O nome da outra irmã era Beatriz. Ela tinha cabelos longos e lisos abaixo dos ombros. Ela amava ler, a família que adotou ela era meio... rica. Ela tinha uma biblioteca enorme, totalmente desorganizada.

Em York havia uma nevasca. As aulas tinham sido canceladas, e Beatriz sem algo para fazer caminhou lentamente pelo corredor até chegar na porta que levava para sua biblioteca. Ela amava aquilo mais do que qualquer coisa, ali definitivamente era seu lugar favorito. Pegou um livro que estava lendo a pouco tempo, e foi em busca de cobertores.

Em uma mão segurava o livro e com a outra, equilibrava os cinco cobertores que está levando para o divã que havia ali. A biblioteca era a parte mais fria da casa, então é muito difícil permanecer ali, a menos que você tenha milhares de cobertores. Beatriz se ajeitou no divã, ficando em uma posição confortável. Então olhou para a janela que estava coberta por pequenos flocos de neve, e observou por alguns segundos a árvore que ficava de frente para a casa. Tomou um susto ao perceber que a folhagem havia se mexido. Ela jurava ter visto a figura de uma pessoa que havia saltado da enorme cerejeira, que estava muito florida naquela época.

Ela apenas balançou a cabeça, para tentar afastar a lembrança, e voltando a atenção para o livro. Mas de repente, algo a chamou atenção novamente. Um coelho que se destacava bastante na neve, já que era preto. Ela viu um líquido vermelho escuro escorrer pelo corpo do pequeno animal indefeso. Ela deu um pulo do divã, largou o livro em qualquer lugar, abriu a janela, pulou e correu o mais rápido até ele. Aninhou o corpo do filhotinho em seus braços e correu para o calor de sua casa. Não sabia como, mas tinha que ajudar o animal. Assim que entrou em casa, primeiro limpou a ferida, e depois apertou o machucado com um pano para que parasse de sangrar.

O coelho deu um pulo e saiu as pressas dos braços de Beatriz, fugindo em direção a porta. Beatriz voltou a a correr atrás dele, mas logo perdeu o coelho, que antes parecia estar tão machucado, e que agora parecia totalmente curado. Ela deu meia volta e voltou para casa. Então se lembrou que alguém estava na cerejeira, e em toda sua disposição, ela correu até a árvore.

Ela escalou em tempo recorde. E chegando no topo, percebeu que não havia sido sua imaginação: alguém havia mesmo passado por ali. Baixou os olhos para um envelope dourado que estava pousado cuidadosamente sobre um dos galhos da árvore. Se abaixou para pega-lo, e ao abri-lo, ficou um tanto surpresa. Havia uma carta de baralho, ouros. E uma pequena cartinha, com uma frase: "Eu não sou louco, tenho apenas uma respectiva diferente da sua".