P.D.V. NIKITA

Eu tinha acabado de chegar em frente a uma casa muito grande no meio da floresta. Era realmente enorme. Não pude evitar olhar cada detalhe, as portas de vidro, e as grandes janelas no segundo andar.

— Eles são lobos de guarda? — Perguntei na tentativa de puxar assunto, não queria ser pega paquerando a grande casa. Estranhamente eles estavam calados demais, e estranhamente eu não sentia medo deles. O rapaz riu e ela me olhou um tanto indignada.

— Não. Não são. — Isabella respondeu grossa. E eu revirei os olhos. Olhei de novo para a floresta. Esperava que fossem amigos o suficiente para que eles não viessem aqui me atacar.

— Não virão, não se preocupe. — Edward falou e bufei irritada, porque ele respondia minhas perguntas sem eu se quer verbalizá-las? — Leio mentes. — Disse ele explicando algo que seria óbvio.

A sombra esquisita e pequena rondava em volta dele, rondava também na garota. Então o dom dele era ler mentes, e qual seria o dela? A sombra em volta de Bella era mais escura que o normal, devia ser algo forte.

— Vocês usam lentes? — Perguntei novamente assim que Edward abriu a porta principal. Só queria fingir que não estava prestando atenção no local, a sala era perfeita. A casa era maravilhosa, com uma decoração chique demais para mim, os móveis eram claros, e haviam pinturas penduradas na parede, e um grande vaso com flores vivas ao canto da sala.

— Não.

— Então como não são vermelhos? — Evitei encostar em qualquer objeto, podia quebrar e eu não queria mais confusão. Eu nem teria dinheiro para pagar por algo.

— Somos vegetarianos. — A garota me respondeu um tanto grossa. E voltei ao estado de alerta. A vampira tinha me dito que eram bons demais para fazer mau a alguém, então o porque da grosseria toda?

— Bella, você a esta assustando. — Edward disse e eu revirei de novo os olhos. Ela jamais me assustaria com esse olhar morto dela. Aliás, ela devia ter mais educação com as visitas, mesmo que fossem indesejáveis, como eu. — Qual o seu nome? — Era a primeira pergunta que me fazia.

— Nikita. — Eu respondi e os fitei. Estavam sentados no sofá, como se fossem humanos. Bella me olhava de um jeito estranho e ele estava tentando ficar dentro da minha mente. Tentei não pensar o quanto Isabella parecia detestável, eles eram um casal, e por conta disso, Edward poderia me expulsar daqui. A sombra de Bella rodava em volta de Edward também, não era sempre que eu via, mas eu sabia que ela estava usando seu dom agora para poder vê-la, mas era estranho aquilo. Nunca tinha visto o dom de alguém ficar em volta de outra pessoa. Seja lá o que for que ela tinha, era forte e podia se expandir.

— Seus pensamentos são interessantes. — Edward comentou gentil, pedindo-me para que sentasse e ficasse a vontade. Apenas recusei em pensamento.

Uma hora e meia depois...

Eu tinha rodado toda a sala, olhado cada detalhe. O casal continuou no sofá sem se importar com minha presença e sem mais perguntas, não eram necessárias, a esta hora Edward já sabia o porque eu estava aqui.

Pude reparar na movimentação do lado externo da casa, e não deixei de sentir medo, eram muitos. E foram entrando um a um pela porta principal. O medo assolava meu corpo, nunca tinha visto tantos vampiros juntos. Uma paz me atingiu, e pude relaxar um pouco os músculos, sem é claro me distrair.

Eles pareciam naturais, alguns se sentaram no sofá de forma jovial. Os observei, e conforme os olhares caiam sobre mim, não pude evitar o constrangimento, minhas vestes não eram adequadas. Eles estavam impecáveis, e eu vestida com um trapo, o pano preto agora não passavam de tiras amarradas por meu corpo, que tampavam apenas partes necessárias, deixando rachaduras que mostravam minhas coxas, e minha barriga estava totalmente de fora.

— Mais uma humana? Cuidado Bellinha. — O maior, alto e forte disse, apresentando covinhas na fala e passou o braço atrás da cintura da loira bonita ao seu lado. Desviei meu olhar, ele a estava protegendo. Será que não via que eu estava em desvantagem?

— Emmett. — Repreendeu Edward e assentiu para um loiro, com expressão serena. Todos fizeram silencio, meu coração era o único som do local.

— Olá, meu nome é Carlisle, esta é minha esposa Esmee, e estes são meus filhos adotivos, Emmett e Rosalie, Alice e Jasper, e Edward e Bella você já conhece. — Falou e eu assenti levemente.

— E-eu me chamo Nikita. — Falei, eu estava ligeiramente preocupada com o fato de não saber o que falar neste momento. — É complicado, eu não quero confusão ou algo do tipo, eu só... — Respirei fundo, mas que droga! Era tão difícil assim falar?

— Pai ela me parece híbrida, e esta confusa. Está sozinha, veio porque queria saber o que é, e alguém falou sobre nós. Imagino que depois da quase briga com os Volturis, nosso nome tem feito sucesso no nosso mundo. — Edward disse por mim, agradeci mentalmente por isso, e fiquei curiosa sobre "quase briga com os Volturis".

— Ah então é isso? — Perguntou-me e todos relaxaram um pouco a postura. A mulher ao seu lado, com um rosto amoroso logo se apressou.

— Deve estar com fome, vou preparar algo para os meninos comerem, você aceita Nikita? — Perguntou sorrindo, e eu não evitei a cara de nojo.

— Eu não me alimento desta forma. — Falei com vergonha.

— Ah, tudo bem. — Ela disse constrangida e ainda assim se retirou para algum local, que imagino ser a cozinha.

— Venha Nikita, vamos ao meu escritório. — Carlisle me chamou, subindo o lance de escadas, olhei novamente para Edward e ele sorriu me passando confiança. Logo, fui atrás de Carlisle.

Assim que entramos no grande e amplo escritório de Carlisle, me dei conta de que eu nunca estive num lugar como esse.

— Você parece nervosa. — Falou.

— Eu não diria nervosa. Mas estou em uma casa com uns oito vampiros, alguns com dons, um é enorme e forte, a outra é completamente hostil... — Comecei a enumerar, mas decidi ficar quieta quando ouvi Carlisle rir com voz de sinos. Ele era literalmente o vampiro mais bonito que eu tinha visto!

— Rosalie não foi hostil com você ainda.

— Rosalie? — Perguntei. A loira bonitona não tinha sido hostil mesmo não, porque ele pensou que eu falava dela? Ele me olhou confuso. — Eu estava falando da Isabela.

Então Carlisle me olhou de um jeito estranho, e ouvi os múrmuros no andar de baixo, risadinhas e piadas, e por fim ouvi algo do tipo: não interessa o ciúme Bela, ela se veste tão mal quanto você.

— Eu não me visto mal! — Exclamei para Carlisle e ele apenas riu.

— Alice tem um gosto muito sofisticado e é muito excentrica. Ela não falou por mal. — Carlisle disse, abrindo um saquinho com uma seringa dentro. — Prometo que não vai doer muito. — Falou que espetou meu braço, era suportável.

— Eu também tenho um gosto sofisticado. — Falei elevando minha cabeça. E tive a atenção de seu belo olhar. Não evitei corar, com as bochechas quentes continuei. — Eu só não tenho tempo para comprar roupas, sou muito atarefada. — Carlisle sorriu divertido comigo e retirou a seringa agora com meu sangue dentro.

— Tenho certeza que sim.

— Meu sangue não te afeta? — Perguntei.

— Eu me acostumei bastante a isso Nikita. Sou médico. Estou fazendo exames apenas de rotina, nós já sabemos o que você é. — Disse ele suavemente.

— E o que eu sou exatamente?

— Híbrida. Filha de um vampiro com uma humana. Pelo menos é a única forma de ser hibrida que conheço. Só vou confirmar com o exame.

Respirei fundo, então era tudo apenas pra isso? Metade monstro e outra metade pamonha? Mas que porcaria que eu era.

— Carlisle, e sobre o meu dom, você também consegue ver no sangue? — Perguntei para tirar minha dúvida.

— Você tem algum? — Ele me perguntou curioso, virando-se para mim.

— É, acho que sim.

— Como é exatamente?

— Estranho e confuso. Eu vejo algo nas pessoas. Em Edward, por exemplo, vejo um borrão de luz, no tamanho de uns trinta centímetros, ele é flexível e fica rondando em volta dele. E quando vejo isso, significa que ele tem um dom. Não é sempre que vejo, acredito que só quando a pessoa usa o poder é que fica visível, mas em Edward é constante.

— Que interessante, então você consegue identificar pessoas com dons.

— Mais ou menos. Vi em Isabela também, mas não sei qual o dom dela.

— Ela é um escudo mental, pode proteger sua mente e de quem ela queira.

— Interessante. — Usei a mesma palavra de Carlisle, pouco tempo com estes vampiros sofisticados e já estou aumentando eu vocabulário. Prossegui — Eu consigo sugar esse borrão para mim e controlar o poder que a pessoa tem. Só fiz isso duas vezes.

— Como? — Ele parecia abismado.