Parents for our children escrita por EuSemideus


Capítulo 8
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Gente, estou aki novamente!!! Espero q gostem do cap!



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Capítulo 7 

 

Annabeth 

 

Annabeth deixou-se afundar no sofá, sentindo os músculos relaxarem um a um. Fechou os olhos, recostando-se na almofada, esquecendo-se momentaneamente do que iria fazer ali. 

 

A loira, ao longe, ouviu sua filha exclamar "Peter!" e sorriu. Lembrou-se das duas noites que passara abraçada as duas crianças. Era certo que a primeira fora por conta da tempestade, mas Annabeth simplesmente não pudera recusar o pedido dos pequenos no dia seguinte, depois de Percy aceitar dormir em sua casa. 

 

Ainda não conseguia entender bem o que estava acontecendo com seus sentimentos e emoções. Tudo parecia tão confuso e bagunçado perto do Jackson... Ficara tão preocupada quando ele simplesmente não dera sinal de vida e simplesmente não pudera se refrear quando o viu parado a sua porta. Por mais que uma parte de sua consciência tentasse convencê-la do contrário, não se arrependia nem um pouco daquele abraço. Sentira-se tão bem e segura que, por alguns instantes, chegara a desejar que ele nunca mais a soltasse. Sem falar do sorriso de Percy minutos depois, que fora o bastante para fazer seu coração disparar como se tivesse subido inúmeros lances de escada sem parar. 

 

A mulher abriu os olhos, decidida a ignorar aqueles pensamentos, e pressionou o botão na lateral do tablet em suas mãos. A tela do aparelho se iluminou e, junto com ela, as horas surgiram em números garrafais. Passava pouco das seis e meia. Annabeth sorriu, satisfeita consigo mesma. As crianças já tinham lanchado e estavam de banho tomado bem antes do normal. Conseguira cumprir seu objetivo com sucesso, afinal não seria saudável para Peter e Anna ficarem debaixo do chuveiro durante a noite gélida, que passara fazer parte da rotina da cidade alguns dias antes. 

 

Com alguns toques desbloqueou o aparelho e, deslizando o dedo sobre a tela, procurou o aplicativo que lhe interessava naquele momento. Não demorou para encontrar o quadradinho azul e branco, clicando nele em seguida. Nem precisou fazer uma pequena busca pelo contato que desejava, ele estava no topo da lista de ligações recentes, como de costume. Olhou as horas novamente e fez rapidamente as contas, tentando descobrir se era realmente um bom horário para ligar. Se seu cálculo estava correto, deviam ser por volta das dez e meia da manhã por lá. 

 

Annabeth iniciou a chamada, ativando a câmera frontal de seu tablet e se ajeitando diante dele. Não demorou muito até que a ligação fosse atendida e uma mulher de meia idade, loira e de olhos cinzentos, extremamente parecida com ela, surgisse na tela. 

 

— Annie! Filha! - exclamou sua mãe, sorrindo de orelha a orelha - Está tudo bem com vocês duas? Você demorou a ligar! Fiquei esperando uma chamada a semana passada inteira! 

 

Annabeth sorriu para a mãe, sentindo seu coração se aquecer só por tê-la em seu campo de visão. 

 

— Sim, estamos bem, não se preocupe. E a senhora e o papai? - indagou a loira - Semana passada foi uma loucura para mim, desculpe-me não ter ligado. 

 

Viu sua mãe balançar a cabeça, em um gesto claro que ela estava desculpada. 

 

— Estamos bem, querida - garantiu ela - Agora me conte as novidades! Ah, e quero saber tudo dessa semana agitada que você falou! 

 

Annabeth riu pelo nariz. Apesar de parecer uma mulher séria para quem a visse de fora, Atena Chase era extremamente animada e alegre quando se tratava da filha. A felicidade nos olhos da loira mais velha era clara em todas as chamadas de vídeo. 

 

— Muita coisa aconteceu, mamãe - explicou Annabeth. 

 

Sua mãe sorriu divertida. 

 

— Que bom que eu tenho tempo, não é? 

 

A mais nova notou que não fugiria daquele assunto, então resolver contar tudo de uma vez. Sua mãe parecia um imã para suas confissões. Annabeth nunca conseguia esconder nada dela. E foi por isso que despejou, em detalhes, sua semana conturbada sobre ela. 

 

— Deixe-me ver se entendi direito - pediu sua mãe ao fim de seu monólogo - Esse rapaz passou duas noites na sua casa e o filho dele ficou aí praticamente a semana inteira? 

 

A jovem mulher assentiu. Sua mãe assumiu um tom pensativo e preocupado. 

 

— Filha, diga-me com sinceridade - ela pediu e Annabeth engoliu em seco. Os olhos de sua mãe haviam assumido aquele tom de cinza capaz de arrancar-lhe seus maiores segredos - O que você sente por esse menino, Peter? 

 

A loira mais nova respirou fundo e fitou as íris acinzentadas a sua frente. 

 

— Eu o amo. Amo tanto que chega a doer - contou, abrindo seu coração total e completamente - Já começou a se tornar difícil vê-lo indo embora todas as noites e não poder velar seu sono em minhas madrugadas insones. Não consigo mais imaginar minha vida sem ele. Sem o sorriso travesso, as piadas bobas e o olhar irritado da minha pequena sobre ele. Eu o amo mais do que a mim mesma, mamãe, talvez tanto quanto Anna. 

 

Annabeth sentiu as lágrimas virem as olhos, mas respirou fundo, afastando-as rapidamente. 

 

— Oh, minha filha - disse sua mãe um tom doce e carinhoso, como se quisesse lhe dar um abraço naquele momento - Você já sabe, não é? 

 

A jovem assentiu, ainda lutando contra o choro que insistia em tentar se iniciar. 

 

— Ele é meu filho. Meu menino - disse Annabeth, não conseguindo segurar as duas lágrimas que rolaram por suas bochechas naquele momento. 

 

Sua mãe sorriu. 

 

— Meu Deus, eu sou avó de novo - ela disse em feliz, porém num tom baixo, como se absorvesse a informação - E o pai dele, Annie? Como você se sente em relação a ele? 

 

Annabeth limpou as lágrimas e abaixou os olhos. 

 

— Eu e ele somos só... 

 

— Olhe nos meus olhos, Annabeth - a voz de sua mãe ecoou firme e autoritária, a loira mais nova não pode desobedecer - Não minta para mim e nem para si mesma. O que você sente pelo Percy? 

 

O olhar de sua mãe era inigualável. A sensação era de que ela detectaria qualquer traço de mentira ali presente, e provavelmente realmente o faria. Ao fitar aquelas íris tão familiares e aquele rosto tão conhecido, Annabeth sentiu todas as suas defesas caírem. Todos os muros e alarmes que colocara em volta do assunto "Percy Jackson" desmoronaram e foram desativados. Uma onda de sentimentos a atingiu em cheio, deixando-a sem reação. 

 

— Eu não sei - deixou sair aquelas palavras tão sinceras com um suspiro - Ele é sempre tão gentil, educado e tem um sorriso lindo. É um pai maravilhoso. Dá carinho e atenção a Anna. Está sempre preocupado conosco e... Eu gosto de estar perto dele - a loira sentiu as lágrimas voltarem a rolar, mas dessa vez não conseguiu segurá-las. Balançou a cabeça, deixando o choro fluir - Mas eu não posso ter nada com ele. Não podemos ter nada! 

 

— Você não pode ou você não quer, minha filha? - perguntou sua mãe. 

 

O corpo de Annabeth congelou. Sua mãe fechou os olhos e balançou a cabeça, para logo voltar a fita-la. 

 

— Parece-me que você não quer. Não por conta de Anna, como costuma dizer, mas por si mesma - disse a mulher, fazendo o coração de sua filha acelerar, como que desesperado por ter sua maior mentira descoberta - Como você mesma disse, Percy é um ótimo pai para Peter e também seria para Anna, se você deixasse. A verdade é que você tem medo de sofrer novamente, do mesmo que aconteceu com Luke, acorrer com ele. Só deixe-me te lembrar que isso é um risco que você vai ter que correr com qualquer um que se relacionar, inclusive seus amigos. 

 

Sua mãe suspirou e olhou fixamente em seus olhos. 

 

— Está claro para mim que o que você sente por esse rapaz não é só amizade, então pense comigo - ela pediu - Ele é um homem solteiro. Livre e desimpedido. Pode se interessar por outra mulher. O que você faria se um dia ele aparecesse com uma namorada? Como você se sentiria ao saber que ele tem outra pessoa ao lado dele? Disputando a atenção dele e de seu filho com você? 

 

O desespero aumentou no coração de Annabeth. Seus olhos se arregalaram e o estômago se revirou. Namorada? Nunca em sua mente se passara a ideia de que Percy podia encontrar alguém. Se relacionar com outra pessoa. Ele sempre lhe pareceu tão... Seu coração falhou uma batida com aquela revelação. Ele sempre lhe pareceu tão seu. 

 

— Não... - sussurrou inconscientemente. 

 

Sua mãe sorriu. 

 

— Se teme tanto assim essa ideia, não deixe que ela se concretize - alertou - Esqueça essa desculpa que você inventou e não deixe esse rapaz escapar. 

 

Imagens de outra mulher invadiram sua mente. Ela sendo chamada de "mãe" por Peter. Tocando Percy, abraçando-o, beijando-o... Não! Sua mãe tinha razão, não podia deixa-los escapar. Precisava vencer seus medos. Precisava manter aqueles dois bem juntos de si. 

 

— Mamãe! - ouviu sua filha gritar, antes mesmo de conseguir finalizar seu raciocínio - Mamãe, a gente po... 

 

Annabeth levantou os olhos e encontrou Anna e Peter parados a poucos passos de si. A menina simplesmente havia perdido a fala, enquanto o garoto parecia completamente desnorteado. 

 

— Você tá chorando, tia Annie? - ele perguntou saindo choque e andando em sua direção. 

 

Logo os dois pequenos já estavam no sofá, cada um de um lado. Peter tocou seu rosto molhado com uma das mãos. Seus olhos transbordavam preocupação. 

 

— Não chora não, tia Annie - ele suplicou. 

 

— Por favor, mamãe, não chora - pediu Anna, secando a outra bochecha da mãe. 

 

Annabeth sorriu entre as lágrimas e abraçou-os, sentindo as duas crianças aconchegaram-se contra seu peito. 

 

— Oh, meu amores - ela disse sem solta-los - Não se preocupem, mamãe só está chorando porque ela é boba. 

 

Peter afastou-se um pouco. 

 

— Tem certeza? - ele perguntou olhando-a nos olhos. 

 

A mulher assentiu. 

 

— Absoluta? - foi a vez de Anna fita-la. 

 

— Absoluta - confirmou Annabeth - Agora, tem uma pessoa que quer falar com vocês. 

 

Os dois franziram as sobrancelhas, sem entender muito bem e Annabeth riu, pegando o tablet que largara sobre as pernas para abraça-los. 

 

— Vovó! - exclamou Anna ao ver a mulher na tela do aparelho, abrindo um sorriso instantâneo. 

 

— Olá, minha flor! - cumprimentou sua mãe - Como está a minha netinha? Estou morrendo de saudades! 

 

A pequena riu. 

 

— Eu to bem, vovó - disse a loirinha - Também estou com saudade! 

 

A loira mais velha sorriu e voltou-se para o moreninho, que a fitava curioso. 

 

— Você deve ser Peter, certo? - ela indagou e o menino assentiu - Eu sou Atena Chase, mãe de Annabeth e avó da Anna. Muito prazer. 

 

O pequeno sorriu. 

 

— Eu sou Peter Jackson - ele se apresentou - Prazer... 

 

Peter parou e enrugou a testa. 

 

— Qual é o problema, querido? - perguntou a mãe de Annabeth.

 

— É que eu não sei como te chamar - ele explicou pensativo - Porque, sabe, eu já chamo a tia Annie de "tia" e a senhora é mãe dela. 

 

Annabeth viu sua mãe sorrir. 

 

— Oh, não se preocupe! - exclamou ela - Pode me chamar de vovó, eu não me importo! 

 

Os olhos de Peter brilharam. 

 

— Mesmo?! - ele indagou, vendo a mulher do outro lado da tela assentir - Obrigada, vovó! 

 

O sorriso no rosto de sua mãe foi um dos mais belos que Annabeth já vira. Logo em seguida os três já tinham engajado em uma conversa, excluindo a loira do meio completamente. Porém ela não se importava muito. Para a jovem arquiteta lhe bastava ver Anna e Peter falarem animadamente de seus dias na escola, enquanto sua mãe prestava atenção a cada detalhe, fazendo comentários engraçados que provocavam risos nas crianças. 

 

Ficou ali, somente observando, até que outra figura surgiu na tela retangular do tablet. A loira sorriu abertamente ao ver os tão conhecidos cabelos loiros, pouco mais escuros que os seus, e os olhos azuis de seu pai. 

 

— Ora, se não são minhas princesas! - ele exclamou, sentando-se ao lado de sua mãe. 

 

Vê-lo chama-las de "princesas" quase soou estranho aos ouvidos de Annabeth. Já tinha se acostumado com somente Percy dirigindo-se a Anna daquela maneira. 

 

— Olá, papai - cumprimentou ela. 

 

— Oi, vovô! - exclamou Anna quase ao mesmo tempo. 

 

Peter virou-se para Annabeth, pedindo-lhe ajuda com os olhos. Lidar com mulheres era sempre mais fácil, por isso o pequeno estava preocupado com o novo estranho a sua frente. Tudo que ela fez foi sorrir e bagunçar levemente os cabelos do menino, acalmando-o discretamente. 

 

— E que seria esse rapaz? - perguntou seu pai em tom brincalhão. 

 

Peter voltou a fitar o aparelho eletrônico, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, seu pai foi respondido pela própria esposa. 

 

— Frederick, querido, esse é Peter - apresentou a mulher - Peter, esse é o vovô Frederick, mas pode chama-lo de Fred.

 

O moreninho sorriu e acenou para a câmera. 

 

— Prazer, vovô Fred - ele disse simpático. 

 

O olhar de seu pai desviou-se para o seu, perguntando claramente o porquê daquilo, mas ao vê-la ele simplesmente sorriu e aceitou, voltando a fitar o menino. 

 

— O prazer é todo meu, Peter - respondeu o homem calorosamente. 

 

O pequeno ao seu lado relaxou, logo puxando assunto com o mais velho. Annabeth esperou que uma brecha aparecesse e perguntou o que realmente lhe preocupava: 

 

— Papai, como está o vovô? 

 

Seu pai a fitou e sorriu fracamente. Frederick Chase nascera e crescera na Austrália, só deixando seu país de origem, contra a vontade da família, para realizar seu sonho de cursar uma faculdade nos Estados Unidos. Foi lá que conheceu sua mãe, Atena, com quem se casou três anos depois. 

 

Não foi fácil no início. Sua família não aceitava a ideia de uma americana casar-se com sangue de seu sangue. Contudo, mesmo tendo sido praticamente excomungado, seu pai não deixou de mostrar que ainda amava e se importava com cada um deles. O "exílio" terminou quatro anos após o casamento, quando ela, Annabeth, nasceu. Depois disso, seus avós não resistiram a distância e aceitaram o filho de volta, notando com bastante rapidez que a tal "americana" não era tão ruim quando eles achavam. 

 

O único motivo de seu pai ter voltado a morar na Austrália após tantos anos, fora o próprio pai. Seu avô estava doente. Hipertenso, diabético e com câncer de pele em estágio inicial. Foi para cuidar dele que o Professor Chase deixou sua amada San Francisco dois anos antes, e sua mãe não hesitou em acompanha-lo. 

 

— Ele está bem, querida. 

 

Annabeth suspirou. Sabia que seu pai não poderia dizer muito por conta das crianças, mas só por seu olhar e pelo tom de voz, sabia que seu avô não havia piorado e estava levando a vida o mais normal possível, por enquanto. 

 

A mulher intrometeu-se na conversa dos pequenos, desviando seus pensamentos de tudo que a preocupava, somente querendo aproveitar aquele momento tão alegre. O único que cismava em não deixar sua mente era Percy. O que sua mãe dissera martelava em sua cabeça. No entanto, resolveu deixar tudo aquilo em stand by por enquanto. Mais tarde pensaria em como lidar com aqueles fatos que tanto a abalaram. 

 

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Percy 

 

Percy fitou a plano de fundo de seu telefone e sorriu. Nunca tinha agradecido tanto por ter tirado uma foto. Só assim poderia guardar aquele lindo momento para sempre. 

 

Na manhã do dia anterior, quando acordara no incrivelmente confortável sofá-cama de Annabeth, seu primeiro extinto fora procurar um banheiro. Seu sono e falta de raciocínio lógico, causado pelo cansaço do dia anterior, fizeram-no entrar no quarto da loira, uma porta após a do cômodo que ele queria realmente estar. Agradeceu a si mesmo por estar tão grogue naquela manhã, caso contrário não teria a oportunidade de ver aquela cena. 

 

Annabeth estava deitada de barriga para cima no meio da cama. A esquerda dela estava Peter. O menino tinha a cabeça apoiada nos seios da mulher e toda a parte superior do troco sobre ela, além de envolvê-la com seus pequenos braços. Já Anna, no lado direito da mãe, simplesmente estava encolhida contra ela. O urso, que Percy ganhara para a pequena no dia do parque, estava acomodado nos braços da garotinha, que jazia aconchegada com a cabeça sobre a parte superior do braço da loira mais velha. Enquanto isso, Annabeth abraçava os dois protetoramente, dormindo, assim como eles, com a serenidade de um anjo. 

 

A única reação de Percy fora voltar a sala em completo silêncio para buscar seu telefone e registrar aquela visão que deixava seu coração a ponto de dar pulos de alegria. 

 

E, era aquela foto, que ele observava naquele momento. Jogado sobre a cadeira de seu escritório, virado de costas para porta e cara a cara com a janela de vidro, que deixava a luz cinzenta do dia entrar. 

 

— Agora sei porque estava tão ansioso para voltar para casa que até adiantou o voou. 

 

Percy quase pulou da cadeira e girou-a rapidamente, dando de cara com seu pai, inclinado sobre sua mesa. 

 

— Era uma bela imagem, filho - disse ele sorrindo - Por acaso são a mulher e a menina de quem você e Peter tanto falam? 

 

Percy assentiu enquanto via o pai sentar-se em uma das cadeiras junto a mesa de seu escritório. 

 

— Sim, pai - confirmou o rapaz - São Annabeth e Anna. 

 

O homem a sua frente sorriu um pouco mais. 

 

— Posso ver? - pediu estendendo a mão. 

 

Percy hesitou por um estante. Aquela não era o tipo de coisa que queria compartilhar com as pessoas. Era algo que tinha a intensão de guardar somente para si e observar em momentos difíceis, quando necessitasse de alguma calma e aconchego. Porém, aquele era seu pai. Querendo ou não, não havia nada que pudesse esconder dele. Assim era melhor dar por bem do que por mal. 

 

O moreno mais velho segurou o telefone do filho nas mãos, olhando fixamente para a tela. Ele parecia analisar cada mínimo detalhe e, quanto mais os segundos se passavam, um sorriso doce se desenhava em seu rosto. 

 

— Elas são lindas, meu filho - disse o homem voltando a fita-lo. 

 

Percy sorriu bobo, lembrando-se do sorriso de Annabeth e das bochechas coradas de Anna. 

 

— Você ainda não viu nada - garantiu o rapaz em tom sonhador. 

 

Seu pai abriu ainda mais o sorriso e fitou-o atentamente, como se analisando-o, assim como fizera com a foto. 

 

— Cheguei a pensar que estava enganado, mas não - comentou o moreno mais velho - Mas também, tem tantos anos que não te vejo assim. 

 

Percy franziu as sobrancelhas. 

 

— Assim como? 

 

— Apaixonado - respondeu seu pai. 

 

O rapaz abriu a boca para negar, mas se refreou. Não tinha pensado daquela maneira, mas seu pai estava certíssimo. Aquela felicidade e a calma que Annabeth lhe trazia. A vontade de que aquela família fosse sua. Sim, ele estava completamente apaixonado.

 

— Realmente, muitos anos - admitiu Percy, deixando um suspiro escapar de seus lábios. 

 

Não havia porque tentar se convencer do contrário ou qualquer outra pessoa. Não podia mais ficar longe de Annabeth. Não conseguia imaginar sua vida sem ela. Somente um toque dela era o bastante para tirar-lhe o ar. E ainda tinha Anna. Aquela garotinha que conquistara seu coração antes de dizer uma única palavra. 

 

— Elas são muito importantes para você, não é? - indagou seu pai, lhe devolvendo o aparelho eletrônico. 

 

Percy fitou seu plano de fundo novamente, segundos antes de tela se apagar. 

 

— Demais - respondeu o rapaz, levantando os olhos. 

 

Seu pai olhou-o seriamente. Um olhar que o moreno mais novo não via a muito tempo dirigido a ele. Na verdade, não o via desde que Peter nascera e homem lhe perguntara o que faria da vida a partir daquele momento. 

 

— Quem elas são para você, Percy? - ele perguntou. 

 

Quem elas eram? Elas eram as pessoas que cuidavam e davam amor a seu filho. Junto de Peter, eram quem ele esperava ansiosamente para ver todos os dias. Eram aquelas que o faziam se sentir em casa com um único olhar de carinho. 

 

O moreno mais novo apertou o botão central de seu telefone e viu sua tela bloqueada acender. Ali estava uma das muitas fotos que Peter e Anna haviam tirado depois de pegar o aparelho sem que ele percebesse. Na imagem em questão, as crianças estavam com o topo da cabeça encostadas uma na outra, de maneira que a menina parecesse estar de cabeça para baixo. Seu filho estava fingindo-se de vesgo e a loirinha colocava a língua para fora, no canto da boca, com seus cabelos caindo ao lado do rosto. 

 

— Elas são a minha família, pai - disse o rapaz, sorrindo abertamente. 

 

Seu pai também sorriu, deixando até mesmo os dentes a mostra. Ele se inclinou sobre a mesa novamente e colocou a mão em seu ombro. Os olhos verdes de seu progenitor focaram-se nos seus. 

 

— Então conquiste essa mulher e tome essa família para si - ele falou enfático. 

 

Percy assentiu e estendeu o braço livre, segurando o ombro do pai, assim como este estava fazendo consigo. 

 

— Pode deixar! 

 

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Anna 

 

A moça do tempo dizia que não, mas Anna tinha certeza que o inverno já tinha chegado. Era início de Novembro e ainda não tinha nevado, porém a loirinha sabia que não demoraria muito até que isso acontecesse. O vento estava cada vez mais frio e cortante. Não havia mais a opção "com ou sem casaco", essa vestimenta passou a ser parte essencial da roupa de qualquer um que não quisesse congelar nas ruas de Nova York. Sempre que saia de casa a menina estava de touca, luvas e cachecol, e aquilo a irritava um pouco, contudo, não havia muito o que fazer. 

 

Tinha muitos dias que não viam o refeitório externo ou brincavam no pátio. Lanchava todos os dias em um canto isolado da quadra, junto de Peter e Mike e esperava sua mãe dentro de sala, contando os minutos para ir embora. A neve tinha que chegar logo, porque todo aquele frio já estava lhe dando nos nervos. 

 

Uma das coisas que a consolava era que o Natal estava próximo e isso era sinônimo de árvores com pisca-piscas, presentes e uma visita de seus avós. 

 

— Vocês já sabem o que vão pedir de Natal? - perguntou Mike, lhes oferecendo um pacote de Oreo

 

Anna pegou um biscoito, vendo Peter já colocar o seu na boca. 

 

— Eu já sei! - disse o moreno menor, ainda de boca cheia. 

 

A menina fitou o melhor amigo, repreendendo-o com os olhos. Peter engoliu o doce e sorriu sem graça, coçando a nuca com uma das mãos. 

 

— Ehr... Eu vou pedir uma bicicleta pro meu pai e um jogo pro Papai Noel - contou o menino. 

 

Mike parou um biscoito no caminho da boca, franzindo as sobrancelhas. 

 

— Pensei que o Papai Noel só desse brinquedos - comentou ele. 

 

Peter balançou a cabeça e bateu as mãos uma na outra, livrando-se dos farelos presos a elas.

 

— O Papai Noel dá qualquer coisa - explicou o Jackson - Ano passado ele me deu meu PlayStation

 

Aquela afirmação tocou uma campainha na cabeça de Anna. Então ela podia pedir qualquer coisa, mesmo? O que ela quisesse estava valendo? Mas e se não fosse um jogo ou um brinquedo, também receberia? De acordo com Peter sim. Tudo estava dentro do alcance do Papai Noel. 

 

— Peter - ela se pronunciou pela primeira vez naquela conversa - E se nós pedíssemos para os nossos pais ficarem juntos? 

 

Os olhes verdes do moreninho a miraram com atenção. 

 

— Você acha que daria certo? 

 

— Não sei, mas não custa tentar - disse Anna - Talvez se a gente pedir pro Papai do Céu e pro Papai Noel, eles nos atendam. 

 

Peter ainda parecia em choque, até que um sorriso tomou seus lábios. 

 

— Nós vamos ser irmãos, Anna - ele disse com firmeza. 

 

A menina retribuiu o sorriso do amigo. Aquilo era o que ela mais queria. Mal podia esperar para poder morar junto com Peter. Poder chamar Percy de pai. Como seria ter um pai? Oh, ela queria muito descobrir e sabia que nunca se arrependeria de ter pedido um. 

 

— Mas como vocês vão mandar a carta pro Papai Noel sem que seus pais saibam? - indagou Mike, parecendo realmente interessado no plano dos amigos - São os meus pais que escrevem as minhas. 

 

Peter voltou a fita-la, pedindo uma resposta para o mais novo problema. Anna simplesmente sorriu e balançou uma das mãos, como se aquilo não fosse importante. 

 

— Não se preocupem - ela disse com um sorriso travesso nos lábios - Eu sei o que fazer. 

 


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Notas finais do capítulo

E então? O q acharam? As coisas estão andando, n eh? XD
Eu tenho q agradecer muito ao WriterBook e a Allie por terem recomendado! As recomendações de vcs são ainda mais importantes, pois são meus amigos e se gostaram aponto de recomendar, a fic realmente está boa!
Bem, pf, deixem coments com sua opiniões e impressões!!!
Bjs, até!
EuSemideus



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