Aventuras de Jack e Branca escrita por Emmy Tott


Capítulo 16
Novas alianças




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Parte II – O Olho de Osíris

Capítulo 16 – Novas alianças

 

—Elizabeth? O que faz aqui? – Perguntou Jack aturdido.

—Eu estive a sua procura. Fui até Tortuga, mas você não estava lá, depois eu vim até Porto Bello escondida no porão de um navio. – Respondeu a moça.

—E posso saber o que te levaria a cruzar os mares a minha procura?

—Will!

Jack revirou os olhos.

—É claro, eu não sei por que ainda faço essa pergunta. Deixe-me adivinhar: você quer a minha ajuda para salvá-lo de seu destino terrível, estou certo?

—E você vai me ajudar? – Perguntou Elizabeth, com um sorriso em sua face.

Jack virou as costas pra ela, e começou a andar enquanto falava, obrigando Elizabeth a acompanhá-lo.

—Amor, eu não sei se você reparou, mas Jack Sparrow está falido, com um navio em frangalhos e agora, graças a uma tolice sem tamanho, sozinho também! Então, eu não vejo como posso ajudá-la a salvar seu precioso William.

Não se dando por vencida, Elizabeth contornou Jack, indo se postar a sua frente.

—Eu não vim de tão longe pra ouvir um não como resposta, Jack.

—Ouça... Lizzie... Eu sinceramente não posso ter ajudar. Dê uma olhada no Pérola. – Disse, estendendo a mão para o navio comprometido.

—Pode me deixar falar um pouco? Jack, Will ainda está preso no Holandês Voador e, em grande parte, por culpa sua. E depois, eu posso perfeitamente te ajudar com o Pérola se você concordar...

—Se Will está preso no Holandês a culpa é dele próprio por querer salvar o pai de um destino que já estava traçado, e não minha. Agora, mesmo que você me ajude, eu não vejo como posso chegar até Malta antes de Barbossa! Agora nem mapa mais eu tenho. – Disse de mau-humor.

—Eu ainda não lhe disse como vim parar até aqui, disse? Eu estava escondida no Pallas Atenas, o novo navio de Barbossa e , enquanto esperava, obtive algumas informações muito interessantes.

Jack parou nesse momento, observando-a com interesse pela primeira vez.

—Informações, você diz. Que tipo de informações?

—Parece que o Falcão Maltês guarda muito mais do que um tesouro. Desde que descobri que uma criatura mítica poderia salvar o Capitão do Holandês Voador, concedendo-lhe uma troca sem que alguém precise matá-lo, eu estive a procura de algo assim, e me parece que esse Falcão Maltês é o que eu buscava. Dizem que ele foi amaldiçoado há muito tempo por ter roubado uma peça valiosa do tesouro da Serpente Marinha, e que é obrigado a guardá-la desde então.

—Interessante... Então você acha que essa peça poderá ajudar Will?

—Eu tenho quase certeza disso. É por isso que ele é tão importante, Jack! Essa não é uma peça comum, se não, Engles não teria perdido tanto tempo tentando encontrá-la.

—Engles? O Comodoro, você quer dizer? Ele também estava atrás desse Falcão Maltês?

—Sim, mas ele nunca chegou a encontrar alguma coisa.

—E o que a faz acreditar que conosco seria diferente?

—Porque um dos homens de Barbossa conhece uma pessoa que poderá nos levar até ele. Tudo o que temos a fazer é chegar até Malta e procurar por James, o barqueiro de um olho só. Ele saberá como nos levar até o Falcão.

—Devo confessar que você está muito mais informada do que eu poderia supor, mas... Não está esquecendo-se de nada? – Jack olhou deliberadamente para a carcaça do navio à frente.

—Ah, isso não será problema. – riu Elizabeth – o Pérola ainda é mais rápido que o Pallas. Nós podemos consertá-lo em três dias e ainda chegar a Malta antes de Barbossa.

—Você está mesmo certa disso?

—Eu não estaria aqui se não acreditasse!

Dessa vez, Jack sorriu, acreditando pela primeira vez que poderia passar Barbossa para trás. Ele daria um jeito de se desculpar com Branca depois que estivesse com o tesouro em mãos. A moça tinha um gênio forte, mais ele estava disposto a enfrentar sua fúria. Ela ainda não sabia, mas Jack já estava envolvido demais para deixar pra lá.

—Então Lizzie, acho que temos um pacto! Deixe-me encontrar Gibbs primeiro, e podemos começar a trabalhar. – Jack se virou, tentando se situar em meio à escuridão. Ele ficou meio tonto com a claridade intensa da taverna adiante, precisando de um segundo para se concentrar.

—Hã... Jack? – Chamou Elizabeth – Na verdade, eu pensei que poderíamos começar amanhã...

—É... Certo, então... Amanhã... – atrapalhou-se Jack, subindo a bordo do Pérola.

—Aonde você vai, Jack?

—Mi Lady, um Capitão precavido jamais se separa de seu navio.

—Claro... – Disse ela, revirando os olhos.

Enquanto via Elizabeth desaparecer pela noite escura, Jack não pôde deixar de pensar que fora um tolo ao trair a confiança de Branca. Se não tivesse se encontrado com Kip no dia anterior, agora a moça ainda estaria com ele, fazendo planos para chegarem juntos à ilha de Malta. Um sentimento estranho se apoderou do Capitão do Pérola Negra ao pensar em tais coisas. Nos últimos meses, ele se acostumara de tal modo com a presença de Branca que temia que aquilo fosse... Irreversível.

Porém, a volta de Elizabeth lhe trouxera novo ânimo. Com a sua ajuda, Jack estava certo de que sua sorte não o abandonaria, e logo ele teria o tesouro do Falcão Maltês em mãos e poderia arranjar um jeito de fazer com Branca o perdoasse.

“Você ainda vai ser minha, Branquinha...” Ele sorriu para o breu em que a noite se tornara, pensando em como seria quando finalmente tivesse a moça em seus braços, e como seria a sensação de sua pele macia e sensual sobre a dele.

 

***

 

—Aonde foi que ele se meteu? – Berrava Branca, tentando se sobrepor aos berros dos piratas bêbados.

—Eu acho que ele escapou, Branca... – Falou Lucy timidamente.

—O que? Pra onde?

—Branca ele já foi, se acalme! – Tornou Lucy com um pouco mais de intensidade.

Então a moça parou por um instante, olhando a sua volta para ter certeza, mas não conseguiu localizar nenhum rosto conhecido. Agora nem Gibbs estava mais a vista. Os outros piratas pareciam ter se esquecido da confusão de dois minutos antes. A música e a bebida tinham voltado a reinar na taverna e Branca sentou-se muito rígida no balcão, ainda bufando de raiva por ter perdido Jack. As palavras de Eddie giravam em sua mente, lhe trazendo dor extra por ter confiado demais no pirata. No fim das contas, ele não passava de um verme traidor, exatamente como Eddie.

—Desculpe-me, senhorita... – Disse uma voz sobre o ombro de Branca.

Ela se virou de mal-humor para ver quem a chamava e levou um susto ao perceber que ele era o mesmo sujeito que negociara a venda de sua correntinha com Jack.

—Werneck... – completou ela, levando a mão ao pescoço inconscientemente – Branca Werneck! Eu sinto muito, mas a minha correntinha realmente não está à venda.

Ele sorriu, se aproximando após um instante de hesitação.

—Ora, eu é que lhe peço desculpas, bela dama! Nunca teria aceitado a oferta de Jack se soubesse que isso traria tamanha confusão.

—Tudo bem, não é culpa sua. Parece que eu sempre confio nas pessoas erradas...

—Bem, ainda assim, eu lamento ter sido o motivo de sua briga com o seu parceiro.

—Ele não é meu parceiro... De qualquer forma, agora eu estou sozinha de novo. – Sussurrou ela, virando-se mais uma vez para o balcão.

O pirata se aproximou sorrateiramente de Branca, sua voz muito próxima do ouvido da moça.

—Eu acho que ainda não tive a oportunidade de me apresentar. Sou Kip Beicker – disse-lhe, tomando sua mão direita e plantando um beijo em suas costas. – Seu criado.

Branca não pode deixar de sorrir com o comportamento cavalheiresco do sujeito.

—De onde foi que você surgiu?

—É tão raro assim encontrar alguém que tenha boas maneiras?

—Bom... Em um bar repleto de ladinos a altas horas da madrugada você há de convir que seja um comportamento um tanto estranho.

Kip sorriu maliciosamente, encarando os olhos esverdeados de Branca.

—Temo que seja um romântico irremediável, minha cara. Eu não resisto a um galanteio quando estou diante de tal beleza. Foi um costume que peguei na época em que ainda trabalhava para a coroa.

—Era um corsário então?

—Sim, mas a vida na marinha real tem suas limitações. – Concluiu ele.

—Entendo... Mas estou curiosa, Senhor Beicker. Afinal o que quer de mim?

—Ah, sim! Desculpe-me mais uma vez pela minha falta de tato. Eu pensei que, estando a senhorita sozinha no dado momento, e em grande parte por minha culpa, eu achei que talvez quisesse me honrar com a sua presença em minha humilde tripulação.

—O Senhor tem um navio?

—Por favor, chame-me apenas de Kip.

—Está bem, Kip! Então porque se interessou por mim?

—Ora, da forma como você empunha uma espada, poderia muito bem dar conta de muitos homens experientes ao mesmo tempo. Nada me daria maior prazer do que tê-la comigo em meu navio!

—Eu agradeço pelo elogio, mas não sei se estou preparada para me unir a outra tripulação.

—Pense bem! Você não tem um navio, de forma que não possa sair da ilha. E certamente também está sem dinheiro, e logo terá que encontrar outra forma de ganhar a vida, se é que me entende.

—Eu sempre sobrevivi muito bem sozinha até hoje, e tenho certeza que a falta de dinheiro ou de um navio não serão problema para mim. Agora, se me dá licença. – Disse ela bruscamente, dando as costas ao rapaz. Branca detestava quando alguém a dizia o que ela tinha de fazer.

Concluindo que aquela não era a melhor forma de convencer a moça, Kip resolveu mudar de tática. Ele tinha de agir rápido antes que Eddie estragasse o plano com a sua impaciência incontrolável.

—Veja bem, eu não pretendia ofendê-la de forma alguma com a minha proposta, eu apenas quis tirá-la de uma situação pela qual me sinto responsável. Eu achei a pista de um tesouro recentemente e pensei que talvez se interessasse em dividir os lucros comigo em troca de ajuda.

—Tesouro você disse? Para onde exatamente está levando a sua tripulação?

—Para Malta! Vamos à busca do tesouro do Falcão Maltês.

Os olhos de Branca brilharam ao ouvir o nome da ilha. Ainda que estivesse falido, ela tinha certeza de que Jack daria um jeito de ir até lá, e aquele era o lugar perfeito para uma emboscada: longe do mar, longe da tripulação do Pérola. Branca sorriu de satisfação ao planejar a captura de Jack, e é claro que também estava interessada no tesouro. Já fazia algum tempo que ela não tinha roupas limpas...

Pensando nisso tudo, Branca logo se resolveu. Com um salto, ela se levantou do balcão e apertou firmemente a mão de Kip, dessa vez como um pirata faria.

—Nesse caso, Senhor Beicker, pode considerar-me como parte de sua tripulação.

—Ótimo! – Vibrou ele, sorrindo para a face animada de Branca.

—Hum, Branca? Pode me ouvir por um instante? – Disse a voz de Lucy às costas da pirata.

—O que foi Lucy? – Branca franziu as sobrancelhas de curiosidade.

—Venha comigo. – ela se agarrou ao braço livre de Branca, obrigando-a a acompanhá-la.

A morena lançou um olhar de desculpas a Kip antes se voltar enraivecida para Lucy.

—O que é que você quer Lucy? Eu estava conversando com...

—Eu sei. E é exatamente sobre isso que quero falar!

—Não há nada pra falar, eu já resolvi tudo: vamos embora daqui com Kip.

—Mas Branca, você mal conhece esse homem e já está se preparando para fazer parte de sua tripulação... Não acho que devia confiar tanto assim...

—Acontece que você está se esquecendo que eu também não sabia nada sobre Jack Sparrow quando resolvi me juntar a ele. E pelo visto, Kip é muito mais confiável do que Jack!

—Mas Branca, quando nos juntamos a Jack você tinha um propósito bem definido: se vingar da morte de seu pai. Não há porque ter tanta pressa agora.

—Do que é que você está com medo Lucy?

—Não sei bem... Tem algo de errado com esse Kip... – Disse ela, observando o pirata do outro lado da taverna. Kip piscou e acenou brevemente para as moças, sempre sorrindo.

—Ora, deixe de bobagem! Ele não pode ser pior do que Jack ou Eddie.

Como Lucy continuava a olhá-la em dúvida, Branca decidiu pressioná-la.

—Olhe Lucy, eu não sei quanto a você, mas eu não pretendo passar o resto dos meus dias enfurnada nessa ilha. Eu agradeço muito por ter me ajudado até hoje, mas você é livre para escolher o seu próprio caminho. Seria uma pena perder a sua companhia, mas eu não vou me opor se for isso que você realmente quiser.

—Não diga isso, Branca! Eu prometi a seu pai que cuidaria de você até o fim dos meus dias e não pretendo quebrar essa promessa. É claro que eu irei com você para quer que for, mas isso não significa que concorde com tudo o que você faz, eu só acho que...

—Está resolvido, então! – Interrompeu Branca de repente. – Iremos para Malta no navio de Kip Beicker junto de sua tripulação, e não se fala mais nisso.

O encerrar a conversa, Branca lhe virou as costas. Ela caminhou até Kip novamente e os dois começaram a confabular sobre a viagem de Malta.

—Isso não vai dar certo! – Bufou Lucy irritada.


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