Aventuras de Jack e Branca escrita por Emmy Tott


Capítulo 14
Porto Bello




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Parte II – O Olho de Osíris

 Capítulo 14 – Porto Bello

 

 

As coisas não andavam nada bem para o Pérola e seus tripulantes. Para o seu azar, Jack descobriu que o navio estava mais debilitado do que ele supunha e as crises de raiva de Branca não o ajudavam nem um pouco. Estavam todos perdidos em pleno alto-mar. A comida e a água potável era suficiente para, no máximo, mais três dias, o que era preocupante. Para piorar, o Pérola havia entrado em uma zona de calmaria extrema. Nos últimos sete dias, os piratas não sentiam nem uma leve brisa soprar em seus rostos.

Tudo isso, somados à enorme vontade de Jack de espancar Eddie pela sua traição, fizeram-no com que descesse até o porão do navio para procurar pelo prisioneiro em sua cela em uma noite de insônia.

—Ora, ora, mas a que devo a grande honra de uma visita do Capitão do “Pérola Negra” em pessoa? – Eddie disse, sem emoção alguma.

Jack, deixando transparecer toda a raiva e frustração acumuladas em um único gesto, estendeu as mãos para dentro da cela, apertando o pescoço de Eddie com violência. Eddie, por sua vez, levou as suas até as de Jack, tentando afrouxar o aperto, enquanto dizia, com a voz rouca:

—Jack... você vai... me... estrangulaaar....

Jack imediatamente o soltou com raiva, fazendo-o se estatelar no chão imundo.

—Sério? Essa era a intenção! – Jack respondeu – eu já devia ter te matado desde aquela noite em que descobri um grande mentiroso no meu navio!

Eddie logo percebeu que Jack não estava ali para brincadeiras e se levantou, escorando na parede diretamente oposta à grade da cela, numa tentativa de se manter o mais afastado possível de Jack.

—Calma Jack! Escuta, eu não menti pra vocês, o tesouro existe mesmo, eu só preciso de um tempo para decifrar o mapa... talvez, se você fizesse com que Branca me devolvesse, eu conseguisse...

—Te devolver o mapa para você nos enganar mais uma vez? Eu acho que não, meu caro. – ele disse, entre dentes.

Eddie então resolveu mudar de tática:

—Escuta Jack, eu acho que você já ouviu falar de Porto Bello e, por esse buraco, posso ver que nós estamos aproximando da ilha. Eu tenho alguns conhecidos lá que poderão nos ajudar a encontrar o tesouro...

—E você acha mesmo que eu vou acreditar nisso? – Cortou Jack mais uma vez – Quem me garante que esses seus amiguinhos não vão nos trapacear mais uma vez?

 –Pense bem, Jack! O Pérola não vai conseguir ir muito longe nas atuais circunstâncias. Você pode não acreditar em mim, mas será pior se não atracarmos na ilha. E além do mais, nunca se sabe quando teremos a chance de recuperar o navio... ou nos apossar de outro...

Jack considerou isso por um momento.

—Eu detesto ter que dizer isso, mas você tem razão. Próxima parada: Porto Bello! – incitou Jack, sentindo as esperanças se renovarem.

Pelo monos agora o Pérola tinha um curso. Com o andar mais leve, Jack caminmhou até a saída do porão.

—Capitão? – Chamou Eddie de volta.

—O que você quer agora? – Bufou Jack, impaciente.

—Eu só estava pensando que, agora que já se decidiu com o Pérola, você podia me soltar daqui...

—Só se eu estivesse louco! – Ele sentenciou, se retirando.

 

***

 

Mesmo sem vento, não demorou muito até que a ilha apontasse mais a frente. Jack puxou sua luneta e pode ver mais um navio atracado na baía. Não era muito grande, mas ele estava em ótimo estado. Jack já estava pensando em alguma forma de se aproveitar do navio, quando, por um choque, percebeu que Barbossa saía do convés. Branca foi mais rápida que ele:

—Mas aquele ali é o Pallas! – Ela gritou surpresa.

—Como é? – Jack estava confuso.

—É o meu navio! Como é que...?

Nesse momento, o Pérola acabava de fincar suas tábuas comprometidas na areia da praia. Rapidamente, Branca saltou para fora do Pérola, indo se postar à frente de Barbossa. Apontando deliberadamente para o casco do Pallas, ela exigiu:

—Eu posso saber o que é que você está fazendo com o meu navio?

—Ora, vejam quem está aqui. – Disse Barbossa divertido. – É bom te ver também, minha cara. – ele ironizou.

—Não mude de assunto!

Barbossa gargalhou.

—Esse – ele apontou com a palma da mão – é o meu navio! Eu o adquiri recentemente com o tesouro de Corazón del Fuego por uma bagatela.

—Aquele idiota do Eddie! – Branca disse por entre dentes – Acontece, Capitão Barbossa, que roubaram o meu navio. Portanto, se me dá licença, ele continua sendo meu, já que eu não autorizei ninguém a vendê-lo!

—Te roubaram o navio, foi? – ele gargalhou mais uma vez. – Ora, vejam como a vida é engraçada: você me trapaceia e leva o Pérola diretamente para Jack Sparrow, e agora eu descubro que alguém te passou a perna e me trouxe o Pallas. Eu posso dizer que estamos quites. Navio por navio!

Branca abriu a boca para protestar, mas a raiva que lhe consumia a impediu de raciocinar. Com um gesto brusco, ela apontou ameaçadoramente para Barbossa.

—Você espere aqui! – ela ordenou.

Passando por Jack, ela arrancou um molho de chaves da sua cintura e sumiu para o interior do Pérola.

—Ela continua a mesma, não é? – Barbossa comentou, com um olhar interessado.

—E fiel a mim. – lembrou Jack, mal-humorado.

—Será mesmo, Jack? – ele riu baixinho. – Eu não teria tanta certeza disso se fosse você.

Branca adentrou pelo porão com passos duros.

—Onde é o incêndio? – perguntou Eddie, surpreso pela presença intempestiva da moça.

Ela o ignorou, abrindo a cela com uma chave do molho e pegando o pirata pelo colarinho.

—Você vem comigo, e sem gracinhas. – ela avisou.

—O que eu fiz dessa vez?

—Ah, vamos ver. – Ironizou Branca. – Nada de mais, eu só perdi o meu navio para um safado que o vendeu para financiar seus vícios.

—Eu não o vendi, eu perdi em uma aposta. – Ele explicou.

—E agora você vai voltar para Barbossa!

—O quê? – Chocou-se Eddie.

—Eu e Jack não precisamos mais de seus serviços. – ela falou, enquanto o arrastava para cima.

Desesperado, Eddie tentou pensar em algo que pudesse melhorar as coisas para o seu lado.

—E... Você fala tanto no “Grande Jack Sparrow” – ele disse, dramaticamente. – Como se ele fosse a pessoa mais confiável no mundo.

Branca o encarou.

—O que você quer dizer com isso?

—Apesar de tudo ele é um pirata, não é? Ele é tão ambicioso e egoísta quanto eu. Guarde minhas palavras, Branca: você ainda vai se arrepender por confiar nele.

—Não mais do que eu me arrependo por ter confiado em você!

Logo Branca alcançou as areias da praia novamente. Jack e Barbossa se encaravam competidoramente quando ela atirou Eddie para cima de Barbossa. O pirata caiu ao chão, aos pés do novo Capitão do Pallas Atenas.

—O que significa isso? – perguntou Barbossa, curioso.

—Se você vai ficar com Pallas, fique também com esse verme inútil!

Barbossa lançou um olhar avaliativo para o pirata que se contorcia para se erguer e se por de pé.

—E o que eu faço com ele, já que é inútil?

—Afogue-o no mar se quiser, só não quero ter o desprazer de cruzar com ele de novo.

Depois disso, Jack se apressou em tirá-los dali para encontrar algum lugar em que pudessem passar a noite. A presença de Barbossa o tinha deixado muito mais irritado que antes. Enquanto caminhavam, ele ia dizendo para Branca:

—Aquele cão sardento! Ele também está atrás do tesouro do Falcão Maltês. E, com aquele navio, vai acabar chegando lá antes de nós...

—Você quer calar a boca? – Cortou Branca, rudemente.

Jack olhou para ela, alarmado, mas a moça exibia um sorriso presunçoso.

—Ele pode ter um bom navio, mas nós temos o mapa! – Ela disse, tirando o rolo de suas vestes para analisá-lo mais uma vez.

 

***

 

—Então, o que é que eu faço com você? – Repetiu Barbossa, agora para Eddie.

Às suas costas, Pintel e Ragetti riam maliciosamente, imaginando as maldades que o Capitão faria com o novo prisioneiro. Tentando ignorar as risadas, Eddie tentou convencer Barbossa a deixá-lo livre:

—Por favor Capitão, não faça nada comigo! – Ele implorou. – Eu posso lhe ser útil.

—Bem, se a senhorita Werneck não vê mais nenhuma utilidade em você, eu também não consigo imaginar nada que poderia fazer pelo meu navio. – Ponderou Barbossa.

—Mas você ficou com o navio que era dela por um preço muito abaixo do mercado. Por favor, eu lhe imploro. – Ele ajoelhou-se aos pés de Barbossa. – Em nome do Pallas, me deixe livre! Eu juro que vou desaparecer e você nunca mais vai ouvir falar de mim. Por favor. – ele repetiu, se agarrando a qualquer chance de escapar.

Barbossa considerou a situação por um momento. Pintel e Ragetti continuavam rindo. O Capitão foi despertado pelo guincho de seu macaco amaldiçoado em seu ombro.

—Está bem, suma daqui!

—Obrigado, Capitão! Muito obrigado. – Eddie apressou em dizer, beijando as mãos de Barbossa exageradamente. – Obrigado pela compaixão! O senhor é muito bom...

—Ora, deixe de ser um bajulador irritante! – Ele disse, empurrando Eddie para longe e limpando as mãos no casaco. – Só fiz isso pelo navio. E eu sumiria de vista agora se fosse você, antes que eu mude de idéia. – Ele ameaçou.

Eddie se apressou em correr para uma rua precária, onde Barbossa não poderia mais vê-lo. Pintel e Ragetti viram ele se afastar, decepcionados. Nunca tinham visto o Capitão ser tão complacente com alguém antes.

Eddie corria tanto que só teve tempo de perceber que havia esbarrado em alguém quando já estava caído ao chão. Para a sua surpresa, quando olhou pra cima, se deparou com um par de olhos curiosos e familiares.

—Ora ora, veja quem voltou. – Disse o sujeito, surpreso.

—Eu disse que voltaria, não disse? – Eddie sorriu prazerosamente.

O homem a sua frente sorriu de volta enquanto o ajudava a ficar de pé.

—Você está horrível, por onde andou? – Ele questionou.

—É uma longa história... mas seria bom tomar um banho primeiro, aquela cela me deixou com cheiro de carniça incrustado na pele.

—É claro, me acompanhe...


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