Capitulo 18: A chegada do conde – Parte I

            Depois de Jacob ter chegado a nossa casa, o tempo passou, de certa forma, rápido. Eu já estava com quatro meses e como eu estava muito magra, minha barriga mostrava uma leve saliência. Edward estava todo babão, ele me enchia de comida, temia que eu ficasse com falta de alguma vitamina, então me fazia comer de três em três horas.

            Estava na cozinha com Brieta quando Edward chegou do trabalho, trazendo uma carta.

            - Oi, meu amor. – disse, se ajoelhando e depositando um beijo em minha barriga. – Oi, bebê.     

            - Oi. O que é esta carta?

            - Ah, isso é de um grande amigo do meu pai, meu agora, já que meu pai faleceu. Ele é o conde francês que vem passar uns dias aqui em Londres com a esposa.

            - E eles já têm lugar para ficar?

            - Na verdade eu ofereci nossa casa a eles, como estadia.

            - Isso é ótimo.

            - Claro que é, vai ter uma amiga para conversar.

            - Sabe que não me queixo de ficar sempre em casa, nós dois sabemos, que dada a situação, é necessário.

            - Mesmo assim, amor, você fica aqui trabalhando, ajudando Alice com os preparativos para o casamento, você se cansa muito.

            - Eu estou bem.

            - Sei que está, mas me preocupo.

            - Te amo.

            - Também te amo.

            Ele disse e foi saindo da cozinha. Resolvi ir buscar as crianças no jardim onde brincavam com Jacob.

            Logo os avistei, estavam brincando perto de uma árvore grande, Thomas estava no pescoço de Jacob e ele ria feito um bobo, não tinha duvidas de que ele seria um ótimo pai, e eu agora começava a acreditar ainda mais na lealdade dele.

            - Mamãe! – Julie gritou e veio me dar um abraço.

            - Oi, linda, o que estão fazendo?

            - Estávamos brincando, mamãe.

            - Thomas venha com a mamãe, está na hora do banho de vocês.

            - Mas já?

            - Agora, queridos, temos visita para hoje à noite.

            - Está bem.

            - Vamos. – disse pegando na mão de cada um e os levando para dentro.

            Como tínhamos que ser rápidos, pois logo escureceria, resolvi dar banho em Thomas e Julie ao mesmo tempo.

            - Vocês vão tomar banho juntos, não temos muito tempo, Brieta já preparou a tina.

            - Está bem, mamãe. – Julie disse e começou a tirar sua roupinha.

            Despi Thomas e os coloquei na água, logo após, percebi que Julie estava olhando as pernas de Thomas.

            - Julie, algum problema? – perguntei.

            - Mamãe, o que é esta coisinha esquisita no meio das perninhas do Thomas? Parece uma minhoca rosa.

            - O que?! – meu Deus, me ajude.

            - Por que o meu é diferente?

            - Por que o Thomas é menininho e você é uma mocinha, tem coisas diferentes.

            - Mamãe?

            - O que, meu amor?

            - O papai tem isso também? – meu Deus, ser mãe é tão difícil.

            - Tem, meu amor, todo homem tem.

            - O dele deve ser grandão porque o papai é grandão. – posso pedir ajuda para alguém?

            Foi então que Edward entrou no quarto. Eu pensei que seria bom, mas realmente não foi.

            - Oi, papai, eu estava perguntando pra mamãe o que é essa minhoquinha no meio das pernas do Thomas e ela disse que é diferente em mim e nele.

            Ele arregalou os olhos e veio para o meu lado.

            - A mamãe está certa, tem coisas diferentes entre meninos e meninas.

            - O Thomas é pequenininho e a minhoquinha dele é pequenininha o senhor é grandão então a minhoquinha do senhor deve ser grandona.

            - Eu acho que esse banho já demorou demais crianças, vamos saindo. – falei, pegando Julie. – Leva o Thomas – pedi para Edward e comecei a secar Julie.

            - Mamãe, é errado perguntar esse tipo de coisa? – perguntou tristonha.

            - Não é errado perguntar para os pais, mas não são fatos que devem ser questionados, nós temos diferenças, você e seu irmão são diferentes, ele é um menino e você uma garotinha, é normal que tenhamos coisas que nos diferencie, entende?

            - Mais ou menos, a professora não fala muito sobre esse assunto.

            - Ela não pode, só pode dizer coisas que a igreja aprova. Infelizmente, minha querida, ainda vivemos num mundo onde temos que seguir as regras deles.

            - Eu não gosto das regras deles, tem que usar aqueles vestidos até no meu pescoço e dói muito.

            - Você precisa aprender algumas regras, criança. Lógico que daqui a mais uns anos, ou você escolherá a vida de casa ou trabalhará como uma enfermeira, cozinheira e até mesmo poderá ser freira.

            - Freira não, mamãe, nunquinha, elas só andam vestidas de preto e branco, eu gosto das cores.

            - Você pode perguntar tudo o que quiser para mim, e se eu puder, eu responderei.

            - Obrigada, mamãe.

            - Venha, deixe eu te vestir.

            - Por que está com tanta pressa, mamãe?

            - Porque seu pai é um louco, o conde chega hoje de viagem e ele só me avisou algumas horas atrás.

            - Papai é engraçado.

            - Sim, querida, agora desça e peça para Brieta lhe fazer uma linda trança.

            - Está bem.

            Vi meu anjo sair pelo corredor e fui para meu quarto, banhar-me, quando cheguei lá, Edward já estava dentro da tina.

            - Ande logo com isso, também tenho que tomar meu banho.

            - Pois venha, tem lugar para você aqui.

            - Edward, você sabe muito bem o que acontece quando fazemos isso, não é? Não podemos demorar.

            - Ok, eu vou ser rápido.

            - Vou separar seu terno.

            - Está bem. Você está meio aborrecida.

            - Não, eu só queria ter um dia a mais para preparar a casa.

            - Ela está ótima e você tem que descansar.

            - Eu sei, vou tomar meu banho e vou descer.

            - Pode se banhar, já terminei.

            - Vista-se e desça, caso eles cheguem, diga que eu estava enjoada pela gravidez e você me mandou descansar.

            - Ok, senhora.

            - E diga para Jacob vestir algo apropriado, afinal agora ele é da família.

            - Claro.