Dollhouse escrita por Ártemis


Capítulo 6
Capítulo 6




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Aquela voz preencheu o lugar e todo o meu corpo reagiu a ela, com certeza era ele, virei me desvencilhando dos braços de Fuyuki, assim que meus olhos cruzaram com os de Naruto tive certeza que por alguns segundos meu coração parou de bater, ele estava parado a alguns passos da gente, estava lindo, usava um terno preto com a camisa meio amarrotada e a gravata estava desalinhada, ele nos fitava com um olhar sério e as sobrancelhas estavam franzidas.

— Então, estou interrompendo vocês?

Ele parecia nervoso talvez com raiva, eu me sentia uma criança pega tentando roubar biscoitos na cozinha, mas eu não conseguia entender o motivo da reação dele, talvez não fosse raiva eu estava cansada e um pouco confusa, provavelmente era outra coisa.

— Sim, estávamos dançando.
Fuyuki respondeu.

— Sempre achei que dançar envolvesse movimentar o corpo.
Aquela resposta atravessada não era comum à sua personalidade.

— Hinata estava gostando e para mim isso que importa.
Fuyuki falou e no mesmo momento segurou minha mão entrelaçando nossos dedos. Sempre odiei quando falavam em meu nome e odiava mais ainda disputas de ego e parecia que estava prestes a presenciar uma. Queria sair dali o mais rápido possível.

— Vou deixar os rapazes a sós, se quiserem falar comigo estarei no salão.
Vi o olhar de surpresa dos dois e sai da sacada os deixando para trás. Andei o mais rápido que consegui usando aqueles saltos lindos porém desconfortáveis, mas não rápido o suficiente, Naruto me alcançou e me fez parar. Ele me virou em sua direção, suspirou e ficou me olhando parecia analisar cada detalhe do meu rosto como se aquela fosse a primeira  vez que me via e acho que de certa forma era sim a primeira vez que ele realmente olhava para mim. Agora que estávamos mais perto podia ver seu rosto melhor, ele tinha olheiras um pouco escuras e aquele brilho em seu olhar que sempre amei não estava mais lá, seu lábio tinha um pequeno corte, fiquei me perguntando o que tinha  acontecido com ele.

— Me desculpe por aquilo.
Soltei a respiração que nem sabia que estava prendendo. Eu tinha sido uma pessoa completamente diferente esta noite, mas era só ve-lo que tudo mudava. Eu poderia mentir para todos, menos para mim mesma. Era só estar no mesmo lugar que ele que eu voltava a ser aquela menininha tímida e assustada.

— Tudo bem.

— Você está linda.
Dei uma risadinha, mas não pelo elogio e sim porque lembrei da piada feita a mesa.

— Não seja tão clichê.
Quando dei por mim já tinha dito, fiquei muito envergonhada, me senti melhor quando vi que ele sorria, eu adorava aquele sorriso, fazia ele ficar ainda mais bonito.

— Porque fez aquilo?
Ele levou alguns segundos para responder.

— Sinceramente, não sei.
Aquela não era a resposta que eu queria ouvir, fiquei ainda mais confusa que já estava, mas era sempre assim com ele respostas confusas ou nenhuma resposta.

— Não vi você durante o jantar.

— Não consegui chegar a tempo, tive que resolver umas coisas.

— Está com fome?

— Estou bem.
Então veio o silêncio, não do tipo confortável e sim do tipo constrangedor, eu apenas olhava para o chão esperando ele dizer algo, minhas mãos estavam suando e cada segundo parecia uma eternidade. Quando finalmente decidi olhar para ele vi que também estava desviando o olhar, olhava para o caminho que dava para a sacada. Então ele olhou em minha direção, respirou fundo e disse:

— Quer dançar?

Em outro momento eu teria adorado ouvir aquilo, adoraria sentir suas mãos nas minhas, movimentar nosso corpo no ritmo da música, ia amar a proximidade, eu esperei a vida inteira por um momento como aquele, mas hoje parecia errado, eu estava esgotada física e emocionalmente, era tanta informação, eram tantas coisas para processar eu só queria que tudo acabasse logo.

— A gente pode só sentar e conversar?

— Claro

Não pude deixar de notar uma pontinha de decepção no seu tom de voz. A nossa conversa não durou nem dez minutos foi tudo tão desconfortável, éramos como dois estranhos que tinham acabado de se conhecer, foi uma conversa vazia, e isso me deixou tão triste, dava pra ver que ele estava nervoso. Quando o silêncio voltou a nos assombrar ele simplesmente se levantou.

— Preciso ir. Mesmo sendo clichê, você está realmente linda hoje Hinata.

Ele ter dito aquilo fez tudo ficar ainda mais confuso, apenas fiquei ali sentada e mais uma vez o vi partir, meu coração era dele, mas ele não me conhecia e talvez eu apenas tivesse a ilusão de conhece-lo.

O resto da noite foi terrível, eu bebi muitas taças de champagne e fiquei bêbada pela primeira vez, o álcool deixou minha mente turva os problemas ainda estavam ali mas agora pareciam pertencer a outra pessoa eu me senti leve e rir ficou mais fácil, apesar disso me comportei bem o que não impediu meu pai de lançar um olhar desaprovador toda vez que eu estava no seu campo de visão. Aos poucos todos foram embora. Depois de algumas despedidas e de muitos sorrisos falsos finalmente a festa tinha acabado.

— Hora de ir Hinata.

Uma mão tocou meu ombro, era Neji. Estávamos parados perto da porta, eu estava um pouco tonta, tentei andar e acabei tropeçando nos meus próprios pés, pensei que Neji me daria uma bronca, mesmo depois do nosso relacionamento ter melhorado eu ainda o achava muito parecido com meu pai, mas ele apenas riu.

— Não deveria beber tanto. Vem segura em mim.

Me apoiei em seu braço e ele me levou até em casa, quando chegamos no meu quarto ele parou na porta. Estava muito escuro e eu não conseguia ver nada fui tropeçando até o interruptor, fiquei esbarrando em tudo e ouvi várias coisas caindo no chão, o som de uma risada abafada foi o que me fez notar que Neji ainda estava ali, ele entrou e acendeu a luz sem muita dificuldade.

Você realmente não deveria beber tanto, toma um banho e vai dormir um pouco, amanhã também vai ser um longo dia.

Se não estivesse tão exausta diria que nada poderia ser pior que hoje e também aprendi que as coisas ruins podem sim se tornar piores e com certeza não queria desafiar o destino então apenas concordei, fui tomar um banho, me joguei na cama e não demorou muito para o sono me levar.


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