Malia corria por prazer, era a única forma de ficar mais calma, relaxar e esquecer os inúmeros problemas que a vida humana trouxe.

Se movia com agilidade pela floresta, os pés descalços, o cabelo revolto, os olhos azuis se expondo e as presas libertas na sua boca. Ela gostava daquilo, da sensação dos galhos quebrando sob seus pés, da sensação de liberdade, fazia com que esquecesse de tudo e voltasse a época que passou como coiote, seguindo somente os instintos.

De sua garganta, um som animalesco de satisfação, como um rosnado, escapou por seus lábios e ela pode sorrir, sentindo a força de seus músculos tensionados e tendo consciência de que, se quisesse, poderia destruir a floresta com as palmas das mãos.

Foi nesse dia, como outro qualquer, que ela sentiu um cheiro novo. Malia reconheceu imediatamente que se tratava de algum lobisomem que ela não conhecia e estranhou por ter gostado do perfume penetrante misturado a uma fragrância selvagem.

Ela mudou a direção da sua corrida, indo até o lobisomem desconhecido, apurando a audição e percebendo que o desconhecido estava parado, como se esperasse que ela o alcançasse.

— Quem é você? — Foi a primeira pergunta da mulher, encarando criticamente o lobisomem a sua frente.

Ele era alto, loiro, estava na forma humana e apesar da temperatura amena, usava um cachecol de lã. Malia fez uma expressão engraçada de interrogação e Isaac, abriu um sorriso zombeteiro.

— Eu ia perguntar a mesma coisa.

Ele esperou que ela falasse o nome antes, mas Malia rosnou, mostrando que não ia ceder. A expressão desconfiada no rosto bonito e selvagem da garota, fez o sorriso do loiro aumentar.

— Isaac.

— Malia.

Eles disseram seus nomes e permaneceram parados, distantes um do outro. Isaac observou o corpo dela, coberto apenas por um short curto e blusa sem manga e a coiote, fez o mesmo, achando que ele devia ser louco por usar um casaco pesado.

— Scott já falou de você. — Ela murmurou brevemente, tendo flashes de memória que já tinha visto aquele rosto.

— Você é a garota que vivia como coiote. — Isaac se aproximou um pouco, mais confortável, percebendo assim como a garota que já tinham se visto brevemente. — Eu pisei numa armadilha de animais enquanto ajudava a você voltar a forma humana. — Ela não se moveu, o olhando com desconfiança. — Se eu soubesse que você era tão sexy, teria me oferecido a ajuda-la com a nova vida.

Malia rosnou ao observar o olhar maldoso e andou até a sua direção, o empurrando com força contra uma árvore. Isaac se surpreendeu, mas não tentou fugir quando a garota o encurralou, chocando seus corpos e colocando as garras em seu pescoço.

— Eu só não vou mata-lo agora, porque conhece Scott, mas eu juro por Deus que se der em cima de mim mais uma vez, ou disser qualquer coisa sugestiva, eu rasgo a sua garganta com os dentes.

— Ual, você é mesmo da família do Derek. — Isaac não se intimidou, rindo da expressão perigosa da garota. — Tudo bem, já percebi que não faço o tipo da ferinha.

Malia fez uma careta ao ouvir o apelido que ele a chamou e se afastou. Seu corpo formigava e seu inconsciente percebeu que Isaac era bonito, mas continuou com a expressão séria e se afastou consideravelmente dele.

— Eu tenho namorado. — Se justificou, apesar de não saber o porquê.

— Agora eu fiquei curioso, quem consegue deixa-la mansinha? — A voz dele era debochada e isso só não a deixou mais irritada, porque estava acostumada com o sarcasmo e provocação de Stiles.

— Stiles.

Ela respondeu já virando para a direção oposta e Isaac sentiu sua boca escancarar. “Como o Stiles consegue namorar essa garota? ” 

— Não pode ser o mesmo Stiles que eu conheço. — Ele falou, surpreso e percebeu que a garota estava prestes a ignora-lo e ir embora. — Ei! Você pode me levar até Scott?

Ela virou a cabeça para trás, o olhando de cima a baixo e balançou os ombros como resposta.

— A gente aproveita e se conhece melhor. — Malia mostrou as presas e ele, novamente, riu. — Ou não.

Por algum motivo, naquele dia que se conheceram, Isaac ficou atraído e interessado na garota, apreciando o jeito selvagem e irritado dela e Malia, apesar de não saber o motivo, sentia vontade de se aproximar dele, quase como se o corpo dele a chamasse para perto.

Com aquele breve encontro, ambos os adolescentes foram vítimas de uma atração imediata.