I Hate You Then I Love You escrita por MiSwan


Capítulo 1
Capítulo 1




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"Edward,

Se estiveres a ler isto, não é um bom sinal. Das duas uma: ou andaste a mexer nas minhas coisas, ou morri. Sabes como estou doente, meu amor, não te quero abandonar, mas se Deus, o Destino ou as Ninfas o decidiram, desculpa, não posso lutar contra a minha hora.

Lembro-me do primeiro dia em que te vi - impossível não lembrar. Eras o meu novo vizinho, fui cumprimentar-te com os meus pais. Eles, pensando que toda a criança se dava bem, deixaram-nos sozinhos. Quem começou a discussão? Juro que não me lembro ao certo. Tenho uma excelente memória é da cara da minha mãe, eu estava sentada em cima de ti, a tentar acertar-te na cara e puxar esse teu cabelo... ela ficou tão envergonhada. Mesmo tendo começado com o pé errado, sempre me defendeste na escola - mesmo que, em casa, me tentasses matar. Obrigada por isso, meu idiota.

Com o passar dos anos, o meu pai estava orgulhoso da minha "aversão" por ti, achava que era dirigida a todos os outros rapazes do mundo. Afinal, ele estava a ganhar cabelos brancos à conta da Nessie e do eterno «casa - descasa» com o Jake. Quem diria que a minha irmãzinha ia dar uma mãe tão responsável? Sabes?, ela e a minha mãe diziam que nós estávamos destinados a ficar juntos. O meu pai ficava do meu lado e defendia-me. Foi por isso que ele não te gramou quando vieste dizer que éramos namorados - quando eu própria não tinha dito nada a respeito.

Entre nós sempre foi assim, não foi? Entre tapas e beijos, amor e ódio, gelo e fogo? Não podia ter pedido por nada melhor, mesmo que tenha chorado de raiva, de ciúmes, de frustração. Foste a melhor coisa da minha vida.

Aquele primeiro beijo que me roubaste, no verão, antes de ires para a faculdade com os rapazes, naquele acampamento sem pais, foi o meu primeiro beijo. Nunca to disse. Obrigada. Foi o beijo mais cinematográfico de sempre. Beijaste-me. Dei-te um estalo. Puxei-te para mais um beijo. Sempre foste um idiota que admitia que adorava tirar-me do sério. Quando foste para a faculdade, pensei realmente que me tinha livrado de ti por meses. Não contava que me fosses mandar todo o tipo de mensagens. Muito menos pensei eu que a primeira coisa que fosses fazer quando chegasses a casa, enquanto eu ainda estava nas aulas, fosse dizeres ao meu pai que estávamos juntos. Que raio te passou pela cabeça?! Ele é polícia! Agora imagina a conversa que tive com ele sobre os perigos de sexo sem proteção, o envio de fotografias nua, chats e isso. A primeira coisa que me passou pela cabeça foi que ele tinha descoberto que eu, a filhinha, lia contos eróticos. Ao fim e ao cabo, foi só a besta do meu vizinho a inventar coisas. Foram os adultos saia, a Nessie e a Alice estavam a ter encontros com os amores delas e nós a discutir, no teu quarto. Eu sou o fogo e tu a gasolina, sabes? Demorámos uns dois anos até engatar num namoro, dois anos muito divertidos, não achas?

Esperava ter mais tempo. Caramba, nem um quarto de século vivi e tenho este cancro maldito, Eddy. Eu vi-te chorar por mim, coisa que te jurei só fazer por rires, mesmo com os nossos temperamentos. Vi todos à nossa volta desmoronarem e só queria desaparecer, acabar com tudo mais rapidamente para mais ninguém sofrer. Mas tu, mesmo contra a minha vontade, abraçaste-me à chuva naquela noite. Choraste comigo, obrigaste-me a ficar. Sabes porque é que eu queria mais tempo? Eu queria construir uma vida contigo, um lar, uma família. Tu disseste que querias uma Lily, eu queria um Peter. Mas o que eu queria mais que dois, não dizem que à dúzia é mais barato? Sim, uma casa cheia, um ou dois cães, um ou dois gatos, tanto me faz quanto a peixes - não tenho jeito para esses. Desculpa por não te ter dado nada disto.

Cullen, se eu ainda estiver viva e souber disto, sabes que vai dar molho, não sabes? Deves estar a pensar agora na minha super qualidade de rir ou contar piadas nos piores momentos possíveis, não? Era para fugir à realidade, daquilo que eu não queria encarar, do que não consigo. Odeio chorar, choro sozinha, mas se outros estiverem na mesma sala, só em situações extremas. Sou mais a pessoa que cuida dos outros. Nunca vos quis preocupar, desculpem.

Olha, agradece a todos por mim, OK? Tive uma vida maravilhosa, família e amigos mais que perfeitos. Obrigada por tudo.

Quanto a ti, mesmo que to tenha dito poucas vezes, espero que saibas que te amo e te odeio. Somos uma boa combinação, apesar de tudo somos. Cada um de nós podia encontrar melhor, não é? Mas ficámos por aqui - isto não quer dizer que espero que entres para um convento, Ed, eras expulso em menos de uma semana. Não forces as coisas, não vale a pena, mas também não fiques preso às memórias, não te prendas a mim quando eu partir. Amo-te demais para isso, não te quero triste. Vive a vida pelos dois. Um dia mais tarde podemos encontrar-nos num qualquer universo paralelo.

Amo-te. Desculpa.

Bella Swan"

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Numa fria sala de hospital, alta madrugada, estava ele. De olhar vago, numa mão a carta, noutra o cobertor favorito dela. A sua pequena maluca. Desde pequenos mostravam ter uma exímia qualidade para irritar o outro. Levaram isso para o expoente máximo tornando-se namorados. Queriam ser a exceção. O casal de extremos. Mas havia e há amor, ele queria acreditar que ainda havia muito mais, que teriam tempo para realizar todos aqueles sonhos dela, morrendo velhos, lado a lado, durante um beijo e um sorriso. Ele queria acreditar que sim.

A família andava entre demasiadas alas do hospital. O seu sogro e pai de Bella, Charlie Swan, tinha sofrido um acidente. Uma perna partida, ferimentos superficiais na face, mas, como bateu com a cabeça, estava ainda sob observação. A Bonie, filha da Nessie e do Jacob, estava a retirar as anginas. O mundo estava ainda a preparar-se para receber o Andy, filho da Rose e do Emmett, irmão do Edward.

Quando saíra do hospital, a pedido dela, tudo estava bem. Apesar das lágrimas ao ler a carta, estava também a rir, ela ia ralhar tanto com ele. Mas, mal estacionou, o seu telemóvel tocou. Ela tinha piorado, estava a caminho do bloco operatório. O seu cancro, uma leucemia, atacara silenciosamente. Apesar de tudo, tivera sorte, encontraram um dador de medula.

Sozinho, ele rezava. Rezava como há muito não fazia. Tinha-se desentendido com Deus por lhe tentar levar a mulher exasperante que ama. Mas agora, só lhe pedia mais tempo para ambos, mas, caso Deus não pudesse conceder mais tempo para a sua amada, que o levasse também.

Levantando a vista, Edward viu que já passara algum tempo depois das quatro da manhã, há quanto tempo não se mexia? Enxugou, o melhor que pode, as lágrimas, levantando-se. Sorriu, ela gostava daquele tipo de noites, céu estrelado e, apesar de ele estar acordado sem noção do tempo por motivos menos bons, ele tinha que se lembrar das noites em que ela o levava assim, a perder-se no mesmo lugar, apreciando as noites. Ela era uma filha da noite, da lua. Nunca duvidou disso. Ela estudava pela noite dentro. Ele adorava os dias, mas entendeu o porquê de ela adorar a noite. Eram, são, semelhantes, misteriosas, mágicas, cativantes. Até à lua, grande, majestosa no céu, rodeada por todas aquelas estrelas, até à lua ele rezou. Quem sabe se o amor de Bella por aquela altura do dia não lhe concedesse mais tempo...

- Edward? - Voltou-se. Era o médico dela. Sem saber, Edward aproximou-se do médico, espelhando medo e esperança no seu olhar. - Ela ainda vai ficar umas horas sob observação, mas podes ficar feliz, tens ali uma mulher de armas.

Esta notícia, o bom termo da cirurgia de Bonie e a chegada do pequeno Andy correram o hospital. Deus concedera-lhes mais tempo. A todos.

_____________________________________

Exatos dois anos depois, a família, com a adição de mais uma menina, a Sophie, filha da Alice e do Jasper, estava reunida para o aniversário do Andy. Na altura, ainda a Bella não tinha acordado, todos disseram ao Edward, num tom leve, "ela vai-te castrar". Não chegou a tanto. No primeiro fim de semana depois de ela ter acordado, ele ganhou coragem, contando-lhe tudo. Ele sabia, e queria esganá-la por isso. Silêncio. Lábios entreabertos, mas nenhum som. "Eu tenho razão, és doida". Péssima ideia. A pobre enfermeira que vinha verificar os sinais da jovem, saiu de fininho. Encontrando o médico à porta, nenhum dos dois pensou em entrar. Conheciam a história entre a filha do chefe da polícia e o filho do neurocirurgião. O sermão dela durou cerca de quinze minutos. Ele sorriu, mesmo sentindo a explosão vinda dela, sorriu e beijou-a, dizendo que era bom tê-la de volta.

Hoje, estavam felizes. Viviam juntos, num pequeno apartamento com vista para o mar. Ele era professor de matemática na escola local, ela trabalhava na biblioteca municipal. Todos os exames davam certo, tudo estava bem. Mas ele queria mais, ela tinha mais para dar. Já tinham discutido por causa de biscoitos mal chegaram. Até as crianças já riam quando viam os tios a discutir. Ele tinha um peso no bolso, ela tinha um peso no ventre. Entre tapas e beijos, amor e ódio, mais ou menos discussões, a vida ia prosseguindo o seu estranho ritmo. Mas quem sabe o que a vida nos trás?

I'd like to run away from you
But if I were to leave you I would die
I'd like to break the chains you put around me
And yet I'll never try

No matter what you do you drive me crazy
I'd rather be alone
But then I know my life would be so empty
As soon as you were gone

"I Hate You Then I Love You" Celine Dion & Luciano Pavarotti


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