Parajás escrita por Casty Maat


Capítulo 6
Capitulo 6 - Refém e planos malignos


Notas iniciais do capítulo

Até que veio rápido. Desculpa fazer Camus e Milo sofrerem, mas Xan-Xan é forte >o



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#06 – Refém e planos malignos

Camus e Milo caminhavam com calma pela mata virgem, atentos a qualquer coisa.

—Quieto demais... – murmurou resmungando o grego. – Isso sempre significa problemas.

De repente, tiveram de se esquivar de um ataque e qual não foi a surpresa ao ver que eram duas das garotas sequestradas, agindo como se fossem zumbis, com rústicas machadinhas indígenas em mãos, avançando com velocidade.

—Merde! – resmungou o aquariano. Xandoré fora tão baixo assim a ponto de usar humanas comuns?

Bom, era uma divindade maligna, qual a surpresa? Olhou para o loiro e Milo retribiu o olhar: eles precisavam apagar as meninas, sem matar elas. Esquivaram de um ataque contra eles, Camus jogando seu corpo para a direita dele, Milo para a esquerda dele próprio, combinando um giro a ficar atrás das garotas, golpeando a nuca delas com força suficiente para apaga-las. Felizmente o feitiço da divindade só servia para humanos acordados, ainda que suas mentes estivesse sob controle e anestesiados.

Mal tiveram tempo de aliviar-se, e mais duas vinham saltando das árvores. Usando os braços cobertos pela proteção dourada para impedir a lâmina da machadinha de chegar a pele do rosto. As afastaram e avançaram contra as indígenas, golpeando num ponto exato nos abdômens para não ferí-las. E novamente o local ganhou novas presenças de escravas.

—Quantas esse corno pegou?! – vociferou Milo, irritado com aquilo. – Se continuar assim as que apagamos irão acordar!

—Não podemos simplesmente atacar como cavaleiros! Elas são civis inocentes!

—Usa seu gelo, Camus. Como escudo para atrapalhá-las. Eu vou apagando todas.

Camus concordou, aguardando apenas a tensão de movimento das garotas. Fazia gelo e continha algumas, enquanto outras lhe vinham pelas costas, prontamente eram golpeadas na nuca por Milo e sua velocidade de dar inveja, o que lhe dava tempo de sobra para um mortal atrás das garotas contidas, que distraídas com sua presença, também eram golpeadas pelo Escorpião.

Ficaram alguns segundos na espera por outras garotas, mas diante do silêncio que havia retornado, voltaram a correr na direção onde as duas primeiras vieram.

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Xandoré, enquanto isso, parecia se divertir em ver o joguinho em que colocara os caraíbas de além-mar. Ele tinha o melhor trunfo para dobrar aqueles brancos da deusa Atena: a amiguinha igualmente branca deles.

Bella despertara sentindo o corpo dolorido, tentou se mover, inutilmente. Não reconhecia a caverna e ao olhar para o homem que estava a sua frente sentiu vontade de vomitar. Era Xandoré, o homem que vira atacar a moça no outro dia.

—Ora, ora... A caraíba acordou.

—Me solte!

—Não está em posição de exigir nada apenas se calar e ser meu escudo contra aqueles caraíbas d’além-mar.

A garota sentia-se frustrada, com medo. Sabia que seria usada para derrotar seus amigos e que tão logo fossem derrotados, ela seria morta.

—Por que...? – disse com a voz trêmula de medo.

—Seu povo... Seu povo destruiu o meu... E eu vou destruir seu povo. Os homens brancos dizimaram o povo das matas por egoísmo e devem sofrer do mesmo.

—Está errado! Isso não vai melhorar nada! E eles não vão perder!

Xandoré riu.

—São humanos com poderes das estrelas. Sabe o que ocorrerá se elas sumirem? – ele fes um gesto como se algo explodisse. – Não tem poderes. E tem alguém capaz entre os deuses daqui de fazer isso. Só preciso achar onde se escondeu... Tainacam... Mas daí  caraíbas como como você vieram se intrometer. A mão divina deve pesar.

O deus da ira não pode continuar seu discurso, tenso a atenção chamada para rebater uma agulha que vinha em sua direção. Os cavaleiros haviam enfim achado seu covil. Camus parece perder mais da cor que quase não tinha por ser um cavaleiro de gelo ao ver Bella presa. E Xandoré percebeu isso.

—O caraíba se interessa pela mulher branca. – o sorriso era macabro. – Sugiro não tentarem nada...

Milo, sem estar no nível de choque, avançou com o intuito de salvar a garota, mas foi surpreendido pelo deus indígena, o golpeando com um chute na boca do estômago tão intenso, que o grego voara longe. Mas o pior nem fora isso.

Descargas elétricas pareciam percorrer o corpo da morena, que gritava de dor.

—Bella! – gritou o aquariano.

—É bom que não faça nada, caraíba... Ou cada gracinha ela vai ganhar mais e mais golpes. – Xandoré surgira atrás do ruivo, que sequer pode se prevenir de chute vindo pela esquerda e atingindo sua face, fazendo o elmo cair e ele próprio se chocar contra uma das paredes.

O golpe de eletricidade findou, a brasileira sentia o corpo doer horrivelmente, lágrimas de dor e preocupação ao verem os amigos derrotados na primeira incursão.

—Camus... Milo...

—Mas... que merda... – disse Milo se erguendo e cuspindo sangue. Olhando para o lado, Camus tinha a metade da face atingida sangrando e parecia mais desacordado que acordado.

Xandoré moveu o ar contra a dupla ao balançar o braço esquerdo da direita para o lado oposto. Um vendaval com penas afiadas partiu em direção aos cavaleiros que só não se feriram a mais graças as proteções douradas em seus corpos.

—Pequenos insetos... Esmagarei cada um deles... – rindo, puxando Camus pelo cabelo e o erguendo no ar. – Nem teu cabelo cor de fogo me impressiona.

Xandoré arremessou o francês contra outra parede, próxima a onde Bella estava presa, caindo desacordado de vez. Milo aproveitou a distração para tentar golpear o deus, mas o que recebera foi um soco quase afundando o nariz, que novamente o jogou longe.

—São só humanos. Nada podem contra mim, Uru Xandoré. Sequer são capazes de dar alguma alegria e honrar sua deusa caraíba.

Xandoré preparava para disparar um soco contra o peito de Milo, que parecia um pouco desnorteado quando ouviu Camus se mexer, tentando soltar a garota das amarras. O cosmo brutal e grandioso se elevou, indo contra os dois mais penas afiadas e descargas elétricas, o qual Camus resistia em silêncio, tentando usar de seu cosmo para deter os danos na garota.

—Volta... aaah... Com seus... amigos... me deixa... – tentava dizer a garota entre os gemidos de dor.

—Não... vou... é meu dever...

Milo tentava firmar-se no chão, mas era quase impossível. Se não fosse a armadura, os danos estariam além do que já estava e ele mal podia mover-se. Xandoré fazia jus ao posto de deus da ira.

—Camus... – e então notou algo que o alardeou. Berrando o nome do amigo alto.

Xandoré estava perigosamente próximo e o punho em direção a garota, que não tinha como realizar qualquer defesa. E numa única fração de segundos, Camus se ergueu e pôs-se a frente do golpe, sendo atravessado por um punho envolto em cosmo divino entre o peito e o abdômen.

Bella estava em choque tamanho que sequer conseguia sentir o sangue do ruivo em seu corpo. Xandoré sorriu maligno.

—Ao menos pra isso você serviu, caraíba... – disse empurrando Camus para o chão, lambendo o sangue que matizava seus punhos, enquanto andava na direção de Milo. – Agora você, caraíba cabelo cor de sol...

Xandoré tinha apenas mais 5 passos para alcançar o grego quando sentiu algo. Forte, intenso, quente e tranquilo como um lago sob a lua. Ele conhecia aquele cosmo e jamais, jamais poderia aceitar que estava tão perto.

Com ele significava que seu plano de roubar os poderes antes de um despertar fora por água abaixo. Virou-se lentamente sem crer, algo que Milo também não conseguia acreditar.

Os cipós encantados que prendiam Bella se desfaziam como poeira acumulada e prensada, os cabelos curtos e castanhos convertiam-se em negros com pontos brilhantes e de madeixas longas. A pele leitosa tingia-se de marcas de urucum e ganhava o tom oliva típico dos índios.

Ao abrir os olhos, outrora castanhos, havia um rastro de universos e estrelas cintilantes que passavam mistério e força. O mesmo cosmo gentil que emanava no corpo da brasileira convertida em outra pessoa também parecia suplantar a vida de Camus, como se contesse o tempo de morte. Os olhos estrelados encaravam Xandoré com uma tranquilidade que apenas dava medo por tamanha altivez.

—Beraba... Tainacam...


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Notas finais do capítulo

Tainacam: deusa das constelações. Não existe muita informação sobre ela senão esta. Então dei minhas construções pessoais a deusa.

Beraba: brilhar, resplandecer; brilhante; resplandecente. Assim como Xandoré tem o título de "Uru" (ave), esse é um título que quis dar a deusa de olhos e cabelos brilhantes.

Xan-Xan tomou no preconceito como muita gente por aí deveria (e raramente toma). E agora, José?



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