Cinzas de uma Era escrita por Kris Loyal


Capítulo 16
Capítulo 16 – Caso.


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal! :D
Quero começar agradecendo a Criptograma e a Yêda que deixaram recomendações muito bem elaboradas (sim, vocês sabem fazer isso! :D ) e motivadoras! Muito obrigada por tudo o que vocês escreveram, todos os elogios e opiniões. Me deixaram contentíssima :D
Eu realmente queria ter postado logo quando vi as recomendações, porém querer não é poder. Nesse exato momento eu deveria estar estudando para uma prova, mas decidi parar por alguns minutinhos para postar um capítulo para vocês!
Espero que eu consiga ter mais tempos vagos para pelo menos atender à minha promessa quanto ás recomendações, já que estou atrasando um pouco com as postagens no período normal.
Agradeço também, como sempre, aos comentários de todos, e deixo um "bem vindo!" coletivo à todos os novos leitores!
Vamos ao capítulo?
O que será o "Caso"? hahaha
Let's go!

ADIVINHEM? Sim, isso mesmo, problemas com as notas finais.
Como não estou com tempo para tentar novamente lá, vou colocar aqui, mas como sempre, peço para lerem o capítulo primeiro, depois voltem.

NOTAS FINAIS ~~ ~~

O título do próximo capítulo é "Sangue no Tapete". E aí? Será que é alguém que vai se machucar? Será que é mais uma parcela do passado de Peeta? Será que alguém vai ficar doente?
Deem suas opiniões :D
Beijos, até o próximo :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/669309/chapter/16

— Antes de tudo já morávamos aqui. – começou Peeta, sussurrando – Eu estava casado a seis anos quando tudo aconteceu e por algum milagre conseguimos nos proteger. Acho que todos os que sobreviveram foi por um milagre. Continuamos aqui, esperávamos que o governo fizesse algo, mas com a morte de tantos, não havia muito o que fazer. Eu e Delly percebemos que o mundo estava vivendo algum tipo de purificação amaldiçoada e que todos precisariam passar por aquilo. Mesmo os inocentes como a Aya.

— Ela era incrível sabe? – continuou depois de uma pausa provavelmente causada pela dor de pronunciar de novo o nome da menina – Aya tinha cinco anos e era tão inteligente... Ela não parecia em nada comigo fisicamente, se é assim que você a está imaginando – sorriu – carregava os olhos verdes da mãe, e os cabelos em um loiro escuro, nada de loiro claro como o meu. Eu me lembro que quando a peguei nos braços pela primeira vez, eu tive pena do quão dependente aquele ser era. Tive medo de não ser suficiente para protegê-la. E eu não fui.

Parou por um instante. Por cima de Lily, Katniss estendeu a mão e tocou-lhe o cabelo devagar, esperando que ele continuasse.

— Delly chorava sempre por causa das pessoas que morreram. A vida toda ela participou de ONG's para ajudar pessoas, e ver todos aqueles mortos, queimados, era demais para ela. Ela me disse um dia que só não desistia pela Aya. Eu nunca a culpei por aquelas palavras.

— Um dia – prosseguiu – encontramos um bando. Tinha poucas mulheres, e uma criança e Delly se compadeceu deles ajudando-os com água e comida. Não foi uma boa ideia. O grupo precisava de homens e o líder começou a insistir para que eu entrasse, e eu dizia não, despreocupadamente, achando que era só um simples convite. Mas ele estava mesmo precisando de homens.

Peeta parou um pouco para pensar, como se tivesse esquecido alguma parte desse trecho, depois continuou:

— Naquele tempo estava começando a se formar as gangues e acho que você viu como foi sangrento esse começo. Uma gangue atacava a outra até que vencesse e tomasse posse da área e assim surgiam os grupos maiores. Aquele grupo iria ser atacado, e o líder sabia, por isso a insistência na minha entrada. Como eu não queria, ele começou a me ameaçar. Ameaçava atacar minha casa, tomar minhas coisas... Maldita hora que Delly os deixou entrar...

Passou a mão no rosto antes de prosseguir

— Eu não podia deixar ele continuar me ameaçando. Tinha que fazer algo. E como eu não tinha matado ninguém até então, eu teria que ter um plano. E foi assim que eu entreguei a localização deles para o grupo que os procuravam. Eles estavam num beco bem atrás do meu prédio e eu e Delly vimos tudo enquanto outros homens matavam a todos. Eu nunca contei a Delly que tinha sido eu que os tinha entrego. Mas pra o meu azar, um deles escapou.

Cinco minutos de silêncio. Só após cinco minutos Peeta conseguiu continuar:

— Eu tinha saído para conseguir mais suprimentos, para estocar. Quando eu voltei...Quando eu voltei o vi saindo pelo portão. Ele tinha sangue espirrado na camisa e me olhou sorrindo. De alguma forma, ele deduziu que tinha sido eu. Eu corri atrás dele, e o derrubei, e ele me contou sorrindo que tinha matado as duas. O filho da puta disse na minha cara que tinha matado as duas. Disse que elas se esconderam, debaixo da cama... Esperando que ele não as visse e fosse embora...

Katniss viu quando duas lágrimas grossas escaparam-lhe e ele não fez nenhuma menção de secá-las. Observou o curso da lágrima até que ela caiu sobre o travesseiro. Lily mexeu-se na cama.

— Ele foi o primeiro que eu matei. Eu o perfurei com a faca mais de vinte e duas vezes e mesmo assim aquele demônio morreu com um meio sorriso. Quando cheguei em casa, os pingos de sangue que com certeza caíram da faca dele me levavam até o quarto e... Eu nunca vou esquecer aquela cena. Aya parecia tão frágil quanto quando nasceu, e eu...

— Tudo bem. – interrompeu Katniss – Já acabou. Ela está melhor agora.

Ele parou e chorava mais, aceitando de alguma forma o consolo dela. Ninguém o tinha consolado pela perca de sua família. Ninguém.

— Delly ainda estava viva quando cheguei. – quis concluir – estava agoniando. Eu me lembro, ela repetiu várias vezes a expressão “não importa. Não importa.” E depois me disse que eu a faria feliz aonde ela estivesse se eu ajudasse pelo menos uma pessoa. E que eu seguisse em frente.

— E então você me ajudou.

— Então eu te ajudei. – repetiu ele, virando-se dessa vez para encarar os olhos cinzas dela. Enquanto a observava, completou – Não me arrependo.

Ela sorriu singelamente para ele, se esforçando para, por cima de Lily, limpar-lhe as lágrimas. Ele tomou a mão dela, molhada com as lágrimas dele mesmo, e levou aos lábios deixando um beijo na palma.

— Você sempre foi assim? – perguntou ela

— Assim como?

— Assim... Carinhoso. Você parece apreciar cada carinho que eu ou Lily te damos, assim como nos enche de afeto sempre que pode. Sempre foi assim?

— Sempre. – respondeu sorrindo mais dessa vez – Desde criança. Meu pai chegou a pensar que eu era bissexual. – riu um pouco mais alto, tomando cuidado por Lily – só pelo fato de eu ter muito carinho com todos, homens e mulheres. Nunca deixei de abraçar ou beijar ninguém que eu amava. Até Aya dizia algo como “Papai é um chiclete”.

Katniss o acompanhou em uma risada, e depois ele voltou a expressão nostálgica, agora olhando Lily a dormir.

— Eu nunca agradeci por Lily, mas ela me trouxe de volta. Me lembrou como eu era. Depois que Delly e Aya se foram eu... Eu não era mais eu. Não era humano. Bom pra que falar, você viu.

— Dorme. – pediu a morena – está com a cabeça cheia.

Peeta assentiu, segurando ainda a mão da mulher, enquanto fechava os olhos, buscando no mundo dos sonhos, bálsamo para suas dores. 

 

~~ ~~ ~~

— Tia Kat. – ouviu-se um sussurro – Tia Kat.

— O que foi Lily? – perguntou a mulher, ainda com os olhos fechados.

— Eu estou com um pouco de fome. Será que poderia me ajudar a alcançar a despensa? Peguei uma cadeira mas ainda assim não consegui.

Katniss abriu os olhos e encontrou Lily sentada sobre suas próprias pernas à sua frente: um vestido leve branco (o mesmo que ela usara para dormir na noite anterior), os cabelos deveras assanhados e um olhar de dúvida. Correu os olhos para o lado direito da cama e encontrou Peeta em um sono pesado.

— Você podia ter caído, Lily. Já falei, só se arisque quando for necessário.

— Tudo bem. Você pode pegar alguma coisa para mim na dispensa?

A morena assentiu e levantou-se, fazendo sinal de silêncio para Lily, a fim de que não acordassem a Peeta.

— Como foi o jantar ontem, Tia? – perguntou a garota de modo sapeca

— Já te falei que esse assuntos...

— Só estou perguntando porque foi ideia minha. – interrompeu a loirinha – Quero só saber se deu certo. Tio Peeta fez tudo certo o que eu mandei? Ele foi legal com você?

— Foi, Lily, não é isso que você queria ouvir? Foi tudo ótimo, agora chega de meter o narizinho no que não é da sua conta.

— Só mais uma coisa. – ao observar o olhar de reprovação da Tia, ela implorou – só mais uma, por favor.

— Fala Lily...

— Ele beijou você? Porque nos encontros...

— Sim. Satisfeita? Agora que essa era a última questão, vamos comer?

Ambas engataram a comer, em silêncio, alguns pêssegos enlatados acompanhado de uma barra de cereal. 

— Vocês vão se casar? – recomeçou a garota

Katniss não pôde deixar de rir com o comentário, mas depois repreendeu-a

— De novo esse assunto Lily...

— Vão ou não vão? – insistiu ela

— O que você acha? Lily não temos mais fórum, ou alguma igreja, ou um pastor, padre ou Bispo. Você se lembra disso.

A garotinha assentiu calada, parecendo pensativa. Depois de algum tempo declarou:

— Eu posso fazer.

Katniss riu, enquanto perguntava:

— Virou bispo, Lily?

— Ora se não temos um eu posso ser. Porque não Tia Kat? Você sabe que eu sempre gostei de casamentos...

— Okay, eu sei. Mas não se anime dessa vez. As coisas são complicadas atualmente, você sabe.

— Mas casar é...

— Quem quer casar? – interrompeu Peeta, entrando na cozinha enquanto secava seu rosto molhado. Ele tinha olheiras, talvez pelo choro da noite passada e parecia cansado.

— Uma besteira da Lily, deixa isso para lá... – tentou convencer Katniss mas foi interrompida pela garota loira que levantou-se para explicar-lhe.

— Na verdade não é bobeira Tio. Eu só acho que se vocês quisessem se casar eu podia fazer o casamento, já que não temos pastor, padre...

— Você quer casar comigo, é isso Katniss? – perguntou ele com um sorriso travesso.

— Tio Peeta, não se pede assim! – ralhou Lily

— Isso é um pedido? – Katniss entrou no jogo, imitando seu sorriso.

— Por enquanto é uma pergunta. Mas dependendo da resposta... –cantarolou ele enquanto seguia para a dispensa.

— E se, hipoteticamente, eu dissesse que não? – provocou ela

— É direito seu. – replicou ele sem parar de sorrir – porém eu também terei, hipoteticamente,  o direito de procurar outra mamãe postiça para Lily.

Lily arregalou os olhos e abriu a boca antes de exclamar:

— Não! Tia Kat aceita, não aceita Tia? - Sem esperar que a tia respondesse a menina apressou-se em concluir – Que bom que aceita. Vou agora mesmo preparar um vestido pra você.

Peeta gargalhou alto ao ver a menina sair em disparada da cozinha em direção ao quarto. Katniss o observou sorrindo, percebendo o quanto dava valor àqueles momentos, em que ele eventualmente estava feliz, e não totalmente quebrado. Aproximou-se dele levando uma das mãos ao seu maxilar, encarando seu sorriso.

— Não quer se casar comigo, Everdeen?

— Era uma pergunta hipotética. – respondeu ela sorrindo. Ele levantou uma das sobrancelhas antes de se aproximar e deixar um beijo singelo em seus lábios. – Gosto de te ver assim. Sorrindo.

— Então por que não casar? – respondeu ele sorrindo, enquanto levava com um garfo um pedaço de pêssego à boca. Katniss seguiu com os olhos o curso do pêssego, então ele pegou um outro pedaço com o garfo e levou à boca dela.

— Te fará sorrir? – perguntou ela, agora não mais brincando.

— A mim, e a Lily. – respondeu assentindo. Aproximou-se dela mais uma vez e tomou seus lábios, agora com um pouco mais de força, enlaçando sua cintura.

— Se você quiser, tudo bem.

— Está esperando um pedido para ter certeza? Você é complicada até em um casamento celebrado por uma criança! – ela riu e ia responder mas ele segurou seus lábios com um dedo – Casa comigo Everdeen? Juro que não te expulso do abrigo se disser não. Mas também não dorme mais na minha cama. – sentenciou fazendo um bico engraçado, depois voltando a ficar sereno e sussurrar – Casa?

— Me casar com um homem que conheço a poucos meses?

Ele deu de ombros e sorriu de lado esperando que ela continuasse:

— Caso.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

AHHHH GALERA, ERA "CASO" DE CASAR MESMO AHHHHH HAHAHA
Gente,amo Peetniss