesse preparado me contaria.

—Emily você me conhece como ninguém.

—Nós dividimos este habito de nos decifrarmos, quando ninguém mais é capaz de fazê-lo.

—Nós dividimos muitas coisas.- A olhava apaixonado.

—Quer me contar o que ele te disse que faz temer pelas crianças e por mim?- Tentando não entrar em um jogo de olhares novamente.

—Você vai me julgar pelas escolhas que fiz.

—Aaron sei que você é incerto das suas atuais escolhas, antes mesmo de você as toma, mesmo te observando a distância.

—É, tenho poucas certezas atualmente- ele parou por um tempo a olho como se para decorar novamente cada detalhe do rosto dela, como se já não os tivesse gravados em todo seu ser- quando estava preso ele me disse...

Flashback ON

—Deve ser engraçada essa coisa toda de ser agente do FBI- enquanto fazia alguns cortes na pele de Aaron- ser admirado por todos, vistos como heróis, entretanto não são mais que bonecos do governo, não protegem a população, apenas fazem o suficiente para o governo, ninguém foi capaz de proteger minha mulher, ninguém se responsabilizou pelo mal que causaram a ela.

—Isso não se resolve matando pessoas.- O agente da BAU falava entre gemidos de dor.

—Pessoas? Fui até eles, tudo o que queria era uma retratação, que se responsabilizassem, mas vocês que trabalham com o governo não ligam para pessoas, apenas para o sistema, olhe para você.

—O que tem eu?

—Você com certeza já decepcionou as pessoas que te amam, deve ter colocado o trabalho a frente de tudo, não deve ouvir seus filhos, eles devem sentir sua falta, mas você os coloca em segundo plano.

—Isso não é verdade.

—Claro que é, não considera o que suas atitudes vão influenciar na vida deles, eles simplesmente têm que aceitar o que você diz e faz, todos vocês que trabalham no governo são assim, demorei a ver isso, eu era assim, se não fosse ela não teria morrido, estaríamos de férias, mas não podia por causa do meu trabalho, quantas vezes sua mulher quis está contigo e o agente Hotch estava salvando o mundo? Quantas vezes não escutou tudo o que ela tinha a falar? Isso é o que você é, não escuta mulher, filhos, família, são só suas verdades e o trabalho, você é egoísta, não os pode proteger porque nunca está perto.

Flashback OFF

—Aaron nós sabemos que isso não é verdade, as crianças são sua prioridade, seu trabalho não o faz uma pessoa ruim, nosso trabalho nunca foi motivo para deixamos de lado nossos filhos, você consegue conciliar.

—O trabalho não, mas quando ele disse que tomo minhas decisões sem pensar em como elas vão afetar aos nossos filhos é verdade, o casamento é uma prova disso, não pensei em como reagiriam ou considerei que tinham problema com Beth.- A mulher a interrompe.

—Você precisava dar continuidade a sua vida.

—Mas o modo como continuo a minha atinge diretamente a deles, por não ver isso podia ter acontecido algo terrível com o Theo, o pior é que nem tenho certeza se quero esse casamento, só o inventei para preencher algo em mim, sem pensar em mais ninguém na verdade, não pensei nas crianças, não pensei na Beth, apenas em mim, sou esse homem egoísta.

—Não, você não é egoísta, apenas estava perdido e confuso.

—Não contaria sobre o casamento naquela noite, só fiz aquilo por causa da nossa conversa, só fiz aquilo porque achei que ia me fazer mais forte na sua presença, que ia conseguir, mas não, e assim tornei um relacionamento que estava chegando ao fim em algo mais sério, feri nossos filhos e você.

—Aaron.- Emily sabia que o rumo daquela conversa era ruim.

—Quando ele me perguntou quantas vezes não escutei tudo o que minha mulher tinha a falar, você veio a minha mente, à noite em que me separei de você, não te escutei, simplesmente queria que as coisas fossem do meu jeito, acabei com nosso relacionamento porque você não fez o que eu queria, não te dei a oportunidade de me explicar, sou isso um egoísta que tem suas verdades como únicas.

—Você está fragilizado com tudo isso, mas é um pai maravilhoso e as crianças te amam, suas decisões não os atingem da forma negativa que está pensando, já te disse, eles aceitaram a Beth.- Ela evitava falar sobre o relacionamento que tiveram.

—Não sei se sou esse pai maravilhoso.

—Então se torne este pai que hoje acha que não é, fique mais tempo com eles e o que você acha necessário, porém, acha que se não fosse um pai incrível eles te idolatrariam como fazem?

—E quanto a você? O que faço para saber se agi certo?

—Agora nós não precisamos discutir sobre isto.

—E por que não?

—Você está sensível, misturar isso com o que aconteceu é errado, quem sabe quando você tiver melhorado nós voltemos a falar sobre, não agora.

—Emily preciso saber que não estou te ferindo.

—Mantenha-se bem, se cuidando, melhorando, isso é o suficiente- ele a abraça forte.

—Obrigado- quando o telefone da casa toca- deixa.

—Pode ser algo importante.

Ligação ON

—Prentiss.- Atende automaticamente.

—Emily?

—Sim Beth.

—Porque está atendendo ao telefone da casa do Aaron?

—Não entendi.- Confusa.

—Você é apenas uma visita, não é de casa.- A agente rola os olhos.

—O que você precisa?- Sem dar atenção a noiva de Hotch.

—O Aaron não está atendendo ao telefone.- Emily vê o telefone do homem na mesa de centro.

—Ele deve ter esquecido no quarto.- mente.

—Ele está ai?

—Sim.

—Pode passar?

—Claro- leva o telefone em direção ao homem- é a Beth- entregando e saindo.

—Beth?- Aaron se pronuncia.

—Oi baby, como você está?

—Me recuperando.

—Tenho uma ótima notícia, acho que consigo ir essa semana ficar com você.

—Não- fala automaticamente- tá tudo bem aqui, não precisa vir, a Emily está cuidado de mim.

—Mas quero cuidar de você- chateada.

—Não precisa, você não pode atrapalhar seu trabalhar por minha culpa.- Aaron usa como desculpa.

—Não atrapalhará, imaginei que preferiria minha presença, que da Emily, afinal vocês vivem brigando.

—Não, está tudo ótimo entre nós.

—Ótimo como Aaron?- A mulher pergunta enciumada.

—Ótimo e ponto.

—Você sabe que confio em você não é?

—Beth está tudo bem aqui.

—Ok, só ligue para saber como você estava.

—Estou bem, não antecipe sua volta.

—Ok

Ligação OFF

Emily estava olhando da entrada da sala.

—O que foi?- Aaron pergunta vendo a forma como olhava.

—Por que não disse para ela voltar?

—Preciso de alguém para cuidar de mim?

—Beth não deve ter gostado disso.

—Não está aqui por escolha.

—Mas agora ela pode.

—Emily está ótimo como está- ela deu de ombros.

—Vou buscar as crianças, não faça nenhuma estripulia.

—Vou com você.

—Ok

Já era madrugada, todos estavam dormindo menos Emily, estava na cozinha observando o céu pela janela e deixando seu pensamento viajar, vagar por momentos que viverá junto a Aaron, os momentos que vem acontecendo durante a semana, a harmonia que estava existindo novamente entre os dois, as conversas sobre tudo que eram frequentes, as risadas que vinham compartilhando, a leveza que a convivência estava trazendo de volta para a relação entre eles, e com isso o medo de que aquilo se perdesse novamente, de que eles voltassem a se tratar como inimigos, não era isso que ela queria, perder novamente o amigo e companheiro que sempre teve em Aaron.

—Algumas coisas nunca mudam!- Aaron fala a observando da entrada da cozinha.

—Você devia está dormindo- sem olhá-lo.

—Fiquei com sede. Você, sua janela e o céu.

—Não foi por isso que a colocamos desse tamanho?

—E como ele está?

—Belo como sempre, um pouco mais estrelado.

—E seus pensamentos?

—Em nós.

—O que está pensando sobre nós?

—Que não quero que isso acabe novamente.

—Como assim?

—Aaron você sempre foi meu confidente e amigo, antes mesmo de nos apaixonarmos, e quando nós nos separamos além de perder meu marido, perdi também meu melhor amigo.

—Achei que esse posto era do Morgan.

—É diferente!- Faz uma pequena pausa.- Não quero perde essa paz que nossa convivência voltou a ter, essa capacidade de conversar sobre qualquer coisa ou simplesmente do silêncio não ser algo constrangedor.

—Eu também não, mas você sabe que será difícil.

—A gente pode tentar.

—Ser apenas amigos? Não conseguiremos, sempre vai ter o ciúme, a vontade de ficar mais perto, a raiva de quem está ao lado.

—Não quero voltar a como era antes, as nossas brigas incessantes ou ignorar a sua existência, isso é agonizante, não sei se consigo- olhando para ele.

—Eu também não, é terrível te tratar mal, me odiava a cada resposta grossa, me odiava por tentar te odiar, porém também é terrível ter que ficar ao seu lado e controlar essa vontade louca de te beija, de te abraçar, de te ter mais perto, nós somos ríspido por ser a única forma de nos mantermos longe.

—Parece impossível chegar a um meio termo para nós.

—Nós somos intensos demais para isso- ele a olhou e simplesmente beijou, ela retribuiu no mesmo instante, um beijo cheio de amor e desejo, as coisas se tornavam mais intensas, as mãos passeavam por de baixo das roupas, os beijos já ocupavam pescoço, colo, os corpos estavam grudados, quando a mulher se separa.

—Não!- Com a respiração irregular.- Você está noivo.

—Mas amo você!

—Mas é noivo de outra- e sai.

—O que eu estou fazendo?- Aaron passa as mãos no rosto, tentando recuperar o controle.