Lydia nunca pensou que aquele dia chegaria. Nunca se imaginou vestida de branco, com um véu na cabeça e prestes a se comprometer com alguém daquela forma.

Sempre foi independente, não gostava de se apegar e imaginava que no futuro, focaria somente nos estudos e trabalho. Achava que todo final de semana teria um homem diferente na cama para saciar seus desejos sexuais.

Porém, no momento em que teve a certeza que estava apaixonada por Stiles Stilinski, percebeu que não desejava nem precisava de outro homem. O fato de ter tido coragem para pedir ele em namoro na frente de toda escola, foi apenas mais uma prova da seriedade de seus sentimentos.

Ela só precisava daqueles olhos castanhos, daquele sorriso irônico, daquelas mãos grandes que sabiam lhe proporcionar prazer, daquele cabelo bagunçado, os lábios lindos e finos. Ela era dependente da risada contagiante, do jeito doce e carinhoso, do abraço reconfortante que ele a envolvia.

Lydia só precisava de Stiles. Precisava de cada defeito, cada qualidade, cada mínimo detalhe do garoto imperativo que vagarosamente conquistou seu coração.

Por causa dessa paixão que nunca abandonou seu coração, que Lydia estava enfrentando aquele momento. Olhava para o seu reflexo em um grande espelho, sem conseguir controlar as emoções.

Estava assustada, ansiosa. As mãos suavam e os olhos lacrimejavam de emoção. Um sorriso imenso parecia ter sido costurado nos lábios grossos, ela simplesmente não conseguia parar de sorrir.

Lydia usava um vestido branco ajustado no corpo. Cada curva estava destacada pelo tecido brilhoso que a envolvia. Nas costas, um imenso decote deixava sua pele branca bem exposta, enquanto os braços estavam bem cobertos por mangas compridas.

Os olhos possuíam uma maquiagem forte que parecia tornar sua íris ainda mais verde e nos lábios, só tinha um batom claro. O cabelo loiro morango estava repleto de ondas naturais que caiam sobre seu tronco, poucos fios estavam presos em um penteado delicado.

— Olha o que você fez comigo, Stiles. — Lydia falou consigo mesma, negando com a cabeça. Riu baixinho. — Eu vou me casar!

— Lydia, está na hora! — Emma, a mulher responsável pela cerimonia, falou sorrindo.

O sorriso de Lydia se alargou ao ouvir aquilo. Respirou fundo, secou o suor das mãos no próprio vestido e andou lentamente para fora da sala em que se encontrava.

O pai de Lydia nunca foi um homem presente, então ela decidiu que entraria sozinha na cerimônia. Não queria que ninguém atrapalhasse aquele dia. Tudo o que importava era Stiles, ninguém mais.

Ela andou pela casa vazia, sem compreender nenhuma palavra que Emma dizia. Se equilibrava nos saltos, sentia o coração disparado e encarava o chão. Chegou até as grandes portas de madeira que a separava do homem que amava.

— Um, dois, três, quatro, cinco. — Para tentar se acalmar, Lydia contou os segundos até ouvir a música da orquestra começar a tocar. Aquela era a sua deixa para entrar.

— Só pensa nele, Lydia. — Foi o último conselho que disse para si mesma antes de empurrar as portas pesadas.

A cerimonia era ao ar livre, em um bosque com grama verde e macia. A decoração era singela, com tons pasteis. O que mais chamava atenção era o grande arco de flores que ficava no local em que Stiles esperava Lydia.

Um grande tapete vermelho cobria toda a extensão do caminho da porta da casa onde Lydia estava, até o noivo. Todos os convidados olhavam para ela, admirados e cheios de expectativas.

Lydia ergueu a cabeça e percebeu por um instante todos os convidados de pé, a olhando. Notou o fotografo que disparava flashes sem parar e então, finalmente, viu o homem de smoking que a esperava.

No instante que os olhos verdes focaram em Stiles, todo o resto perdeu a importância. Foi como se todas as outras pessoas tivessem se desintegrado e só estivesse ele ali.

Nem mesmo o gel no cabelo conseguiu arrumar o cabelo de Stiles. De alguma forma, seus fios ainda pareciam revoltos. O Stilinski estava visivelmente desconfortável com a roupa, o que por algum motivo, Lydia achou fofo.

Ele mordia o lábio inferior e lutava contra a vontade de chorar. As bochechas estavam completamente vermelhas pela vergonha e as mãos tremiam ao ponto de não conseguir disfarçar. Pulava no calcanhar, se movia para os lados e estalava os dedos.

Aquilo pareceu ser a visão mais linda do mundo. Pelo menos para Lydia. Ela começou a andar ao som da marcha lenta e observou com encanto, o nervoso de Stiles. Ele estava desengonçado, envergonhado, parecia continuar sendo um adolescente, apesar de já ter vinte e cinco anos.

Lydia não percebia o quanto estava magnifica, mas Stiles não conseguia reparar em outra coisa. Ele ria, escancarava a boca e voltava a morder o lábio inferior. Não conseguia acreditar que aquilo era real. Parecia apenas um sonho.

Lydia Martin sempre foi linda, chamativa, apaixonante e ali, a partir daquele momento, ela se tornou oficialmente dele. Todos saberiam que Lydia pertencia a Stiles e que ele também pertencia a ela.

A linda garota pela qual Stiles se apaixonou na infância, estava prestes a ganhar seu sobrenome. Isso era tão perfeito, que parecia surreal. Difícil de acreditar naquela imensa realização.

Quando os pés de Lydia finalmente romperam a distância que os separava, o mundo parou de girar. As mãos suadas dos noivos se encontraram, os dedos trêmulos e frios se entrelaçaram.

Se olharam em uma admiração muda e então, riram baixo sem nenhum motivo aparente. O nervoso, a alegria e a incredulidade os dominava.

— Eu não acredito que vou me casar. — Ela sussurrou para Stiles, os olhos brilhavam.

— Eu não acredito que vou ter que esperar o padre dizer que eu posso beijá-la.

Um sorriso meio debochado dominou os lábios de Stiles naquele momento inapropriado. Lydia amou isso, olhando cumplice para o homem que namorou durante longos anos. O padre precisou pigarrar para chamar a atenção dos noivos e enfim, começar a cerimonia.

O casal ficou o tempo todo com as mãos entrelaçadas e trocando olhares admirados. Stiles, a cada segundo movia a boca sem fazer nenhum som, formando a frase “você está linda” e ela, não sabia como controlar a vontade de encher o rosto dele de beijos.

Quando chegou a hora de responder sim, eles nem perceberam que choravam.

Stiles chegava a fazer um biquinho, tentando conter as lágrimas que se tornavam indiscretas e Lydia sorria e chorava na mesma proporção, tendo a certeza de nunca foi tão feliz e que aquela era a melhor decisão de sua vida.

— Sim. — Ele respondeu sem hesitar, os olhos derretidos e incrédulos.

— Sim. — Ela respondeu fraca, zonza. Navegava no olhar brilhante de Stiles.

— O noivo pode beijar a noiva.

Stiles estava tão perplexo e tão incrédulo que não se mexeu ao ouvir a tão esperada fala. Foi Lydia que tomou a atitude de levar as mãos ao maxilar de Stiles. Aproximou seus rostos e ficou parada por alguns instantes.

— Não pode ser real. — Ele sussurrou pasmo.

— Assim que a gente se beijar, você vai ter muito tempo para contar seus dedos até acreditar que isso é real. — Ela respondeu com um sorriso tranquilo.

Os lábios grossos, em vez de consumarem o beijo, selaram as bochechas pintadas e coradas do marido. Depois, ficando na ponta dos pés, Lydia alcançou a testa pálida, depositando novos beijos, deslizando a boca pelo nariz arrebitado até finalmente, unir seus lábios.

Os convidados, admirados com a demonstração de carinho da noiva, explodiram em palmas e assovios quando o beijo começou. As bocas se uniram de um jeito lento e delicado.

As mãos de Lydia permaneceram no rosto pálido de Stiles. Ele só conseguiu apertar timidamente a cintura dela. Eles pararam o beijo bem devagar, sorrindo, novamente incapazes de desviar o olhar um do outro.

— Você beija muito bem, senhora Stilinski.

— Você ainda tem muito o que aprender.                   

— Tem a vida toda para me ensinar. — Ele respondeu sem se abalar pela provocação.