Aventuras de Jack e Branca escrita por Emmy Tott


Capítulo 5
O Comodoro Charles Engles




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Parte I – A Água da Vida

Capítulo 5 - O Comodoro Charles Engles

 

 

Jack e Branca tinham conseguido se infiltrar no navio inimigo sem serem vistos. Os militares ingleses faziam seus trabalhos, enquanto o Comodoro dava ordens, imponente. Ao avistar o homem que ela mais odiava no mundo, Branca teve vontade de ir até ele e dizer tudo que estava entalado em sua garganta. Mas ela sabia que agora não era o momento certo, era preciso manter o sangue frio a qualquer custo. Ela havia esperado tanto por aquele momento que não podia estraga-lo por uma ação impensada.


Jack fez sinal para entrarem na cabine do Comodoro. Branca assentiu. A cabine era decorada ricamente, com móveis raros e caros e muitas peças preciosas decoravam o compartimento.


Branca ficou admirando o cômodo e pensando no que fazer, enquanto Jack surrupiava algumas peças de ouro que estavam soltas. Branca reprovava esse comportamento de Jack, porque estavam perdendo tempo. Mas quando ela se virou para dizer isso a ele, alguma coisa sobre a mesa fez seu coração parar.


Estava ali, bem a sua frente. Ela mal podia acreditar no que estava vendo. Branca foi andando lentamente até a mesa para pegar o objeto. A emoção tinha tomado conta do seu corpo e seus olhos ficaram cheios de água. Jack a olhava com a testa franzida. Não sabia o que estava acontecendo. Ele olhou para onde ela se dirigia e viu uma pequena correntinha de ouro, toda trabalhada e com um pingente triangular muito estranho. Ele tinha, em seu interior, uma forma elíptica com dois círculos menores no centro.


—Branca?... o que é isso?


Ela segurou a correntinha com as mãos com todo cuidado, como se ela pudesse se desfazer a qualquer minuto e ficou admirando-a por um instante, enquanto passava os dedos suavemente pela sua superfície. Depois, ela ergueu os olhos marejados de lágrimas para Jack e disse, com a voz abafada:


—Essa correntinha... Jack!... era do meu pai!... ele me deu pouco antes de morrer... disse que era para eu guarda-la comigo... que nunca, sob hipótese alguma, mostrasse para alguém... seria o nosso segredo, entende... mas eu falhei!


Jack a olhava com os olhos arregalados.


—Você disse que seu pai deu isso a você pouco antes de morrer... quer dizer que...


—Ele o matou... - a expressão de Branca endureceu, ela não estava mais chorando. - Engles matou o meu pai!


—Entendi...


—Não, você não entendeu! Não foi só o meu pai que ele matou naquela noite traiçoeira. Engles era o pirata mais temido da Inglaterra naquela época e meu pai ficou sabendo que ele ia saquear a casa de um artesão. Ele sabia que nada podia deter Engles e que se fugisse, seria pior... e ele veio. Veio e matou meu pai na minha frente, sem piedade. Depois ele botou fogo na casa e me disse que pouparia a minha vida, que seria misericordioso se eu lhe entregasse o que o meu pai havia me dado... eu tentei engana-lo, dizendo que não sabia do que se tratava, mas ele já sabia da correntinha... eu era só uma criança... uma criança assustada. Eu não sabia o que fazer... não tive outra escolha...


—Então era por isso que estava procurando Engles.


—Quando ele foi embora com a correntinha, eu fiquei abraçada sobre o corpo do meu pai que jazia no chão e jurei sob o seu leito de morte que Engles iria se arrepender amargamente por ter destruído as nossas vidas, nem que isso fosse a última coisa que eu faria nesse mundo...


Nesse momento, a porta se escancarou por trás deles, revelando um Comodoro surpreso com aquela visita inesperada, mas quando ele falou, sua voz era firme e debochada:


—Ora, ora, mas o que temos aqui? Invasores na minha cabine?


Branca escondeu rapidamente a correntinha em suas vestes e olhou fundo nos olhos de Engles, estreitando os seus. Jack podia sentir que uma fúria imensa emanava do seu corpo.


—Estranho, não é? Quando invadem a nossa casa achamos isso um absurdo, mas quando os invasores somos nós, tudo parece normal! 


—Quem é você? Acaso eu a conheço?


—Talvez você ainda se lembre de um homem que era muito feliz, mas que teve sua vida arrancada cruelmente por um pirata maldito que levou tudo o que ele e a filha possuíam.


Engles soltou uma risada sinistra.


—Não me diga que você é aquela menininha chorona de que eu poupei a vida?


—Você fala como se tivesse sido piedoso!


—E não fui? Você devia me agradecer por ainda estar viva.


—O quê??? Você tira o meu pai de mim, rouba a minha infância, minha dignidade, meus sonhos, minhas fantasias, TUDO, e ainda tem coragem de dizer que foi piedoso????


—Se não consegue reconhecer isso, é uma lastima!


—Você vai morrer agora, seu desgraçado!!! E do mesmo modo como você matou o meu pai!!! - a voz de Branca estava carregada de ódio.


Ela tirou a sua espada da bainha em sua cintura e a ergueu para o Comodoro, mas este sorriu com deboche. Enquanto isso, Jack tentava sair da cabine de fininho, mas se deparou com dois militares que vieram ver o que estava acontecendo.


—Então vocês acham mesmo que podem entrar no meu navio e fazer algo contra mim debaixo das barbas dos meus homens sem que nada lhes aconteça? - Engles não estava mais rindo. Sua voz era dura - Homens, levem esses dois piratas imundos para o convés!


—Ei! você não pode falar assim comigo! - disse Jack, indignado.


—E posso saber porque? Você não é aquele Jack Sparrow?


—Capitão Jack Sparrow!

 

***

 

Jack e Branca estavam cercados pelos militares, que apontavam suas espadas para eles, ameaçadoramente. Engles gritava com um de seus subordinados:


—...como você explica o fato de terem entrado intrusos no meu navio? Onde você estava quando eles entraram, seu imprestável?


—Eu... eu estava no meu posto Sr.... - o homem gaguejava, amedrontado. - Não entendo como entraram...


—Você vai se arrepender por não ter cuidado direito do meu navio.


 O homem engoliu em seco.


—Vai receber 40 chibatadas com as costas desnudas.


—Mas... mas...


—Está discutindo as minhas ordens?


—Não... não Sr... me desculpe Sr...


—E a chibata será fabricada por você mesmo, ou então perderá o seu posto, seu verme inútil! Agora saia da minha frente!


Engles caminhou até os prisioneiros e ficou cara a cara com Branca.


—Piratas no meu navio são inaceitáveis!


—Não é só porque você se tornou um militar inglês que pode apagar o seu passado. - disse Branca, encarando-o.


—Tem razão. Mas eu posso esmagá-lo, e é exatamente isso que eu farei.


—Você é um covarde nojento! Se estivesse sozinho, sem os seus homenzinhos para lhe proteger, eu o derrotaria facilmente.


—Sabe, apesar de ser filha de um imprestável, até que você se tornou atrevida demais. E vejo também que virou uma mulher atraente.


—Não ouse colocar as suas mãos sujas em mim!


Engles soltou mais uma de suas risadinhas debochadas. Depois, ele pôs a mão livre no rosto de Branca e o apertou entre os seus dedos.


—E vai fazer o quê?


Branca sentiu um nojo terrível invadindo-a. Não podia suportar ser tocada por aquele homem horrível. Então, ela cuspiu na cara de Engles, fazendo ele se afastar por um momento para se limpar.


—Você é desprezível! - disse Branca, com raiva.


—E você vai se arrepender por isso, sua vadia!


Engles ia avançar contra Branca, quando uma explosão fez o navio tremer. Jack olhou para o mar e percebeu que a explosão tinha sido causada por um tiro de canhão vindo do Pérola.


—Então trouxe os seus amiguinhos com você? - disse Engles. - Homens, lançar fogo!!!


A guerra estava armada. Tiros de canhões eram lançados de um para o outro navio, destruindo tudo o que estava a sua frente. Engles foi ver de perto o estrago feito pelo Pérola, enquanto Branca ia atrás dele para se vingar, carregada de ódio.


Jack, se aproveitando da confusão, segurou firme uma ponta de corda solta na mão esquerda. Com a direita, ele puxou Branca pela cintura enquanto ela passava do seu lado. Então, com um impulso de pés, Jack se lançou para o mar, levando Branca consigo, e eles foram cair dentro do Pérola.

Os tiros de canhão continuavam a vir do navio inimigo.


—Sr. Gibbs? - Chamou Jack.


—Sr.?


—Ótimo trabalho! Agora vamos dar o fora!


No seu navio, Engles percebeu o movimento de Jack e ordenou aos seus homens:


—Atrás deles! Não percam aquele navio, quero vê-lo no fundo do oceano!


—Ah... desculpe Sr., mas não podemos ir atrás deles.


—E porque não? - quis saber Engles, com uma careta de impaciência e raiva.


—O Sr. Sparrow inutilizou o timão antes de partir! - anunciou o homem.


Engles explodiu de raiva. Não podia admitir que invasores entrassem em seu precioso navio e saíssem dele sem sofrer um único arranhão e, ainda por cima, impedindo-o de seguir em seu curso. Mas o Pérola Negra já estava longe, e logo chegaria a seu destino final.  


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