Uma Semideusa Inadequada escrita por Geek Apaixonada


Capítulo 19
Amor


Notas iniciais do capítulo

Quero dedicar esse capítulo a AmandaMaria, Mih, ChocolateLOVE, Jujuba sem Mel e Annabeth Chase Jackson.
Sério pessoal, os comentários de vocês tem me incentivado muito. Obrigada ♥



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☼  ❅

— Isso não faz nenhum sentido – Juliet abriu a mochila e pegou um pergaminho de lá. – O nome de Hades não está na lista de Hera, e além do mais, a profecia diz claramente que iremos resgatar os pomos pelas mãos de uma amante vingativa. Que eu saiba, Hades não é nenhuma amante de Zeus.

Assim que ela terminou de falar, ouvimos um trovão e ela pulou de susto. Trent fuzilou-a com o olhar e balançou a cabeça num gesto reprovador.

— Quando é que você vai aprender? – disse ele. – Primeiro o celular e depois fica falando o nome dos deuses em vão!

Juliet tirou os olhos do céu e encarou Trent, irritada. Os dois ficaram se fuzilando com o olhar.

— Gente – falei, interrompendo aquela coisa patética. – Temos que decidir. Não podemos ficar nesse lugar.

Estávamos nas sombras da Valencia Boulevard, olhando para letras douradas gravadas no mármore negro: ESTÚDIOS DE GRAVAÇÃO M.A.C.

Embaixo, impresso nas portas de vidro: PROIBIDA A ENTRADA DE ADVOGADOS, VAGABUNDOS E VIVENTES.

— Vamos embora – decidi, já que eles continuaram a se encarar. – Temos que pensar e decidir qual será o nosso próximo passo. Não podemos simplesmente acreditar no que a Deusa da Discórdia disse e ir tirar satisfações com o Senhor dos Mortos.

Eles ainda estavam irritados, mas viram que eu tinha razão. Saímos a passos apressados e caminhamos até pararmos para comer, já bem longe.

Terminei o meu hambúrguer rapidamente e comecei a sentir saudades de Apolo. Tentei imaginar o que ele estava fazendo nesse exato momento, mas não consegui. Mesmo tendo estado com ele na noite passada, não conseguia imaginar seu rosto. Gostaria de poder voltar no tempo até as horas em que estávamos deitados na cobertura daquele hotel.

Distraída, comecei a brincar com o pingente do colar entre os dedos.

— Presente do namorado?

Pisquei, despertando de meus devaneios, e encarei Trent. Meu coração estava acelerado. E se... E se Juliet contou pra ele?

— Seu namorado, filho de Apolo.

— Ah...

Relaxei os ombros, lembrando-me de quando o filho de Ares e eu nos conhecemos. Eu havia contado que meu namorado tinha sangue de Apolo, e o deixei interpretar como bem entendesse.

— Sim, foi ele que me deu. – falei. – Um presente.

— Bonito. – Trent examinou o colar com os olhos. – Tem algum poder mágico?

Franzi a testa. Sim, tinha algum poder mágico, alguma utilidade, mas eu não conseguia me lembrar qual. O que Apolo havia dito mesmo?

— Não sei...

— Posso examinar pra você? Talvez eu...

— Não. — disparei, vendo Juliet me lançar um olhar de alerta. – Quer dizer, não por que, ele pode te queimar vivo se você tocá-lo! Aparentemente, só eu estou protegida dos poderes obscuros que esse colar possui!

Ele arqueou uma sobrancelha. – OK, era só dizer que não queria...

Suspirei e voltei à atenção para o meu prato já vazio.

— Temos que procurar um lugar pra dormir. – falei. – Vai dar dez horas.

Girei o pingente entre os dedos e juro, ele brilhou! O escondi rapidamente dentro da camisa antes que alguém notasse a aureola amarela em torno dele.

— Não se preocupem – falou Juliet. – Temos a minha casa.

 

Dois meses atrás

— E aquela é a constelação de Órion – falou Apolo, apontando para o céu.

Eram noves horas da noite e nós estávamos deitados com apenas uma toalha nos separando da grama, no Central Park. É claro, fazia um frio desgraçado e todas as pessoas que vimos pelo trajeto até aqui estavam bem agasalhadas, mas Apolo afastava o frio. Quem passasse perto dele, sentia-se numa sala com aquecedores ligados. Nossa combinação deveria ser incompatível, pois somos frio e calor, inverno e verão.

Ergui uma mão e fiz um floco de neve se formar no ar, mas ele logo derreteu.

— Você parece triste. – disse Apolo.

— Estou com saudades do Acampamento.

Ele ficou em silêncio por uns instantes, depois tornou a falar.

— Como pode querer estar em outro lugar quando está comigo?

Inspirei profundamente, revirando os olhos. - Não começa, Apolo.

— Por que não? Olha, você é rica, seu descente divino não te ignora como os outros deuses fazem com seus filhos, e seu namorado é o grande deus Apolo, mas ainda assim você não se dá por satisfeita. O que te falta?!

Suspirei, passando as mãos pelo rosto.

— É exatamente por essas coisas! Apolo, eu só tenho você. Mais nada. Entende isso?!

Ele franziu a testa. – Não.

Praguejei em grego antigo e virei meu corpo de lado, ficando de costas pra ele. Ficamos em silêncio por... um minuto.

— Eu não consigo ler você. – disse ele. – Sendo um deus, faz parte das minhas habilidades. Posso ler qualquer mortal, menos você.

Isso me despertou um pouco. Fiquei curiosa.

— Sério?

— Sim... – ele hesitou. – Sinto frio quando tento fazer isso.

Não entendi muito bem, mas acabei rindo. Apolo, porém, permaneceu sério.

— Não estou brincando. É como se houvesse uma muralha de gelo te escondendo. Não consigo entrar.

Fiquei em silêncio. O que você responde ao seu namorado quando ele fala que tem uma muralha de gelo cercando seu cérebro?

Me virei de volta para ele e deitei a cabeça sob seu peito.

— Me sinto desconfortável vendo meu amor triste. – disse ele, acariciando meu cabelo. – Será que dá pra você ficar feliz?

Revirei os olhos, irritada.

— Não. Sinto muito, mas não dá.

— Como não? Você deveria ficar feliz pelo simples fato de eu te amar.  – de repente, ele tirou minha cabeça de cima dele e se afastou, sentando-se. – Aliás, você nunca disse que ama. Talvez não ame mesmo.

Me sentei também, irritada.

— Claro que eu te amo, seu imbecil. Como você pode dizer uma coisa dessas?!

— Você nunca disse eu te amo pra mim!

Foram poucas às vezes em que eu vira Apolo irritado. Sempre que isso acontecia, ele sumia no ar e me deixava sozinha. Não queria que isso acontecesse agora. E se um monstro me atacasse no caminho pro internato? Eu não estava com nenhuma arma aqui!

— Eu amo você.

A expressão dele suavizou um pouco. Me aproximei e, olhando em seus olhos azuis, levei a mão ao seu rosto e acariciei sua face, percorrendo com os dedos suas bochechas, seu queixo, seus lábios...

— Quando eu disse que te amava, você me perguntou o por que e me fez ficar falando as coisas que eu gosto em você.

— Ah, e deixa eu adivinhar: você quer que eu faça a mesma coisa agora?

— Exatamente.

— Muito bem. – respirei fundo. – Vou dizer sete coisas que eu amo em você, tá bom?

— Meu número da sorte, perfeito! – ele sorriu, empolgado. – Comece, por favor.

Fingi pensar por um momento.

— Não vou mentir, eu amo a sua aparência. Você tem estilo.

— Nada que eu já não saiba... – um sorriso metido se espalhou por seu rosto. – Faltam seis coisas.

Fingi pensar novamente.

— Amo seu gosto musical.

— Infelizmente não posso dizer o mesmo sobre o seu. – ele disse sério. – Mas continue.

Isso me arrancou um sorriso, e ele colocou o dedo sobre a covinha em minha bochecha.

— Eu amo... – afastei seu dedo com a mão. – Seu jeito carinhoso. Quer dizer, você é carinhoso na medida certa. Sabe me dar espaço e sabe quando preciso do seu conforto.

 Conforto? — ele apertou os olhos. – Está ficando bom, mas você precisa melhorar essas expressões que você usa. Querida, você pode fazer melhor do que isso!

Semicerrei os olhos, irritada, mas obedeci.

— Você sempre me anima. – falei. – Eu posso estar triste ou entediada, mas você sempre sabe me deixar alegre.

— Isso era pra ser sobre mim, não você. – ele arqueia uma sobrancelha, cheio de indignação. – Mas obrigada mesmo assim!

Inspirei profundamente e me contive para não revirar os olhos.

— Você me faz rir. – falei. – É engraçado e tem senso de humor.

Ele sorriu satisfeito. – Está melhorando... Continue!

— Eu amo... – hesitei. – OK, vou me arrepender muito disso depois, mas eu amo suas poesias ruins.

Um sorriso gigantesco se espalhou pelo rosto de Apolo e ele riu.

— Eu sabia! — murmurou vitorioso, para logo voltar à pose de egocêntrico. – Não precisa se sentir envergonhada, isso é normal. Todas amam! E...

— Sétima coisa — cortei, antes que ele continuasse a se gabar. – Eu amo quando você canta pra mim.

O sorriso de Apolo se tornou metido e antes que ele fizesse algum comentário narcisista, me inclinei e beijei-o. Quando me afastei, disse depressa antes que ele começasse a falar:

— Quero que cante agora.

Os olhos dele brilharam, cheios de inspiração, e ele se inclinou sobre mim.

— Vou fazer uma composição nova inteiramente dedicada a você. E é claro, a mim.

Ignorei a última parte e sorri animada. Ele fez uma pausa, inspirando profundamente, e então começou a cantar.

 


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Notas finais do capítulo

Por que Éris mandou os três logo para o Hades? Será que foi ele que roubou os pomos? Digam nos comentários! E também digam o que acharam do capítulo!



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