Cinzas de uma Era escrita por Kris Loyal


Capítulo 21
Capítulo 21 – Bilhete.


Notas iniciais do capítulo

VOLTEI :D
Quem ta feliz levanta a mão!!!
Espero que alguém tenha levantado...
Agradeço novamente a todos os que comentaram, okay ? Obrigada mesmo. Eu volto por vocês.
Bem, vamos ver o que tem pra o capítulo de hoje?
Vamos lá!



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— Vai brincar de vaca amarela para sempre, querida? – perguntou Troid entrando no quarto onde Katniss permanecia sentada e calada. A casa era um chalé que ficava perto de uma estrada meio abandonada. Não era grande e nem demasiadamente limpa, mas também não era a masmorra ou o poço do inferno que Katniss imaginava que teria que enfrentar.

Na verdade, estava até muito surpresa. Quando saiu de sua casa achava que logo pelo caminho, ali mesmo no carro, eles dariam cabo dela. Porém em vez disso a deixaram em paz, e a única coisa que a evidenciava como prisioneira eram as portas do carro trancadas e olhar atento e vigilante de um dos homens.

Ao chegarem nessa casa a mandaram entrar e apresentaram aquele quarto como sendo o dela. Havia uma cama um pouco pequena, um criado mudo e um tapete, nada mais. Katniss então imaginou que a tortura começaria ali, achou que a bateriam ou a estuprariam ali, mas nada aconteceu.

Em vez disso traziam-lhe sempre refeições de modo que ela nunca ficava verdadeiramente com fome. A morena recusou os primeiros pratos, repudiando a ajuda daqueles que fizeram tanto mal a Peeta, mas depois de um dia inteiro a fome falou mais alto.

Ás vezes era Troid que trazia a refeição e outra vezes o rapaz mais jovem que também estava na operação de invasão à sua casa, que agora ela descobrira que se chamava Otto.

Otto não tinha mais que 14 anos e parecia sempre tão disposto e ás vezes até alegre. Era estranho, mas Katniss não conseguia ver maldade nele. Desde o dia em que chegou, Katniss agradecia aos céus quando era Otto que vinha trazer-lhe comida em vez de Troid. O garoto sempre tentava conversar, dizendo uma bobeira ou outra, porém ela nunca respondia a ninguém.

No primeiro dia ele pediu desculpas pela invasão à sua casa. Katniss teve uma colossal surpresa, e ele explicou que não queria fazer aquilo e que mesmo que ele não tenha batido em Peeta, também participara olhando sem fazer nada. Aquela conversa terminou ali, pois as lembranças de um Peeta ensanguentado e ferido veio a mente da mulher, que virou-se para a parede ignorando o rapaz.

Mais tarde naquele mesmo dia, Otto trouxe um bloquinho de papel e um lápis, pois dizia que se ela não queria falar podia escrever. Katniss não teve tempo de segurar as lágrimas que voltaram com força total ao lembra-se dos primeiros dias na casa de Peeta, pois ele tinha feito exatamente a mesma coisa.

Otto esperou que ela parasse de chorar, mas insistiu para que ela escrevesse, perguntando a todo momento porquê ela chorava e lhe dizendo que não devia ficar daquela forma, pois apesar do que aconteceu, estava tudo bem agora. Ela estava bem e Peeta, ou nas palavras do jovem, “o loiro grandão”, também.

Em algum momento ela cedeu e escreveu a única coisa que tivera vontade de falar desde que chegou, como uma criança que estava longe do lar:

“Quero ir para casa.”                                                       

Otto pegou o papel e avaliou. Depois de aproximadamente um minuto, suspirou e respondeu rendido:

— Você não pode ir para casa agora, Katniss. Infelizmente não. Mas pense que é melhor para seu amigo que você fique aqui e ele lá.

Katniss pegou o bloquinho de papal para corrigi-lo:

“Marido”

— Okay, marido. – respondeu o jovem sorrindo.

Katniss olhou para a mão e sentiu a falta do seu anel de casada. Ela imaginou o quanto Peeta ficaria desesperado ao encontra-lo preso a um anelar de um corpo queimado. Troid havia dito que era melhor assim, que ele não a procurasse mais.

A pergunta que Katniss se fez naquela hora foi: Melhor para quem?

Troid era outra incógnita. Depois daquela cena na frente de Peeta, os olhares maliciosos e o ato de cheirar-lhe o pescoço, Katniss achava que ele seria seu carrasco pessoal. Porém não sabia o quanto estava enganada.

Otto explicou para ela que Troid não faria nada, que ele tinha uma mulher e que apesar de nunca ter dito isso a ninguém, estava na cara que ele a amava. O nome dela era Dianna, e ela o tinha ajudado quando o encontrou caído em um canto da rua, ferido por toda aquela batalha com os Colt’s. Ele teria morrido se não tivesse conseguido fugir, e também se não tivesse tido a ajuda de Dianna.  

O garoto insistia que Katniss só tinha que temer aos dois capangas de Troid, que esses sim a fariam mal, mas que ela sempre podia contar com ele para afasta-los ou enganá-los de alguma forma, tendo em vista que Troid não ligava para o que acontecia com ela. A morena definitivamente não entendia a insistência do jovem rapaz em tê-la por amiga, mas de certa forma estava feliz. Otto explicou que ela o lembrava a sua falecida irmã mais velha.

Apesar de não lhe fazer mal, a presença de Troid sempre a incomodava e ela nunca lhe dirigia a palavra. Aliás, ela não se comunicava com ninguém ali desde que chegara, a não ser com Otto pela escrita. A presença de Troid a irritava e ela não conseguia ver algo bom no assassino de Lily e torturador de Peeta só porque ele tinha uma mulher e gostava dela. Psicopatas também têm relações com pessoas, não? Mesmo assim não deixam de matar outras.

Olhar para Troid era o mesmo que olhar para Adolf Hitler: você sabe que ele tinha família e que provavelmente se importava com eles, mas você não consegue não olhá-lo e repudiá-lo como assassino que é.

E agora lá estava o assassino Troid, trazendo-lhe a comida e irritando-a como sempre fazia quando dava as caras.

— Já fazem quatro dias dias. Não vai ficar muda para sempre, não é? – olhou-a, esperando uma resposta que não veio, então com impaciência levantou-se, resmungando alguns palavrões e continuando a falar -  Você é tão chata quanto um espinho no pé, sabia? Eu sendo legal e você parece um incômodo cacto. Eu devia era te matar e mandar os seus pedaços para o idiota do Peeta. O que você acha que ele ia dizer, hein? O que será que ele diria ao receber várias caixas na porta, cada uma com uma parte do teu corpo? – Katniss se encolheu na cama e o viu continuar – se você era tão chata assim com ele, aposto que penduraria em uma prateleira como um prêmio.

Em um dado momento, Troid cansou de falar só, deixando o prato no chão e indo embora. Naquela noite, Katniss lembrou-se que talvez a aquela hora Peeta já estivesse pensando que ela estava morta e começou a chorar, primeiro em silêncio, depois em soluços altos, que ela mal podia controlar. Antes de se deixar ser levada pelo sono, ela achou ter visto o rosto de Otto na porta.

~~ ~~ ~~

— Acorda Katniss. Vai, levanta.

Era a voz de Otto a acordando na manhã daquele quinto dia de cativeiro. Ele parecia cansado como se tivesse ficado acordado por várias horas a noite. Katniss abriu os olhos e sentou-se, esperando que ele continuasse a falar, já que ela nunca falava nada.

— Temos que aproveitar o momento. Troid saiu com os dois caras. Estamos na casa apenas você eu e Dianna, e ela ainda está dormindo. – Katniss sempre achava estranho nunca ter visto Dianna. Otto dizia que ela não vinha vê-la, pois se incomodava com o choro constante, não se sabia se por se chatear ou se por ter dó. – quero te ajudar Katniss. Quero te ajudar a voltar para casa.

Katniss abriu um sorriso, pela primeira vez em dias. Tomou o bloquinho e escreveu:

“Sério? Porque?”

— Ora porque, somos amigos não somos? – sorriu o garoto. Katniss não podia deixar de perceber que estava se afeiçoando a ele – E além do mais eu não consigo dormir a noite direito. Você sabe, eu nunca tinha feito nada do gênero antes... Me sinto culpado por Peeta.

“Qual é o plano?”

— As vezes eu saio sozinho, quando Troid me manda observar as redondezas para tentar encontrar homens sozinhos para recrutar. O plano é simples. Você pode escrever um bilhete para ele e eu vou levá-lo. Então esperamos ele vir te resgatar. Eu sei, é perigoso, mas eu não posso tirar você daqui Katniss. Eles me matariam.

“Eu entendo.”

— Eu só quero que você peça a Peeta para não me matar quando ele vier, então eu facilitarei sua entrada, deixando o portão de trás apenas encostado.

“Mais alguma coisa, Otto?”

— Na verdade sim. – hesitou – Eu queria que me deixassem ficar com vocês. Não quero ficar com Troid ou com grupos como o dele para ter a chance de sobreviver. Eu não sou assim, Katniss. Nunca fui. – Katniss o olhou e viu em seus olhos que ele estava prestes a chorar – Sabe, ontem eles me fizeram atirar em um homem que se negou a vir conosco. Ele implorou para que eu não fizesse, ele chorou na minha frente, mas era eu ou ele. Eu ainda me sinto mal quando vejo a camisa que estava machada com o sangue dele, mesmo que eu a tenha lavado duas vezes. Não quero ter que fazer isso novamente. Não mais.

Katniss assentiu, lembrando-se de como ela ficou dias lembrando-se do primeiro homem que tinha matado. Era um fardo pesado de se carregar. E ainda muito mais pesado para um adolescente de 14 ou 15 anos.

Em dez minutos havia no bolso de Otto um bilhete que só seria entregue mais tarde:

“Na estrada 47 há um chalé de madeira escura. Por trás, um pequeno portão estará apenas encostado hoje a noite. Você poderá entrar por ele, mas traga armas. Há dois homens fortes e Troid. Não é uma armadilha Peeta, eu estou viva. Há um garoto moreno, o nome dele é Otto, é quem está me ajudando. Ele estará com uma fita vermelha no braço. Não o mate. Espero que esteja bem o suficiente para vir, pois será nossa única chance. Estarei esperando e que Delly, Aya e Lily lhe proporcionem coragem. Ainda amo você. Kat.”

Agora era torcer para que tudo desse certo.

Katniss sorriu ao lembrar-se de que o sistema de bilhetes estava lhe servindo mais uma vez.


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Notas finais do capítulo

E agora? Haverá resgate?
GENTE, quero dizer que meu capítulo PREFERIDO (até agora) da história está chegando (acho que falta apenas um capítulo, e depois será ele)! Então me animem muito viu, para que eu venha chegar logo nele ! haha
Comentem, se puderem recomendem (posso sonhar) e logo voltarei :D
Título do próximo capítulo: Visita.
Bjsss