Parents for our children escrita por EuSemideus


Capítulo 10
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Oi... Eu sumi, né? Foi mal, de verdade. Como eu já tinha dito, 2016 foi ano de vestibular para mim e eu queria medicina, então eu tive que estudar muito. Além disso tive alguns problemas com saúde de pessoas muito próximas (já passou, não se preocupem) e tudo isso fez com que eu não tivesse muita cabeça para escrever Parents for our children.
A notícia boa é que eu PASSEI! Sim, na primeira tentativa! Sou oficialmente uma caloura de medicina!!!!!
Prometo postar com mais frequência a partir de agora sim?
Perdão para todos que eu fiz esperar e obrigado pelos que continuaram aqui!
Agora, vamos ao capítulo!
Espero que gostem!



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Capítulo 9 

Percy 

Percy se recostou no banco de madeira, esticando as costas. Agradeceu a Deus internamente pelo vento frio, tão comum nos dias que tinham se passado, não estar soprando naquela manhã. 

Observou ao longe Peter acertar as costas de Anna com uma bola de neve, logo sendo perseguido pela menina, que também queria acerta-lo. Sorriu com cena. Era 24 de Dezembro, véspera de Natal. A neve já tinha tomado a cidade de Nova York por completo, o que causara muitos problemas de locomoção e até algumas quedas de luz, mas nada disso parecia ser notado pelas crianças. Aparentemente, tudo que elas viam, ali em pleno Central Park, era um gigantesco parque de diversões natural e branco. 

Sentiu Annabeth se encolher ao seu lado e desviou os olhos das crianças para ela. A loira estava agasalhada da cabeça aos pés. Casacos e calças grossas cobriam seu corpo, sem falar das luvas em suas mãos e do cachecol em seu pescoço. Seus cabelos loiros estavam parcialmente cobertos por uma touca e ela esfregava os dedos uns nos outros, na tentativa de aquecê-los ainda mais. 

O rapaz não pode evitar sorrir. Sabia que o inverno não seria fácil para as duas Chase, uma vez que vinham de San Francisco, que era significativamente mais quente que Nova York. Surpreendera-se ao ver com qual facilidade Anna se adaptara, parecendo tão a vontade em meio a neve quanto Peter. Porém o mesmo não acontecera com Annabeth. Ela parecia sentir mais frio a cada dia, sempre adicionando mais uma camada de roupa. Apesar de preocupante, aquilo não deixava de ser engraçado para Percy. 

Fitou-a por mais algum tempo e, em surto de coragem, passou um braço pelas costas da mulher ao seu lado, segurando em sua cintura. Olhou para frente ao sentir-la enrijecer, surpresa pelo ato. Aos poucos os músculos de Annabeth relaxaram e ela aconchegou-se contra seu corpo. 

Percy sorriu. Olhou-a e viu a mulher confortável em seu peito. Estava decidido a dizer o que sentia a ela, só estava esperando o momento certo. Tinha mais do que certeza que Annabeth não só era a mulher de sua vida, mas também a mãe de seus filhos, que brincavam tranquilamente pouco mais a frente. Mal podia esperar para ver aquela família, que ele já considerava como sua, oficialmente unida. 

Lembrou-se, subitamente, da mensagem que Peter mandara para o Papai Noel. Sorrira consigo mesmo. Aquilo só lhe dera mais certeza de sua decisão. 

Flashback on 

Percy fitou o filho adormecido em sua cama e suspirou. Quanto mais as festas se aproximavam, mais trabalho acumulava-se em sua mesa de escritório. Estava extremamente cansado e atolado. Não sabia o que teria feito se sua mãe não tivesse se disponibilizado para cuidar do menino e de Anna naqueles dias. 
 

Lembrou-se do que Annabeth dissera na porta da casa de sua mãe, sobre a "carta" para o Papai Noel de Peter estar em seu telefone. Ainda não entendia muito bem o que aquilo significava, mas decidira acreditar nela. 
 

Beijou os cabelos negros de seu filho e conferiu se ele estava corretamente coberto, antes de deixar o quarto em silêncio. Caminhou até a sala e sentou-se no sofá, pegando o telefone no bolso. Assim que acendeu a tela, deu de cara com Anna e Peter, fazendo carretas para a câmera. Sorriu involuntariamente. Nem mesmo conseguia descrever o tamanho do amor que sentia por aquelas crianças. Antes aquele sentimento pertencia única e exclusivamente ao menino, mas desde que a loirinha parecera em sua vida, este se estendera a ela também. Sentia-se responsável por ela como seu fosse seu pai, e realmente queria sê-lo. 

Desviou os pensamentos e destravou o aparelho, dessa vez prendendo seus olhos em seu plano de fundo, exibindo Annabeth adormecida, abraçada as duas crianças. Antes que divagasse novamente com aquela foto, que havia se tornado sua preferida, encostou na tela, abrindo sua caixa de mensagens. Surpreendeu-se ao notar que realmente havia uma mensagem endereçada ao contato "Papai Noel" e abriu-a de imediato, sem conseguir segurar a curiosidade. 

Um vídeo abriu e nele estava seu filho. 

"Anna, você ta filmando?" - ele perguntou olhando para trás da câmera. 

Percy pode ouvir um "sim", certamente dito pela menina, e viu o moreninho assentir e olhar para frente. Ele sorriu envergonhado e suas bochechas se avermelharam, fazendo a pai sorrir encantado. 

"Oi, Papai Noel" - começou o pequeno, ainda meio acanhado - "Meu nome é Peter Jackson, mas o senhor já deve saber né". 

Peter riu pelo nariz, parecendo ficar um pouco mais confortável. 

"Bem, como eu não sei escrever direito ainda, minha amiga Anna deu a ideia de fazermos um vídeo" - ele explicou - "Espero que isso dê certo..." 

O pequeno sussurrou a última parte, parecendo inseguro. 

"É claro que vai dar!" - a voz de Anna ecoou, parecendo brava - "Agora vai logo" 

Peter suspirou e assentiu, voltando a encarar a câmera. 

"Bem, eu ia pedir para o senhor um jogo chamado Lego Batman, mas aí eu tive outra ideia" - um pigarreio foi ouvido e Percy riu sabendo que este era de Anna - Ok, Anna teve uma ideia". 

O moreninho respirou fundo. 

"Eu queria muito que o senhor me desse uma mãe" 

Percy travou. Não sabia como reagir. Mal acreditava no que ouvira. A voz de seu filho saíra tranquila, ele não parecia triste, mas sim desejoso, e seus olhos demonstravam pura sinceridade. 

"Sabe, eu já falei com Papai do Céu sobre isso, mas achei melhor pedir pro senhor também" - ele começou a explicar a mexendo as mãos - "Não sei se o senhor pode fazer isso, mas achei que não custava tentar. Se o problema for achar uma mãe, não tem problema, eu já tenho a pessoa. O nome dela é Annabeth Chase, ela é a mãe dos meus sonhos e a filha dela é minha melhor amiga, nós seríamos bons irmãos". 

Peter parou por um momento e inclinou a cabeça, abaixando as mãos, de maneira a fazê-las sumir da imagem. 

"Sei que é difícil, mas peço que o senhor tente por favor. Tenho certeza que meu pai vai ficar feliz em tê-la como esposa. A gente só precisa de um beijo de amor verdadeiro, não é muito" - o menino continuou, parecendo suplicar - "Se o senhor não puder me dar os dois presentes, esqueça o jogo. Por favor, pense nisso com carinho Papai Noel" 

Peter olhou para frente novamente e sorriu. 

"Bem, é isso, espero que o senhor possa me ajudar" - ele terminou - " Tchau, Papai Noel". 

O vídeo terminou e a tela de seu telefone pausou no rosto sorridente de Peter. Lágrimas que nem notara a formação, começaram a escorrer por seu rosto, molhando suas bochechas. Sua mente estava em colapso. 

Peter estava pedindo por uma mãe. Mas não qualquer uma. Annabeth, ele queria Annabeth. O moreno riu entre o choro. Seu filho havia escolhido a mulher que ele desejava. Os dois queriam a mesma coisa. Se em algum momento chegara a pensar que o pequeno poderia ser um impedimento para aquela relação, todas as suas dúvidas haviam sido apagadas. 

Seus olhos se arregalaram quando percebeu que Anna também estava de acordo com aquilo. A pequena não só filmara tudo, como a ideia também fora dela. Lembrou-se do rosto corado de Annabeth ao contar-lhe sobre onde encontraria a carta de Peter. Seu coração falhou uma batida. Teria Anna pedido por ele? Assim como seu filho pedira por Annabeth, a pequena teria pedido para que ele fosse seu pai? 

Um sorriso cresceu em seu rosto. Segurou firme o telefone e o fitou decidido. A partir daquele momento, mais do que nunca, se esforçaria para realizar o pedido de seu filho.
 

Flashback off 

— Obrigada - disse Annabeth, tirando-o de suas lembranças. 

Percy sorriu e a fitou com carinho, apertando-a um pouco mais contra seu peito. Tinham um plano e precisava começar a coloca-lo em prática se quisesse que tudo ocorresse a tempo. 

— Seus pais vão chegar a tempo para passar o Natal, Annie? - ele perguntou. 

Annabeth levantou a cabeça para fita-lo, mas sem se afastar nem um centímetro de seu corpo, o que aqueceu seu coração. 

— Infelizmente não - ela disse parecendo um pouco decepcionada - O voo deles vai atrasar por conta das nevascas. Só vão chegar aqui na tarde do dia 25. 

Percy assentiu, mostrando que entendia, e acariciou de leve a cintura da loira. Chegou a duvidar que ela sentiria seu toque por estar coberta por todas aquelas camadas de roupa, mas soube que estava errado quando ouviu-a suspirar. 

— Por que não passa o Natal na minha casa? - perguntou ele distraidamente - Só vou na casa de meus pais no dia 25 para almoço, eu e Peter vamos ficar sozinhos essa noite. 

Annabeth franziu as sobrancelhas e mordeu o lábio inferior. Percy sorriu. Ela estava considerando. 

— Eu não quero atrapalhar, Percy - ela disse segundos depois. 

O rapaz ajeitou melhor seu corpo, abraçando-a com mais firmeza. 

— Se fosse atrapalhar, eu nem convidaria - respondeu ele, lembrando-se do que ela havia lhe dito quando convencera-o a dormir em seu apartamento pela primeira vez - Vai ser bom, Annie. Peter e Anna vão odorar e vamos ter companhia. É bem melhor passar a noite de natal com pessoas queridas do que sozinha. 

Annabeth ainda parecia pensativa. 

— Eu tenho um ótimo sofá cama. 

A mulher soltou uma gostosa gargalhada e assentiu. Percy não pode evitar sorrir. O sorriso de Annabeth já era extremamente belo, acompanhado de sua risada então...

A loira logo voltou a olhar para frente, recostando a cabeça em seu peito. 

— É, eu acho que é uma boa ideia - ela disse sem voltar a fita-lo. 

Percy sorriu um pouco mais e também voltou seu olhar para frente, observando as crianças. Agora só precisava criar coragem para colocar a segunda parte do plano em prática. 

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Peter 

Peter correu com certa dificuldade pela neve. A bola de neve em sua mão esfriava-a um pouco, mesmo que estivesse usando luvas. O pequeno fitou o pontinho rosa correndo mais a sua frente e atirou. 

A bola de neve passou de raspão na cabeça da menina, fazendo-a olhar para trás e mostrar a língua, implicando com ele pelo erro. Peter bufou, mas logo desatou a correr quando notou que agora era Anna quem o perseguia, pronta para acerta-lo. 

Correu alguns metros, até que algo com que não contava aconteceu. Pisou em um monte de deve que não vira no caminho. Seu pé afundou e o menino perdeu o equilíbrio, caindo de cara na neve fofa. Ouviu uma risada atrás de si e sentiu algo acertar suas costas. Bufou novamente ainda deitado. Havia perdido mais uma vez. 

Virou-se e se sentou. Anna, ainda bastante risonha, lhe estendeu a mão e o ajudou a levantar. 

— Você está bem? - ela perguntou sorrindo, claramente ainda achando graça de sua queda. 

— Estou - ele respondeu limpando suas roupas - É melhor você começar a correr. Eu posso ter perdido essa partida, mas com certeza vou ganhar a próxima.

Anna arregalou os olhos e saiu em disparada. Peter sorriu. Abaixou-se e pegou um pouco de neve, moldando uma bola com as mãos. Desatou a correr atrás da amiga. Por ser mais rápido, logo conseguiu se aproximar o bastante para arremessar, e foi isso que fez. 
Assim que a bola se espatifou ele se indagou por que as coisas sempre davam errado para ele. 

Dessa vez ele tinha acertado, mas não Anna, e sim uma senhora que passava por ali. A loirinha o fitava atrás da mulher completamente apavorada e ele já podia ouvir a bronca de seu pai em seus ouvidos. 

Correu em direção a mulher de cabelos brancos e ao parar a frente dela, notou Anna ao seu lado. 

— Desculpa, senhora. Eu não queria te acertar - ele disse um pouco assustado - Desculpa, foi sem querer. 

— Foi mesmo - confirmou Anna - Ele queria acertar em mim. Estávamos brincando de guerra. Não vimos a senhora. Por favor, nos desculpe. 

A mulher sorriu. 

— Não se preocupem, sei que não foi por querer - ela contou, fazendo com que as duas crianças suspirassem em alívio - Estão mais do que desculpados. 

Antes que Peter pudesse agradecer, sentiu uma mão em seu ombro. Olhou para cima e encontrou seu pai. Ele segurava o ombro de Anna com a outra mão e mantinha-os perto de si. 

— Mil desculpas pelas crianças - ele pediu para a senhora - Eles não fizeram por mal. A senhora se machucou? 

Novamente a velhinha sorriu. Peter teve vontade de abraça-la. Ela parecia tão amável. Seu coração pesou e sentiu-se culpado por tê-la acertado, mesmo que sem querer.

— Não se preocupe, eles já se desculparam - ela garantiu. 

— É verdade, papai - Peter apressou-se em confirmar. 

Seu pai fitou-o por um momento e voltou a olhar para a mulher. 

— Não brigue muito com eles, sim filho? - a mulher pediu, tocando o ombro de seu pai - Seus filhos estavam brincando e não me viram, além do mais foram extremamente educados ao se desculparem com tanto fervor. 

Peter fitava o pai fixamente, esperando uma reação. Esperava que ele fosse negar que Anna fosse sua filha, mas tudo que o mais velho fez foi sorrir. 

— Sei disso - ele respondeu - Eles só precisam ser mais atentos. Nem todas as pessoas do parque querem brincar de guerra de bola de neve. 

O moreninho sentiu suas bochechas esquentarem e olhou para o chão, um pouco envergonhado. 

— Obrigada pela compreensão - ouviu seu pai dizer. 

Só voltou a levantar a cabeça quando estava andando de mãos dadas com o pai, indo em direção a Annabeth. Viu Anna segurando a outra mão e trocou um olhar com ela, que simplesmente sorriu. Fitou seu pai, perguntando-se por que ele deixara aquela mulher pensar que Anna era sua irmã. Algo se acendeu em sua cabeça. O pequeno arregalou os olhos. Será que seu pedido de Natal estava sendo realizado? Ainda não tinha certeza de nada, mas esperava sinceramente que a resposta fosse sim. 

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Annabeth

Annabeth ajeitou o cobertor sobre sua filha e conferiu se Peter também estava devidamente aquecido. O quarto estava escuro e somente os adesivos fluorescentes iluminavam o ambiente, mas aquilo não impedia a loira de ver as duas crianças com perfeição. 

Ambos usavam pijamas quentes e estavam protegidos por grossas cobertas. Assim como Anna, Peter também possuía uma bicama, dessa maneira ele ocupava a cama de cima e a menina a de baixo. A loirinha tinha os cabelos presos em duas tranças, que estavam caídas ao lado de seu rosto e olhava para cima, encarando a mãe diretamente. Já o menino estava de lado na cama, olhando Annabeth. Seus fios negros estavam completamente fora de ordem, como de costume. As duas crianças sorriam ansiosas. 

— A gente não pode mesmo esperar até meia-noite, mamãe? - pediu Anna pela quinta vez naquela noite. 

Depois que Annabeth aceitara passar a noite de Natal com Peter e Percy, ela fora até seu apartamento e pegara uma muda de roupa para si mesma e para a filha. Quando chegara a casa do moreno, passava pouco das cinco da tarde. Haviam montado a árvore de Natal e tido uma ceia simples, baseada em um peru assado e arroz colorido. Não tinha motivo para mais comida uma vez que a verdadeira refeição tradicional seria na casa dos Jackson no dia seguinte. 

Não fora fácil convencer os pequenos de que já estava na hora de ir dormir. Eles estavam elétricos, não só por estarem juntos, mas também pela perspectiva de ganharem presentes do dia seguinte. 

— É tia Annie - Peter reforçou o pedido de Anna - Eu quero muito ver o Papai Noel. 

Annabeth suspirou e levou uma das mãos aos cabelos do menino, acariciando-os. Metade da energia do pequeno pareceu abandona-lo depois daquele ato. A mulher precisou segurar o riso.  

— Se vocês estiverem acordados meia-noite, o Papai Noel não vai vir aqui - disse a loira mais velha - Ninguém pode vê-lo. Então se alguém tentar, ele não aparece na casa da pessoa. Vocês querem ficar sem seus presentes? 

Os dois arregalaram os olhos com a descoberta e balançaram a cabeça freneticamente. Annabeth sorriu e dirigiu a mão livre ao rosto de sua filha. Primeiro ajeitou algumas mexas rebeldes de seus cabelos, então acariciou suas bochechas e por fim o nariz. 

— Então tratem de dormir - ela disse deixando um beijo na testa de Anna e em seguida na de Peter - Boa noite, meus amores. 

Os pequenos sussurraram um "Boa noite" em resposta e Annabeth se deu por satisfeita. Virou-se e caminhou para fora do quarto com cuidado, fechando a porta atrás de si. Andou com calma até a sala e logo encontrou Percy. Ele estava sentado no tapete, com as costas apoiadas no sofá e parecia um tanto atrapalhado com o papel de presente em sua mão. A loira segurou o riso e sentou ao lado do rapaz. 

— Quer uma ajuda? - ela perguntou. 

Percy a fitou e sorriu sem graça. 

— A loja não embrulhava para presente e eu acabei deixando para a última hora - explicou o rapaz com uma das mãos atrás da cabeça. 

Dessa vez Annabeth deixou o riso sair e pegou o papel de presente e a caixinha das mãos do rapaz. Ela fitou a embalagem de plástico com atenção e notou que era um jogo. Peter devia realmente gostar de video-games. A mulher rapidamente embrulhou o presente, prendendo as dobras com fita adesiva e amarrando uma fita vermelha, dando um grande laço. 

— Obrigado - disse Percy pegando o presente já pronto e o colocando debaixo da árvore a sua frente. 

Annabeth fitou com orgulho o pacote e sorriu. 

— Não foi nada - a loira garantiu. 

Recostou-se novamente no sofá e observou a árvore. Ao lado dela estavam duas bicicletas, ambas com uma fita vermelha amarrada ao quadro. Annabeth desconfiava que as crianças haviam feito um acordo sobre aquilo, mas de qualquer maneira eram bons presentes para se ganhar dos pais. Além do recente embrulho, outra caixa jazia debaixo da árvore. Era o presente do Papai Noel de sua filha, um pelúcia do Olaf. Como a pequena não pedira nada, a loira mais velha acabara comprando algo que ela sabia que a filha gostaria. Porém tinha certeza de que o que Anna realmente queria não estava debaixo daquela árvore. 

Flashback on 

Annabeth jogou-se no sofá de sua sala e fechou os olhos por um momento. Sua mente se esvaziou por alguns segundos. Uma sensação de paz tomou seu corpo e ela respirou fundo, finalmente sentindo-se relaxada depois de um dia cheio. 

Porém toda aquela tranquilidade não durou muito. Logo olhos verdes marcantes invadiram seus pensamentos. Antes que pudesse impedir, o sorriso de Percy tomava todo o espaço de sua mente, fazendo-a sorrir por consequência e suspirar. 

Talvez sua mãe estivesse certa. Talvez estivesse... Talvez estivesse realmente apaixonada por Percy. Mal podia acreditar que aquilo realmente estava acontecendo, mas só de pensar em perdê-lo para outra pessoa, como sua mãe dissera, tinha certeza de que estava certa. 

Quase agradeceu quando seu telefone apitou, tirando-a daqueles pensamentos. Desbloqueou o aparelho e abriu sua caixa de mensagens. Havia sido somente uma mensagem da operadora e Annabeth não teria ficado nem mais cinco segundos por lá se algo não tivesse chamado sua atenção. Entre seus recentes envios estava um destinado a "Papai Noel". A loira franziu as sobrancelhas e resolveu abrir a conversa. Ficou ainda mais surpresa ao notar que se tratava de um vídeo e imediatamente reproduziu-o. 

O rosto de Peter surgiu na tela. Ele olhava para baixo e parecia um tanto confuso. 

"Você está me filmando, Pete?" - perguntou a voz de Anna. O menino olhou para cima, provavelmente para o rosto da loirinha. "Não sei" - ele admitiu. Foi então que o rosto de sua filha finalmente apareceu. Ela fitou tela por um momento e então arregalou os olhos. "Peter! Você não virou a câmera!" - ela exclamou e em seguida a câmera foi invertida, passando a filmar a cama. 

Annabeth soltou uma risada ao ouvir o "Desculpa" de Peter e segundos depois Anna aparecia novamente na tela, dessa vez sentada em sua cama. 

"Oi, Papai Noel" - ela disse acenado adoravelmente para a câmera - "Meu nome é Anna Chase". A pequena sorriu e colocou uma mecha loira atrás da orelha. "Desculpa enviar minha carta desse jeito" - ela disse um pouco envergonhada - "É que minha mãe não podia saber e eu não sei escrever direito". 

Aquela frase fez todo corpo de Annabeth entrar em estado de alerta. O que sua filha de cinco anos poderia querer falar com o Papai Noel que ela não poderia saber?! 

"O meu pedido não é algo comum, mas eu espero que o senhor possa me ajudar" - começou Anna, passando a fitar com firmeza a câmera - "Já falei com papai do céu sobre isso também". A pequena respirou bem fundo e voltou a encarrar a câmera. 

"Nesse Natal o que eu quero de presente é um pai" - disse a menina sem hesitar. 

Por um momento Annabeth pensou que seus ouvidos a estavam enganando, ou então que estava enlouquecendo. Definitivamente não esperava por tamanha surpresa. O que mais impressionava a mulher era que sua filha não parecia triste, mas sim calma e determinada, como se estivesse em uma importante negociação. 

"Mas, sabe, eu não estou pedindo que o senhor traga o meu pai de volta ou algo assim" - continuou a pequena, fazendo com que a atenção da mais velha retornasse para ela - "Eu sei quem eu quero como pai e ele não está no céu ou longe de mim. O nome dele é Percy Jackson". 

Percy Jackson. Aquele nome ecoou pela mente de Annabeth mais uma vez naquele dia. Sua pequena, sua Anna, havia acabado de pedir de natal que ele fosse seu pai. Dentre todas as pessoas que ela conhecera ao longo de sua curta vida e do pai que nunca sequer vira, ela escolhera Percy. O coração da mulher falhou uma batida e então ela sentiu seus olhos encherem-se de lágrimas. Até sua filha já havia notado que eles eram uma família. 

O semblante de Anna suavizou e ela sorriu animada. 

"Eu e meu melhor amigo Peter, o filho dele, tivemos essa ideia juntos. Nós iríamos amar ser irmãos e eu tenho certeza minha mãe gosta muito do tio Percy".

Só depois daquela frase algo ocorreu a Annabeth. Peter estava de acordo com tudo aquilo. Ele também queria que ela e seu pai ficassem juntos. Ele queria... Ele queria que ela fosse sua mãe. As lágrimas começaram a cair sem controle e loira riu entre o choro, completamente emocionada. 

"Eu sei que parece muito, mas eu peço por favor que o senhor nos ajude Papai Noel" - disse Anna, parecendo mais séria "Tudo que nós precisamos é de um beijo de amor verdadeiro, nos ajude se puder". 

A pequena estão respirou fundo e novamente colocou um sorriso no rosto. 

"Obrigada, Papai Noel" ela falou e então acenou "Tchau!" 

Flashback off

Depois daquilo Annabeth havia tomado coragem para mudar o rumo de sua vida. De nada adiantava negar o que sentia ou o que realmente queria. Aquela família estava ali, pedindo para ser formada, e não seria a teimosia dela que impediria. Ainda não sabia exatamente como, mas diria a Percy como se sentia. 

Não faria aquilo somente por Anna e Peter, mas também por ela mesma. Estava cansada de ficar sozinha e não mais precisava viver assim. Percy era o homem de seus sonhos, não o deixaria escapar. 

Seus pensamentos foram interrompidos bruscamente quando sentiu uma mão segurar a sua. Seu coração disparou ao sentir o calor que ela emitia e como cobria a sua. Annabeth fixou seus olhos na árvore de Natal a sua frente, mas não a observava. Seu cérebro estava completamente ocupado com a tarefa de não enlouquecer completamente. Pode sentir os dedos de Percy passarem por sua palma e brincarem com os seus, entralaçando-os. A loira retribuiu o gesto de imediato e logo sentiu o dedão do rapaz acariciar as costas de sua mão. 

— Sabe Annie, depois que Peter nasceu, eu entendi que mesmo com a morte de Rachel, eu não estava sozinho - ele começou, sem cessar seus carinhos - Eu compreendi que todas as decisões que eu tomasse não podiam ser boas somente para mim, mas para ele também. Desde as mais importantes às menos significantes. 

Annabeth voltou-se para o rapaz, notando que ele ainda olhava para frente. Entendia o que ele dizia, afinal, por conta de Anna, sua vida também era assim, mas não tinha ideia de onde ele queria chegar com tudo aquilo. 

— Foi então que eu entendi que se quisesse me relacionar com alguém, essa pessoa precisaria amar não só a mim, mas a Peter também - continuou o moreno, levando suas mãos entrelaçadas para seu colo e pousando-as ali - Eu não podia me limitar a encontrar uma namorada ou uma esposa, mas também alguém disposta a ser mãe de um menino que não gerara. Isso parecia tão difícil que eu decidi não me envolver com ninguém até Peter ser grande o suficiente para não ser afetado. 

O coração de Annabeth parecia prestes a sair pela boca. O rumo que aquela conversa estava tomando deixava-a nervosa. Percy virou-se para ela e a mulher pode ver seus olhos verdes e um pequeno sorriso em seus lábios. Todo corpo da loira arrepiou. O que raios estava acontecendo?! 

— Você estragou os meus planos - ele disse olhando-a nos olhos, para então abaixa-los e fitar suas mãos unidas, abrindo um pouco mais o sorriso - Eu já gostava de você mesmo antes de te conhecer, somente pelo que Peter falava. Quando te encontrei pela primeira vez achei que estava tendo uma visão. Você era dez vezes melhor do que eu havia imaginado. Acho que nunca tinha visto uma mulher tão bonita antes. 

Annabeth sentiu seu rosto esquentar e agradeceu por Percy ainda observar suas mãos, passando a brincar com seus dedos. Mal acreditava no que estava ouvindo. Ele estava realmente se declarando? 

— Eu ainda estava decidido a não ter nada, mas algo me fez te manter por perto. E quanto mais eu te conhecia, mas eu a queria em minha vida - Percy riu pelo nariz e finalmente levantou os olhos, voltando a fita-la. Annabeth notou que as bochechas dele também estavam um pouco coradas e sentiu-se melhor por saber que não era a única envergonhada - Quando me dei conta, você já era parte essencial do meu dia a dia. Eu já não conseguia me imaginar sem você. Isso sem nem falar de Anna, que passou a ocupar em meu coração um lugar bem ao lado de Peter. 

O moreno sorriu para ela e afastou de seu rosto um mecha que caia, levando então a mão a sua bochecha e acariciando-a. 

— Eu me apaixonei por você, Annabeth, de uma maneira que nunca tinha acontecido antes - ele disse com seus rostos bem próximos, fazendo com que a respiração da loira falhasse - Eu estava com medo de te dizer isso. Arrumei diversas desculpas para mim mesmo e sempre acreditava que não era a hora certa. Então eu vi a mensagem para o Papai Noel que Peter e Anna gravaram. Só depois de ver meu filho pedindo você de presente eu decidi que daria um basta nisso. 

Lágrimas que Annabeth nem sentira se formarem começaram a cair. Percy retribuía seus sentimentos. Além de que, como desconfiava, Peter havia pedido por ela, assim como Anna pedira pelo rapaz. Apesar de já ter suposto aquilo, saber que realmente acontecera a deixava em êxtase. Amava aquele menino como se fosse seu filho e saber que ele sentia o mesmo era maravilhoso. 

— Não só pelas crianças, mas também por nós, peço uma chance - ele disse aparando suas lágrimas - De-me uma chance de mostrar que posso ser o pai de Anna e o homem certo para você. Permita-nos tentar fazer isso dar certo. 

Annabeth olhava-o nos olhos e sentia as lágrimas caírem. Depois que descobrira estar grávida de Anna, não acreditava que ouviria uma declaração outra vez em sua vida. Mas lá estava ela, ouvindo o homem por quem era apaixonada dizer que sentia o mesmo, que queria ser o pai de sua filha. Não conseguia responder, então somente sorriu. Em um ato de coragem, quebrou os poucos centímetros que os separavam e colou seus lábios. 

Chegou a acreditar que não passaria de um selinho, mas Percy logo aprofundou o beijo, soltando sua mão e abraçando sua cintura, trazendo-a para mais perto de si. Annabeth levou uma das mãos aos cabelos do rapaz, acariciando-os, enquanto a outra jazia pousada em seu peito. 

Sentia-se plena naquela momento. Nada mais importava. O mundo simplesmente parecia ter parado para esperar que eles se beijassem e compartilhassem todo amor e carinho que sentiam um pelo outro. Annabeth não sentia-se tão feliz em muito tempo. Tinha vontade de gargalhar, mas controlou-se, pois não queria atrapalhar aquele momento por nada.

Podia sentir a mão dele em sua cintura, apertando-a e colando ainda mais seus corpos e os dedos deles em sua bochechas, acariciando-as levemente. Seus dedos estavam enroscados nos cabelos negros de Percy e com a outra mão podia sentir os batimentos dele tão acelerados quando os dela. 

Percy afastou-se com pequenos selinhos e colou suas testas. Annabeth sorriu e abriu os olhos, encontrando as íris verde-mar que tanto a deixavam perdida. Em um impulso deixou outro selinho em seus lábios e viu o moreno sorrir. 

— Acho que podemos tentar - ela disse sorrindo, para logo depois sentir novamente os lábios do rapaz contra os seus. 

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Anna 

— Tem certeza que é um boa ideia? - perguntou Peter. 

Anna revirou os olhos. 

— Você não está curioso? - ela perguntou, virando-se para encarar o amigo. 

Peter suspirou e assentiu 

A pequena Chase era curiosa demais para se segurar até a manhã seguinte. Nem mesmo conseguira dormir de tão ansiosa que estava. Precisa conferir se seu presente, fora entregue. Era por esse motivo que os dois pequenos estavam caminhando na ponta dos pés até a sala. 

— Então fique quieto e vamos - ela apressou-o - Eles não podem nos ouvir! 
Peter gemeu frustrado. 

— Eu estou com sono - ele reclamou - Seria mais seguro se esperássemos até amanhã. 

Anna virou-se para o amigo e franziu as sobrancelhas. Desde que acordara o moreninho, que já estava em sono profundo, para irem juntos tirar a prova real de seus pedidos arriscados, Peter parecia hesitante. Ele tentara convencê-la a voltar a dormir pelo menos dez vezes antes de desistir e acompanha-la em sua pequena jornada secreta, além de que a cada dois paços que davam questionava o plano da loirinha. 

— Você está com medo? 

Quando Peter abaixou os olhos e bagunçou os cabelos, Anna soube que estava certa. Ela não entendia. Ele era o garoto que a tinha salvado do ex-valentão da escola. Era seu amigo protetor, seu futuro irmão. Não deveria ele ser o corajoso? 

— Do que você está com medo? - ela indagou sinceramente curiosa para saber o que o afligia. 

Peter desviou os olhos e colocou a mão na nuca. 

— Não é medo - ele explicou - Só estou preocupado de o Papai Noel estar um pouco atrasado e acabarmos encontrando com ele. Só passaram cinco minutos da meia-noite. 

Anna sorriu. 

— Papai Noel não se atrasa, não de preocupe - ela garantiu, segurando o amigo pelo braço - Se esse é o problema, não tem problema nenhum. 

A menina puxou o amigo e abriu ainda mais o sorriso quando notou que ele tinha se deixado levar por ela. Logo já estavam a porta da sala. O coração de Anna estava a mil. Ela se virou para Peter e colocou o indicador em cima da boca, pedindo que fosse silencioso. O menino assentiu e retribuiu o gesto, mostrando que entendera. 

Quando os dois se inclinaram no batente, a primeira coisa que Anna viu foram as bicicletas. Sorriu involuntariamente. Ela e Peter haviam combinado de pedi-las de Natal a seus pais para que pudessem pedalar pelo Central Park quando a primavera chegasse. Outra coisa que lhe chamou a atenção foi o fato de que haviam dois embrulhos de baixo na árvore de Natal. Papai Noel tinha lhe deixado um presente mesmo sem ter pedido nada? Ou será que ele dera aquele pois não poderia realizar seu verdadeiro desejo? 

Um medo tomou o corpo da menina, que olhou em volta com rapidez e prendeu seus olhos em algo. Sua mãe e tio Percy estavam sentados no carpete com as costas apoiadas no sofá. Podia ver uma das mãos de sua mãe nos cabelos do pai de Peter e que este a abraçava. Seus rostos estavam muito próximos. A pequena esticou-se um pouco mais e arregalou os olhos. Eles estavam se beijando! 

Anna rapidamente puxou Peter e lhe apontou a cena. O garoto observou por um momento e então ficou estático. A loirinha sorriu dando um soco no ar e então juntou as mãos e fechou os olhos. 

— Papai do Céu, Papai Noel, muito obrigada! Vocês são demais! - ela agradeceu num sussurro tão baixo que nem mesmo Peter provavelmente ouvira. 

Quando voltou a abrir os olhos, seu amigo a fitava animado e com um belo sorriso nos lábios. Anna sorriu para ele e levantou uma das mãos, logo sentindo a dele chocar-se a sua em um Hi-5. Finalmente as coisas estavam dando certo. 


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Notas finais do capítulo

Bem, é isso! Espero que esteja a altura de suas expectativas, porque eu estou um pouco preocupada, já que é um cap divisor de águas...
Desculpe-me novamente e muito obrigada a todos que me mandaram mensagens de suporte e incentivo! Eu acho que li todas!
Por favor digam o que acharam! Eu preciso saber!
Bjs, até!
EuSemideus

PS: Para as ARMYS de plantão, eu escrevi uma fic de BTS nesse meio tempo de presente para minha dongsaeng, o nome é A Vida Como Ela É. É do Jin, se puderem ir dar uma olhada eu agradeceria muito!