Aventuras de Jack e Branca escrita por Emmy Tott


Capítulo 8
Contratempos e maldições




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/6685/chapter/8

  Parte I – A Água da Vida

Capítulo 8 - Contratempos e maldições

 

 

Jack não teve muita sorte com o caminho que escolhera. Depois de uma longa caminhada, descobriu que havia chegado em um beco sem saída e sem nada cintilante e prateado na sua frente. Amaldiçoando a sua bússola por tudo, ele se virou para voltar. Mas ao fazer isso, deu de cara com Barbossa, que tinha acabado de chegar.


—Hector?! Como chegou até aqui sozinho? - Jack estava visivelmente surpreso.


—Tartarugas marinhas!


—Hum, agora todos usam o meu bordão! - disse Jack com um bufo de desprezo.


—Então, da próxima vez, invente algo mais real... Quer dizer, se tiver próxima vez! - Barbossa soltou uma gargalhada sinistra e empunhou ameaçadoramente sua espada.


Jack não perdeu tempo e também puxou a sua espada. Barbossa avançou para ele com um bramido, mas Jack se defendeu com um movimento rápido, fazendo suas espadas tilintarem. Os movimentos se tornaram mais rápidos e precisos enquanto os dois adversários brandiam suas armas com destreza. Mas aquela luta estava apenas começando.

 

***

 

Enquanto isso, Branca e Lucy já iam entrando na câmara que estava no final do caminho da direita, quando ouviram as vozes abafadas de Pintel e Ragetti:


—Nós encontramos!!! - vibrava Pintel, com uma gargalhada escandalosa.


—Já posso até ver a recompensa que Barbossa nos dará! - dizia Ragetti.


De onde estava, Branca pôde ver uma montanha gigantesca feita pura e simplesmente de prata. Em todo o seu comprimento, viam-se incontáveis moedas, colares, brincos, pulseiras, taças e outros objetos raríssimos que renderiam uma fortuna e tanto a qualquer pirata. Pintel e Ragetti já enchiam os bolsos com o tesouro quando Branca e Lucy entraram no recinto com as suas espadas em punho.


—Vocês não irão levar nada daqui! - avisou Branca, autoritariamente.

—Isso é o que veremos! - ameaçou Pintel.


No mesmo instante, Pintel e Ragetti puxaram suas espadas também e avançaram contra Branca e Lucy. Enquanto o quarteto duelava, desferindo golpes violentos entre si, Engles os observava, escondido atrás de uma enorme rocha que tangenciava o local. Ele tinha resolvido permanecer oculto e esperar um momento oportuno para se apoderar da Água da Vida.


Lucy, apesar de não possuir características de piratas, lutava muito bem. Ragetti e Pintel não eram páreo para elas. Branca desferia golpes mortais sobre Ragetti, que tentava se defender do jeito que podia. Enquanto as duas mulheres avançavam sobre Ragetti e Pintel, eles iam se afastando cada vez mais, até chegarem bem próximos da rocha onde Engles estava escondido.


Branca, com um movimento brusco, quase acertou Ragetti, fazendo sua espada passar a milímetros da orelha esquerda do pirata. Mas quando ele se afastou, Branca pode ver, com um assombro, que o sujeito que ela mais odiava se encontrava a poucos centímetros de sua espada.


—Dessa vez você não me escapa, Comodoro! - ameaçou Branca, carregada de ódio.


—Pensa que pode vencer um pirata experiente como eu? - disse Engles, com um sorriso sarcástico.


—É claro... e será um prazer liquidar um canalha como você!


Os dois se postaram frente a frente, um encarando o outro com um misto de raiva e desprezo, enquanto eles se preparavam para atacar.


—Lucy, cuide desses dois traidores enquanto eu termino o que comecei. - ela disse para a amiga, sem desviar a sua atenção de Engles.


Ao terminar sua fala, Charles Engles avançou com sua espada para Branca. Ela posicionou a sua no sentido contrário, impedindo o contato precoce da sua pele com a arma. Estava começando um duelo imprevisível e incansável, onde os dois oponentes eram perfeitamente hábeis.


Muitos interesses estavam em jogo naquela batalha. Branca queria se vingar do pai e de toda a dor e destruição que aquele homem havia causado na sua vida. Ele, por sua vez, queria se ver livre da única coisa que ainda o prendia a seu passado tortuoso e também dar uma lição em Branca por ela ter tido a ousadia de invadir o seu precioso navio. E o mais importante era que no final daquilo tudo estava a Água da Vida, esperando tranqüilamente pelo seu merecedor como prêmio por uma difícil guerra conquistada.

 

***

 

Do lado de fora da caverna, os homens ainda olhavam espantados ao redor da ilha, que se desfigurava magicamente, alterando completamente as suas características naturais. Um fenômeno muito estranho estava ocorrendo dentro do vulcão: uma gigantesca bola vermelha incandescente começava a despontar ameaçadoramente do topo.


Militares e piratas entraram em pânico. Tentavam desesperadamente e inutilmente voltar aos navios para salvarem suas vidas, mas aparentemente eram impedidos por uma "força maior", que os puxava para o interior da mata.


A grande massa fumegante tinha atingindo um tamanho monstruoso quando todos ouviram uma tremenda explosão, provocando um terrível terremoto e estremecendo por inteiro todo o solo da ilha. Alguns homens caíram, desequilibrados, enquanto que outros lutavam para se segurar nos galhos baixos das árvores.


Quando a terra finalmente parou de tremer, todos puderam ver uma cena bizarra e inacreditável. O que saía do topo do vulcão não se tratava de uma lava, precisamente. A bola tinha-se dividido em inúmeros pedaços que avançavam para o que antes era uma linda mata coberta de verde. Os homens puderam ouvir uma gritaria ensurdecedora vinda do vulcão, como se dentro dele existissem várias pessoas que falavam ao mesmo tempo.


Quanto mais perto chegavam aquelas coisas estranhas, mais ficava claro o que elas eram de verdade: centenas de criaturas com formas humanas, mas totalmente distorcidos. Os corpos pareciam ser feitos pura e simplesmente de fogo e os rostos eram descarnados e deformados, formando um sinistro e bizarro bando de "homenzinhos de fogo", que avançavam cada vez mais rápido sobre os pobres marujos.


O desespero era total. Alguns olhavam descrentes para o que viam, outros tremiam da cabeça aos pés, temendo o que ainda estava por vir, e os mais corajosos preparavam suas armas para o ataque.


—Que Deus tenha piedade de nossas pobres almas mortais! - desabafou um assustado militar inglês.

 

***

 

Enquanto isso, dentro da caverna, todos ainda lutavam bravamente quando a explosão se fez ouvir com um grande estrondo. Assustados, eles pararam de duelar e logo um terrível terremoto se iniciou, estremecendo por inteiro a fina parede rochosa que separava as duas câmaras. A montanha prateada de tesouros desmoronou, esparramando todos os objetos pelo chão, ao mesmo tempo em que a parede ruía, abrindo uma passagem para o outro lado do recinto e deixando à mostra as pessoas que antes não podiam se ver.


Surpreso com as presenças de Branca e Engles, Barbossa se esqueceu de Jack por um momento e mudou seu alvo. Enquanto isso, Jack pode ver, de relance, uma pequena taça de prata caída a um canto, toda ornamentada minuciosamente com figuras que se referiam à vida. A Água da Vida. Mas se ele a pegasse naquele momento, todos o impediriam de leva-la. O jeito era esperar.


—Ora, ora, mas que surpresa! Todos aqui reunidos! - disse Jack, sorrindo.


—Mas não por muito tempo, Jack! Eu ainda não terminei com você! - dizia Branca, furiosa e avançando para Jack com a espada.


Os quatro iniciaram uma verdadeira guerra entre si. Uma guerra onde não havia lado certo ou lado errado. Só o que estava em jogo era a Água da Vida e a honra dos guerreiros piratas. O ar da caverna foi invadido por um mar de espadas que se cruzavam a todo instante, desferindo golpes violentamente. Não se sabia quem atacava quem e nem se podia saber de onde vinham os ataques. A única coisa certa era que se aquilo continuasse, certamente que não poderia resultar em uma coisa boa.


De repente, no meio daquela confusão toda, Jack percebeu uma coisa terrível.


—PAREM! - Jack berrou para todos, que ficaram estáticos e surpresos, as armas todas paradas no ar, como se tivessem sido congelados.


—O que foi agora, Jack? - perguntou barbossa, impaciente e revirando os olhos.


—Onde está a Água da Vida? - quis saber Jack, com as sobrancelhas franzidas.


—Onde estão Lucy, Pintel e Ragetti? - disse Branca, percebendo a estranha ausência deles.


Então os quatro se entreolharam, percebendo o que havia acontecido. Jack foi o mais rápido:


—Eu não sei quanto a vocês, mas eu não posso deixar ela ir embora assim depois dessa trabalheira toda. - ele disse, guardando a espada e correndo para a saída da caverna.


—Jack, seu salafrário! Volte aqui, não vou deixar você colocar as suas mãos na Água da Vida! - gritava Barbossa, enquanto corria na direção em que Jack havia tomado.


Engles já se preparava para sair também quando foi impedido por Branca, com a espada na sua barriga.


—Você não sai daqui enquanto nós não terminarmos a nossa luta! - ela ameaçou.


—Você é persistente, hein? - falou Engles, meio impaciente.


—Não gosto de deixar coisas inacabadas! - ela deu sorriso pretensioso.


E os dois iniciaram uma nova luta. Agora Branca se movimentava furiosamente, a espada girando em punho com uma velocidade incrível.


—Esse é o seu fim, Comodoro!


Engles apenas se defendia. Estava mais preocupado com a Água da Vida, mas agora sabia que teria de fazer algo para acabar com aquilo de uma vez por todas, se não corria o risco de nunca mais sair daquela caverna. Então as duas espadas passaram paralelamente uma à outra e tomaram rumos diferentes, uma indo ao encontro do Comodoro e a outra, de Branca. Os dois se olharam com os olhos arregalados. Tinha chegado, enfim, a hora da verdade.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!