Vidas que desabrocham escrita por black cat


Capítulo 4
Um novo “amigo”


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem ;)



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Felizmente não precisei me mudar, mas teria que dividir o quarto com alguém que nunca ouvi falar, um tal de Lucas ou algo assim. Espero que ele não seja um problema.

Sai do meio da multidão de curiosos e liguei pra minha mãe. Achei melhor avisá-la de que vou passar uns dias no dormitório para conhecer meu colega. No fim acho que ela ficou meio chateada com isso, mas acabou aceitando porque sabia que mais cedo ou mais tarde teria que me deixar ir.

Ouvi o sinal para os alunos que indicava que a cantina estava aberta para o almoço. E de repente todo mundo correu pra lá sem terminar de ver a lista.

Eu, por outro lado, trago bolinhos pra comer todos os dias porque sei a “muvuca” que é tentar comprar alguma coisa lá nos horários de pico. E quando esqueço sempre tento esperar até pelo menos duas de tarde pra comprar um lanche. Sim, a cantina fica aberta o dia todo vendendo lanches.

–Oi.

–Mélody, oi. Vai comer na cantina?

–Não tem muita gente lá. Trouxe meu almoço, pão de queijo, quer comer perto da quadra?

Fiz que sim com a cabeça. Fomos andando e conversando assuntos banais até que toquei em um ponto que a deixou incomodada:

–Posso ir à sua casa qualquer dia?

–NÃO!...Q-quer dizer... Não acho que seja um bom momento por que... Porque não é.

–Ah... Desculpe, eu não queria aborrecer você.

–Não me aborreceu, só não acho que seja uma boa ideia falar sobre isso agora. Que tal se, ao invés disso, você me mostrasse seu quarto? Talvez seu colega já tenha chegado e a gente pode conhecê-lo juntos.

Achei a ideia legal. Seria bom se alguém estivesse lá, não me sentiria muito sozinho. Eu sou bom em fazer amigos, mas isso é dependendo da pessoa. Sinto-me muito mais confortável perto de pessoas extrovertidas e que gostam de falar do que com gente quieta que nunca sai pra nada e não tem assunto.

Infelizmente acabei descobrindo que meu colega de quarto é exatamente assim. Quer dizer, ele não estava lá quando cheguei com a Mélody, mas suas coisas, ou parte delas, estavam e só a julgar pelo que via ou era um nerd ou um perturbado... Ou talvez os dois!

Ouvi Mélody sussurrar um "não se preocupe, vai ficar tudo bem".

Aquilo me tranquilizou, mas não o bastante pra dizer que esse vai ser um ótimo ano com colega de quarto. Eu só espero que, pelo menos, ele não seja daquele tipo perturbado que faz coisas estranhas como rituais, invocações ou coisas do tipo. Sinceramente, eu não quero me aproximar de alguém que reverencia o mal ou que fica me olhando enquanto durmo.

Mélody subitamente disse que precisaria sair naquele momento porque tinha um compromisso. Achei estranho, mas não tive tempo de pensar muito naquilo. Minha mente se ocupou muito mais em tentar descobrir como seria aquela pessoa com quem dividiria o quarto.

Olhei em volta e percebi que a maioria das coisas ainda estava nas caixas e isso poderia querer dizer que ele havia saído com pressa de lá, mas… por quê?

Os únicos objetos que estavam à mostra eram um tanto estranhos. Um livro de capa dura enorme com desenhos estranhos e revestido de couro (desses que parecem com livros de feitiçaria ou algo assim) estava sobre o travesseiro.

Tinha uma ampulheta de madeira marrom com muitos detalhes em dourado que despertou minha atenção, curiosamente gostei muito daquilo. Seis globos de neve estavam sobre a cama e dois deles com o vidro parcialmente rachado, mas nada que fizesse o líquido escorrer. Uma caixinha estranha que parecia dessas de música e algumas coisas que pareciam espadas e adagas. Sem dúvidas era alguém estranho.

Sentei na minha cama e fiquei olhando aquelas coisas tentando adivinhar como seria a personalidade do meu colega. Cheguei à conclusão de que ele talvez fosse um desses rejeitados que passam o final de semana com outros rejeitados jogando aqueles jogos estranhos de RPG de mesa. É isso ou fazendo encenações de lutas magicas e coisas do tipo.

Em outras palavras, ele e eu não combinamos em nada se minha intuição estiver certa. E pior ainda, vou ter que conviver com ele sempre!

Minhas lamentações foram subitamente interrompidas quando ouvi a porta abrir e fechar. Vi um garoto baixo de pele branca, quase pálida, e olhos grandes me olhando. Ele usava uma blusa de mangas longas que ficava engraçada nele por ser muito grande. Porém, qualquer coisa cômica nele era rapidamente destruída quando se olhava o todo. A touca da blusa cobria boa parte da cabeça, mas dava pra ver que seu cabelo era preto. Ele também usava tênis e causa jeans preta e a blusa tinha detalhes em vermelho um tanto quanto estranhos. E com o rosto parcialmente coberto pela touca ele ficava com um ar incomodo muito sinistro. Ele parecia um tipo de coisa do mal ou sei lá o que. Porém, o que mais chamava a atenção nele é que usava uma máscara que cobria uma parte do nariz e olhos dando a ele um jeito meio irreal. Era como se tivesse saído de um filme.

–Olá.

Ele falou baixo com a voz rouca e grossa. Uma voz que parecia estar sendo arrastada pela sua garganta. Mas estranhamente tive a impressão de já tê-la ouvido antes. Demorei um pouco pra entender o que ele disse, mas assim que percebi que o encarava tratei logo de responder:

–O-oi. Então você é meu colega de quarto né?

Falei ridiculamente com uma voz fina obviamente nervosa. Xinguei-me por dentro por isso, mas já estava feito.

Ele, por outro lado, apenas balanço a cabeça em sinal positivo provavelmente me achando um idiota por ter perguntado uma coisa que se considera óbvia! Quer dizer, o que mais um estranho como ele estaria fazendo no meu quarto?

Depois daquilo ele não falou mais nada e nem deu sinal de querer falar. Apenas se deitou na cama e começo a ler um livro esquisito. Tentei puxar assunto, mas ele não sustentava a conversa por muito tempo, só dava respostas curtas e rápidas.

Reparei que ele colocou umas sacolas pretas cheias de alguma coisa em um baú com cadeado e estranhei. Será que ele pensa que vou roubar algo dele?

Não encarei muito e logo sai de lá. Fiquei ansioso, não queria ficar perto dele. Só seu olhar já me desconcertava, portanto, optei por sair logo daquele quarto antes que ele resolva fazer algo ainda mais estranho. Só espero que não mexa nas minhas coisas.


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Notas finais do capítulo

Então gente, eu estou sentindo falta dos comentários. Se vc leu até aqui e gostou por favor fala o que pensa ;)



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