— Carlrissan, você escolhe os lugares mais agradáveis para conversar. - O lugar era uma espelunca das piores, as paredes com a pintura descascada davam a impressão de abandono. O local estava lotado das pessoas mais mal-encaradas que Leia podia encontrar, elas ocupavam todas as demais mesas sujas e ainda toda a extensão do balcão.

O bar foi escolha exclusiva de Lando, sem que ela pudesse sequer protestar. “Sei de um lugar muito bom em Corellia que tem uma das melhores sopas de Mastin que já provei” foi o que ele falou. Uma ponta de arrependimento começava a nascer na mente de Leia.  

— Um homem fino como eu não poderia frequentar menos que isso. - Lando riu alto. Alto até demais, Leia podia sentir todos os olhos do salão em seus ombros, o que era totalmente o contrário do que gostaria. O império ainda tinha muita influência, principalmente no submundo e em lugares como este que estavam agora, todo o cuidado deveria ser tomado. Parecia que Lando não entendia essa parte. - Mas, diga-me, não foi minha agradável companhia que busca, certo?

— Preciso de um favor.

— É óbvio que precisa de um favor. Eu sou o cara dos favores.

— Lembra-se do bar em Rodia?

— Há muitos bares em Rodia e mentiria se dissesse que não conhecia todos. De qual estamos falando exatamente?

— O mesmo que fomos nos encontrar com o informante do Sol Negro. É só isso que me lembro, essas espeluncas parecem todas iguais com seus cheiros insuportáveis e barulhos irritantes de saxofone muito mal tocado. Sério, quem são esses caras?

— Um cover de Figrin’ D’na. O dono não tinha dinheiro para contratar a banda original, então optou por esse genérico duvidoso. Mas, posso lhe garantir que a banda original é bem melhor que isso, acho que iria gostar.

— Enfim, eu passo essa sugestão. – Falou rindo.

— Então, o que está me dizendo é que quer que eu consiga um transporte para um bar de gosto duvidoso de Rodia.

— Exatamente.

— Por que Rodia?

— Apenas um palpite.

— O mesmo local, onde da última vez você foi encontrar um emissário droide assassino mortal do Sol Negro que era simplesmente a organização criminosa mais perigosa do universo inteiro?

— Pode parar por aí.

— Já parei. Não quero nem imaginar o que pode ser dessa vez.

— Ah, você sabe eu adoro andar com gente barra pesada, jogadores, contrabandistas, chefões do crime, esse tipo de gente. Então, tenho um transporte?

— Quando recebi sua mensagem estava a meio caminho de Corellia. Tenho um contato com quem tenho que me encontrar. Um amigo de uma empresa de transportes. Me lembro que um dos carregamentos de especiarias sairá daqui a dois dias para Rodia. Posso te colocar na nave e ninguém ficará sabendo. Sem registros de viagem, absolutamente camuflada.

— Obrigada, sabia que poderia contar com um velho amigo.

— E agora, assuntos encerrados. Podemos comer?

— Claro, só uma última coisa. Preciso dos itens dessa lista. – Leia alcançou um pequeno pedaço de papel cuidadosamente dobrado a Lando. – Sei que é difícil por ser em cima da hora, mas o que conseguir dessa lista será de grande ajuda.

— Minha querida, estamos no lar dos contrabandistas. Tudo na galáxia é encontrado aqui. E quando digo tudo, pode acreditar que é verdade. – Lando guardou a lista no bolso esquerdo e voltou sua atenção a Leia deixando um fragmento de frase no ar. – E por falar em contrabandista...

Leia olhou seriamente para Lando, respondendo muito antes dele sequer completar a frase. – Acho melhor não.

...

O homem caminhava a passos firmes para dentro do complexo. Era uma grande construção, um misto de aço e concreto que subia arranhando as nuvens. O topo era tão alto que de baixo, a olho nu, seu cume era apenas um borrão indistinguível. Alto, cabelos loiros bem claros; o uniforme militar negro não enganava, era um oficial imperial. Pegava um elevador em direção ao alto. A viagem demorou alguns minutos e quando finalmente as portas se abriram encontrava em um domo grande e muito escuro. Seu único guia era uma parca luz que vinha do centro.

— Nyn-ta Adi, espero que esteja vindo com boas notícias. Minha saúde não tolera algo diferente. – A voz era rouca, mas forte. O ser envolto nas sombras respirava com dificuldade, era perceptível quando começava a falar.

— Supremo Líder, a Aliança está se organizando para seguir para Jakku nesse exato momento. Interceptarão as tropas reunidas em alguns dias. Seu plano está seguindo como planejado, em breve os últimos leais ao imperador cairão e o senhor poderá reinar soberano.

— Ótimo. E como vai a construção de nossa nova arma?

— Segue em ritmo acelerado. A Aliança estará ocupada com os remanescentes do Imperador que nem notarão nossas investidas.

— Agora me deixe descansar. Está dispensado por enquanto.

— Às suas ordens, Supremo Líder. – Nyn’ta Adi fez um sinal com o punho cerrado no peito e deu meia volta em direção ao elevador.

O ser voltou ao seu lar nas sombras, satisfeito com o andar dos acontecimentos. Precisava descansar para que quando o grande dia chegasse, estivesse totalmente recuperado para sua coroação.

...

— Ela fez o quê? – Han Solo conversava com o holograma do Lando. – Ela adora essas missões suicidas. Bem, isso já não me importa. A Aliança já não faz mais parte de minha vida. Se estiver precisando de um contrabandista, podemos conversar.

— Voltou a antiga vida? – Perguntou o holograma de Lando.

— Acho que ela nunca saiu de mim.

— Meu grande amigo, só estou lhe avisando pela nossa amizade. Não sei o que aconteceu entre vocês, parecem meio distantes. Entretanto, achei que gostaria de saber.

— Agradeço, mas estou muito ocupado no momento. Tenho um carregamento de animais que tenho que levar para o Setor 5. – Falou Han desligando o comunicador.

Chewbacca soltou um forte urro.

— Chewie. Ela é grandinha, sabe se cuidar sozinha.

Chewbacca deu mais um grunhido.

— Ahh, que seja. Mas, já aviso que estou com um mau pressentimento sobre isso.