Pietra era teimosa e marrenta, morava em Roma com uma prima de sua mãe e os seus irmãos postiços e sempre foi fascinada por chás, ironicamente algo que não é tradição na Itália. Então decidiu que queria fazer um intercâmbio na Inglaterra para aprender sobre o assunto. Quando chegou à Londres foi recebida pela irmã Fernanda que morava na cidade. Ela vivia alegremente cada dia, principalmente a hora do chá. Pietra havia comprado uma xícara extremamente bela e rara, com a qual que todo dia tomava chá. Ela viveu com satisfação sua vida dos sonhos durante 2 anos e como foi triste o dia de sua partida. Agradecia muito à Fernanda por aqueles anos maravilhosos e com lágrimas nos olhos prometia retornar.

Alguns meses depois, ela recebeu uma carta de suas irmãs Celine e Beatriz dizendo que Fernanda havia morrido e um pacote com o chá que Pietra sempre tomava com Fernanda. Ela lamentou muito pela perda da irmã e resolveu mandar uma carta para as irmãs para agradecer pelo chá. Mas não suportou mandar a carta, então resolver olhar a sua prateleira de chás, mas isso não adiantou para afastar sua tristeza. Até que viu com o canto do olho uma caixa de chá que nunca havia notado antes, era toda preta e só havia o suficiente para uma xícara então ela pensou: por que não?

Como sempre fazia usou a sua xícara favorita, e assim que tomou um gole desmaiou. Mas antes de apagar ouviu a voz de Fernanda dizendo:

–Não se preocupe, tudo vai dar certo. (Narrado pela Pietra a partir de agora)

Ouvi vozes abafadas longe de mim falando coisas totalmente indecifráveis. Meu corpo inteiro doía e meus olhos se abriram levemente observando enormes portas multicoloridas espalhadas pela sala escura em que eu me encontrava. Aquilo me lembrou levemente a história da Alice no país das maravilhas, e então ela se lembrou da filha de Fernanda, Alice. Ela tinha esquizofrenia e estava internada num hospício. Então, Pietra se lembrou o motivo que ela havia sido internada e engoliu em seco. Alice tinha contado que havia acontecido uma história exatamente igual aquela. Eu apenas respirei fundo e afirmei para mim mesma "Isso é apenas um sonho".

Olhei em volta da sala, e percebi que ali não havia apenas portas, e sim uma mesinha ao centro. Ali havia um pequeno frasco com um líquido com uma cor avermelhada, tinha cheiro de maçã, mas eu não fazia a menor ideia do que era aquilo. Ao lado dela tinha uma pequena chave cheia de detalhes minuciosos. Estava pensando se tomava ou não, quando escutei um barulho vindo da menor porta que ali tinha, mas logo, do outro lado da sala, já na maior porta, o mesmo barulho me surpreendia. Andava em direção á grande porta e quase pisei em um bolo fofinho e pequeno. Olhei do bolo para o frasco e então para a porta grande. Me aproximei do frasco com insegurança, e tomei ele em um gole. Tinha gosto de frutas silvestres, e não de maçã. Senti tudo a minha volta girando, e quando vi tudo estava dez vezes maior do que eu, o bolinho agora era praticamente do tamanho de um arranha céu, e eu ainda não o tinha experimentado. Eu olhava em volta, e quando percebi, a pequena porta agora era como um grande portão, tentei o abrir, mas ela estava trancada, lembrei-me da chave que estava em cima da mesa, que agora só alcançava o pé, decidi então comer o bolinho.

Fiquei surpresa por que eu havia apenas ficado mais magra, e ao observar o pequeno buraco que separava a porta do chão, percebi que conseguia passar por ali. Corri em direção do buraco e rolei para tentar passar por ele.

Observei ao redor do ambiente em que me encontrava. Tinha árvores deslumbrantes que pareciam ir até o céu estrelado daquela noite. Observei a pequena estradinha de tijolos que me levava até um castelo com uma cor rosada. Estava prestes a dar um passo para frente, quando sinto mãos envolverem minha face, e então desmaio, sem conseguir ver o rosto de meu sequestrador.