Cinzas de uma Era escrita por Kris Loyal


Capítulo 29
Capítulo 29 - Tocando em frente


Notas iniciais do capítulo

Olha quem voltou rápido:::
EU :D
Agradeçam à Dayanne Mellark, pq ela presentou a fic com uma recomendação trilegal :) Obrigada, flor ♥
A regra prevalece: Recomedação = capítulo mais cedo ;)
Bem, agora vamos ver né? Se Gale morreu, se Gale não morreu
Se vai ter paz, se não vai ter..
Vamos lá?



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— PEETA! QUERO FALAR COM PEETA!

Seis horas depois de ter sofrido uma parada cardíaca, Gale já tinha acordado novamente e estava levemente irritado por não deixarem ele fazer nada, nem receber visitas. Não tão levemente, na verdade.

— Paylor, chama o Peeta aqui, que droga! Se eu não morri até agora, não é por causa de uma conversa que vou morrer!

— Você não pode se agitar desse jeito,Gale! Você é muito teimoso!

— Chama ele que paro de me agitar, é simples.

A doutora suspirou e saiu em direção a sala para chamar Peeta, já que Gale não dava trégua.

— Mas você não disse que ele não podia receber visitas? — indagou Peeta sentado em uma cadeira da recepção, já com a perna enfaixada. Olhou para o lado e concluiu — Bem, a mãe dele quer muito vê-lo, ela poderia ir primeiro.

— Não, tem que ser você mesmo. Se não for, ele vai se matar, aquele idiota.

Paylor parecia realmente irritada, observou Katniss. Ela olhou para Peeta e deu de ombros, ajudando ele a levantar sem colocar peso na perna ferida e seguir para o quarto de Gale.

Peeta já imaginava o que Gale queria, e o que o preocupava tanto, então quando entrou no quarto, só ouviu o que já esperava:

— Quero que cuide das coisas por aqui enquanto eu estou... Bem, enquanto eu estou irritantemente assim.

— Cara, está tudo sobre controle agora — argumentou o loiro — calmo como está, Finnick não teria problemas em liderar. Só precisam fazer alguns concertos nos muros e portões e pronto. Salvos outra vez.

— Eu sei que você quer pegar a Katniss e o garoto e dar o fora daqui. Está na sua cara. Mas essas pessoas ainda estão com medo, e mesmo que não tenha uma ameaça real agora, elas têm que saber que se houver, estaremos preparados. Com o líder em uma maldita maca tenho certeza que eles não se sentem preparados nem para morrer.

— Como você é dramático... — começou Peeta

— Como você é insuportável... — retrucou o acamado

— Mesmo assim você está pedindo minha ajuda.

— Muito, mas muito infelizmente mesmo.

De uma hora para outra, os dois começaram a rir, tanto que Gale começou a estremecer de dor pelo esforço.

— Vai ficar tudo bem, cara. Você vai sair logo daqui. Aguentou bem lá fora.

— Era preferível que eu tivesse aguentado sem levar um tiro, mas por hora, tudo bem.

Ficaram em silêncio por algum tempo.

— E então? Vai ajudar esse lugar ou não?

— Eu vou na minha casa buscar minhas coisas. Eu falei com Katniss esses dias para nos mudarmos, pois já estava na hora de deixar aquele lugar. Vou trazer as coisas para cá por hora e depois, quando você se recuperar e retomar a liderança, vou embora com ela e o garoto.

— Por que não ficam com a gente? Tem espaço e comida.

— E deixar minha mulher perto do ex noivo exibido e canastrão? — brincou Peeta erguendo uma sobrancelha — nem morto.

— Acho bom você ter cuidado mesmo. Katniss costuma voltar atrás nas decisões frequentemente. — Peeta franziu a testa — Ou ás vezes. Tudo bem, quase nunca.

Peeta gargalhou enquanto Gale sorria pensando que talvez, apenas talvez, uma amizade surgiria dali.

~~ ~~

 — Você tem certeza do que está fazendo, não é Peeta? — perguntou Katniss no banco de trás do carro o olhando no banco ao lado do motorista, enquanto Otto dirigia compenetrado.

— Só vamos ficar um tempo e eu pensei que você estaria feliz em ficar com a Hazelle e com Annie por mais uns dias.

— E eu estou, só não quero que você e Gale briguem ou...

— Não vamos brigar, Katniss. — Respondeu virando-se para ela — foi ele que pediu para que eu ficasse e o substituísse enquanto ele se recuperava. Só enquanto esse rumor de guerra ainda está no ar. Depois nós vamos embora, vamos procurar um lugar mais tranquilo.

— Tudo bem.

Quarenta minutos depois encostaram o carro na costumeira vaga, onde deixavam desde que conseguiram o automóvel. Subiram as escadas tendo Peeta andando na frente com a ajuda de uma muleta. Ele não teve muita dificuldade, pois a muleta que deram a ele se ajustava conforme ele dava os passos e ultrapassava os relevos; Algo sobre tecnologia de pressão. Por ser a suposta última vez que estaria ali, Katniss olhou as escadas e o portão meio enferrujado gravando-os e lembrando-se da primeira vez em que passou por eles. O sentimento era diferente, mas a observação igual.

Já na sala, Katniss estremeceu por ter tantas lembranças ruins deixadas ali: Lily jogada em uma poça de sangue ao lado do sofá; Peeta caído, ferido e quase inconsciente no centro do cômodo. Talvez ela estivesse feliz por ir embora dali.

— Katniss pegue tudo de importante, coloque em malas e traga para cá.

A morena assentiu e seguiu para o quarto, arrancando do guarda roupas uma mala verde, talvez grande o suficiente. O guarda roupas... Sentiu como se tivesse sido ontem a agonia de estar escondida em cima dele enquanto Peeta era eletrocutado. Se aquelas lembranças não tinha vindo a ela quando voltou para casa por estar amplamente feliz por ver Peeta novamente, agora voltavam com força total.

Pegou alguns pares de roupas, todas de Delly. Era incrível como a maioria das roupas lhe caíam como uma luva, só algumas ficavam apertadas. Delly era um pouquinho mais magra, então quando a roupa era justa, acabava por ficar pequena para Katniss.

Pegou várias calças e blusas porque era o que mais usava no seu dia a dia. Não deixou de pegar também alguns poucos vestidos lembrando-se do quanto Lily se agradava deles.

No quarto ao lado, facas e poucas armas tiniam enquanto Peeta às guardavam na bolsa. Olhou em volta e lembrou-se do tempo em que aquele quarto não era usado para guardar armas, mas sim como abrigo de uma menininha. Aya. Como sentia falta de sua doce Aya.

Enxugou uma lágrima fina ao encarar um ursinho caído no chão no canto do quarto: Ele tinha uma mancha de sangue. Como não reparara nele antes? Se o tivesse percebido mais antigamente o teria destruído como tudo que destruiu daquele quarto em um acesso de raiva. Ou teria simplesmente lavado e dado a Lily.

Agora sentia falta da pequena Lily também.

Estava ficando tonto. Era como se na hora de ir embora, de deixar aquele lugar, as lembranças vinhessem todas de uma vez querendo libertá-lo ou prendê-lo para sempre naquela nostalgia.  Podia ouvir a voz de Lily em sua cabeça, sentir o cheiro de Delly e ouvir a risada de Aya. Era enlouquecedor.

Derrubou alguma coisa de ferro no chão e sentou-se, tapando os ouvidos com ambas as mãos. Aquelas lembranças tinham que deixá-lo ir embora, não podiam mais torturá-lo. Otto que estava na sala se assustou com o barulho e ao entrar no quarto e ver Peeta sentado no chão com as mãos na cabeça, se preocupou e foi chamar Katniss.

Encontrou a morena chorando também, e sentiu-se mal por não poder fazer nada por nenhum dos dois companheiros. Contou a ela sobre seu marido, vendo a mesma voltar a ter postura, enxugando as lágrimas e correndo até o quarto ao lado.

Otto chegou a tempo de vê-la agarrá-lo pelas mãos e chamá-lo repetidas vezes, para que voltasse para ela, enquanto ele repetia que “elas” não o deixavam ir, não queriam que ele fosse. Katniss discordava o tempo todo dizendo que Aya, Delly e Lily só queriam vê-lo feliz. Aos poucos, ele foi se acalmando e logo estava deitado no chão, com a cabeça no colo da esposa, enquanto ela mexia carinhosamente em seus fios loiros e cantava uma canção aos murmúrios, sem abrir a boca.

— Otto você pode terminar minha mala? Só quero que coloque dentro dela o vestidinho que eu deixei em cima da cama, então depois pode fechar e levá-la para a sala.

O rapaz concordou e saiu, então a morena voltou a murmurar uma canção, passando agora a mão de forma devagar pela lateral do pescoço dele. Ás vezes era difícil acreditar que um homem forte como Peeta, corajoso e assassino (não por opção) tivesse momentos de tamanha fragilidade, mas Katniss sabia bem o que era: traumas. Não importa o quão forte você seja, se você adquirir um ou mais de um, eles podem lhe derrubar, lentamente, de dentro para fora, como um veneno impiedoso e cruel.

Dez minutos depois, o loiro pegou sua mão, beijou-a devagar e levantou-se, voltando a fazer o que fazia antes, sem dizer uma palavra.

Depois de ir à cozinha e juntar todos os suprimentos da dispensa, Katniss lembrou-se do primeiro beijo que Peeta lhe dera, ali, ao lado da pia. Depois lembrou-se das conversas embaraçosas de Lily e se permitiu sorrir pelas lembranças pela primeira vez.

Trinta minutos depois, tudo estava guardado em três grandes malas na sala. Otto não perdeu tempo e começou a carregá-las para o carro. Peeta olhava o apartamento se despedindo.

— Ainda dá tempo de voltar atrás. — Falou Katniss o abraçando por trás — Sabe, se você acha que está melhor aqui, podemos ficar.

— Se eu tivesse feito isso quando você falou não teríamos passado por tanta coisa ruim. A proposta de Gale só veio para confirmar que você sempre teve razão. Já passou da hora de ir.

— Você protegeu esse lugar desde o começo da catástrofe. Esteve aqui esse tempo todo. Só quero que você pense para que não se arrependa depois, entende?

— Eu sei, amor. — sorriu minimamente para ela, pegando suas mãos – mas não precisa se preocupar, não vou me arrepender. Você vai estar comigo, não é? – a viu assentir - Não vou me arrepender.

Ao sair, Peeta trancou bem a porta com os cadeados que sempre trancou. Ele estava abandonado o lugar mas não queria deixá-lo aberto para quem quer que fosse. Fechou-o tão bem que se alguém quisesse entrar teria um grande trabalho pela frente.

Já no carro, Katniss viu Peeta dizer a Otto uma rota que não era caminho para o hospital. Ela entendeu quando se viu mais uma vez na estrada que dava para o lugar onde tinham enterrado Lily.

A terra estava seca e quente e quase brilhava à luz do sol. A lápide de madeira continuava posicionada, não tinha saído um centímetro do lugar. Katniss e Peeta pararam e encaravam a terra que cobria a princesa Lily, que infelizmente, não existia mais. Queriam ter flores para deixar, mas não tinham, elas era difíceis de encontrar. Então se contentaram com o breve momento de silêncio prestado a ela, tendo como trilha sonora um vento forte que passava denunciando sua existência.

Mais alguns minutos e ambos limparam as lágrimas e saíram, perguntando-se se alguma vez voltariam ao túmulo de Lily. Porém, perceberam, pensando bem não importava: Lily não estava mais ali. Estava somente em seus corações e em suas lembranças agora.

Na volta, Peeta se recusou a ir no banco  da frente e foi atrás, abraçado à esposa. Otto dirigia sem olhar para trás ou fazer qualquer comentário, respeitando a dor dos dois. Katniss com a cabeça encostada no loiro, sentia sua respiração, enquanto ele cheirava insistentemente seu pescoço, talvez para ter certeza de tê-la. Vez ou outra deixava um beijo calmo.

Ao chegarem de volta ao hospital, Hazelle os recebeu feliz por ter Katniss perto de si por mais algum tempo. Uma mocinha apresentou-lhes seus quartos, ficando constrangida ao dizer que não tinham cama de casal. Ela ficou mais constrangida ainda quando Peeta disse a ela que não tinha problema, explicando com palavras como “de noite a gente junta as duas”. Katniss olhou para ele rindo por nem perceber o rubor da menina, e ele deu de ombros.

Pulando um quarto à direita, era o quarto de Otto, que ele por enquanto não dividiria com ninguém, mas que teria que dividir se alguma outra pessoa chegasse.

Depois do jantar, Peeta seguiu para o quarto de Gale e falou com ele por vários minutos. Quando se despediu, foi direto para seu quarto, onde encontrou Katniss juntando as duas camas de solteiro. Sorriu antes de ir ajudá-la.

— Eu sabia que você não resistiria dormir longe de mim. — provocou

— A ideia foi sua, baby.

— Uma ideia totalmente aprovada por você. — terminaram de juntá-las e agora forravam as duas juntas — minha presença junto a você é essencial, confesse querida.

— Não preciso confessar nada. — riu ela

— Arredia. Sempre arredia.

— Sempre arredia e sabe de uma coisa — colocou os travesseiros um em cada lado, depois a coberta clara — você gosta disso.

— Gosto mesmo. — respondeu puxando-a e a derrubando na cama. Ela soltou um “hey” enquanto ele, rindo , deitou-se entrelaçando sua perna à dela para que não pudesse levantar.

— Está me prendendo aqui, Mellark?

— Talvez. Alguma objeção se eu estiver?

— Talvez.

— Pois se tiver será inútil. Não vou soltar. — ela riu alto antes de desafiá-lo

— Posso me soltar de você.

— Não pode não.

— Posso sim.

— Não pode...

Antes que ele terminasse, ela dobrou-se para o lado, passando por cima dele, fazendo um movimento que, de surpresa, libertou sua perna presa.

— Viu ? — Sorriu confiante respirando mais pesadamente. Tinha feito força pra tirar a perna que estava bem presa. 

— Escorregadia você, hein? — puxou-a para o colo, tomando cuidado com a perna enfaixada. — Como que vai ser? Vou ter que pedir pra você ficar perto?

— Depois fica dizendo que sua presença que é essencial.

— E é. — convenceu-se — Mas devo confessar que esse cheirinho... — comentou passando o nariz pelo pescoço dela — é mais que essencial. — Ele parou e a olhou nos olhos antes de continuar —  é viciante.

Ela beijou-lhe nos lábios, sentindo-se bem por poder fazer isso, se sentindo segura e amparada naqueles braços. Subiu um pouco a ponta da camisa dele, que entendeu e retirou-a logo. Peeta ainda estava mais magro do que era antes, mas continuava estupidamente belo. Quando ele a puxou para si e colou seu corpo ao dela, alguém bateu na porta.

Peeta revirou os olhos e resmungou alguns impropérios, sentando Katniss na cama e indo abrir a porta com uma cara não muito boa. Ao abrir deu de cara com a mesma jovenzinha que lhes apresentou o quarto. A menina na mesma hora que o viu, alternou o olhar entre o rosto dele e seu corpo, dando falta da camisa, enquanto escondia as mãos, e gaguejava esquecendo o que tinha para falar.

Katniss gargalhou de dentro do quarto.

— Diga de uma vez, menina! Não tenho a noite toda.

— É que... me desculpe... é que, o senhor Gale pediu para avisar que amanhã bem cedo ele já vai poder sair do quarto, com cadeiras de rodas ainda para não se esforçar. Ele disse que quer que o senhor vá com ele avaliar os reparos que tem de ser feito.

— Tudo bem, fala para ele que eu vou. Só isso, não é? — Só deu tempo da menina assentir — então boa noite. — fechou a porta.

— Peeta coitada da menina, vai atender a porta desse jeito, ela parecia que queria enfiar-se no chão de tanta vergonha.

— Quem manda bater na porta dos outros à essa hora? Me atrapalhou — reclamou fazendo bico e sentando-se na cama novamente

— Atrapalhou? — riu Katniss

— Sim — trouxe-a para si novamente — mas ainda temos tempo... — resmungou voltando a beijar-lhe

— Não vai acordar cedo amanhã? — indagou ela

— Problema meu.


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Notas finais do capítulo

IRUUUUUUU
Será que no próximo capítulo eu vou continuar de onde parei? Ou vou pular para uma coisa muito louca? Ou alguém vai bater na porta dnv? ahushaus
Bem, o que eu sei é que o título do próximo capítulo é: "Faz o que achar melhor"
e eu tô sentindo cheiro de treta.
Gente, quero avisar que, INFELIZMENTE, Cinzas de uma Era está em sua reta final :/
Não sei quantos capítulos faltam, mas são poucos então fiquem comigo até o fim, okay?
Espero que eu consiga escrever uma outra história descente pra postar pra vocês, o que acham ? Me acompanhariam em uma nova aventura? Não tão apocalíptica dessa vez?
Se eu for postar quero fazer uma coisa bem diferente pra vocês.
Bem, é só um projeto.
Comentem e me deixem feliz, por favor ♥
bjs