Estrada para o outro lado escrita por slytherina


Capítulo 6
Pai


Notas iniciais do capítulo

"Ficaremos acordados imaginando alguma solução, pra que esse nosso egoísmo não destrua nosso coração." Será -Legião Urbana



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Dean rodou a esmo pela cidade. Quando o indicador de combustível ficou na reserva, ele encostou em um posto de gasolina e resolveu seguir a razão, e não somente seus instintos. Rodar por todas as ruas da cidade não deu em nada. Talvez, se conversasse com os colegas da escola de Sam, eles poderiam dar alguma dica. Lá no fundo, nem ele acreditava que isso fosse lhe render frutos, mais sair baratinado também não iria adiantar de nada.

Havia mais uma coisa que ele deveria fazer: Avisar seu pai. E essa tarefa lhe parecia sumamente dolorosa, mas se havia um caçador experiente o bastante para achar o rastro de uma caça, era ele, John Winchester. Pensando assim, Dean chamou seu pai.

"Papai? É Dean. Pai, aconteceu algo e eu preciso da sua ajuda. É o Sam. Ele fugiu de casa. Sim, Senhor! Não, Senhor! Eu esperarei aqui. Sim, Senhor!"

Dean guardou o celular no bolso e se pôs a ruminar tudo o que havia acontecido, se lamentando pela milésima vez por ter sido tão insensível e por ter ficado bêbado como um gambá.

Encheu o tanque do Impala e foi até a escola de Sam.

Três horas depois ele voltou para casa e foi para o quarto de seu irmão caçula, vistoriar novamente os pertences que ele deixara para trás. Leu e releu sua cartinha, e olhou pela janela de seu quarto. Nada. Não tinha nenhuma idéia de onde seu irmão poderia estar. Conteve o impulso de chorar, e mais importante, conteve o impulso de beber de novo. Nunca mais beberia para afogar as mágoas ou suas frustrações. Ao menos, enquanto estivesse procurando por Sam. Se ele nunca mais encontrasse seu irmão ... bem, a bebida seria a menor de suas preocupações.

E Sam estava doente, vagando por aí, sem um lugar para descansar, sem medicamentos, a mercê daquela doença implacável, vulnerável, fraco, com vômitos, febre, sem forças para andar... Onde quer que ele estivesse, estaria necessitando de ajuda médica.

Pensando assim, Dean saiu de sopetão de casa e foi até o Pronto Socorro local. Voltou para casa à noite, mais abatido e desesperançado. Fez uma refeição apenas para recuperar forças, e saiu novamente de carro, para andar pela periferia, onde havia ajuntamentos de sem-teto, prostitutas e viciados. Andou devagarinho por essas ruas, e por uma ou duas vezes, pensou ter visto seu irmão, mas ao chegar mais perto, percebeu seu engano.

Voltou para casa de madrugada, exausto, mas insone. Deitou-se no sofá e ficou fitando o teto, até o sol da manhã invadir o recinto.

"Mais um dia longe de você, Sammy. Onde você está, irmãozinho?" Dean lamentou em voz alta.

Seguiu a rotina de banhar-se, barbear-se e tomar café da manhã, mais por disciplina, e para se manter focado, do que por necessidade. Sua única vontade era sair de carro e só parar quando encontrasse Sam. Mas ele não poderia agir assim. Tinha que usar a cabeça e seguir um raciocínio lógico. Além disso, seu pai chegaria naquela manhã. Ele deveria estar centrado para informar a seu pai, sobre tudo que acontecera.

Um pensamento lhe cruzou a cabeça: "Sammy não queria que eu contasse a ninguém sobre sua doença. Ele se sentia humilhado por isso. Deverei omitir isso de papai, para não magoar o Sammy?" Acabou concluindo que cabia a seu irmão abrir o coração com seu pai, e portanto, ele não falaria sobre isso.

Essa resolução não deixou de ser dolorosa, pois ele confiava no pai cegamente, e nunca lhe passara pela cabeça esconder algo dele, ainda mais uma doença tão grave quanto a AIDS.

Seu pai chegou um pouco depois das dez horas da manhã. Estava suado, barbudo e com olheiras, como se houvesse dirigido a noite inteira. Sabe-se lá que caçada ele interrompera para vir em socorro de seu filho.

"Muito bem, Dean, me conte tudo que aconteceu."

"Eu ... briguei com Sam. Cheguei a ... cheguei a esmurrá-lo, e ... disse coisas feias para ele..."

"Que coisas feias?"

"Eu ... eu ... ah ..."

"Desembuche, homem!"

"Eu insinuei que ele poderia me contaminar com alguma doença feia."

"Que doença?"

"Nenhuma em especial, papai, eu apenas queria magoá-lo."

"E de onde veio essa idéia?"

"Ah ... ele mentiu para mim, saiu escondido para ir a um bar, e … eu fiquei furioso. Foi isso."

"E então ele fugiu?"

"Sim, eu tomei um porre e desmaiei de bêbado. Quando acordei ele não estava mais em casa."

"Como tem certeza que foi uma fuga e que ele não foi seqüestrado?"

"Porque … porque ele deixou uma carta de despedida."

"E onde está esta carta?"

"Eu … eu a perdi."

John Winchester aproximou-se de seu filho mais velho e ficou cara a cara com ele.

"Há algo que não está me contando, filho?"

"Não, Senhor!"

"Se eu descobrir que há algo que não está me contando, Deus me ajude, eu não sei o que eu farei com você."

"Sim, Senhor!"

"Pois muito bem! O que você fez para encontrá-lo?"

"Fui até a escola de Sam, hospitais, zona do meretrício, ajuntamento de sem-tetos, e locais onde se encontram os viciados."

"Ligou para Bobby?"

"Não, Senhor!"

"Pois ligue. E depois vá até a rodoviária local."

"Sim, Senhor!"

"Eu vou descansar um pouco. Faz dois dias que não durmo. Depois me conte o que conseguiu."

"Sim, Senhor!"

Dean saiu de casa e foi até a rodoviária. Considerou que era uma perca de tempo ligar para Bobby, pois Sam saberia que este seria o primeiro local para onde ligaria. A ida até a rodoviária revelou ser um bom palpite. Havia o registro de um Samuel Page na lista de passageiros para uma cidadezinha adjacente, que partira dali no mesmo dia que Sam. Dean tinha certeza que era seu irmão, por causa do sobrenome de um roqueiro famoso, uma pegadinha que eles adoravam fazer.

Dean teve que se conter para não sair a toda velocidade no Impala. Seu velho o havia mandado voltar para casa e relatar o progresso da investigação, e era isso que um bom soldado fazia: Seguia ordens.

"Ora, quer saber? Dane-se! Eu sei onde Sammy está, e eu vou buscá-lo. Depois eu ligo para papai."

Pensando assim, Dean entrou no Impala e seguiu no encalço de Sam.


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